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Estudo do BNDES aumenta expectativa sobre decisão favorável à Angra 3

05/11/2025
 

Estudo do BNDES aumenta expectativa sobre decisão favorável à Angra 3
 

angra3.jpgA Eletronuclear enviou nesta terça-feira, dia 4, ao Ministério de Minas e Energia (MME), o resultado do estudo atualizado sobre a modelagem econômico-financeira de Angra 3, elaborado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com os números do levantamento encomendado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), concluir a usina é a opção mais lógica e benéfica para o Brasil.

O MME deverá remeter os estudos ao CNPE, que decidirá pela conclusão ou não da usina em reunião com realização prevista ainda em 2025. O tema já foi debatido pelo CNPE em três oportunidades desde 2024 — em dezembro de 2024, fevereiro de 2025 e outubro de 2025 — ocasiões em que houve voto favorável à conclusão do empreendimento proferido pelo presidente do Conselho, o ministro de Minas e Energia, seguido, contudo, de pedido de vista coletivo pelos demais conselheiros.
Segundo o estudo, o custo do abandono das obras de Angra 3 pode variar entre R$22 e R$26 bilhões. O valor pode ultrapassar o necessário para a conclusão do empreendimento, estimado em R$ 24 bilhões, sem produzir um único MWh de energia elétrica.

O documento do BNDES também aponta que eventuais ganhos financeiros, como deságio na contratação do EPCista, melhores condições de crédito nas emissões de dívida e incentivos tributários em discussão no Congresso Nacional — como o Renuclear — poderão contribuir para reduzir os custos finais do empreendimento. Além disso, novas medidas a serem definidas pelo CNPE poderão diminuir ainda mais a tarifa de equilíbrio.

A entrada em operação comercial da usina está prevista para 2033. Os resultados do estudo reafirmam as conclusões apresentadas em 2024, mantendo-se dentro dos limites esperados de revisão e preservando a mesma ordem de grandeza entre os cenários de continuidade e de abandono do projeto.

Cenários analisados
O trabalho foi conduzido, de forma independente, pelo BNDES com suporte técnico da Eletronuclear, e contemplou três cenários:
Manutenção dos termos do acordo de investimentos celebrado entre Eletrobras e ENBPar, com participação de sócio privado;
Conclusão do empreendimento com recursos públicos, oriundos da ENBPar e da União;
Abandono do projeto, com detalhamento de custos, possíveis fontes de recursos e impactos para as partes envolvidas, inclusive estatais do setor nuclear;

Resultados do estudo
Custo estimado para conclusão do empreendimento: R$ 23,9 bilhões
Custo estimado para abandono do projeto: de R$ 21,9 bilhões a R$ 25,97 bilhões
Tarifa de equilíbrio (base nov/2024):
Cenário 1 – R$ 778,86/MWh
Cenário 2a – R$ 817,27/MWh
Cenário 2b – R$ 791,81/MWh
Entrada em operação comercial prevista: março de 2033

Nos três cenários, o estudo indica uma tarifa de equilíbrio entre R$ 778 e R$ 817 por MWh, inferior ao custo médio da maioria das usinas térmicas de grande porte do país, , considerando os Custos Variáveis Unitários (CVU) acrescidos da Receita Fixa pela disponibilidade (aferida mesmo sem despacho da usina) — o que tornaria Angra 3, juntamente com Angra1 e 2, as térmicas mais competitivas desse porte no subsistema Sudeste. O estudo também destaca que Angra 3 oferecerá energia limpa, estável e de longo prazo, contribuindo para a segurança energética e para as metas de descarbonização da matriz elétrica brasileira.

Em relação ao estudo apresentado ao CNPE em dezembro de 2024, houve acréscimo de aproximadamente R$ 75/MWh, decorrente principalmente da postergação da entrada em operação e da atualização dos custos de financiamento e investimento. Vale destacar que o estudo de 2024 já previa esse possível acréscimo, estimado em até R$ 100/MWh, caso a decisão sobre o projeto não fosse tomada ainda naquele ano.

Angra 3: indefinição que custa cerca de R$ 1 bilhão por ano
O projeto de Angra 3 já consumiu cerca de R$ 12 bilhões, mas segue sem definição quanto à sua conclusão. Enquanto não há decisão do CNPE, a Eletronuclear desembolsa aproximadamente R$ 1 bilhão por ano apenas para manter o empreendimento:

R$ 800 milhões referentes ao serviço da dívida junto ao BNDES e à Caixa Econômica Federal;
R$ 200 milhões destinados à manutenção de equipamentos e estruturas.

