8. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO MEIO SOCIOECONÔMICO
Com o objetivo de integrar os estudos ambientais efetuados pelas instituições acerca do diagnóstico ambiental da região de influência de Angra 3, a MRS Estudos Ambientais ordenou o diagnóstico ambiental do meio socioeconômico, de acordo com o Termo de Referência ELPN / Ibama Nº 017/99 face aos estudos básicos elaborados pela equipe da Sociedade Científica da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Science) da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Este estudo contempla a análise integrada de informações de natureza social e econômica necessárias ao delineamento dos padrões de uso e ocupação do espaço, regional e local, e do perfil sociodemográfico da população da área onde se insere a CNAAA.
No caso específico da área de influência da CNAAA, empreendimento localizado no distrito de Cunhambebe, município de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro, o estudo compreendeu a análise dos processos de ocupação buscando a identificação e a representação da organização natural e social, das formas e estruturas espaciais; da dinâmica populacional; e da caracterização das comunidades afetadas pelas atividades da CNAAA, bem como a caracterização da infra-estrutura econômica e social, regional e local.
Os recortes territoriais adotados para a delimitação das áreas de influência foram orientados por três círculos concêntricos (centro geométrico do edifício do reator de Angra 3), com raios de 5, 15 e 50 km.
A partir desses condicionantes, o diagnóstico socioeconômico foi estruturado da forma a seguir:
• Caracterização da Área de Influência Indireta (AII-50 km) - compreendendo quatorze municípios, total ou parcialmente inseridos no círculo concêntrico com raios de 50 km a partir do centro de Angra 3, abrange a análise dos padrões de uso e ocupação do solo, da dinâmica socioespacial e da infra-estrutura de serviços básicos disponíveis, utilizando-se estatísticas secundárias e registros administrativos. Neste caso, foram utilizadas como unidades geográficas de análise o município e os distritos;
• Caracterização da Área de Influência Direta correspondente ao raio de 15 km (AID-15 km) - adotou-se um levantamento estatístico de caráter amostral, para subsidiar a análise do perfil sociodemográfico, compreendendo também a análise dos padrões de uso e ocupação do solo, da dinâmica socioespacial e da infra-estrutura de serviços básicos disponíveis, com base nas estatísticas secundárias e nos registros administrativos;
• Caracterização da Área de Influência Direta correspondente ao raio de 5 km (AID-5km) - procedeu-se um levantamento estatístico de natureza censitária, objetivando o delineamento do perfil social e econômico das comunidades locais. Utilizaram-se estatísticas primárias e, como unidade geográfica de análise, adotaram-se os distritos formadores da AID-15 km e os setores censitários formadores da própria AID-5 km.
8.1. Metodologia- topo
O enfoque metodológico para o mapeamento do uso e ocupação do solo, sem se descuidar dos levantamentos de campo estabeleceram as referências geométricas e temáticas.
Para mudar a estrutura de análise do local para o regional, foram revisados os dados disponíveis, tomando-se a sucessão AID-5km, AID-15km e AII-50km, considerados os círculos delimitadores das áreas centradas na posição estabelecida para o reator da usina Angra 3, definida por meio do par de coordenadas geodésicas:
longitude = - 44º 28’ 10,20" latitude = -23º 00’ 31,23"
8.1.1. Área de Influência Direta - AID-5km- topoo
Essa área é caracterizada pelos mapeamentos em escalas cadastrais, destacando-se o mais recente, promovido pela Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro - CERJ, na escala de 1:10.000, com a distribuição geral do mapeamento executado apontada no diagrama da Figura 1. As folhas não são completas, restringindo-se às faixas de maior ocupação humana. Datam de 1998/99 as fotografias, na escala de 1:30.000, utilizadas no processo de compilação estereofotogramétrica analítica, que deu origem às folhas. Estas foram organizadas em arquivos digitais, no formato Autocad 2000 (.dwg), tendo como referencial geodésico o Sistema Geodésico Brasileiro SAD-69-IBGE. O material foi qualificado em campo, por meio de pontos de controle determinados com o emprego das técnicas de posicionamento GPS, utilizando-se receptores monofreqüência do tipo geodésico, Magellan ProMark X-CM, operados sob procedimento estático diferencial.
De data anterior ao mapeamento citado, encontra-se o promovido pela Secretaria do Patrimônio da União - SPU, que caracteriza os terrenos de marinha. A cobertura cartográfica restringe-se ao litoral, com a compilação estereofotogramétrica realizada na escala de 1:2.000, nos anos de 1997 e 1998. A documentação encontra-se disponível em base papel, e a esta recorreu para o traçado da linha que marca o limite para os terrenos de marinha.
Embora desprovidos de características cartográficas precisas, consideram-se relevantes os mapas dos setores estatísticos, urbanos e rurais, feitos para os distritos contidos na região de estudo, dos municípios de Angra dos Reis e de Parati. Esses mapas, elaborados pelo IBGE para ancorar as atividades censitárias realizadas no ano de 2000, estão disponíveis nas mais diversas escalas, em formato Adobe Acrobat (.pdf), servindo de referência para a localização de equipamentos urbanos e outros itens relevantes no estabelecimento de padrões para o uso e a ocupação do solo.
8.1.2. Área de Influência Direta - AID-15 km- topo
Do mapeamento em escala cadastral, realizado pela CERJ, para a área anterior (Figura 1), obteve-se a Tabela 1, que lista o conjunto de folhas que mapeiam a AID-5km e a AID-15km.
Tabela 1 - Folhas da carta topográfica na escala de 1:10.000
Área
|
Código |
AID-15
|
532-450 |
AID-15
|
540-455 |
AID-15
|
540-450 |
AID-15
|
540-445 |
AID-15
|
548-460 |
AID-15
|
548-455 |
AID-5
|
548-455 |
AID-5
|
556-465 |
AID-15
|
556-460 |
AID-5
|
556-455 |
AID-5
|
556-450 |
AID-15
|
564-460 |
AID-15
|
564-455 |
AID-15
|
564-450 |
Fonte: CERJ
Diante da escala síntese do mapeamento do uso e ocupação do solo, pode-se considerar o mapeamento realizado em escala média de 1:50.000, conduzido pelo IBGE e pela DSG, composto pelas folhas relacionadas na Tabela 2. Essas folhas são disponíveis em forma numérica, obtida por meio da digitalização dos originais para impressão das folhas, promovida por ambas as entidades, (Figura 2).

Figura 1 - AID-5km e AID-15km - Cartografia básica na escala de 1:10.000
Fonte: CERJ
Tabela 2 - Folhas da carta topográfica na escala de 1:50.000
MI
|
Índice de Nomenclatura
|
Nome
|
Entidade |
2742-4
|
SF-23-Z-A-IV-4
|
Rio Mambucaba
|
IBGE |
2743-3
|
SF-23-Z-A-V-3
|
Frade
|
DSG |
2771-2
|
SF-23Z-C-I-2
|
Parati
|
IBGE |
2772-1
|
SF-23-Z-C-II-1
|
Angra dos Reis
|
IBGE |
Fonte: CERJ
A faixa do litoral e as ilhas oceânicas encontram-se mapeadas nas cartas náuticas, elaboradas e divulgadas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação, do Ministério da Defesa. Destacam-se desse mapeamento as folhas relacionadas na Tabela 3, com as respectivas escalas. A Figura 3 resume as folhas das cartas náuticas disponíveis. A documentação cartográfica apresenta-se referenciada ao antigo sistema geodésico Córrego Alegre.

Figura 2 - AID-5 km e AID-15 km - Cartografia básica na escala de 1:50.000 - IBGE/DSG
Fonte: Eletronuclear
Tabela 3 - Folhas da carta náutica - Diretoria de Hidrografia e Navegação
Código
|
Nome
|
Escala
|
Ano |
P-1621
|
Enseada da Estrela, Abraão e Palmas
|
1:20.000
|
- |
P-1631
|
Enseadas de Sítio Forte e Araçatiba
|
1:20.000
|
- |
1607
|
Baía da Ilha Grande e de Sepetiba
|
1:80.000
|
1989 |
1621
|
Baía da Ilha Grande - Parte Leste
|
1:40.090
|
1990 |
1631
|
Baía da Ilha Grande - Parte Central
|
1:40.067
|
1980 |
1632
|
Baía da Ilha Grande - Parte Norte
|
1:40.109
|
1982 |
1633
|
Baía da Ilha Grande - Parte Oeste
|
1:40.075
|
1981 |
1634
|
Da Ponta de Juatinga à Ilha das Couves
|
1:40.000
|
1981 |
1636
|
Porto de Angra dos Reis e proximidades
|
1:20.000
|
1994 |
1637
|
Baía da Ribeira
|
1:25.000
|
1980 |
Fonte: CERJ
Figura 3 - AID-5 km, AID-15 km e AII-50 km - Cartas náuticas
Fonte: DHN
Em termos temáticos, cabe destacar a existência das folhas do mapeamento promovido pelo Grupo Executivo para Recuperação e Obras de Emergência - GEROE, do Governo do Estado do Rio de Janeiro segundo os temas Uso e Ocupação do Solo e Condicionantes Físico-Ambientais, nas escalas de 1:50.000, no contexto do Projeto Reconstrução Rio, Subprojeto Mapeamento Digital e Convencional do Estado do Rio de Janeiro e da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, localizada nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Algumas das folhas são apresentadas incompletas, no corte padrão. A base para o tema foi compilada a partir da digitalização das folhas de 1:50.000, originalmente editadas pelo IBGE e pela DSG.
Assinala-se que nas escalas estabelecidas para o mapeamento dessa área, os produtos censitários divulgados pelo IBGE em formato pdf desempenham papel relevante na identificação da infra-estrutura local.
8.1.3. Área de Influência Indireta - AII-50 km- topo
Na região de influência indireta predominam, para os efeitos do mapeamento do uso e ocupação do solo, os mapeamentos em escalas médias. O de maior relevância, dadas as características da Cartografia Oficial, é aquele executado pelo IBGE na escala de 1:50.000, cujas folhas encontram-se disponíveis na forma digital, padrão Microstation 95 (.dgn), Figura 4, e a relação nominal consta da Tabela 4.
Tabela 4 - Folhas da carta topográfica na escala 1:50.000
MI |
Índice de Nomenclatura |
Nome |
Entidade |
2742-1 |
SF-23-Z-A-IV-1 |
Cruzeiro |
IBGE |
2742-2 |
SF-23-Z-A-IV-2 |
São José do Barreiro |
IBGE |
2742-3 |
SF-23-Z-A-IV-3 |
Campos de Cunha |
IBGE |
2742-4 |
SF-23-Z-A-IV-4 |
Rio Mambucaba |
IBGE |
2743-1 |
SF-23-Z-A-V-1 |
Bananal |
IBGE |
2743-2 |
SF-23-Z-A-V-2 |
Volta Redonda |
IBGE |
2743-3 |
SF-23-Z-A-V-3 |
Frade |
DSG |
2743-4 |
SF-23-Z-A-V-4 |
Mangaratiba |
DSG |
2771-1 |
SF-23-Z-C-I-1 |
Cunha |
IBGE |
2771-2 |
SF-23-Z-C-I-2 |
Parati |
IBGE |
2771-3 |
SF-23-Z-C-I-3 |
Picinguaba |
IBGE |
2771-4 |
SF-23-Z-C-I-4 |
Juatinga |
IBGE |
2772-1 |
SF-23-Z-C-II-1 |
Angra dos Reis |
IBGE |
2772-2 |
SF-23-Z-C-II-2 |
Ilha Grande |
IBGE |
Fonte: CERJ

