Atualmente em construção, Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA). Com potência de 1.405 megawatts, a nova unidade será capaz de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, o suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas. Deste modo, a energia nuclear passará a gerar o equivalente a 60% do consumo do estado do Rio de Janeiro e 3% do consumo do Brasil.
O montante investido até agora é de R$ 7,8 bilhões e para concluir a usina serão necessários cerca de R$ 20 bilhões. 65% da obra já foi realizada e estima-se que Angra 3 entre em operação no final de 2028.
Paralisada em 2015 devido à revisão do financiamento, a obra foi retomada em 2022. O consórcio Agis – formado por Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz – venceu a licitação para reiniciar a construção de Angra 3 e realizar os serviços no âmbito do Plano de Aceleração da Linha Crítica da unidade. No primeiro semestre de 2024 será realizada outra licitação para contratar a empresa, ou o consórcio, que vai finalizar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina. Isso será feito via contrato de EPC – sigla em inglês para engenharia, gestão de compras e construção.
No pico da obra serão gerados 7 mil empregos diretos, além de um número muito maior de empregos indiretos. No momento, há cerca de 1.000 trabalhadores no canteiro de obras.
Como contratado pela Eletronuclear para a reestruturação financeira e contratual do projeto, o BNDES promoveu uma due diligence técnica de Angra 3. Trata-se de avaliação independente sobre a viabilidade técnica e financeira da usina, que visa a trazer segurança aos futuros parceiros acerca das condições do empreendimento. Para fazer esse serviço, o BNDES contratou o consórcio Angra Eurobras NES, composto por Tractebel Engineering Ltda. (líder), Tractebel Engineering S.A. e Empresários Agrupados Internacional S.A. Outros serviços especializados foram igualmente contratados pelo BNDES, como assessoria jurídica, ambiental e financeira.
Quando concluída., a usina vai operar com alto grau de confiabilidade e ajudar a garantir segurança de abastecimento para o sistema elétrico brasileiro. Usinas nucleares não emitem gases responsáveis pelo efeito estufa, ao contrário das termelétricas movidas a combustíveis fósseis. Portanto, a usina terá impacto ambiental mínimo e vai gerar energia limpa.
Angra 3 também vai diversificar a matriz elétrica e reduzir os custos totais do Sistema Interligado Nacional (SIN), na medida em que substituirá a energia mais cara de térmicas que é frequentemente despachada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A proximidade com os principais centros de consumo do país contribui para evitar congestionamentos nas interligações entre os subsistemas.
Capitalização da Eletrobras
A capitalização da Eletrobras, realizada em 2022, não afetou a retomada das obras de Angra 3. Por conta do processo, o controle da Eletronuclear passou para a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A. (ENBPar), na medida em que a exploração da energia nuclear é exclusividade da União.
Hoje, a ENBPar detém 64,095% das ações ordinárias da empresa, enquanto a Eletrobras tem 35,901%. Para obter as ações da Eletronuclear e assumir o controle da companhia, a ENBPar realizou um aporte de R$ 3,5 bilhões na empresa em junho de 2022, valor já previsto no acordo de investimentos celebrado entre a nova holding e a Eletrobras. Atualmente, o capital social da Eletronuclear é de aproximadamente R$ 15,5 bilhões.