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Posicionamento da Eletronuclear sobre matéria de O Estado de S. Paulo

11/12/2018
Posicionamento da Eletronuclear sobre matéria de O Estado de S. Paulo
 

A Eletronuclear, que em nenhum momento foi consultada, vem se posicionar quanto ao teor das informações publicadas na matéria “Futuro ministro de Minas e Energia diz que concluir Angra 3 é prioridade”, publicada em 11/12/2018 pelo jornal O Estado de S. Paulo.

1 - Angra 1 e 2 respondem por apenas 1,3% da energia consumida no país.

Esses números se referem à capacidade instalada e não ao consumo. Como as usinas termonucleares tem um fator de disponibilidade muito superior a outras fontes, a participação efetiva de Angra 1 e 2 na matriz elétrica brasileira é de 2,5%, como atesta o Balanço Energético Nacional 2018 (ano base 2017), emitido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e disponível no endereço
Vale ressaltar que as usinas nucleares brasileiras estão entre as melhores do mundo em termos de confiabilidade e disponibilidade, segundo dados da World Association of Nuclear Operators (Wano), batendo sucessivos recordes de produção. Além disso, Angra 1, Angra 2 e, futuramente, Angra 3 ocupam uma área pequena, em torno de 1,5 km², e não produzem gases de efeito estufa.

2 - Comparação de custos de construção de Angra 3 com a usina de Telles Pires.

A tarifa de R$ 480 proposta para Angra 3 resultou de estudos da EPE e tomou como base as características da geração nuclear. O valor verificado restabelece a viabilidade da obra e ficou compatível com novos projetos de geração nuclear em outros países.

Não cabe a comparação com a usina de Teles Pires – ou qualquer outra hidrelétrica – com base apenas na potência instalada, uma vez que as usinas hidrelétricas apresentam uma variação sazonal de geração em função do regime de afluência dos rios. Uma das grandes virtudes da geração nuclear é o seu fator de capacidade, ou seja, a capacidade de a usina gerar 100% de sua potência 24 horas por dia, durante todo o ano. O fator de capacidade médio das hidrelétricas brasileiras é de 55%, enquanto o das nucleares é superior a 90%. 

Além disso, Angra 3 está estrategicamente instalada junto aos principais centros de consumo do país (RJ, SP e MG) cumprindo um papel fundamental na estabilização do sistema elétrico da região Sudeste, favorecendo usinas que dependem de longas linhas de transmissão, como é o caso de Teles Pires, situada entre o Pará e o Mato Grosso. 

A comparação de valores proposta na matéria também não leva em consideração custos indiretos causados pela barragem, como o alagamento de florestas e áreas produtivas; o deslocamento de populações; a emissão de CO² e outros impactos ambientais que inexistem no caso de Angra 3. A área de inundação de Teles Pires tem 95 km², ao passo que Angra 3 ocupa 81 mil m², uma área mais de mil vezes menor.

Não faz sentido afirmar que com o custo de Angra 3 seria possível fazer seis usinas de Teles Pires, pois a construção de usinas hidrelétricas não acontece em série, uma vez que dependem da existência de recursos naturais específicos.

Por sua vez, o argumento de que o reajuste da tarifa da energia de Angra 3 significaria um ônus para o consumidor é igualmente falho. Na verdade, nos últimos anos, temos sido obrigados a despachar usinas térmicas de forma constante, com um custo acima dessa nova tarifa de Angra 3. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recentemente avaliou que esse aumento teria um impacto de 1% no preço final da energia ao consumidor, e estimativas recentes apontaram que o despacho térmico para suprir a variabilidade das fontes renováveis trouxe um custo adicional de R$ 1,2 bilhões nesse último ano, valor esse que seria fortemente reduzido se Angra 3 já estivesse operando.

Um ponto relevante também são as externalidades positivas geradas pela construção de Angra 3. Temos um forte impacto na geração de empregos de qualidade e de renda, não apenas na região onde a usina está instalada, mas em toda a cadeia produtiva brasileira. Para o setor nuclear, o projeto é igualmente fundamental, pois traz escala aos processos de mineração, beneficiamento e enriquecimento do urânio, que é uma riqueza nacional da qual não podemos abrir mão.

Cada fonte de energia tem seus atributos, vantagens e desvantagens. A comparação entre fontes tão diferentes como solar, eólica, hidráulica e nuclear, com base apenas na potência instalada, sem considerar o fator de capacidade e outros atributos, é uma abordagem falha.

3 - A construção de Angra 3 vai aumentar o custo da energia ao consumidor.

A Eletronuclear publicou um estudo recentemente, desconsiderado pela reportagem, que demonstra que, mesmo com sua tarifa reajustada para R$ 480/MWh, Angra 3 reduziria os valores pagos pelo consumidor. Por se tratar de uma energia mais barata que as demais térmicas, a entrada em operação de Angra 3 hoje permitiria que usinas com tarifas superiores a R$ 700/MWh fossem desligadas, gerando uma economia anual de cerca de R$ 900 milhões.

4 - Angra 3 poderia ser substituída por usinas solares com menor custo.

Novamente, a matéria confunde o leitor ao comparar fontes de energia diversas sem levar em conta suas características. Energia de fonte nuclear é considerada energia de base, firme, que pode ser demandada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a todo momento. Energias alternativas, como solar e eólica, dependem de condições propícias para produzir e de complementação térmica de outras fontes, como gás natural, diesel etc.


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