Figura 4 - AII-50 km - Cartografia básica nas escalas de 1:50.000
Fonte: IBGE/DSG
Por outro lado, cabe assinalar, também, a existência das bases em formato digital nas escalas de 1:50.000 e 1:100.000, elaboradas a partir dos mapeamentos do IBGE, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, Grupo Executivo para Recuperação e Obras de Emergência - GEROE, segundo os temas uso e ocupação do solo e condicionantes físico-Ambientais (Tabela 5 e Figura 5), no contexto do Projeto Reconstrução Rio, Subprojeto Mapeamento Digital e Convencional do Estado do Rio de Janeiro e da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, localizada nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Algumas folhas são apresentadas incompletas, no corte padrão. Os temas uso e ocupação do solo e condicionantes físico-ambientais foram tratados sobre este mapeamento de base, na mesma escala, que se encontra disponível em formato Autocad R#12 (.dwg).
Tabela 5 - Mapeamento digital e convencional do Estado do Rio de Janeiro e da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul localizada nos Estados de São Paulo e de Minas Gerais
MI |
Índice de nomenclatura |
Nome |
Escala da base |
Escala tema uso |
Escala tema condicionantes |
2742 |
SF-23-Y-A-IV |
Cruzeiro |
1:100.000 |
1:100.000 |
1:100.000 |
2743 |
SF-23-Z-A-V |
Volta Redonda |
1:100.000 |
1:100.000 |
1:100.000 |
2744 |
SF-23-Z-A-VI |
Piraí |
1:100.000 |
1:100.000 |
1:100.000 |
2771 |
SF-23-Y-C-I |
Parati |
1:100.000 |
1:100.000 |
1:100.000 |
2743-4 |
SF-23-Z-A-V-4 |
Mangaratiba |
1:50.000 |
- |
1:50.000 |
2772-1 |
SF-23-Z-C-II-1 |
Angra dos Reis |
1:50.000 |
- |
1:50.000 |
2772-2 |
SF-23-Z-C-II-2 |
Ilha Grande |
1:50.000 |
- |
1:50.000 |
2773-1 |
SF-23-Z-C-III-1 |
Mangaratiba |
1:50.000 |
- |
1:50.000 |
2744-3 |
SF-23-Z-A-VI-3 |
Itaguaí |
1:50.000 |
- |
1:50.000 |
Fonte: GEROE, 1995.
Destacam-se, ainda, os Mapas Municipais Estatísticos, elaborados pelo IBGE, na escala de 1:50.000 e disponibilizados no formato Adobe Acrobat (.pdf), para apoiar às atividades censitárias do ano 2000. Sem as características geométricas de precisão que caracterizam os produtos cartográficos regulares, esses mapas tornam-se imprescindíveis na localização dos centros de produção agropecuária.
Ademais no sentido de manter a estrutura de análise da região, foi revista a disponibilidade de dados tomando-se a sucessão AID-5 km, AID-15 km e AII-50 km, cabendo destacar que, por registros sensoriais, entendem-se as imagens iconográficas ou digitais formadas a partir da aplicação de sensores operados remotamente, instalados em plataformas postas a operar em nível aéreo e espacial. Inserem-se nessa categoria as fotografias aéreas e as imagens produzidas pelos sistemas de sensores orbitais Landsat, Spot e Ikonos, dentre outros.
Figura 5 - AID-5 km, AID-15 km e AII-50 km - Mapeamento de uso e ocupação do solo e condicionantes ambientais
Fonte: GEROE, 1995.
AID 5 km
Os elementos iconográficos existentes são aqueles reunidos no contexto dos projetos da CERJ e da SPU, decorrentes da realização de vôos fotogramétricos na região em estudo.
Dentre os sistemas de satélites destaca-se o mosaico Ikonos, cuja área de abrangência é dada pelas coordenadas (canto superior esquerdo: longitude -44º34’37.48" e latitude -22º55’58.9"; canto inferior direito: longitude -44º23’23.33" e latitude -23º04’12.33"). A imagem original encontra-se referenciada no Sistema Geodésico WGS - 1984, com as cruzetas expressas em coordenadas plano-retangulares da projeção cartográfica transversa de Mercator, sendo o arquivo estruturado no formato Aldus (.tif).
AID 15 km
Para o estudo dessa área dispõem-se do mosaico formado por imagens do sistema de satélites Ikonos, citado anteriormente, com aproveitamento parcial para a área em estudo. Os trabalhos cartográficos e de inventário do uso e ocupação, foram complementados pelo emprego de imagens do sistema de satélites Landsat, correspondentes aos pontos de sub - órbita 217-076 e 218-076, adquiridas pelo sistema Landsat 7. As imagens foram preparadas segundo o jogo de canais RGB + PAN, resolução de 15 metros, referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, com as cruzetas em coordenadas plano-retangulares da projeção transversa de Mercator. Na Tabela 6, assinalam-se as características das imagens
Tabela 6 - Imagens do sistema de satélites Landsat 7
Ponto |
Combinação de Canais |
Data |
217-076 |
RGB + PAN Resolução de 15 m |
22/08/2000 |
218-076 |
RGB + PAN Resolução de 15 m |
16/08/2001 |
218-076 |
RGB + PAN Resolução de 15 m |
20/08/2001 |
Fonte: Science
A imagem do sistema de satélites Spot 4, multiespectral, com resolução de 20 m, identificada sob o código 4-720-396, de 2 de fevereiro de 1999, embora de existência mais antiga, foi utilizada, para efeitos de organização da base na escala de 1:25.000.
AII-50 km
Para a área de influência indireta, os trabalhos, tanto de atualização cartográfica quanto de inventário temático, foram conduzidos a partir das imagens do sistema de satélites Landsat 7, descritas no item anterior.
Mapeamento básico
O mapeamento básico foi, em todas as escalas, produzido por compilação cartográfica em ambiente de computador, empregando-se o programa Autodesk Autocad Map 2000, sendo os arquivos finais disponibilizados em formato (.dxf), com o plano de folhas e mapa final organizado segundo as seguintes características:
-
mapa de uso e ocupação do solo para a AID-5 km (Anexo 1), na escala de serviço de 1:10.000, formando um plano de quatro folhas, nas dimensões de 0,60m x 0,60m, para a área da representação cartográfica, e uma síntese, na escala de 1:25.000, correspondente a um mapa com a dimensão de 0,50m x 0,50m, para a área da representação cartográfica.
-
mapa de uso e ocupação do solo para a AID-15 km (Anexo 2 ), na escala de serviço de 1:25.000, formando um plano de quatro folhas, nas dimensões de 0,60m x 0,60m, para a área da representação cartográfica, e uma síntese, na escala de 1:50.000, correspondente a um mapa com a dimensão de 0,60m x 0,60m, para a área da representação cartográfica.
-
mapa de uso e ocupação do solo para a AII-50 km (Anexo 2), na escala de serviço de 1:50.000, formando um plano de quatro folhas, nas dimensões de 1,00m x 1,00m, para a área da representação cartográfica, e uma síntese, na escala de 1:100.000, correspondente a um mapa com a dimensão de 1,00m x 1,00m, para a área da representação cartográfica
A representação cartográfica trata, por meio de simbologia própria, todas as formas de uso atual do solo, urbano e rural, identificando os remanescentes da cobertura vegetal original, bem como os elementos abaixo relacionados, de acordo com a escala e os limites geométricos da representação.
-
Vias de transporte (rodoviário, ferroviário e aquaviário).
-
A localização dos objetos do patrimônio cultural e arqueológico, além das áreas de valor arqueológico, espeleológico, histórico e cultural.
-
O perímetro da usina e a área de propriedade do empreendedor, a área total da empresa, a área ocupada ou modificada pelas instalações da CNAAA, além das áreas com perspectivas para instalações futuras, áreas de exclusão e propriedades adjacentes.
-
Pontos de descarga de esgotos sólidos e líquidos.
-
Unidades de conservação, por tipologia.
-
Bacias hidrográficas.
-
Sedes de fazendas e outras instalações relevantes para a caracterização das atividades agropecuárias; residências, áreas recreativas, comerciais e industriais, escolas, instalações médico-hospitalares, e outras voltadas para a segurança pública.
-
Áreas de interesse estratégico.
-
Áreas de produção agropecuária, classificadas por uso.
-
Áreas de produção pesqueira.
A representação cartográfica básica observou as normas cartográficas brasileiras quanto aos elementos da representação em escalas topográficas. A precisão posicional da representação será compatível com o tema, aplicando-se, quando necessário, os critérios pertinentes à classe C, na forma enunciada pelo Decreto nº 89.817, de 20 de junho de 1984.
8.1.4. Mapeamento temático: uso e ocupação do solo - topo
Os mapas de uso e ocupação do solo retratam as diferentes formas de utilização do solo, observando-se para cada uma delas a compatibilidade entre as diferentes escalas definidas, que orientarão o estabelecimento de legendas.
O sistema de classificação da cobertura vegetal e de uso do solo a ser adotado baseou-se na classificação desenvolvida por Veloso & Góes Filho (1982) para todo o Território Nacional, com as atualizações feitas pelo IBGE (1991), com os detalhamentos requeridos para cada escala de mapeamento, e, no que se refere às formações florestais nos seus estágios sucessionais secundários, utilizaram-se as Resoluções Conama (010/93 e 06/94).
8.1.4.1. Mapa de uso e ocupação do solo para a AID-5 km - topo
O mapeamento do uso e ocupação do solo na AID-5 km foi conduzido utilizando-se, prioritariamente, as imagens do Ikonos e, adicionalmente, as do sistema Landsat. Essas imagens, para o início dos trabalhos, estão georreferenciadas à base cartográfica, em meio digital. Para a elaboração dos mapas, as atividades foram desenvolvidas no escritório, com apoio de trabalhos de campo, obedecendo a seqüência a seguir.
A) No laboratório:
-
revisão bibliográfica da área em estudo;
-
interpretação das imagens, em meio digital, definindo as áreas de cobertura vegetal original e as antrópicas;
-
seleção das áreas a serem checadas no campo em função da interpretação;
-
preparo da legenda preliminar;
-
cópias em papel das imagens e das interpretações para os trabalhos de campo;
-
planejamento da pesquisa de campo;
-
revisão da interpretação preliminar;
-
preparo da legenda e dos mapas finais;
-
relatório.
B) Pesquisa de campo
As pesquisas de campo foram desenvolvidas em função da interpretação preliminar das imagens, visando comparar as unidades delimitadas e classificadas em laboratório com os dados observados em campo. Nesta etapa, foi feita, nas áreas antropizadas, a identificação das culturas implantadas ou as pastagens. Nas áreas de cobertura original ou primária foram identificadas as espécies que compõem a associação mapeada; e as áreas de vegetação secundária serão estratificadas, utilizando-se as resoluções Conama Nº 10/93, de 1º de outubro de 1993, e 006/94, de 4 de maio de 1994.
O mapeamento de uso e ocupação do solo da AID-5 km pode ser visualizado no Erro! Fonte de referência não encontrada. (Mapa Síntese).
8.1.4.2. Mapa de uso e ocupação do solo para a AID-15 km- topo
Para a elaboração do mapeamento de uso e ocupação do solo da área de influência direta - AID-15 km foram adotados os mesmos procedimentos de laboratório e campo indicados para a AID-5 km, utilizando-se, neste caso, as imagens do sistema Landsat, que estão georreferenciadas na base cartográfica.
Como a escala de mapeamento da AID-15 km é de 1:25.000, escala de trabalho, e os resultados foram entregues na escala 1:50.000, o nível de detalhamento da pesquisa fica assim definido:
-
nas áreas antropizadas são identificadas as culturas implantadas ou as pastagens, constituindo uma legenda simples ou uma associação de legendas indicadoras do uso da terra;
-
nas áreas de cobertura original ou primária, foram identificadas as espécies características das unidades mapeadas, em termos de comunidades vegetais;
-
nas áreas de vegetação secundária os ambientes são estratificados, utilizando-se as resoluções Conama Nº 10/93, de 1º de outubro de 1993, e Nº 006/94, de 4 de maio de 1994.
O mapeamento de uso e ocupação do solo da AID-15 km pode ser visualizado no Erro! Fonte de referência não encontrada. (Mapa Síntese).
8.1.4.3. Mapa de uso e ocupação do solo para a AII-50 km- topo
Na AII-50 km, o mapeamento foi conduzido com as imagens do sistema Landsat, utilizando-se a escala de 1:50.000 para a interpretação e de 1:100.000 para o produto final. Para a elaboração dos mapas, as atividades foram desenvolvidas no escritório, com apoio de trabalhos de campo, obedecendo a seguinte seqüência:
-
nas áreas antropizadas estão identificadas as culturas implantadas ou as pastagens, constituindo uma legenda simples ou uma associação de legendas indicadoras do uso da terra;
-
nas áreas de cobertura original ou primária, foram identificadas as espécies características das unidades mapeadas;
-
nas áreas de vegetação secundária os ambientes são estratificados, utilizando-se as resoluções Conama Nº 10/93, de 1º de outubro de 1993, e Nº 006/94, de 4 de maio de 1994.
O mapeamento de uso e ocupação do solo da AII-50 km pode ser visualizado no Erro! Fonte de referência não encontrada. (Mapa Síntese).
No sentido de complementar as informações de campo, foram tiradas fotografias com o objetivo de ressaltar os aspectos relevantes na classificação de feições notáveis, e utilizados receptores GPS geodésicos e de navegação para o controle das nuanças consideradas relevantes para os mapas de uso do solo, nos raios de 50, 15 e 5 km.
8.1.5. Produtos- topo
Como foram gerados mapas de uso e ocupação do solo em diferentes escalas, as informações de cada um deles refletem as escalas utilizadas na elaboração dos mapas de serviço (escala de interpretação).
Entretanto, em todos os mapas estão contidos:
-
cobertura vegetal original remanescente, separada por tipo de vegetação;
-
vegetação secundária classificada, de acordo com as resoluções do Conama Nº 10/93 e 006/94;
-
agricultura, se temporária ou permanente, e a espécie cultivada;
-
pastagem, se natural ou plantada;
-
reflorestamento e a espécie plantada;
-
extrativismo vegetal e mineral;
-
mineração, se de sistema a céu aberto ou subterrâneo;
-
áreas especiais, como reservas, parques, e áreas de proteção; e
-
áreas urbanas - condomínios, vilas, objetos do patrimônio cultural e arqueológico; áreas de valor arqueológico; espeleológico, histórico e cultural, recreativas, comerciais e industriais; escolas; instalações médico-hospitalares; instalações voltadas para a segurança pública etc.
No tratamento cartográfico do tema, na ausência de normas nacionais organizadas para a representação dos padrões e formas de uso e ocupação do solo, são utilizados os conjuntos de legendas e símbolos adotados pelo IBGE, na cartografia do meio ambiente e de recursos naturais.
8.1.6. Pesquisa socioeconômica- topo
8.1.6.1. Preliminares - topo
A pesquisa socioeconômica tem por objetivo obter um sistema de informações referentes às características básicas da população residente na AID-5 km, AID-15 km, e nos distritos sede urbanos dos municípios de Angra dos Reis e Parati. Essas informações subsidiaram a análise do ambiente socioeconômico, parte de um projeto maior, visando avaliar os impactos e as futuras conseqüências da implantação de Angra 3.
A metodologia adotada para o levantamento das informações foi desenvolvida de modo a fornecer informações de forma bastante desagregada, permitindo uma análise detalhada da situação socioeconômica da população residente na região, além de propiciar uma visão da percepção da população sobre alguns aspectos relativos aos municípios, como hábitos de lazer, engajamento em movimentos de associações, cidadania, bem como as questões que dizem respeito à existência do complexo nuclear.
Foram realizados dois levantamentos estatísticos utilizando-se metodologias diferentes. Na AID-5, foi feita uma pesquisa domiciliar censitária e na AID-15 km, uma pesquisa domiciliar por amostragem probabilística. É importante ressaltar que, apesar da utilização de metodologias de coleta diferenciadas para cada região da área de influência, as informações coletadas e, portanto, as variáveis de investigação, foram às mesmas em cada uma dessas regiões.
Essas áreas foram examinadas e, sob a ótica proposta pela Eletronuclear de agrupá-las por raios de distância da usina, recompostas utilizando-se os limites dos setores censitários definidos pelo IBGE. Estes se constituem no menor recorte aplicado ao território brasileiro, delimitado e dimensionado por aquela instituição para fins de levantamentos estatísticos. Nesta pesquisa, setores que ultrapassaram os limites do raio de 5 km não foram recortados e foram investigados censitariamente.
A população-alvo da pesquisa é constituída pelas unidades domiciliares e pelos seus moradores residentes em domicílios particulares permanentemente ocupados.
A área coberta censitariamente é composta por parte dos distritos de Cunhambebe e Mambucaba, totalizando 19 setores censitários.
O total de setores censitários a serem pesquisados por amostragem é de 129, sendo 96 no município de Angra dos Reis e a parte complementar dos distritos de Cunhambebe e Mambucaba não situados no raio de 5 km. Os setores nos distritos de Parati e Tarituba totalizam 33.
O desenho amostral da pesquisa socioeconômica realizada na AID-15 km e nos distritos sede dos municípios de Angra dos Reis e Parati, é um desenho de amostragem de conglomerado em um estágio, onde os domicílios particulares permanentemente ocupados são as unidades primárias de amostragem.
Considerando-se que o principal objetivo da pesquisa é estimar totais e proporções referentes às várias características de interesse de domicílios e pessoas, separadamente para a AID-15 km e para os distritos sede de Angra dos Reis e Parati, amostras independentes foram selecionadas em cada uma dessas áreas, permitindo divulgar informações desagregadas.
O processo de seleção das unidades de primeiro estágio (unidades domiciliares) foi desenvolvido a partir de um cadastro de seleção, construído na etapa de listagem dos setores censitários, permitindo, inclusive, identificar domicílios de uso ocasional, quando então foi aplicada uma coleta especial de informações que permitiu conhecer e avaliar a população transitória da região.
A seleção dos domicílios foi feita por amostragem sistemática, considerando-se o total dos domicílios particulares permanentemente ocupados, relacionados na etapa de listagem dos setores censitários.
Uma vez listados e selecionados os domicílios, a coleta das informações de interesse foi realizada por meio de pesquisa com abordagem direta, por intermédio de entrevistadores, devidamente treinados, obtendo-se informações referentes a todos os moradores residentes nos domicílios para diversas questões de interesse, e a partir de uma amostra aleatória de moradores, com idade igual ou superior a 15 anos, que demonstraram opinião e percepção bastante variadas.
Os levantamentos em campo ficaram a cargo de uma equipe de entrevistadores contratados, localmente, sob a orientação de uma coordenação e de três supervisores. Sempre que surgia alguma dúvida ou dificuldade relacionada com o trabalho, os entrevistadores recorriam ao coordenador ou ao supervisor que lhes prestou orientação técnica e assistência permanente.
Apesar de tratar-se de uma equipe experiente, com prática em diversos levantamentos dessa natureza, receberam um treinamento exaustivo, onde aprenderam todos os conceitos utilizados na pesquisa, forma de preenchimento dos questionários e demais instrumentos, além de técnicas de entrevista no que diz respeito à abordagem do informante.
O objetivo principal desse treinamento foi nivelar e padronizar o conhecimento da equipe de forma a garantir o melhor desempenho das rotinas e a qualidade do trabalho. De forma a atingir este objetivo, a equipe de campo teve à sua disposição um manual contendo todas as diretrizes para a realização de suas tarefas.
Considerando o desenho da amostra de domicílios utilizado na pesquisa, apresentam-se, a seguir, as expressões do estimador do total populacional de uma dada característica y de interesse, e do estimador de uma razão entre características de domicílios ou de moradores (utilizado para obtenção de estimativas de proporções).
8.1.6.2. Processo de expanção e estimação- topo
O processo de expansão da amostra permite que sejam feitas estimativas de características de interesse da população, com base nas unidades amostrais. Na estimação de características da população, obtidas a partir de uma amostra probabilística, cada unidade amostral representa um certo número de unidades domiciliares não selecionadas na população de domicílios existentes nas áreas de abrangência geográfica.
Um peso amostral, denominado fator de expansão, é especificado para cada unidade amostral investigada, refletindo essa representação. Os fatores de expansão foram calculados a partir da probabilidade de inclusão de um domicílio na amostra.
O estimador para o total populacional Y, de uma determinada característica y de interesse, em uma subpopulação A, é definido por:

onde:
- os índices i e j referem-se, respectivamente, às unidades primárias de amostragem (domicílios) e às unidades de análise (moradores);
- A refere-se ao subconjunto de elementos que possuem um determinado atributo, isto é, que pertencem a uma dada sub-população - por exemplo; moradores de um certo grupo de idade;
- Yij é o valor observado da característica de interesse y, para o j-ésimo elemento da i-ésima unidade primária de amostragem;
- Wij é o fator de expansão ou peso amostral para o j-ésimo elemento da i-ésima unidade primária de amostragem, neste caso o peso é obtido como o inverso da probabilidade de seleção do domicílio.
Por outro lado, o estimador de uma dada razão R para a subpopulação A foi calculado por meio da seguinte expressão:

(2)
onde:
-
é o total estimado da característica de interesse y, na subpopulação A, obtido em (1);
-
é o total estimado da característica de interesse x, na subpopulação A, obtido também pela expressão em (1).
Instrumentos para o Trabalho de Campo
O principal instrumento de coleta foi o questionário composto de sete partes temáticas, totalizando 103 quesitos e 177 variáveis.
Na parte 1 foram investigadas as características da unidade domiciliar, bem como a percepção da qualidade de alguns serviços existentes ao seu redor. Na parte 2, investiga-se, para todos os moradores, as suas principais características: sexo, idade, estado civil, religião, raça/cor, escolaridade, naturalidade, condições de saúde e hábitos de lazer praianos.
Na parte 3, a pesquisa investiga uma série de características referentes ao trabalho e ao rendimento da população com idade igual ou superior a 10 anos, enquanto as partes 4, 5, 6 e 7 buscam captar informações referentes às percepções dos moradores sobre a qualidade de vida nos municípios, hábitos de lazer, cidadania e associativismo, opiniões dos moradores relativas à existência do complexo nuclear e conhecimentos quanto ao seu grau de informação sobre as atividades do complexo nuclear, bem como da existência de um plano de evacuação de emergência.
Foi também utilizado no levantamento das informações estatísticas uma folha de coleta especial, que tem por objetivo obter informações relativas à população transitória, captadas a partir da investigação dos domicílios particulares de uso ocasional e dos domicílios coletivos (hotéis, pousadas, hospitais etc.).
Para auxiliar na localização dos domicílios no setor censitário e evitar que fossem pesquisados domicílios que não fazem parte deste, o entrevistador contou com instrumentos de coleta auxiliares que são o mapa do setor e folha de descrição dos limites do setor.
8.1.6.3. Processamento de dados- topo
O sistema de processamento de dados de todas as etapas da apuração da pesquisa foi elaborado utilizando-se o software CSPro (Census and Survey Processing System) versão 2.2031.
O CSPro é um software estatístico específico para obtenção, tratamento e disseminação de informações provenientes de uma pesquisa realizada por amostragem probabilística, tendo sido desenvolvido pelo US Census Bureau dos Estados Unidos. É importante informar que o CSPro é um software de fácil utilização e encontra-se disponível, gratuitamente, na Internet.
O processo de entrada dos dados em meio magnético foi também realizado utilizando-se o módulo Data Entry,do CSPro. O sistema de entrada de dados, em desenvolvimento, incorpora um processo de crítica desenvolvido no módulo Batch Edit, visando assegurar a consistência dos dados e o cálculo do peso (fator de expansão) de cada domicílio selecionado para a amostra.
A etapa de tabulação dos resultados da pesquisa foi desenvolvida e produzida no módulo Cents do IMPS (Integrated Microcomputer Processing System), versão 4.1.
8.2. Dinâmica Populacional - topo
8.2.1. Dados populacionais topo
Abrangendo 14 municípios, seis no Estado do Rio de Janeiro e oito no Estado de São Paulo, a área de influência indireta com raio de 50 km (AII-50 km) abrange 9.203 km2, correspondendo a 3,14 % da área total dos dois estados (Figura 6). Em 2000, a região abrigava 657.360 habitantes, dos quais 89,48% residiam nos núcleos urbanos, e apresentava uma densidade demográfica de 71,43 habitantes por km2 (Tabela 7). Equiparada às densidades demográficas dos municípios de Angra dos Reis (146,35 hab.km2) e Parati (31,80 hab.km2), a AII, configura-se uma média frente às unidades territoriais municipais.
A AII-50 km tem sua estruturação socioespacial explicada por uma conjugação de fatores, históricos e geográficos. Sua história está inserida no longo do processo de consolidação e organização do território nacional, nos seus recursos naturais e sua localização geográfica. Pelos caminhos do ouro, beneficiando-se da expansão cafeeira e da cana-de-açúcar, a região conheceu o apogeu, com uma economia rica, dinâmica e escravocrata. Com o declínio dessas atividades e o fim do trabalho escravo, a pecuária, o turismo e a indústria passaram a caracterizar os movimentos de estruturação da área.
O segmento paulista é formado por pequenos municípios. O lado fluminense apresenta diferenças significativas nos padrões social e econômico entre os seus municípios.
O segmento fluminense compreende a maior parte da população da AII-50 km, com 465.222 habitantes, dos quais 90,5% estão concentrados em áreas urbanas.
Tabela 7 - AII-50 km - Área e população residente, 2000
Clique aqui para visualizar a tabela 7