Com a reestruturação societária de 2022, a ENBPar aportou R$ 3,5 bilhões para o custeio de Angra 3, valor esgotado em setembro de 2024. Desde então, a Eletronuclear vem utilizando recursos de receitas de Angra 1 e 2 para manter as obrigações do empreendimento, já tendo totalizado R$900 milhões até outubro de 2025. 

Sobre o Projeto Angra 3
A terceira usina nuclear brasileira terá potência de 1.405 megawatts, capaz de produzir cerca de 12 milhões de MWh anuais. Com sua conclusão, o complexo nuclear de Angra passará a gerar o equivalente a 70% do consumo do estado do Rio de Janeiro, com progresso físico atual de 66%.

A usina operará com alto grau de confiabilidade, contribuindo para a segurança do abastecimento elétrico nacional e reduzindo o risco de apagões. Sua geração será suficiente para atender 4,5 milhões de habitantes.

Para dimensionar sua relevância, a energia de Angra 3 poderia carregar simultaneamente 30 mil carros elétricos, formando uma fila de 13 km — equivalente à Ponte Rio-Niterói. Em apenas um dia, esse número chegaria a 720 mil veículos elétricos.

Além de reforçar a diversificação da matriz elétrica, Angra 3 contribuirá para reduzir o custo total do Sistema Interligado Nacional (SIN), ao substituir a geração de usinas térmicas mais caras, frequentemente despachadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). 

Outro destaque é seu caráter ambientalmente limpo: usinas nucleares não emitem gases de efeito estufa. Enquanto uma usina a carvão pode emitir até 820 g/kWh de CO₂, uma usina nuclear emite apenas 12 g/kWh.

Para efeito comparativo, Angra 1 e 2, que juntas produzem 14,5 bilhões de kWh por ano, emitem cerca de 174 mil toneladas de CO₂ — contra 11,9 milhões de toneladas que seriam geradas por uma usina a carvão de igual produção. Essa diferença, acumulada em 25 anos, equivale à área total do estado de São Paulo em florestas necessárias para compensação.

Outro fator relevante é a proximidade de Angra 3 aos grandes centros consumidores, o que reduz perdas de transmissão e custos para o sistema elétrico. Além disso, o projeto ocupa área reduzida — apenas 0,08 km². Para comparação:
uma usina solar requer cerca de 40 km²,
uma hidrelétrica, 125 km²,
e uma eólica, 400 km².

Durante o pico das obras, Angra 3 deverá gerar cerca de 7 mil empregos diretos e um número ainda maior de empregos indiretos, com destaque para a contratação local na Costa Verde fluminense, impulsionando a economia regional.

No Brasil, Angra 1 e 2 operam com excelência há 40 anos. Com a conclusão de Angra 3 — com 1,4 GW adicionais — teremos energia limpa e contínua para 10 milhões de pessoas, consolidando nossa matriz como uma das mais sustentáveis do mundo.

A atualização do estudo representa mais uma etapa na avaliação técnica e econômica de Angra 3, empreendimento estratégico para o equilíbrio da matriz elétrica brasileira e para a oferta estável, firme e limpa de energia 24/7 no longo prazo.

Energia nuclear e a nova fronteira digital
O avanço da inteligência artificial e a consequente expansão dos data centers estão impulsionando uma nova fase do setor energético mundial. Esses centros de processamento demandam grandes volumes de energia elétrica — equivalentes ao consumo de cidades inteiras — e precisam de fornecimento constante, 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Nesse contexto, o Brasil tem a oportunidade de associar o desenvolvimento econômico ao crescimento desse novo mercado, oferecendo energia limpa e firme proveniente das usinas nucleares para atender à infraestrutura digital de alta demanda.

Essa tendência vem promovendo um renascimento global da energia nuclear, com as principais big techs mundiais, como Microsoft, Google e Meta, investindo fortemente em contratos de fornecimento nuclear para garantir segurança energética, estabilidade e descarbonização de suas operações de IA.

Com Angra 3, o Brasil se posiciona de forma estratégica para participar dessa transformação tecnológica e energética, unindo inovação, sustentabilidade e desenvolvimento industrial.


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