Figura 6 - AII-50 km - Divisão política e administrativa.
Fonte: Eletronuclear
8.2.2. Dinâmica populacional - topo
A AII-50 km tem sua estruturação socioespacial explicada por uma conjugação de fatores, históricos e geográficos. Sua história está inserida no longo do processo de consolidação e organização do território nacional, nos seus recursos naturais e sua localização geográfica. Pelos caminhos do ouro, beneficiando-se da expansão cafeeira e da cana-de-açúcar, a região conheceu o apogeu, com uma economia rica, dinâmica e escravocrata. Com o declínio dessas atividades e o fim do trabalho escravo, a pecuária, o turismo e a indústria passaram a caracterizar os movimentos de estruturação da área.
O segmento paulista é formado por pequenos municípios, cuja maior parte tem a pecuária como principal atividade. Com exceção de Lorena - por ser um centro de atração regional - e Ubatuba, por ser um centro turístico, sua economia é pouco expressiva e decadente, e sua infra-estrutura deficiente, especialmente quanto à saúde pública. As administrações desses municípios apostam no turismo histórico e ecológico para o seu desenvolvimento. Contudo, vivendo basicamente do fundo de participação dos municípios, não dispõem de recursos para investir em infra-estrutura, carecem de mão-de-obra qualificada, não conseguindo, por isso, atrair investimentos da iniciativa privada.
O lado fluminense apresenta diferenças significativas nos padrões social e econômico entre os seus municípios. Barra Mansa e Resende formam o principal pólo industrial e de serviços da região, influenciando municípios tanto do Rio de Janeiro quanto de São Paulo. Barra Mansa tem sua economia marcada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Resende abriga a Academia Militar das Agulhas Negras e tem seu desenvolvimento apoiado na atividade industrial.
Angra dos Reis e Parati, importantes centros turísticos, que convivem atualmente com a deteriorização de sua infra-estrutura e qualidade de vida, e Rio Claro, com uma economia praticamente estagnada, dependem da Eletronuclear, que garante investimentos na infra-estrutura local. Mangaratiba, município da microrregião de Itaguaí, integra a AII-50 km com o Distrito de Conceição do Jacareí e parte do distrito sede. O segmento fluminense compreende a maior parte da população da AII-50 km, com 465.222 habitantes, dos quais 90,5% estão concentrados em áreas urbanas.
Para a análise demográfica foram adotados os censos de 1950 a 2000 e incluída a contagem de população feita em 1996. Os dados constam da Tabela 8 e mostram a evolução da população total, urbana e rural nos municípios que compõem a AII-50 km.
Os principais incrementos ocorreram nas áreas urbanas da AII-50 km, em conseqüência do intenso processo de urbanização, característico do país. Este movimento se dá de forma uniforme, quando se compara o segmento fluminense com o paulista. A política que impulsiona a urbanização no Brasil estimula o processo de industrialização em detrimento das atividades agrícolas. A Tabela 8 e as três próximas figuras (Figura 7 a Figura 9) mostram uma nítida tendência de redução do crescimento da população rural.
Tabela 8 - AII-50 km - Evolução da população, 1950-2000
Clique aqui para visualizar a tabela 8
Tabela 9 - AII-50 km - Taxas de crescimento da população, 1950-2000
Clique aqui para visualizar a tabela 9

Figura 7 - AII-50 km - Taxas de crescimento da população total (%)
Fonte: IBGE, censo demográfico e contagem populacional.

Figura 8 - AII-50 km - Taxas de crescimento da população urbana (%)
Fonte: IBGE, censo demográfico e contagem populacional.A análise de renda nominal de um território é de suma importância para a compreensão do desenvolvimento. Ela é uma somatória que influencia diretamente na configuração do perfil financeiro municipal. As análises que se seguem tentam criar um perfil de rendimento nominal das AID. Todas as análises são referentes à população maior de 15 anos de idade. Além disso, as análises de renda das populações não naturais tentam retratar o fluxo migratório conseqüente a consolidação das usinas.
Na AID-15, o rendimento nominal mensal do trabalho principal da população a partir de 15 anos concentra-se entre R$ 240,00 e R$ 720,00 (57%), conforme indica a Figura 10 excetuando-se os distritos que apresentam comportamento semelhante quanto à distribuição do rendimento. Tarituba, cujos rendimentos nominais mensais alcançam níveis mais elevados, entre R$ 720,00 e R$ 2.400,00, e distribuem-se de maneira mais uniforme, o que pode ser explicado em parte pela presença dos funcionários da Eletronuclear.
Vale mencionar que 20,5% da população da AID-15 km têm rendimentos nominais mensais, no trabalho principal, de até R$ 240,00. A principal concentração desta faixa de rendimento ocorre no Distrito de Mambucaba, e a menor, no segmento do distrito que forma a AID-5 km.
No âmbito da AID-15 km, o aglomerado do Perequê dá a tônica da dimensão social observada em Mambucaba. É importante ressaltar a regularidade entre os distritos sede de Angra dos Reis e Parati, exceto na classe de rendimentos superior a R$ 2.400,00. Enquanto em Angra dos Reis 4,0% da população ocupada aufere rendimentos nesta faixa, em Parati este índice cai para 1,9%.

Figura 9 - AII-50 km - Taxas de crescimento da população rural (%)
Fonte: IBGE, censo demográfico e contagem populacional.
A população não natural da AID-5 km forma a maior parcela da população de Angra dos Reis, reside no município há 11 anos ou mais, tem origem em outra unidade da federação, é composta de famílias com três ou quatro membros, tem de quatro a sete anos de estudo, está alocada no setor de serviço o principal motivo para seu deslocamento foi acompanhar a família, e cerca de 55% têm rendimento mensal na faixa de R$ 240,00 a R$ 720,00. Dentro da AID-5 km, os municípios que mais contribuem para o deslocamento de população para Angra dos Reis são Rio Claro e Barra Mansa.

Figura 10 - AID-15 km - Distribuição dos rendimentos da população.
Fonte: IBGE
O rendimento médio nominal mensal domiciliar na AID-5 km é de R$ 1.219,94, apresentando uma grande variabilidade inter e intra-distrital. Enquanto, no Distrito de Cunhambebe, o rendimento médio nominal mensal domiciliar é de R$ 979,30, no Distrito de Mambucaba esse rendimento chega a R$ 2.231,52.
Da mesma forma, os resultados da pesquisa indicam existir uma grande variação do rendimento médio nominal observado entre os setores censitários que compõem o distrito de Cunhambebe, podendo ser definidos grupos homogêneos de setores censitários, tais como os conjuntos definidos a partir dos setores 1 e 2; 3 e 4 (que comportam os dois maiores valores desta variável); 5, 6 e 7 (setores com menores rendimentos médios nominais); e os setores 8, 9 e 10, conforme indicam os resultados apresentados na Figura 11.

Figura 11 - AID-5 km - Rendimento médio mensal da população.
Fonte: IBGE / Science
No Distrito de Mambucaba, o rendimento médio nominal mensal domiciliar observado, atinge o valor de R$ 2.231,52, bastante superior aquele observado no Distrito de Cunhambebe. Destacam-se os setores censitários 2, referente aos domicílios existentes no Condomínio das Goiabas, que apresentou um rendimento da ordem de R$ 5.359,00; e setores censitários 4 (R$ 3.112,91) e 5 (R$ 2.032,06), que constituem a vila residencial de funcionários da Eletronuclear, Vila de Praia Brava. É importante ressaltar que no setor 2 a pesquisa identificou apenas cinco domicílios particulares permanentemente ocupados.
No delineamento do quadro das atividades econômicas do setor primário, recorreu-se aos dados levantados e consolidados pelo IBGE, no Censo Agropecuário de 1996, o último, nesta temática realizado. Adicionalmente, foram considerados os dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) e os da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), referentes aos anos de 1990, 1996 e 2000.
Com base nos dados referenciados, elaborou-se um conjunto de tabelas e figuras que delineiam o uso da terra para fins agrícolas, enfatizando-se a utilização das terras para as lavouras permanentes e temporárias, bem como para a pecuária, tomando-se como elemento de estudo os municípios inseridos no raio de 50 km de Angra 3.
Na classificação dos estabelecimentos por área total, adotaram as classes estabelecidas pelo IBGE na tabulação dos dados do Censo Agropecuário. Cabe ressaltar que a classificação seguida pelo Incra (BRASIL-Incra, 1996). Isto é, minifúndio como propriedade de até 1 ha; pequena propriedade aquela de área entre 1 e 4 ha; média propriedade com extensão de 4 até 5 ha; e a grande propriedade com mais de 15 ha, foi desconsiderada, por não ser estatisticamente representativa da distribuição das propriedades rurais na agricultura moderna. A classificação do Incra apresenta uma seqüência minuciosa na base e uma generalização excessiva no topo. Adotou-se, portanto, uma combinação de dois critérios, resultando na seguinte denominação:
-
pequena propriedade, < 10 ha;
-
média propriedade, de 10 a 200 ha; e
-
grande propriedade, com 200 ha ou mais.
No que se refere às atividades agrícolas e pecuárias desenvolvidas nos municípios da AII-50 km, precisamente naqueles inseridos no Vale do Rio Paraíba do Sul e em parte da Serra da Bocaina, destaca-se a pecuária extensiva, ocupando os relevos levemente ondulados e acidentados. Nas partes mais elevadas da Serra da Bocaina foram encontradas áreas de campos nativos e de reflorestamentos, com espécies dos gêneros Pinus e Eucaliptus, implantadas na década de 1970. Também foram encontradas serrarias e fornos para a produção de carvão vegetal, que usavam, como matéria prima, exemplares da espécie Pinus. Nas planícies litorâneas, tem lugar a agricultura de subsistência, com uma produção modesta para o volume da população assente na região.
A Tabela 10 e a Tabela 11 resumem a situação dos estabelecimentos agropecuários, no que se refere a número e área total, além da caracterização daqueles em regime de propriedade individual, em relação a quantidade e área dos estabelecimentos.
Tabela 10 - AII-50 km - Estabelecimentos agropecuários - Número e área total, 1970-96
Estado /município
|
Número total de estabelecimentos |
Área total dos estabelecimentos |
1970 |
1975 |
1980 |
1985 |
1996 |
1970 |
1975 |
1980 |
1985 |
1996 |
Rio de Janeiro
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Angra dos Reis |
832 |
817 |
661 |
905 |
113 |
31.756 |
27.430 |
25.838 |
28.459 |
7.220 |
Barra Mansa |
469 |
429 |
490 |
545 |
284 |
64.375 |
67.746 |
62.632 |
62.316 |
27.046 |
Mangaratiba |
400 |
386 |
377 |
417 |
232 |
32.181 |
34.342 |
40.518 |
31.243 |
8.357 |
Parati |
1.756 |
1.644 |
1.554 |
1.720 |
468 |
68.282 |
43.979 |
53.580 |
56.270 |
15.140 |
Resende |
594 |
569 |
740 |
822 |
448 |
104.953 |
110.336 |
107.347 |
100.089 |
59.616 |
Rio Claro |
1.025 |
1.117 |
578 |
686 |
719 |
7.193 |
71.135 |
61.627 |
66.635 |
71.179 |
São Paulo
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Arapeí
|
|
|
|
|
77
|
|
|
|
|
13.157 |
Areias |
241 |
418 |
220 |
193 |
180 |
32.973 |
35.478 |
34.408 |
34.399 |
30.464 |
Bananal |
388 |
382 |
344 |
290 |
302 |
74.968 |
74.995 |
65.022 |
60.208 |
42.993 |
Cunha |
2.007 |
2.217 |
2.053 |
2.119 |
1.330 |
112.075 |
114.140 |
109.951 |
104.266 |
78.044 |
Lorena |
395 |
385 |
302 |
329 |
203 |
30.979 |
36.370 |
31.415 |
31.844 |
19.814 |
São José do Barreiro |
378 |
386 |
294 |
349 |
332 |
38.757 |
40.164 |
30.678 |
32.161 |
30.294 |
Silveiras |
414 |
320 |
363 |
309 |
425 |
31.026 |
28.989 |
33.857 |
29.960 |
33.094 |
Ubatuba |
376 |
314 |
315 |
208 |
15 |
29.165 |
24.118 |
26.908 |
30.878 |
1.361 |
Fonte: IBGE, censos agropecuários.
Tabela 11 - AII-50 km - Estabelecimentos agropecuários de propriedade individual - Número e área total, 1970-96
Estado
/município |
Número total de estabelecimentos |
Área total dos estabelecimentos |
1970 |
1975 |
1980 |
1985 |
1996 |
1970 |
1975 |
1980 |
1985 |
1996 |
Rio de Janeiro
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Angra dos Reis |
411 |
370 |
461 |
488 |
97 |
13.776 |
15.607 |
5.754 |
16.346 |
6.050 |
Barra Mansa |
432 |
385 |
448 |
506 |
221 |
57.213 |
53.920 |
51.216 |
52.493 |
22.117 |
Mangaratiba |
270 |
173 |
192 |
217 |
169 |
22.780 |
14.800 |
10.778 |
13.366 |
7.606 |
Parati |
915 |
1.108 |
686 |
1.037 |
384 |
29.638 |
25.605 |
20.707 |
27.251 |
13.684 |
Resende |
538 |
510 |
608 |
682 |
343 |
84.990 |
88.802 |
80.060 |
64.330 |
45.462 |
Rio Claro |
987 |
1.060 |
524 |
576 |
610 |
63.556 |
64.462 |
54.380 |
50.962 |
65.291 |
São Paulo
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Arapeí
|
|
|
|
|
76
|
|
|
|
|
12.990 |
Areias |
215 |
332 |
214 |
184 |
151 |
31.621 |
30.917 |
32.375 |
28.768 |
28.064 |
Bananal |
311 |
331 |
267 |
247 |
260 |
48.077 |
55.349 |
33.872 |
38.033 |
40.288 |
Cunha |
1.896 |
2.117 |
1.964 |
2.072 |
1.216 |
101.615 |
107.855 |
100.806 |
94.509 |
68.190 |
Lorena |
347 |
369 |
274 |
310 |
158 |
29.219 |
32.674 |
227.525 |
29.737 |
17.323 |
São José do Barreiro |
257 |
306 |
216 |
307 |
288 |
22.162 |
31.601 |
18.965 |
29.588 |
28.255 |
Silveiras |
375 |
314 |
316 |
289 |
393 |
25.509 |
26.426 |
27.406 |
25.611 |
30.156 |
Ubatuba |
193 |
284 |
159 |
178 |
13 |
7.568 |
6.387 |
8.307 |
25.334 |
1.303 |
Fonte: IBGE, censos agropecuários.
Observando-se as tabelas, percebe-se que houve uma queda significativa no número de estabelecimentos em todos os municípios, no período de 1985-1996, à exceção do município de Rio Claro, no Estado do Rio de Janeiro, conforme mostra a Figura 12.

Figura 12 - AII-50 km - Número total de estabelecimentos agropecuários - Variação no período 1970-1996.
Fonte: IBGE
Embora os municípios paulistas mostrem-se estáveis quanto ao volume de investimentos e áreas apropriadas, a situação econômica dos estabelecimentos, fixados principalmente na pecuária leiteira, e, em decorrência, das populações locais, caracteriza-se por carências evidentes no padrão das construções rurais e pelo estado de exaustão mostrado pelas pastagens ralas e os solos desgastados, sem medidas de controle aparentes. Nas planícies costeiras, as atividades econômicas do setor primário vêm cedendo espaço para o setor de serviços, com destaque para o turismo, e para a urbanização desordenada, em que predominam as construções inacabadas ou de péssimo acabamento arquitetônico e material. Ressalta-se que grande parcela dessa população é de origem rural.
Para efeitos comparativos, considera-se a área dos municípios relacionados, de 9.203,88 km2, segundo a Divisão Territorial do Brasil, divulgada pelo IBGE para a contagem da população em 1996. A área total dos estabelecimentos agropecuários atinge a cifra de 4.377,79 km2, correspondente a 47,6% do total de terras disponíveis utilizadas para as atividades agropecuárias. Considerando a população total dessa área de 591.028 habitantes, observa-se a densidade demográfica de 64,29 hab/km2; considerando-se a extensão de terras apropriadas aos processos agropecuários, essa taxa sobe para 135 hab/km2 de terras agrícolas.
As últimas taxas, calculadas para a população e estrutura agropecuária de 1996, mostra a pequenez do setor na região, apontando, no curto prazo, o comprometimento de parcelas significativas da renda regional com o transporte de alimentos básicos para o atendimento da população.
Da Figura 13 consta a representação no período 1970-1996, do ocorrido com a área dos estabelecimentos, cabendo ressaltar o comportamento dos municípios litorâneos, tanto paulistas quanto fluminenses, com acentuada redução na área territorial destinada às atividades agropecuárias, como é o caso de Angra dos Reis, Parati e Ubatuba.

Figura 13 - AII-50 km - Área total dos estabelecimentos agropecuários - Variação no período 1970-1996.
Fonte: IBGE
Dentre os municípios paulistas e fluminenses, Rio Claro, no Estado do Rio de Janeiro, é o único a apresentar crescimento na área destinada à agropecuária; nas demais, comportamento comum é uma acentuada queda na área destinada às atividades do setor primário.
A distribuição das terras por uso encontra-se resumida na Tabela 12, para os municípios do Estado do Rio de Janeiro, e, na Tabela 13, para aqueles inseridos no Estado de São Paulo. Observando-se as tabelas, percebe-se que o município de Ubatuba, no período de 1985 a 1996, apresentou a mais forte redução da atividade agropecuária, praticamente encerrada, com a destinação das áreas de florestas para a conservação e a preservação, formando uma porção do Parque Nacional da Serra da Bocaina e do Parque Estadual da Serra do Mar. O município, historicamente, apresentava a maior área de florestas naturais em estabelecimentos do setor primário, como pode ser observado no gráfico. Hoje, apenas 1,9% da área territorial do município encontram-se destinada à produção agropecuária.
O município de Silveiras é, do conjunto, o único que apresenta crescimento na reserva de áreas para o setor primário, com aumento das áreas destinadas à pecuária, pastagens plantadas. Por outro lado, mantém estável o estoque de terras ociosas, formadas por terras em descanso e matas e florestas naturais e plantadas, observando-se ligeiro crescimento nestas últimas destinações. Da área territorial do município, 79,8% encontram-se reservadas à produção agropecuária.
O município de Areias é o que apresenta maior comprometimento territorial com o setor primário, 99,4%, seguido por Arapeí, com 85,8%, Bananal, com 69,5%, Cunha, com 55,5%, São José do Barreiro, com 53,1%, e Lorena com 47,6%.
A urbanização generalizada dos municípios na região sudeste, além dos sucessivos planos econômicos, no período de 1985 a 1996, resultaram na retração dos investimentos no campo. Por outro lado, os municípios paulistas apresentam-se mais estáveis quanto à estrutura fundiária e o volume de terras destinadas ao setor primário da economia.
Tabela 12 - AII-50 km, Estado do Rio de Janeiro - Utilização das terras, 1970-96
Clique aqui para visualizar a tabela 12
Tabela 13 - AII-50 km, Estado de São Paulo - Utilização das terras, 1970-96
Clique aqui para visualizar a tabela 13
Dentre as políticas públicas que contribuem para a diferenciação do contexto fluminense, ressalta-se a ambiental, pois os municípios de Angra dos Reis e Parati têm uma porção significativa de seus territórios apropriada às unidades de conservação. Como as terras disponíveis são escassas, limitadas às planícies aluviais, e o manejo agrícola dessas áreas exige altos investimentos em mecanização, torna-se imediata a retração dos investimentos na agricultura. Por outro lado, surgem na região outras oportunidades de negócios, principalmente relacionadas ao turismo, que apresentam riscos mais controlados e melhores taxas de retorno.
O volume de terras irrigadas é desprezível no contexto regional, o que se justifica pelo regime de chuvas e as características do escoamento superficial no Planalto da Bocaina.
Verifica-se nas figuras, que o município de Areias, ao longo do período 1970-1996, perdeu áreas de pastagens naturais e incorporou novas áreas de pastagens plantadas. As áreas de florestas naturais foram mantidas. As áreas de lavouras também foram reduzidas. Os municípios de Bananal, Silveiras e Cunha apresentam comportamento semelhante ao de Areias. Já no município de Lorena, houve forte redução no estoque de terras em descanso irrigadas.
O município de Arapeí foi instalado em 1991, por desmembramento da área territorial do município de Bananal. Por esta razão, não foram feitos comentários acerca do comportamento da estrutura fundiária em seu território.
Nos municípios fluminenses, Angra dos Reis e Parati, o panorama não é diferente do encontrado em São Paulo, quanto à redução das terras destinadas ao setor primário da economia. A diferenciação fica por conta dos volumes no comprometimento da área territorial com a agropecuária. O município de Rio Claro é o que apresenta o maior percentual da área territorial alocada no setor, 84,6%, o que o aproxima do perfil dos municípios paulistas da Bocaina. Resende apresenta um comprometimento de 53,5% e Barra Mansa de 49,4%, percentuais que se justificam no perfil urbano-industrial assumido pela organização econômica no segmento fluminense do Vale do Rio Paraíba do Sul. O município de Mangaratiba apresenta o percentual mais baixo, 23,2%, que o aproxima dos municípios de Angra dos Reis e Parati, em que o perfil urbano-turístico predomina, associado ao comprometimento de áreas territoriais com a preservação e a conservação da natureza.
No período de 1985 a 1996, o município de Barra Mansa apresentou significativa redução no volume de terras apropriadas à pecuária, tanto em termos de pastagens naturais quanto plantadas. A redução na área de florestas plantadas também é significativa, mantendo-se a extensão de terras em descanso e de florestas naturais. No mesmo período, Resende apresenta ampliação na área de pastagens plantadas e de terras em descanso, nas demais categorias de uso, a redução é significativa em comparação à década anterior.
Para os municípios fluminenses, assim como para os paulistas, o volume de terras irrigadas é desprezível, o que é justificado pelo regime de chuvas e pela disponibilidade de água na região. Além disso, as lavouras permanentes e temporárias praticadas na região demandam baixo volume de água em sua manutenção.
A Tabela 14 resume a situação fundiária dos municípios fluminenses. Verifica-se que Mangaratiba, Parati e Angra dos Reis apresentam os maiores percentuais de terras alocadas à lavoura, 91,38%, 83,34% e 70,80%, respectivamente. Por outro lado, Resende, Rio Claro e Barra Mansa apresentam comprometimento maior com a pecuária, 75,83%, 68,98% e 58,10%, respectivamente, o que é corroborado ao considerar-se a área média dos estabelecimentos para esses municípios.
Tabela 14 - AII-50 km, Estado do Rio de Janeiro - Situação fundiária rural, 1995.
Discriminação |
Angra dos Reis |
Barra Mansa |
Manga-ratiba |
Parati |
Resen-de |
Rio Claro |
Estado |
Número total de estabelecimentos |
113 |
284 |
232 |
468 |
422 |
719 |
53.680 |
Área total dos estabelecimentos (ha) |
7.220 |
27.046 |
8.357 |
15.104 |
58.364 |
71.178 |
2.416.307 |
Área média dos estabelecimentos (ha) |
63,9 |
95,23 |
36,02 |
32,35 |
138,30 |
98,99 |
45,01 |
Número de estabelecimentos por tamanho
|
|
|
|
|
|
|
|
<10 ha |
44 |
75 |
116 |
264 |
39 |
210 |
28.439 |
10-100 ha |
59 |
125 |
102 |
188 |
212 |
354 |
20.005 |
100-200 ha |
5 |
45 |
5 |
6 |
82 |
82 |
2.738 |
200-500 ha |
3 |
33 |
5 |
7 |
73 |
54 |
1.802 |
500-2.000 ha |
1 |
6 |
4 |
2 |
16 |
16 |
623 |
> 2.000 ha |
1 |
0 |
0 |
1 |
0 |
3 |
48 |
Sem declaração de área |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
25 |
Estab. com exploração mista (lavoura + pecuária) |
10 |
32 |
11 |
34 |
49 |
76 |
4.995 |
Estabelecimentos com exploração de pecuária |
23 |
165 |
9 |
44 |
320 |
496 |
21.263 |
Pessoal ocupado |
415 |
1.128 |
1.174 |
1.211 |
1.273 |
2.318 |
174.274 |
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
É importante ressaltar a correlação entre a utilização da terra e a área dos estabelecimentos. As práticas agrícolas apresentam áreas médias inferiores às exigidas para a pecuária.
Convém observar que nos estabelecimentos com atividades agrícolas e pecuárias, Resende apresenta a maior taxa, 11,61%, seguido por Barra Mansa com 11,27% e Rio Claro com 10,57%, complementando o panorama da atividade puramente pecuária observada no parágrafo anterior. Mangaratiba com 4,74%, Parati com 7,26% e Angra dos Reis com 8,85%, confirmam a tendência da utilização das terras por lavouras nestes municípios.
Quanto à dimensão dos estabelecimentos, Resende, Rio Claro, Barra Mansa e Angra dos Reis apresentam mais de 50% dos estabelecimentos com área entre 10 e 200 ha, portanto estabelecimentos de médio porte. Por outro lado, Parati e Mangaratiba apresentam mais de 50% dos estabelecimentos de porte pequeno, com área inferior a 10 ha. Resende apresenta, na região, o maior percentual para estabelecimentos de grande porte, 21,09% do total de estabelecimentos no município. Barra Mansa e Rio Claro apresentam mais de 10% dos estabelecimentos na faixa de grandes estabelecimentos.
O total de estabelecimentos agropecuários na região fluminense corresponde a 4,17% do número observado para o Estado, enquanto, em termos de área total, esses estabelecimentos correspondem a 7,75% do Estado. A produção agropecuária associada a essa estrutura fundiária encontra-se resumida na Tabela 15, em que os dados relativos às unidades municipais podem ser comparados com o comportamento do Estado do Rio de Janeiro. De imediato, pode-se afirmar que o setor primário tem pequena expressão no segmento fluminense da área em estudo. As taxas mais significativas ficam por conta do número de pés de banana plantados no município de Mangaratiba, 11,86% do volume estadual, para uma produção de 4,62% do total estadual, em 3,14% dos estabelecimentos dedicados a essa cultura permanente. Parati apresenta 7,8% do número de pés plantados no Estado, para uma produção de 6,54%, portanto com maior rendimento que o apresentado para Mangaratiba por pé, em 4,9% do número total de estabelecimentos do Estado.
Tabela 15 - AII-50 km, Estado do Rio de Janeiro - Produção Agropecuária, 1996
Clique aqui para visualizar a tabela 15
Em termos de lavoura temporária, e em comparação ao Estado, Resende, Barra Mansa e Rio Claro apresentam para o milho taxas de produção de 2,12%, 2,34% e 2,59%, respectivamente. Na produção de leite bovino, Rio Claro apresenta o volume de 2,67% da produção estadual, enquanto Barra Mansa representa 2,85% e Resende, 4,47%. Na produção de leite caprino, Resende contribui com 5,6% para a produção estadual; Rio Claro e Barra Mansa, com taxas idênticas, de 1,19%, têm menor expressão.
No que se refere à cultura da mandioca, Parati contribui com 0,91% da produção estadual, número superior ao dos demais municípios. Para o café, dominante na área em meados do século XVIII, somente Barra Mansa apresenta produção com alguma expressão, 0,51% da produção estadual, para 0,34% dos pés plantados.
O município de Parati apresenta-se como o maior produtor de banana e de mandioca do sul fluminense. Já Rio Claro é o maior produtor de milho, o segundo maior produtor de mandioca e de leite bovino, e o terceiro produtor de cana-de-açúcar e de banana. Mangaratiba apresenta-se como o segundo maior produtor de banana da faixa litorânea.
No Vale do Rio Paraíba do Sul, Resende é o maior produtor de leite bovino e de cana-de-açúcar, e o terceiro produtor de milho, enquanto Barra Mansa é o segundo maior produtor de cana-de-açúcar e milho, e o terceiro maior produtor de mandioca e leite bovino
A despeito dessa classificação por produção, não se pode perder de vista que os valores absolutos da produção, à exceção da banana em Mangaratiba, são predominantemente inferiores a 4% das marcas estaduais.
A Tabela 16 apresenta a estrutura fundiária rural do Estado de São Paulo, do qual se conclui que Cunha é o município mais representativo, contendo 1.330 estabelecimentos agropecuários, ou seja, 0,6% do total de estabelecimentos no Estado.
Tabela 16 - AII-50 km, Estado de São Paulo - Quadro fundiário rural, 1995.
Discriminação |
Arapeí |
Areias |
Bana-nal |
Cunha |
Lore-na |
São José do Barreiro |
Silvei-ras |
Ubá-tuba |
Estado |
Número total de estabelecimentos |
77 |
180 |
302 |
1.330 |
126 |
332 |
425 |
15 |
218.016 |
Área total dos estabelecimentos (ha) |
13.157 |
30.464 |
42.994 |
78.044 |
15.647 |
30.294 |
33.094 |
1.362 |
17.369.202 |
Área média dos estabelecimentos (ha) |
170,87 |
169,24 |
142,36 |
58,68 |
124,18 |
91,25 |
77,87 |
90,8 |
79,67 |
Nº de estabelecimentos por tamanho
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
<10 ha |
12 |
26 |
50 |
184 |
11 |
41 |
57 |
3 |
65.303 |
10-100 ha |
39 |
91 |
163 |
966 |
74 |
211 |
291 |
6 |
119.209 |
100-200 ha |
10 |
29 |
47 |
131 |
19 |
58 |
41 |
4 |
16.258 |
200-500 ha |
8 |
19 |
30 |
39 |
17 |
14 |
29 |
2 |
11.408 |
500-2.000 ha |
7 |
15 |
9 |
8 |
5 |
6 |
7 |
0 |
4.872 |
> 2.000 ha |
1 |
0 |
3 |
2 |
0 |
2 |
0 |
0 |
710 |
Sem declaração de área |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
256 |
Estabelecimento com exploração mista (lavoura + pecuária) |
28 |
23 |
63 |
299 |
13 |
32 |
60 |
0 |
20.659 |
Estabelecimentos com exploração da pecuária |
31 |
121 |
140 |
838 |
111 |
210 |
294 |
1 |
88.659 |
Pessoal ocupado |
329 |
613 |
955 |
4.407 |
485 |
1.254 |
1.383 |
81 |
914.954 |
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
Lorena, Silveiras, Areias, São José do Barreiro e Cunha apresentam os maiores percentuais de terras alocadas à pecuária, atividade predominante na região do Planalto da Bocaina, com 88,09%, 69,18%, 67,22%, 63,25% e 63,01%, respectivamente. Na lavoura, o maior percentual fica por conta de Arapeí, com 40,3%, seguido por Cunha com 22,48%, ficando os demais abaixo de 15%. Mais uma vez, verifica-se a correlação entre a utilização da terra e a área dos estabelecimentos. As práticas agrícolas apresentam áreas médias inferiores às exigidas para a pecuária.
Quanto à dimensão dos estabelecimentos, os municípios paulistas apresentam mais de 50% dos estabelecimentos com área entre 10 e 200 ha, portanto, de médio porte. Cunha, 82,48%; São José do Barreiro, 81,02%; Silveiras, 78,12%; Lorena, 73,81%; e Bananal, 69,87%. Por outro lado, Arapeí apresenta 20,78% dos estabelecimentos com área superior a 200 ha, portanto, estabelecimentos grandes. Na mesma categoria, Areias apresenta 18,89%, Lorena, 17,46%, e Bananal, 13,9%.
Ressalta-se que a área média dos estabelecimentos em Arapeí, Areias, Bananal e Lorena é superior a 100 ha, caracterizando o predomínio dos estabelecimentos de médio e grande porte. O município que apresenta o maior percentual de estabelecimentos de pequeno porte é Bananal, com 16,56%.
O total de estabelecimentos agropecuários na região paulista corresponde a 1,28% do número observado para o Estado, enquanto em termos de área total, esses estabelecimentos correspondem a 1,41% do Estado. A força de trabalho corresponde a 1,04% do total do Estado.
A produção agropecuária, associada a essa estrutura fundiária, encontra-se resumida na Tabela 17, em que os dados relativos às unidades municipais podem ser comparados com o comportamento do Estado de São Paulo. De imediato, pode-se afirmar que o setor primário tem pequena expressão no segmento do Planalto da Bocaina. As taxas mais significativas ficam por conta do volume da colheita da cana-de-açúcar em Arapeí, com 1,59% da produção do Estado de São Paulo no ano de 1996, e em Bananal, com 0,89%.
Para a pecuária, as taxas são igualmente baixas, a despeito da extensão territorial das terras destinadas ao setor primário. A produção de leite bovino atingiu 0,89% da produção do Estado em Cunha, e 0,54% em Lorena; em todos os demais, as taxas são inferiores a 0,5%.
Em termos de lavoura temporária, a situação regional do Estado de São Paulo é pior do que o apresentado pelos municípios fluminenses. Por exemplo: para o milho, Cunha atingiu o maior volume de produção, 5.568 t, sendo de 0,2% a taxa relativa ao Estado.
Arapeí mostra-se como o maior produtor de cana-de-açúcar do planalto e o segundo maior produtor de mandioca. Cunha é o maior produtor de leite bovino, de milho e de mandioca, e o terceiro produtor de laranja. São José do Barreiro é o maior produtor de banana e de laranja. Silveiras é o terceiro produtor de leite bovino, laranja, banana, mandioca e milho. Bananal é o segundo produtor de cana-de-açúcar e o terceiro de milho. Lorena é o segundo maior produtor de leite bovino.
Vale ressaltar que os valores absolutos da produção para os municípios do Planalto da Bocaina são muito baixos, principalmente quando se considera a área média para os estabelecimentos agropecuários.
Nos últimos vinte anos, observa-se a intensificação do êxodo rural no Vale do Rio Paraíba do Sul, devido principalmente à precariedade da vida no campo: baixos salários, ausência de escolas e de assistência médica, e a falta de uma política agrícola que possibilite a fixação do homem no meio rural. Essa corrente migratória parte dos municípios de economia menos dinâmica, como Areias, Silveiras, Bananal e São José do Barreiro para as áreas urbanas dos municípios mais industrializados, em especial, Angra dos Reis.
Tabela 17 - AII-50 km, Estado de São Paulo - Produção Agropecuária, 1996.
Clique aqui para visualizar a tabela 17
8.2.3. Área de influência direta
A área de influência direta é constituída por duas áreas circulares concêntricas de raios 5 km (AID-5 km)e 15 km (AID-15 km).
A AID-5 km apresenta-se com uma superfície de 78,854 km2, considerando-se o círculo de 5 km de raio. A Figura 14 mostra as relações territoriais entre as unidades distritais que integram o município de Angra dos Reis na área de influência do empreendimento enfeixado por Angra 3. A área do empreendedor, na região, corresponde a 9,37 km2
A AID-5 km, por estar situada na borda da Serra do Mar, apresenta relevo acidentado, com exceção da baixada de pequena extensão, que abriga a vila de Cunhambebe, sede do distrito de Angra dos Reis, no curso final do Rio do Frade.
O fator urbano na região é marcado pela vila residencial da Eletronuclear - mais um conjunto habitacional do que uma vila, na praia Brava, a Vila Histórica de Mambucaba, também sede de distrito do município de Angra dos Reis, e parte expressiva da vila sede do distrito de Cunhambebe. A ocupação das vilas caracteriza-se pelo convívio de aglomerados subnormais e condomínios de alto padrão econômico. O processo de expansão urbana nos sítios de ocupação tradicional, Mambucaba e Cunhambebe, ameaça os limites sul do Parque Nacional da Serra da Bocaina e invade por completo a faixa de domínio da BR-101.
Os condomínios encontram-se em parte da Planície do Rio do Frade e na faixa litorânea adjacente, em especial os Sacos Piraquara de Dentro e Piraquara de Fora. A sudoeste de Angra 3, na Praia Vermelha, encontra-se o Condomínio Barlavento e uma ocupação mais recente, de padrão espacial desorganizado, que caracteriza as construções feitas por populações de baixa renda, nas duas margens da rodovia. Na paisagem urbana predominam, nos aglomerados subnormais, as construções de acabamento incompleto, caracterizadas pelo emprego de materiais pobres ou de aproveitamento de demolições, manuseados por mão-de-obra sem qualificação adequada. O processo de urbanização encontra motivação na proximidade em relação aos locais de trabalho, que se resumem à CNAAA, aos condomínios de luxo e à rede lazer-hotelaria (clubes, pousadas, hotéis e condomínios com serviços de hotelaria).

Figura 14 - Área de influência direta com raio de 5 km
Fonte: Eletronuclear
A expansão urbana encontra-se mal contida pelos limites do PNSB, ganhando maior intensidade na ocupação das terras baixas e nas raras e pequenas colinas da Planície do Rio do Frade.
As atividades agropecuárias encontram-se reduzidas à pecuária bovina, com um pequeno número de cabeças, a nordeste da CNAAA. A oeste das unidades geradoras de energia encontra-se o sítio Periquito com um criadouro de peixes e lavouras de subsistência. A agricultura é essencialmente de subsistência, sem qualquer expressão territorial ou econômica significativa.
Em alguns trechos da serra, a floresta densa submontana mantém-se bem conservada, enquanto na baixada, onde está o Hotel Fazenda do Frade, observa-se grande diversificação de uso, com haras, campo de golfe, áreas de criação de carneiro e gado bovino, além do plantio da pupunha (palmeira) para a produção em escala industrial do palmito.
Já a AID-15 km apresenta-se com uma superfície de 706,8593 km2, considerando-se o círculo de 15 km de raio. O círculo compreende áreas dos municípios fluminenses de Angra dos Reis e Parati, além de pequena porção do território de São José do Barreiro, município paulista inserido na mesoregião do Vale do Paraíba paulista. A Figura 15 mostra as relações territoriais entre as unidades municipais e a área de influência direta do empreendimento, no afastamento crítico dos 15 km. A área total dos municípios abrangidos é de 2.313,49 km2. Ressalta-se o fato de estarem inteiramente contidas no recorte da AID-15 km a área do empreendimento, de 9.3171 km2, e a área do empreendedor, nas imediações do empreendimento, que suportam atividades secundárias, inclusive residenciais, totalizando 12.4942 km2. Considerando-se as áreas do empreendimento e do empreendedor, verifica-se que as mesmas correspondem a 0,72 % da área total dos municípios de Parati e Angra dos Reis, ou seja, 1.742,81 km2.

Figura 15 - Áreas de influência direta com raios de 5 km e de 15 km
Fonte: Eletronuclear
A área em questão limita-se a leste pela península em que se desenvolve o sítio da cidade de Angra dos Reis, bairros do Bonfim, Vila Velha e Enseada. A oeste o limite é dado pela vila sede do distrito de Tarituba, já no município de Parati. Engloba ao sul as enseadas do Ariró, do Bracuí, do Grataú, do Frade e do Mambucaba, além de inúmeras ilhas, como a Araraquara, a Sandri, a Comprida e a da Jipóia. A norte limita-se com o Planalto da Bocaina, incorporando pequena porção ao sul do município de São José do Barreiro.
A área apresenta duas formas de relevo distintas: uma de baixada, inundável, composta por relevo plano, próxima ao sopé da serra, e a outra representada pela Serra do Mar. Nas duas áreas, a pastagem se destaca como principal forma de uso da terra. A vegetação secundária, capoeira, ocorre indiscriminadamente, tanto na baixada como na meia encosta, em estágio médio e avançado, com alguns encraves remanescentes do cultivo de banana, e do reflorestamento de eucalipto em propriedades da empresa White Martins.
Próximo à foz do Rio Perequê, em área limítrofe com a AID- 5 km, próxima à vila residencial da Eletronuclear, conhecida como Mambucaba (Figura 16), mas já pertencente ao Distrito de Tarituba, município de Parati, encontra-se uma pequena mancha de restinga arbustiva e mangue, já bastante antropizada. Essa restinga apresenta-se fortemente impactada, na margem direita, pela atividade de turismo, destacando-se a presença de instalações avançadas do Hotel do Bosque, com vários quiosques. Na margem esquerda, observa-se conurbação, na forma de construções precárias, em extensão recente da vila histórica de Mambucaba.

Figura 16 - Vila Residencial Mambucaba - Entrada e, em segundo plano, vila operária.
Fonte: Science
Os grandes condomínios de luxo e os empreendimentos turísticos se assentam nesses ambientes. Destacam-se como áreas representativas desse tipo de ocupação do solo, aquelas ocorrentes na planície do Rio Mambucaba, na divisa entre os municípios de Angra dos Reis e Parati, situadas em terras do município de Angra dos Reis, como praia do Recife, Ilha do Jorge, às margens dos Rios Ariró, Japuíba, Bracuí, Caieira, Enseada de Porto Marisco e na cidade de Angra dos Reis.
8.2.4. Área de influência indireta- topo
Mantido o enfoque metodológico proposto para a análise, do regional para o local, as questões pertinentes à caracterização do uso e ocupação do solo serão tratadas a partir da macro visão da AII-50 km tendo como referência as coordenadas geográficas no centro projetado para o reator da terceira usina nuclear.
Esta área distribui-se em terras fronteiriças dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, caracterizadas, do ponto de vista fisiográfico, por exuberante cobertura vegetal, relevo acentuadamente movimentado, em sua face atlântica, e declividade suave no curto mergulho em direção ao Rio Paraíba do Sul, por sua margem direita, separando a Serra do Mar da Serra da Mantiqueira. A referida área abrange 14 municípios, compreendendo, no Estado do Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Barra Mansa, Mangaratiba, Parati, Rio Claro e Resende, e no Estado de São Paulo, Arapeí, Areias, Bananal, Cunha, Lorena, São José do Barreiro, Silveiras e Ubatuba.
A AII-50 km, apresenta-se com uma superfície de 7.854,103 km2. A superfície formada pelos municípios inteiramente ou parcialmente contidos no círculo de 50 km de raio totaliza 9.203 km2. A Figura 17 mostra as relações territoriais entre as unidades municipais que integram as mesoregiões vale paraibana paulista e sul fluminense, com a área de influência do empreendimento. Do cartograma, evidencia-se a representação, por hachuras, dos municípios que configuram a área em torno do empreendimento, destacando-se a situação de Angra dos Reis e Parati, no Estado do Rio de Janeiro e de Arapeí, Bananal e São José do Barreiro, no Estado de São Paulo, inteiramente contidos na área de influência. O município de Mangaratiba, localizado na mesoregião metropolitana do Rio de Janeiro, também foi considerado por sua inserção no círculo de 50 km.
A própria morfologia da área condicionou as formas de uso social predominantes atualmente: instalações para a infra-estrutura do turismo e de lazer; a unidade para a geração termonuclear da energia elétrica; terminais portuários para exportação e importação de produtos naturais e manufaturados; e o uso agrícola e florestal das parcelas do solo incorporadas ao processo produtivo. Formam as relações sociais de cunho econômico o comércio, a indústria e os serviços, de forma bem marcada territorialmente.

Figura 17 - Área de influência indireta com raio de 50 km
Fonte: Eletronuclear
As formas e estruturas espaciais da atualidade decorrem do processo histórico de ocupação e apropriação social do espaço regional. Iniciaram-se com a exploração dos recursos florestais pelos nativos e se aprofundaram com a chegada do europeu, o plantio da cana-de-açúcar e a produção de aguardente; o "caminho do ouro", associado ao tráfico de escravos e mercadorias, a lavoura cafeeira, no curso dos séculos XVIII e XIX, o plantio da banana, na área atlântica, e a pecuária leiteira, mais recentemente, no século XX. Com o declínio do uso agrícola das terras disponíveis, cresceram as atividades pecuárias, reduzindo-se a agricultura às lavouras de subsistência, resultando no estado atual de ocupação no setor econômico primário.
Do ponto de vista econômico-industrial, o momento presente encontra-se delineado pela implantação dos grandes empreendimentos industriais, iniciada há meio século, como o Estaleiro Verolme, o Terminal Marítimo da Baía da Ilha Grande, da Petrobras, e a geração termonuclear da energia elétrica por parte da Eletronuclear.
A modernidade da economia local encontra-se marcada pela indústria hoteleira, representada na região por investimentos diversificados, tais como: clubes de lazer e hospedaria; condomínios com lazer e serviços de hotelaria; e hotéis com serviços convencionais, de padrão internacional. A consolidação do segmento econômico que se caracteriza como o setor de serviços, em uma região naturalmente bela e de clima agradável, é dada pelos condomínios de alto padrão de acabamento arquitetônico e estilo de vida faustoso.
As formas e estruturas espaciais identificadas encontram-se vinculadas às funcionalidades e aos processos econômicos sumariados anteriormente, transformadores e, ao mesmo tempo, condicionadores das futuras transformações do espaço regional.
Os grandes projetos do século passado estimularam intensos fluxos de mão-de-obra que, pelo caráter temporário da construção das plantas industriais, foram seguidos pelo esvaziamento e a fixação residual de uma parcela das populações movimentadas, dando origem aos loteamentos vinculados às atividades industriais. As planícies associadas aos baixos cursos dos rios Jacuecanga, Monsuaba, Japuíba e Mambucaba acabaram se tornando o destino final das populações recém fixadas. O primeiro efeito observado, a partir desse movimento, é o da retração das atividades agrícolas, deslocadas das planícies aluvionares pelo processo de urbanização. Como conseqüência imediata, tem-se a valorização da terra e a ocorrência de conflitos.
Proprietários, diante da falta de oportunidades econômicas ao longo das décadas anteriores, abandonaram suas propriedades, retomando-as e, freqüentemente, as negociam, como os investidores do mercado imobiliário. Se esse movimento é discreto com a instalação do Estaleiro Verolme, acentua-se e ganha grandes dimensões com a construção da rodovia BR-101. Na esteira dos conflitos, agravando o quadro da especulação em torno da terra, ocorrem a implantação do projeto de geração de energia e a ampliação dos investimentos em turismo e lazer. Ressalta-se que essas ocorrências se superpõem no tempo e no espaço, tornando difícil ou mesmo impossível a explicitação dos efeitos de cada uma isoladamente.
O povoamento, centralizado nos grandes empreendimentos, acaba se mostrando disperso ao longo da costa, agravando o atendimento da infra-estrutura, uma vez que a dispersão encarece o estabelecimento das redes de serviços públicos.
Lia Osório Machado (MACHADO, 1995) chama a atenção para o fato desses investimentos se identificarem com projetos de acentuado gigantismo e isolamento, criando verdadeiros territórios de negócios, em que o controle e a responsabilidade acabam fugindo dos empreendedores, gerando conflitos sociais de toda ordem. Os territórios assim formados, superficialmente homogêneos em seu interior, acabam satelitizando um conjunto amplo de atividades de serviços e comércio, atraindo novos contingentes populacionais, em sua maioria de baixa renda, na perspectiva de ganho associado às ocupações mais permanentes. O resultado desse movimento acaba sendo o da incorporação de áreas ao território do empreendimento, marcadas por carências sociais diversas e urbanização precária.
O crescimento populacional experimentado pelo município de Angra dos Reis entre 1920 e 2000, da ordem de cinco vezes e meia, passando de 21.412 habitantes para 119.247, não pode ser considerado elevado em termos de Brasil ou da região do sudeste brasileiro. No período, o que se acentua é a urbanização. Até 1950, cerca de 34% do contingente populacional, se concentrava na área urbana, nas décadas seguintes, a população rural se retraiu, chegando o censo demográfico de 2000 a registrar 95,9% da população em áreas urbanas.
A alta taxa de urbanização não é explicada apenas pelo fator industrial. Certamente a diversificação da economia angrense responde pelo crescimento do emprego no setor de serviços e no comércio, tendência associada à economia urbana, não só no Brasil, mas em diversos outros países de economia semelhante ou mesmo mais vigorosa.
A instabilidade do mercado de trabalho agrava-se com um setor de serviços altamente dependente da presença de atividades industriais ou agrícolas estritamente locais, daí o caráter contraditório dos grandes empreendimentos. Por um lado, atraem mão-de-obra mais qualificada ou mesmo incentivam a qualificação da mão-de-obra local, como fez o Estaleiro Verolme na década de 1970; por outro lado, mostram-se auto-suficientes para os serviços da empresa.
Uma outra instabilidade pode ser apontada ao considerar-se, ou o isolamento assumido por esses empreendimentos, ou os seus vínculos mais estreitos com as populações locais, aumentando, neste caso, a dependência local ao futuro do empreendimento. Na região de Angra dos Reis, observa-se claramente esse fato, associado à falência da Verolme na década de 1980, quando os desarranjos sociais foram mais significativos, diante dos fortes vínculos da empresa com a população local. A estagnação do estaleiro causou desemprego e desajustes para os trabalhadores ativos, uma vez que somente se ocupavam quando havia trabalho. Tais desajustes levavam ao alcoolismo e ao consumo de outras drogas, aumentando a marginalidade e a violência. Ressalta-se que a crise da Verolme não estava isolada. Ao mesmo tempo, foram suspensos os trabalhos de construção de Angra 2 e diminuídos significativamente os investimentos públicos no setor rodoviário e de comunicações, agravando o quadro de desemprego na região, naquele momento especial.
O turismo, na forma e escala praticadas na região, mantém a característica espacial dos territórios de negócios, dadas as dimensões e o isolamento dos empreendimentos. Apenas para ilustrar, o Hotel do Frade e Golf Resort, localizado na foz e área imediata da planície do Rio do Frade, ocupa uma área de 170 milhões de metros quadrados.
A atividade turística gera um mercado de trabalho importante, embora com reflexos significativos na trama urbana, pois, ao conduzir, pelo isolamento, a formação de pequenos bairros nas imediações dos loteamentos de alta valorização, patrocina a ocupação dos terrenos pouco valorizados, normalmente em locais impróprios para construção.
Em resumo, a AII-50 km engloba três áreas distintas no tocante à forma de ocupação do solo. A primeira, as encostas íngremes voltadas para o interior e o Vale do Rio Paraíba do Sul, em que as matas e florestas ao longo de décadas foram totalmente devastadas para ceder lugar à cultura cafeeira; exaurida essa cultura, os campos foram transformados em pastagens, culminando com o tradicional trinômio da região sudeste, mata-agricultura-pastagem. A segunda, o Planalto da Bocaina, no Vale do Paraíba do Sul, na década de 1960, ocupada pelos projetos de reflorestamentos com Pinus sp. e, em menor escala, Eucaliptus sp., por iniciativa de grupos econômicos como o Madeirit e o Coroa Brastel. Hoje as áreas reflorestadas encontram-se em domínio de outros interesses econômicos que intensificaram a exploração da madeira. Finalmente, a terceira área caracterizada a partir da década de 70, com a construção do trecho Rio-Santos da rodovia BR-101, antes ocupada com o plantio da banana em meio a vegetação ainda bem conservada da baixada e áreas inundáveis, corresponde à intensificação dos processos de urbanização, com a ocupação indiscriminada das encostas e baixadas pela população de baixa renda, criando lugares que já ultrapassam em tamanho alguns centros históricos, caso do Parque Perequê, no Vale do Rio Mambucaba.
Assim, pode-se concluir que os remanescentes da cobertura vegetal original estão situados a meio caminho entre o litoral e o Vale do Rio Paraíba do Sul, justamente na parte que encerra o paredão mais íngreme e as maiores altitudes na Serra da Bocaina, compondo as áreas que devem ser preservadas. Desses remanescentes, destacam-se a floresta ombrófila densa submontana, apresentando em alguns trechos cobertura uniforme, a floresta ombrófila densa montana, também em alguns trechos com cobertura uniforme, a floresta ombrófila mista montana e os campos de altitude. Os demais tipos de vegetação que ocorriam nessa área foram substituídos por pastagens, vegetação secundária (capoeira) e reflorestamentos. A capoeira ocorre em vários estágios de sucessão natural, sendo predominantemente representada pela sucessão em estágio intermediário.
8.2.5. Tabelas das áreas de influência - topo
A pesquisa socioeconômica foi realizada tendo como referência territorial o setor censitário, unidade de coleta utilizada pelo IBGE para seus levantamentos estatísticos, que representa uma subdivisão do distrito. Portanto, é a análise intra e entre distritos formadores da área em estudo. Dos seis distritos, os formadores do município de Angra dos Reis, apenas dois pertencem a AID-5 km: parte de Cunhambebe, onde está localizada a CNAAA, correspondendo praticamente à localidade do Frade, e parte de Mambucaba, incluindo a Vila Histórica e a Vila Residencial da Praia Brava, onde se encontra a vila residencial de funcionários da CNAAA.
O Distrito de Cunhambebe participa da área de pesquisa com 12 dos 56 setores censitários, segundo divisão estabelecida pelo IBGE para o censo demográfico de 2000. Ali foram pesquisados 2.911 domicílios; já em Mambucaba, 729 foram pesquisados, seis distribuídos em setores, de um total de 21. Os demais setores estão incorporados à AID-15 km.
Os setores 4 e 5 do Distrito de Mambucaba correspondem à Vila de Praia Brava, vila residencial de funcionários da CNAAA. O setor 1 corresponde à Vila Histórica, que é a sede do distrito; o setor 2 corresponde ao condomínio das Goiabas, e o setor 3, aos condomínios de Barlavento e da Praia Vermelha. Dos setores pesquisados em Cunhambebe destacam-se: o setor 5, onde se localiza a CNAAA; os setores 6, 7, 8, 9 e 10, formadores da área conhecida como Sertãozinho do Frade; e os setores 3 e 4, onde se localiza o Condomínio do Frade. A região é conhecida como a localidade do Frade.Para esta análise, foi selecionado um conjunto de tabelas que contemplam os cruzamentos considerados necessários à descrição das estruturas demográfica, social e econômica da área em estudo. O levantamento estatístico realizado na pesquisa socioeconômica da AID-5 km inclui uma série de características referentes às unidades domiciliares - domicílios particulares permanentemente ocupados - e seus moradores, que constituem a população alvo da pesquisa.
Do total de domicílios existentes na AID-5 km (Tabela 18), 58,7% são ocupados, enquanto 21,3% são de uso ocasional; 8,9% encontravam-se vagos no período de realização da pesquisa; e 9,2% são unidades não residenciais.
Tabela 18 - AID-5 km - Caracterização dos domicílios visitados.
Distrito / Setor |
Residencial |
Não residencial |
Total |
Ocupados |
Fechados |
Uso ocasional |
Vagos |
Coletivos |
AID-5 km |
6.234 |
3.640 |
116 |
1325 |
556 |
25 |
572 |
Cunhambebe |
4.898 |
2.911 |
103 |
962 |
416 |
14 |
492 |
Setor 1 |
445 |
230 |
3 |
96 |
60 |
3 |
53 |
Setor 2 |
278 |
167 |
5 |
63 |
21 |
0 |
22 |
Setor 3 |
443 |
13 |
15 |
390 |
6 |
1 |
18 |
Setor 4 |
228 |
29 |
9 |
175 |
4 |
1 |
10 |
Setor 5 |
42 |
28 |
2 |
2 |
8 |
0 |
2 |
Setor 6 |
700 |
584 |
19 |
15 |
56 |
0 |
26 |
Setor 7 |
466 |
395 |
16 |
4 |
24 |
0 |
27 |
Setor 8 |
697 |
484 |
10 |
56 |
72 |
1 |
74 |
Setor 9 |
351 |
208 |
7 |
43 |
37 |
0 |
56 |
Setor 10 |
631 |
427 |
11 |
48 |
87 |
1 |
57 |
Setor 11 |
408 |
232 |
3 |
53 |
29 |
3 |
88 |
Setor 12 |
209 |
114 |
3 |
17 |
12 |
4 |
59 |
Mambucaba |
1.336 |
729 |
13 |
363 |
140 |
11 |
80 |
Setor 1 |
559 |
179 |
6 |
258 |
75 |
7 |
34 |
Setor 2 |
37 |
5 |
0 |
29 |
3 |
0 |
0 |
Setor 3 |
127 |
61 |
1 |
53 |
9 |
1 |
2 |
Setor 4 |
307 |
227 |
4 |
12 |
30 |
2 |
32 |
Setor 5 |
297 |
255 |
2 |
6 |
22 |
0 |
12 |
Setor 21 (*) |
9 |
2 |
0 |
5 |
1 |
1 |
0 |
(*) Os dados não incluem informações relativas aos setores situados em ilhas na baía de Angra dos Reis.
Fonte: IBGE / Science
No Distrito de Cunhambebe, 19,6% dos domicílios são de uso ocasional, com concentração nos setores censitários 3 e 4 referentes aos condomínios do Frade (representando 58,7% dos domicílios de uso ocasional existentes em Cunhambebe). Em Mambucaba, 27,2% dos domicílios são de uso ocasional, 54,6% são ocupados, e 10,5%, vagos. Nos setores censitários 1 (Vila Histórica de Mambucaba), 2 (Condomínio das Goiabas) e 3 (Condomínio de Barlavento e da Praia Vermelha) concentram-se os domicílios de uso ocasional.
Os resultados da análise da AID-15 km indicam o intenso processo de urbanização, formador dos padrões espaciais que atualmente caracterizam o município de Angra dos Reis, fruto de um modelo de ocupação orientado, por suas dimensões de um lado físicas, e, do outro, pelos processos econômicos que caracterizam uma economia de base industrial e urbana. A esse contexto associa-se um estado de fragilidade social decorrente da inadequação dos investimentos em políticas sociais, diante da intensidade do crescimento da população, bem maior nos distritos diretamente afetados pela instalação da CNAAA. O fato de ser este um dos poucos casos em que a principal concentração urbana não se dá no distrito sede demonstra um reordenamento do espaço municipal, e o papel desempenhado pela CNAAA como fator de atração da população e de gestor do território municipal onde se localiza.
No entanto, quando se enfoca o setor censitário, percebe-se a alta concentração da população no espaço intra-distrital. Do total da população do segmento do distrito de Cunhambebe pertencente a AID-5 km, 67,7% encontram-se concentradas em apenas quatro setores censitários, 6,7,8 e 10, na área denominada Sertãozinho do Frade. Já em Mambucaba, esta concentração se dá apenas nos setores 4 e 5, que contêm os domicílios de Praia Brava (65,8%). Ao longo desta análise, pode-se perceber que a natureza dessas concentrações populacionais guardam significativas diferenças quando se comparam os padrões socioespaciais de cada um dos distritos.
A AID-15 km é formada pelos distritos de Cunhambebe e Mambucaba, pertencentes ao município de Angra dos Reis, e pelo Distrito de Tarituba, pertencente ao município de Parati. O distrito sede de Angra dos Reis, que é parcialmente cortado pelo círculo de afastamento crítico de 15 km foi integralmente, considerado na pesquisa, assim como o distrito sede de Parati.
O processo de estruturação da área da CNAAA se deu em um período de grande crescimento populacional, especialmente na área urbana. A dinâmica intra-municipal de Angra dos Reis e Parati é afetada por esse contexto.
A Tabela 48 revela um aumento da população urbana mais intenso nos distritos diretamente afetados pela instalação da CNAAA. O fato de ser este um dos poucos casos em que a principal concentração urbana não se dá no distrito sede, indica a necessidade de um reordenamento do espaço municipal. Já os percentuais referentes a Parati, indicam que o efeito do empreendimento nuclear foi pequeno para a reestruturação do município, que manteve como núcleo principal o distrito sede, e tem toda sua economia e organização orientada pelo status de patrimônio histórico.
Este estudo faz uma análise detalhada destas e outras questões relevantes para o reconhecimento do ambiente social e econômico da área de influência da CNAAA. Avaliando os contingentes populacionais, nota-se que a AID-15 km contava, em março de 2002, com um total de 115.202 habitantes, revelando uma densidade de ocupação domiciliar de 3,6 habitantes por domicílio particular permanente. Quando se amplia o foco para a análise intra-área de influência, observa-se que no Distrito de Cunhambebe foram contabilizados 54.674 habitantes, o que significa aumento de 27,5% em relação ao ano 2000, representando uma retração no ritmo de crescimento. Pode-se deduzir que essa desaceleração decorre da ausência de grandes empreendimentos, que atraem novos fluxos de população.
Em igual modo, pode ser analisado para o Distrito de Mambucaba, que apresentou em março de 2002 uma população de 18.724 pessoas, com 33,8% de crescimento entre 2000 e 2002. Já no Distrito de Tarituba no mesmo período, o aumento foi de cerca de 14%, embora este seja o menor distrito da AID-5 km quanto ao tamanho da população, que em 2002 foi estimada em 3.904 pessoas. No caso deste distrito, os valores correspondentes aos resultados da pesquisa compreendem a população urbana e rural, enquanto nos demais distritos pesquisaram-se apenas as áreas urbanas. Este procedimento, adotado para o Distrito de Tarituba, tem explicação na ocorrência de ocupações caracteristicamente urbanas em áreas rurais, portanto fora do limite urbano legal, o que é muito comum em pequenas localidades brasileiras, e, neste caso, é expressa pela existência de vilas residenciais da Eletronuclear.
Uma representação gráfica da evolução da população residente na AID-15 km, no período compreendido entre 1970 e 2002, é apresentada na Figura 18. Destaca-se a curva ascendente nos distritos de Cunhambebe e Mambucaba, enquanto que nos distritos sede de Angra dos Reis e Parati o comportamento é irregular e crescente, porém com taxas de aceleração menores. Tarituba por sua vez, apresenta uma tendência mais regular ao longo do período.

Figura 18 - AID-15 km - Evolução da população.
Fonte: IBGEA Tabela 19 e a Tabela 20 apresentam a projeção da população por grupos de idade, baseado na metodologia acima escrita, dos municípios de Angra dos Reis e Parati para o ano de 2025. Primeiramente as informações para o município de Angra dos Reis:
Tabela 19 - Projeção da População do Município de Angra dos Reis - RJ na Área de Influência da CNAAA para o ano de 2025
Grupos de Idade |
Total |
Homens |
Mulheres |
Total Urbana |
Homens |
Mulheres |
Total Rural |
Homens |
Mulheres |
Total |
200561 |
97500 |
103061 |
193510 |
93857 |
99653 |
7051 |
3643 |
3408 |
0 a 4 anos |
20662 |
10426 |
10236 |
20061 |
10105 |
9956 |
602 |
321 |
281 |
5 a 9 anos |
19638 |
10116 |
9522 |
19029 |
9791 |
9238 |
610 |
325 |
285 |
10 a 14 anos |
18276 |
9329 |
8948 |
17661 |
9001 |
8660 |
616 |
328 |
288 |
15 a 19 anos |
17488 |
8829 |
8659 |
16872 |
8502 |
8370 |
616 |
327 |
289 |
20 a 24 anos |
16576 |
8436 |
8140 |
15966 |
8115 |
7851 |
610 |
321 |
289 |
25 a 29 anos |
15660 |
7892 |
7768 |
15061 |
7583 |
7478 |
598 |
309 |
290 |
30 a 34 anos |
14405 |
7100 |
7305 |
13821 |
6801 |
7020 |
584 |
299 |
285 |
35 a 39 anos |
13228 |
6472 |
6756 |
12681 |
6190 |
6490 |
547 |
282 |
266 |
40 a 44 anos |
13365 |
6385 |
6980 |
12857 |
6125 |
6731 |
509 |
260 |
249 |
45 a 49 anos |
12231 |
5789 |
6442 |
11800 |
5569 |
6230 |
431 |
219 |
212 |
50 a 54 anos |
10068 |
4552 |
5516 |
9722 |
4379 |
5343 |
346 |
174 |
172 |
55 a 59 anos |
8342 |
3742 |
4600 |
8039 |
3590 |
4449 |
303 |
152 |
151 |
60 a 64 anos |
7498 |
3274 |
4224 |
7243 |
3150 |
4093 |
255 |
125 |
131 |
65 a 69 anos |
5737 |
2384 |
3353 |
5555 |
2295 |
3260 |
182 |
89 |
94 |
70 anos ou mais |
7385 |
2774 |
4611 |
7142 |
2659 |
4483 |
243 |
114 |
129 |
Fonte: IBGE / Science
Agora para o município de Parati:
Tabela 20 - Projeção da População do Município de Parati - RJ na Área de Influência da CNAAA para o ano de 2025
Grupos de Idade |
Total |
Homens |
Mulheres |
Total Urbana |
Homens |
Mulheres |
Total Rural |
Homens |
Mulheres |
Total |
34003 |
16966 |
17037 |
22245 |
10836 |
11409 |
11758 |
6130 |
568 |
0 a 4 anos |
3104 |
1630 |
1474 |
2160 |
1121 |
1039 |
944 |
509 |
435 |
5 a 9 anos |
3034 |
1593 |
1441 |
2069 |
1073 |
996 |
964 |
519 |
445 |
10 a 14 anos |
2963 |
1555 |
1407 |
1980 |
1027 |
954 |
983 |
529 |
454 |
15 a 19 anos |
2873 |
1504 |
1370 |
1881 |
971 |
910 |
992 |
532 |
460 |
20 a 24 anos |
2761 |
1433 |
1328 |
1769 |
906 |
863 |
991 |
527 |
464 |
25 a 29 anos |
2636 |
1344 |
1292 |
1653 |
832 |
821 |
983 |
513 |
471 |
30 a 34 anos |
2505 |
1264 |
1241 |
1535 |
762 |
773 |
970 |
502 |
468 |
35 a 39 anos |
2382 |
1193 |
1189 |
1461 |
714 |
747 |
920 |
479 |
442 |
40 a 44 anos |
2381 |
1170 |
1211 |
1515 |
723 |
792 |
866 |
447 |
419 |
45 a 49 anos |
2154 |
1044 |
1111 |
1410 |
661 |
749 |
744 |
382 |
362 |
50 a 54 anos |
1780 |
845 |
935 |
1174 |
537 |
636 |
606 |
307 |
299 |
55 a 59 anos |
1566 |
730 |
836 |
1027 |
457 |
570 |
539 |
273 |
266 |
60 a 64 anos |
1379 |
622 |
757 |
917 |
394 |
523 |
462 |
228 |
234 |
65 a 69 anos |
1050 |
460 |
590 |
714 |
294 |
419 |
336 |
166 |
171 |
70 anos ou mais |
1436 |
580 |
856 |
979 |
363 |
617 |
457 |
217 |
239 |
Fonte: IBGE / Science
Para cada uma das áreas de influência direta e indireta foi elaborado um mapa síntese para a distribuição da população residente por setor circular, dispostos segundo as direções principais da orientação em azimute, no plano do horizonte do centro previsto para o reator de Angra 3, definido pelo par de coordenadas curvilíneas: latitude sul de 23º00´31,23" e longitude oeste 44º28’10,20".
Os setores circulares foram definidos com a amplitude de 22º30’, iniciando-se por aquele que tem por bissetriz do ângulo do setor a direção da meridiana, de sorte a definir a orientação dos setores como sendo, Norte (N), Norte-Nordeste (NNE), Nordeste (NE), Este-Nordeste (ENE), Este (E), Este-Sudeste (ESE), Sudeste (SE), Sul-Sudeste (SSE), Sul (S), Sul-Sudoeste(SSW), Sudoeste (SW) Oeste-Sudoeste (WSW), Oeste (W), Oeste-Noroeste (WNW), Noroeste (NW), Norte-Noroeste (NNW), e fechando o círculo, Norte (N).
O mapa foi elaborado tomando-se o mapeamento básico realizado para a caracterização do uso e ocupação do solo, mapas síntese, na projeção transversa de Mercator para o Sistema Geodésico Brasileiro. Em sendo a projeção conforme, os círculos terão, na representação cartográfica, imagens circulares, o que garante a adequada visualização dos setores circulares sobre o mapa. Assim, a distribuição do contingente populacional, por setor circular, foi definida a partir das projeções formuladas para o setor censitário, a unidade territorial de coleta que referencia aos levantamentos estatísticos conduzidos pelo IBGE. A área do setor censitário, contida no todo ou parcialmente no setor circular, permitiu o cálculo de uma proporção de área, em relação ao setor circular, cujo número foi utilizado em primeira aproximação para o cálculo do contingente populacional, tomado no todo ou em parte para o setor censitário contido no setor circular. O número final para a proporção da população por setor circular emergiu da avaliação das áreas assumidas pelas manchas ou padrões espaciais da distribuição dos aglomerados humanos, sobre a representação cartográfica.
Para a divisão territorial adotada pelo IBGE, municípios e distritos, o Censo 2000, e a divisão em setores censitários para as áreas rurais e o distrito sede dos municípios abrangidos pelos círculos delimitadores das regiões de influência foi indicado uso em tabelas, conforme adiante. Daí, as linhas representadas foram obtidas em arquivos do IBGE, não correspondendo, necessariamente, ao reconhecimento dos órgãos estaduais competentes para a definição das lindeiras municipais e distritais. Os valores para as projeções da população residente podem ser encontrados nos seguintes mapas em anexos:
Tais valores também podem ser vistos na:
Segue no Box abaixo, como adendo, a metodologia da Projeção da População que foi base para as tabelas de projeção por setor circular.


Figura 19 - Razão entre a população do município e do Estado do Rio de Janeiro, segundo grupo etário - 2000
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002/IBGE - censo demográfico, 2000.

Figura 20 - Razão entre a população do município e do Estado de São Paulo segundo grupo etário - 2000
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002/IBGE - censo demográfico, 2000.
Foram considerados em separado os setores censitários de distritos que apresentaram área em raio de influência em mais de uma categoria (AID5, AID15 e AII50). Nestes casos os conjuntos de setores na mesma categoria foram desagregados utilizando-se a distribuição observada no censo 2000. Dado o novo recorte dos setores censitários em 2000, a conciliação entre censos para uma projeção utilizando-se uma série temporal não é factível.
Para a desagregação do total de cada distrito em setores assumimos a mesma distribuição encontrada em 2000.
Tabela 21 - População residente, projeção decenal por setor circular - AID-5 km.
Clique aqui para visualizar a tabela 21
Tabela 22 - População residente, projeção decenal por setor circular - AID-15 km.
Clique aqui para visualizar a tabela 22
Tabela 23 - População residente, projeção decenal por setor circular - AII-50 km.
Clique aqui para visualizar a tabela 23
8.2.6. Histórico da ocupação territorial- topo
Investigações arqueológicas indicam que as "aldeias agrícolas indiferenciadas" prevaleceram em território brasileiro nos fins do século XV, antecedendo a chegada dos primeiros europeus (BUENO, 1998). Essas aldeias eram comunidades primitivas que combinavam a caça, a pesca, e a coleta, com uma agricultura incipiente. Eram grupos nômades ou seminômades, com baixo grau de diferenciação social, que não domesticavam animais, e dominavam técnicas agrícolas e artesanais rudimentares (RIBEIRO, 1987). Tanto as aldeias temporárias quanto as permanentes, apesar de algumas diferenças regionais, eram subdivididas em grupos que variavam de algumas centenas a poucos milhares de habitantes. O seminomadismo contribuía para o controle da natalidade, desestimulando a formação de proles numerosas.
Ao chegarem no Brasil, essas populações encontraram um território vasto, de natureza diversificada, e destituído de humanos, o que os permitiu expandirem-se em várias direções, desenvolvendo hábitos adaptados a ecossistemas em diversas latitudes: florestas tropicais, montanhas, lagos, rios e litorais oceânicos. Acredita-se que a ocupação humana do litoral brasileiro no Sudeste, especialmente no sul fluminense, ocorreu mais recentemente do que em outras regiões, ao norte ou a oeste, que serviam de caminho para diversas ondas migratórias (CROSBY 1996; DEAN 1995; e RIBEIRO 1987).
Relatos dos primeiros invasores ibéricos descrevem o vigor dos nativos, a boa saúde, a adaptação às terras, o conhecimento dos recursos naturais de seus territórios e a falta de interesse dos mesmos em explorá-los de forma intensiva e comercial. Não existiam estímulos a maiores esforços na produção de alimentos que não fossem os estritamente necessários à subsistência.
Os tupi predominavam em quase todo o litoral brasileiro de 1500 (DEAN, 1984; e NIMUEMDAJU, 1987). Eram migrantes recentes do interior do continente e chegaram ao litoral por volta do ano 1100. Essa dinâmica migratória, que continuou nos séculos seguintes, dificultou a estimativa do contingente populacional por parte dos colonizadores ou exploradores. Além destes desconhecerem a imensidão das terras brasileiras, muitas vezes tomavam um subgrupo pelo total ou vice-versa. Além disso, as estimativas regionais feitas pelos portugueses eram tendenciosas e influenciadas pelo parco conhecimento em relação aos povos indígenas. Calculou-se para os tupinambá uma densidade de 4,8 a 5,3 habitantes por quilômetro quadrado, não levando-se em consideração outras populações, como os goitacás, os maracajá e os goianás, não tão conhecidos, mas certamente tão numerosos como os tupinambá (DEAN, 1984).
Os tupi, que haviam trazido em sua cultura tecnologias agrícolas florestais, estavam, por volta de 1500, estabelecidos no litoral norte paulista e sul fluminense, e praticavam regularmente a coivara, uma variante da agricultura de queimada. Era a primeira e duradoura prática agrícola desenvolvida em todos os lugares da terra. A queima da densa biomassa vegetal das florestas tropicais libera para o solo grande volume de nutrientes, imediatamente aproveitados pelas novas plantas que se instalam após o fogo, naturalmente ou pela ação humana. A falta de instrumentos agrícolas metálicos, a rápida recuperação da floresta tropical e a disposição seminômade dos nativos fluminenses, faziam com que a exploração de cada lote agrícola durasse poucos anos, e de duas a cinco colheitas anuais.
Embora possa ser considerada racional, produtiva, e capaz de fornecer meios de subsistência para os povos que anteriormente dependiam da caça, da pesca e da coleta, a agricultura de coivara exige uma quantidade relativamente extensa de reservas florestais agricultáveis para cada aldeia. A capacidade do fogo de fertilizar a terra depende da quantidade de biomassa da flora primária acumulada e queimada, e esta, por sua vez, depende do tempo de crescimento espontâneo da floresta secundária (GOULDBLOM, 1992).
Da mesma forma que os goianás e os goitacás, os tupinambá do litoral passaram séculos queimando regularmente porções das florestas tropicais nativas, com o intuito de incorporá-las à agricultura. Do ponto de vista do impacto ambiental, o aspecto mais importante é dado pela forma com que é desenvolvida e praticada a agricultura dos tupis. A mata secundária, resultante da eliminação total ou quase plena da cobertura vegetal original, é uma floresta alterada e simplificada pela ação humana, quer os agricultores sejam tupis, europeus, ou africanos. Do ponto de vista ecológico, a floresta secundária apresenta um ecossistema muito menos rico em diversidade biológica. Nela, muitas das espécies da mata primária estão extintas ou temporariamente ausentes.
A nação portuguesa conseguiu colonizar ou controlar extensas regiões da África e longas rotas comerciais na Ásia, além de grande parte da porção oriental da costa sul americana. Não só controlou a estreita faixa litorânea, como aprofundou a exploração e a ocupação do interior continental, em notável expansão das terras que lhe couberam pelo Tratado de Tordesilhas, de 1494.
Esse ímpeto colonialista é explicado pelo seu domínio das tecnologias facilitadoras de explorações marítimas. Em curtíssimo prazo, os portugueses adquiriram e consolidaram os conhecimentos necessários para viagens a longas distâncias, além de técnicas e artes da exploração de litorais e suas adjacências.
Os portugueses foram os primeiros europeus a criarem formas estáveis de ocupação no continente americano. A fortuna era fácil e imediata com a exploração dos recursos minerais, o ouro e a prata. Eles haviam aprendido a identificar os vegetais, os animais e os minerais que tinham valor no mercado europeu. Além disso, sabiam conseguir e organizar trabalhadores escravos para as plantações de cana-de-açúcar que os europeus estabeleceram no continente americano.
O território brasileiro a partir de 1500 encontrava-se à mercê de intensa exploração mercantilista. O nordeste brasileiro sofreu a maior agressão ao ambiente natural já registrada em território brasileiro. Grandes extensões de áreas florestais foram extintas, em decorrência da monocultura canavieira.
Os colonos europeus absorveram conscientemente a coivara, uma prática tecnológica dos indígenas que classificavam como primitiva, adaptando-a às culturas de exportação. A coivara dos portugueses mostrou-se altamente predatória para as florestas brasileiras, pois tinha como premissa a lógica mercantilista, o que a tornava incompatível com a capacidade de regeneração natural do ecossistema. Eles queimavam as florestas, limpavam o terreno, introduziam a cana e a exploravam à exaustão as terras. Depois a abandonavam. Matas, fauna, rios, mananciais, estuários, solos, e homens - europeus, africanos e nativos do nordeste úmido - foram massacrados pelo complexo latifundiário monocultor e escravagista da cana (FREYRE, 1985).
As transformações observadas não foram, no instante da colonização, iguais para todo o território litorâneo. A natureza de algumas regiões, como o sul fluminense, mostrou-se mais frágil à monocultura. A ecologia fluminense, levemente alterada no curso do século XVI pelas pequenas feitorias, vilas e fazendas européias, experimentou enormes agressões, partindo: das fazendas e dos engenhos de cana-de-açúcar, ao final do século; das rotas de mineração entre os portos costeiros e as Minas Gerais, no século seguinte; e, finalmente, das atividades intensamente degradadoras do meio ambiente, associadas às fazendas de café do século XIX.
Esses três fatores definiram, a partir de 1600, o padrão de uso intensivo dos recursos naturais, e contribuíram para a ocupação européia e africana do território fluminense, deslocando e eliminando de forma agressiva as populações nativas.
Em janeiro de 1502, dia de Reis, os primeiros exploradores chegaram a uma ampla enseada, que denominaram, pelo santo do dia, como era o costume (BUENO, 1998), de Angra dos Reis. A baía era marcada por uma grande ilha, tão próxima ao continente que, no início, chegou a ser confundida com ele. Era a Ilha Grande. E foi exatamente ali que os portugueses fundaram o primeiro núcleo europeu na área, com o objetivo de apoiar as expedições de patrulhamento e exploração costeira.
As primeiras residências fixas de Angra dos Reis ocorreram por volta de 1556, segundo registros da época. Em 1560, a localidade de Angra dos Reis foi fundada oficialmente, cinco anos antes da Cidade do Rio de Janeiro. Em 1593 foi elevada à categoria de distrito, e em 1608, à condição de vila, com o nome oficial de Vila de Angra do Reis Magos da Ilha Grande. Finalmente, no período de 1617 a 1624, consolidou-se a sua mudança definitiva para o atual sítio da cidade de Angra dos Reis, recebendo a designação de Nossa Senhora da Conceição de Angra dos Reis da Ilha Grande. Somente em 1835, por força do desenvolvimento urbano provocado pela cultura do café e pelo tráfico negreiro, foi elevada à categoria de cidade, passando a se denominar simplesmente Angra dos Reis.
Em 1749, Angra dos Reis era uma cidade florescente, com intenso movimento portuário; cerca de 15 engenhos e diversas destilarias produziam grande quantidade de açúcar, melado e aguardente. Pouco depois, na tentativa de coibir o contrabando crescente na região, a coroa portuguesa ordenou que toda a produção mineira fosse exportada apenas pelo porto da cidade do Rio de Janeiro. A restrição, embora abrandada posteriormente, colocou o Porto de Angra em declínio, nunca mais recuperando a sua vantagem em relação ao do Rio de Janeiro - capital (LIMA, 1974).
No entanto, Angra já vinha perdendo importância regional em meados do século XVII, com a valorização da Vila de Parati como porto de intercâmbio com o Rio de Janeiro.O Porto de Parati interligava-se com o Caminho dos Goianases, uma via terrestre que levava à Vila de Piratininga, fundada em 1554, sem passar por São Vicente.
O caminho largamente utilizado pelos povos nativos em suas migrações, entre o litoral sul fluminense e o Vale paulista do Rio Paraíba do Sul, foi então retrilhado, desta vez em função dos fluxos dos negócios coloniais.
Parati foi fundada oficialmente em 1646, e em 1660 foi elevada a distrito, recebendo o nome de Vila de Nossa Senhora dos Remédios. No entanto, somente em 1667 seria alçado à categoria de vila.
A fase de maior crescimento de Parati ocorreu por volta de 1700, com o intenso movimento na primeira trilha a ligar, regularmente, o litoral sul fluminense e o Vale do Paraíba do Sul. Por ali passavam escravos, comerciantes, funcionários do governo, equipamentos e suprimentos, além de animais. Em 1703 foi instalado pelo governo colonial uma casa de fundição, que recolhia todo o ouro extraído das Minas Gerais. Parte substancial do ouro extraído nos primeiros anos da febre mineradora passou por Parati, com destino à metrópole.
A sinuosidade e os fortes declives no trajeto do Caminho dos Goianases, associados aos riscos da pirataria praticada na navegação entre Parati e o Rio de Janeiro, levaram a Coroa a incentivar, e posteriormente assumir, a construção de uma via alternativa, que ligasse por terra, diretamente, as Minas Gerais com o litoral. A obra iniciou-se em 1698 e foi concluída em 1754. Desenvolvida paralelamente ao litoral, na porção norte do atual município de Angra dos Reis, na escarpa Vale paraibana da Serra do Mar, ficou conhecida, a partir de 1728, como o Caminho de São Paulo. A abertura dessa rota significou a desarticulação das atividades econômicas de Parati e suas adjacências.
Apesar das grandes distâncias envolvidas e da acidentada morfologia do terreno que separava os centros de interesse econômico, o dinamismo do distrito mineiro afetou definitivamente os padrões de ocupação humana e de consumo dos recursos naturais em terras fluminenses. Além da planície costeira, a Serra do Mar e o Vale do Rio Paraíba do Sul foram afetados pela mineração, com o ir e vir por trilhas permanentes, agora intensamente transitadas, que ligavam o litoral ao distrito mineiro.
A mineração atingiu o seu clímax entre 1741 e 1761. Com o seu declínio, mineradores transformaram-se em fazendeiros, transferindo capital, escravos, e capacidade empreendedora para o cultivo do café, um negócio altamente lucrativo que, no entanto, seria instrumento de intensa devastação.
As trilhas de tropas de burros que supriam as Minas Gerais e cortavam transversalmente o Vale do Paraíba do Sul despertaram a atenção dos ex-mineradores, que notaram o clima e o solo propícios para o cultivo do café, ao contrário das terras mineiras, que, além de tudo, eram distantes dos portos exportadores. Passaram então a ocupar intensamente a porção ocidental do Vale e suas terras florestadas, iniciando uma onda de destruição que só teria fim cerca de 160 anos depois.
As plantações de café afetaram de forma direta e radical os ecossistemas e as paisagens fluminenses. Os impactos causados foram de magnitude jamais alcançada por qualquer outra atividade, embora também tenham sido grandes aqueles causados pela cultura canavieira nos Campos dos Goytacazes e em outros trechos da planície litorânea.
As florestas primárias nas mesorregiões sul fluminense e do Vale do Paraíba paulista, em mais de 250 anos de ocupação portuguesa e alguns milhares de anos de movimentação indígena, pouco haviam sido alteradas. No entanto, apenas sete décadas - de 1790 a 1860 - foram suficientes para destruir cerca de 25.000 km² de matas nativas e secundárias, dando lugar ao plantio do café. Encostas íngremes e morros foram devastados; o húmus foi exaurido; os processos de rebrotamento espontâneo da flora, inibidos; os rios foram assoreados, perderam a navegabilidade e, em muitos trechos, tornaram-se impróprios para qualquer utilização humana; nascentes secaram, espécies vegetais e animais foram extintas (DEAN, 1995).
A rede de trilhas, caminhos e estradas implantadas durante o movimento das Minas Gerais, permitiu convergir para Angra dos Reis a produção cafeeira do sul de Minas, de Barra Mansa e, mais modestamente, de Resende, transformando o Porto de Angra no segundo maior do Brasil meridional em meados do século XIX. Por ali, não só escoava a produção cafeeira do médio Vale do Paraíba e das planícies costeiras, como também se desenvolvia o intenso tráfico negreiro, estimulado pela necessidade de mão-de-obra para a lavoura.A região de Angra dos Reis contribuía com cerca de 5 a 10% do volume da produção cafeeira do Estado do Rio de Janeiro.
Parati viveu quase um século de estagnação, rompido quando o café, em alguns pontos do Vale do Paraíba do Sul, alcançou o máximo de sua produção, por volta da década de 20 de 1800. O Caminho dos Goianases foi reativado, e Parati chegou a ser caracterizado como o terceiro porto mais importante, atrás dos de Angra dos Reis e do Rio de Janeiro. No entanto, esse período durou apenas até a construção da ferrovia D. Pedro II, em 1864, ou, no máximo, até a libertação dos escravos, em 1888.
Ainda na primeira metade do século XIX, competindo com os portos de Angra e Parati, foi instalado o Porto de Mangaratiba, por iniciativa de José de Souza Breves, possivelmente um dos mais poderosos cafeicultores do Brasil. Outros pequenos portos desenvolveram-se nas pequenas planícies de Angra, sendo notáveis aqueles instalados na foz dos rios Jurumim, Ariró, Itanema, Frade e Mambucaba, e no Abrão, situado na Ilha Grande, cujas terras também foram tomadas pelo café.
Mambucaba, elevada à paróquia em 1809 e à freguesia, em 1811, dominava a produção de cana-de-açúcar, para a indústria de aguardente, e a de café, arroz e mel, entre outros alimentos. Em 1830, tornou-se ativo porto negreiro, chegando a ocupar o segundo lugar em importância regional, depois de Angra dos Reis.
A construção da Estrada de Ferro D. Pedro II, ligando o Rio de Janeiro a São Paulo, foi o fator de impacto mais imediato ocorrido na região de Angra dos Reis, pois rompeu com antigos parâmetros de localização e velocidade; mexeu com o espaço e o tempo, deixando para trás velhas trilhas e estradas de chão, com suas tropas de burros, cavalos e liteiras. A rede de caminhos perdeu o seu papel de transporte dominante, embora continuasse a ser utilizada por algum tempo (MACHADO, 1995).
A ferrovia contribuiu também para a derrocada da estrutura portuária estabelecida na planície litorânea, iniciada com a queda no movimento do tráfico negreiro, a partir de 1850, face às restrições impostas pela Inglaterra ao transporte transatlântico de escravos. Simultaneamente, na produção cafeeira, as terras já manifestavam cansaço. Acostumados ao lucro fácil e ao consumo de luxo, os grandes produtores de café criaram uma estrutura agrária pouco diversificada, de monocultura, e monopolizadora do espaço geográfico, portanto frágil na capacidade de superar a crise da mão-de-obra e a queda da produtividade.
Em franca decadência econômica e isolada, a região sul fluminense inicia mais um século, agora sob um governo republicano.
No início da era republicana e por todo o começo do século XX, o café brasileiro dominou os mercados mundiais, atingindo cerca de 70% da produção total, e a preços convidativos. Esgotados os solos fluminenses, a "onda verde" do café seguiu para o sul de Minas Gerais e São Paulo, na divisa com o Paraná. Era um espaço ocupado por florestas primárias e capoeiras. Em função do café, abriram-se ferrovias, surgiram e cresceram as cidades e o Porto de Santos, e a antiga Piratininga, há muito denominada São Paulo, cresceu espantosamente. A economia brasileira iniciava o processo de industrialização.
Manuel Ferraz de Campos Salles foi o primeiro presidente do século XX, e o segundo civil e paulista. O seu período assinala consideráveis investimentos estrangeiros em território nacional. Concedeu a empresas de outros países arrendamentos de estradas de ferro e de serviços públicos, que na época mostravam-se deficitários. Esse programa de governo resultou, apesar de uma maior dependência econômica, o crescimento material do país, relacionado à modernização das instalações portuárias, à obras urbanas, à linhas férreas, e, assumindo papel especial no crescimento econômico, às usinas geradoras de energia elétrica a partir do represamento de águas pluviais.
O terceiro presidente civil, Rodrigues Alves, também paulista, foi eleito para governar de 1902 a 1906, encontrando o país pacificado e financeiramente normalizado, mantendo-se estável durante todo o seu governo. Nesse período, acentuaram-se o desenvolvimento das indústrias e a ampliação da malha ferroviária. A região do Vale do Paraíba passou a buscar na pecuária leiteira a compensação pelas perdas com o retraimento da lavoura cafeeira. Algumas poucas áreas começaram a apresentar um pequeno grau de recuperação florestal, com a formação de capoeiras.
Os dois períodos presidencialistas seguintes não foram tão bem sucedidos, face aos desarranjos sociais internos e à conjuntura internacional. Oito anos depois, elegeu-se Wenceslau Braz, para governar de 1914 a 1918, período marcado pela Primeira Guerra Mundial. Em decorrência dos bloqueios marítimos que impediam o fluxo de produtos manufaturados para o Brasil, surgiram no país diversas indústrias, cujos proprietários, em sua maioria, eram imigrantes europeus chegados nos últimos anos. O surto industrial atingiu significativamente os Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Apesar da guerra, ou por causa dela, ao término da administração de Wenceslau Braz, o país encontrava-se em melhor situação do que antes do seu início.
Em 1914, iniciou-se a reativação do núcleo urbano de Angra dos Reis, com a instalação da Escola de Grumetes, transformada, em 1952, em Colégio Naval. No entanto, a região não mereceu maiores atenções, até que, em 1920, cogitou-se a abertura de um ramal ferroviário para o porto de Angra, por iniciativa dos investidores mineiros, que buscavam alternativas para diminuir as despesas com importações e exportações pelo Porto do Rio de Janeiro. Por outro lado, instalaram-se na região de Barra Mansa algumas indústrias de alimentos, que se beneficiariam com o ramal ferroviário, na obtenção de matéria-prima, principalmente o trigo, e na distribuição dos produtos para outras praças. Para Angra dos Reis, era a oportunidade de recuperar o seu papel de uma instalação portuária dinâmica. O novo ramal ferroviário, concluído em 1932, começava em Patrocínio, passava por Uberaba, Belo Horizonte, Barra Mansa e Rio Claro. Porém, não teve maiores significados para a economia de Angra dos Reis, pois o movimento portuário motivado pela ferrovia limitou-se a transportar o trigo importado para beneficiamento no Moinho Santista, em Barra Mansa.
Nesse mesmo período, os automóveis, que até então tinham a circulação praticamente restrita às áreas urbanas, passaram a trafegar intensamente, carregando pessoas e mercadorias por estradas de rodagem.
A partir de 1930, até 1945, o Brasil conhece a Era Vargas, que iniciou o estabelecimento de indústrias de base no país, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1940, e, simultaneamente, a Companhia Belgo Mineira e as usinas de Monlevade. Nessa época, começa a recuperação portuária e econômica de Angra dos Reis, servindo à exportação e à cabotagem do aço produzido em Volta Redonda.
Em 1947, durante o governo do Presidente Dutra, concluíram-se a abertura e a pavimentação da estrada de rodagem, permitindo a ligação entre o município de Angra dos Reis e a rodovia Rio - São Paulo, atual RJ-155, e resgatando a interação regional estabelecida pelos índios brasileiros e continuada pelo processo colonizador.
Parati experimentaria a retomada da integração regional poucos anos depois, na década de 50, quando foi finalmente ligada à cidade de Cunha, no Estado de São Paulo, por uma estrada rodoviária sinuosa e íngreme.
A topografia acidentada, até mesmo agressiva, da região sul fluminense, além dos solos ácidos e rasos, combinados com a recente estagnação econômica, contribuíram para atenuar as pressões humanas sobre a flora e a fauna, permitindo a preservação e a recuperação naturais de significativas parcelas da mata atlântica.
Durante muito tempo, áreas florestadas continuaram a ser incorporadas ao processo produtivo e de urbanização, sem que aparecesse uma política que buscasse, ao menos, recuperar as áreas atingidas pelo turbilhão econômico desenvolvimentista do café e da incipiente agroindustrialização. Tardiamente, em comparação com outros países, o Brasil começa a despertar para a preservação dos seus ambientes e recursos naturais, criando, ainda sob o governo de Getúlio Vargas, em 1937, o Parque Nacional de Itatiaia (PNI), e, em 1939, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PNSO).
Embora tenha sido oportuna a criação dos parques nacionais, há de se ressaltar que tal iniciativa não teve qualquer motivação ambientalista. Os idealizadores dos primeiros parques privilegiavam o lazer, a atração de turistas nacionais e estrangeiros, e os programas de pesquisa científica, à integridade da paisagem ou do ecossistema. Para a construção do PNI, do PNSO, bem como dos parques nacionais da Tijuca (PNT) e da Serra da Bocaina (PNSB), por exemplo, as justificativas basearam-se no mesmo fator: as distâncias em relação aos principais centros urbanos.
Em 1952, por iniciativa do Ministério da Agricultura do governo Vargas, é estabelecido, em terras altas do município de Angra dos Reis, o Núcleo Colonial Senador Vergueiro, atraindo milhares de colonos e trabalhadores sem terra a esse trecho, relativamente pouco ocupado, da vertente atlântica da Serra do Mar. Os solos paupérrimos incumbiram-se de destruir as ilusões de que se pudesse desenvolver uma agricultura estável na área. Os técnicos do ministério, diante do desastre esboçado, estimularam os colonos a plantar espécies arbóreas de interesse comercial, porém estranhas à flora brasileira. Em uma outra tentativa de consolidar o projeto de colonização, esse mesmo ministério manteve uma pequena chácara, onde se plantavam, em caráter experimental, árvores frutíferas de climas temperados, como maçã, pêra e nozes. A iniciativa durou 14 anos, encerrando-se, em 1968, com a total falência do projeto.
Em 1940, iniciou-se a plantação de bananas em escala industrial, para abastecer os mercados do Rio de Janeiro e de São Paulo, ocupando e desmatando extensas áreas de capoeiras e florestas secundárias existentes ao longo da década de 50. As encostas íngremes e os solos rasos demonstraram mais uma vez a inviabilidade de qualquer projeto que privilegiasse a destruição da floresta úmida. O regime de chuvas e a retenção de água pelo solo provocaram grandes deslizamentos nas encostas atlânticas, impossibilitando a exploração comercial do plantio da banana. Nas intensas precipitações ocorridas nos anos de 1966 e 1968, ocorreram inúmeros deslizamentos, inclusive com perda de vidas, soterradas em encostas ocupadas por bananais.
O governo de Juscelino Kubitschek, de 1955 a 1960, estabeleceu dentre suas metas básicas o desenvolvimento das indústrias automotiva e naval. Pressionado pelo Ministério da Marinha, que desejava criar um pólo industrial naval no Estado do Rio de Janeiro, como uma forma de compensar a mudança da capital para o planalto central do país, apoiou politicamente a instalação, em 1959, do Estaleiro Verolme, na foz do Rio Jacuecanga, por iniciativa de um grupo de investidores holandeses.
Antes mesmo do primeiro contrato para a construção de um navio, cerca de 4.000 empregos foram criados para erguer as instalações industriais, beneficiando a população local e adjacente. O estaleiro estimulou também investimentos nas pequenas indústrias metalúrgicas e mecânicas de Volta Redonda e Barra Mansa, que passaram a produzir peças e componentes para a indústria naval.
Em 1970, o Estaleiro Verolme, em conjunto com outras empresas, criou o Centro Regional de Educação e Trabalho, transformando o perfil da mão-de-obra local. Contudo, o maior impacto causado pelo empreendimento traduziu-se no desenvolvimento urbano da planície do Rio Jacuecanga e da cidade de Angra dos Reis. Inúmeros bairros foram criados, incorporando antigas áreas agrícolas, e expandiram-se as atividades comerciais e de serviços. Por outro lado, a administração pública mostrou-se incapaz de desenvolver a infra-estrutura de saneamento demandada pela acentuada urbanização.
Desde 1964, uma série de iniciativas vinham transformando completamente a região sul fluminense. Em 1966, o centro urbano de Parati foi declarado "monumento nacional", com o objetivo de preservar a arquitetura barroca, famosa nacional e internacionalmente. O mesmo ato determinou a proteção das áreas florestadas ao redor do centro histórico. A arquitetura colonial de Parati consolidou-se como ponto de atração turística nacional e estrangeira, garantindo o acesso pela sinuosa estrada de Cunha.
Em 1969, em ação intempestiva, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), considerou a área próxima a Parati como prioritária para a desapropriação com fins de reforma agrária. Centenas de famílias de posseiros aportaram à região em poucos meses, gerando forte tensão social. Na tentativa de encaminhar a solução para as questões suscitadas, em outro sentido, o mesmo instituto, extrapolando suas atribuições legais, propôs a criação da Reserva Biológica de Parati, embora não tivesse mandato para tanto. A ação acabou sendo regularizada no início de 1971, com a criação do PNSB.
A população de Angra dobrou entre as décadas de 50 e 60, antecipando-se à dinâmica das transformações que teriam início em 1972, com a construção da BR-101, ligando o trecho litorâneo Santos-Parati-Angra dos Reis-Rio de Janeiro. A obra foi concluída em 1974 e empregou cerca de 2.500 pessoas. Sua construção estimulou uma das mais recentes atividades econômicas do mundo contemporâneo, o turismo.
Apesar dos atrativos naturais da região, esse movimento não foi espontâneo, mas fruto de deliberada política institucional, conduzida pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), a partir da década de 70. Em sua concepção original, o projeto turístico objetivava atrair os investimentos da população de mais alta renda das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, além de investimentos internacionais. Porém, o projeto saiu do controle da estatal, assumindo contornos industriais, com a diversificação dos empreendimentos. A indústria do turismo, com seus hotéis, marinas, condomínios e loteamentos, não só modificou por completo a paisagem costeira, como tornou-se o principal agente transformador do ambiente natural da região. Mangues e restingas foram aterrados para dar lugar a condomínios de alto luxo; a cobertura vegetal foi removida, cedendo espaço às construções.
O município de Angra dos Reis foi escolhido para abrigar a primeira usina nuclear de energia elétrica, atendendo à concepção geopolítica dos investidores. Em 1972, atribuiu-se a Furnas Centrais Elétricas S. A. a construção de Angra 1, em território do então distrito de Mambucaba. Em 1976 iniciou-se a construção da segunda usina, Angra 2, que, assim como a primeira, enfrentou uma série de transtornos e paralisações. Angra 1 entrou em operação em 1982. No ano seguinte, as obras de Angra 2 foram interrompidas, sendo retomadas somente em 1991, e iniciando suas operações apenas no ano 2000, com atraso de pelo menos uma década. Na gestão do empreendimento, a unidade de geração de energia termonuclear de Furnas acabou fundindo-se com a Nuclen Engenharia e Serviços S.A., dando origem, em 1997, à Eletrobrás Termonuclear S.A. (Eletronuclear).
Em 1977, por iniciativa da Petrobras, o Porto de Angra dos Reis teve suas instalações ampliadas e sua operação diversificada, com a implantação do Terminal Marítimo da Baía da Ilha Grande (TEBIG), instalado em Jacuecanga, na Ponta do Leme. O novo terminal foi criado especialmente para movimentar cargas líquidas de óleo bruto e processado, principalmente óleo Diesel, vindos do exterior em transbordos para o transporte de cabotagem, para o abastecimento das refinarias e distribuidores na costa brasileira.
Ao final do século XX, a região sul fluminense, perfeitamente integrada ao processo produtivo nacional, apresentava os problemas típicos das áreas impactadas pelos grandes projetos governamentais e privados: notáveis desequilíbrios sociais, agravados pela indústria do lazer; carências educacionais e na saúde pública; tensões decorrentes da fragilidade das estruturas fundiárias local e regional; urbanização exacerbada; e finalmente, a perspectiva, desejada e temida, da ampliação da base produtiva e territorial de alguns dos empreendimentos estabelecidos na área.
8.2.7. Fluxos migratórios atuais - topo
A população não natural da AID-15 km totaliza 53.057 pessoas, representando 46% dos habitantes da área, com uma distribuição eqüitativa entre homens e mulheres. Como esperado, a distribuição da população residente nos distritos-sede de Angra dos Reis e Parati é predominantemente formada por pessoas naturais dos respectivos municípios, com participações de 68,3% e 70,9%, respectivamente (Figura 21).
Quando se consideram os distritos, destaca-se Cunhambebe, onde 51,9% dos habitantes se declaram naturais do município de Angra dos Reis. Entre os moradores em domicílios particulares permanentes, 47% residem na AID-15 km ininterruptamente há mais de 11 anos, tempo suficiente para concluir que se trata de uma população que fixou raízes na região.
Os dados apresentados na Tabela 24 indicam, ainda, que houve uma diminuição na taxa de migração para a região no médio prazo, pois em torno de 20% dos imigrantes mudaram-se para a área entre seis e dez anos atrás, coincidindo com o desaquecimento da economia de Angra dos Reis e adjacências. Percebe-se ainda que, recentemente, esse fluxo aumentou, apresentando uma taxa de imigração de 33% nos últimos cinco anos. Esse comportamento é o mesmo em todos os distritos que compõem a área em estudo e para ambos os sexos dos moradores.

Figura 21 - Distribuição da população residente na AID-15 km, segundo a naturalidade.
Fonte: IBGE
Tabela 24 - AID-15 km, Angra dos Reis - População não natural do município, março de 2002
Sexo / Tempo ininterrupto de residência no município |
Total |
Angra Sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
53.057 |
100,0 |
12.281 |
100,0 |
26.301 |
100,0 |
12.453 |
100,0 |
2.022 |
100,0 |
Até cinco anos |
17.608 |
33,2 |
3.499 |
28,5 |
9.031 |
34,3 |
4.521 |
36,3 |
556 |
27,5 |
Seis a dez anos |
10.484 |
19,8 |
2.206 |
18,0 |
5.060 |
19,2 |
2.772 |
22,3 |
446 |
22,1 |
11 anos ou mais |
24.699 |
46,6 |
6.507 |
53,0 |
12.042 |
45,8 |
5.135 |
41,2 |
1.014 |
50,1 |
Sem resposta |
267 |
0,5 |
69 |
0,6 |
168 |
0,6 |
25 |
0,2 |
6 |
0,3 |
Homens |
26.766 |
50,4 |
6.096 |
49,6 |
13.422 |
51,0 |
6.182 |
49,6 |
1.066 |
52,7 |
Até cinco anos |
8.868 |
16,7 |
1.752 |
14,3 |
4.639 |
17,6 |
2.216 |
17,8 |
261 |
12,9 |
Seis a dez anos |
5.268 |
9,9 |
1.029 |
8,4 |
2.618 |
10,0 |
1.371 |
11,0 |
249 |
12,3 |
11 anos ou mais |
12.494 |
23,5 |
3.272 |
26,6 |
6.083 |
23,1 |
2.588 |
20,8 |
550 |
27,2 |
Sem resposta |
136 |
0,3 |
42 |
0,3 |
81 |
0,3 |
7 |
0,1 |
6 |
0,3 |
Mulheres |
26.291 |
49,6 |
6.185 |
50,4 |
12.879 |
49,0 |
6.271 |
50,4 |
956 |
47,3 |
Até cinco anos |
8.740 |
16,5 |
1.747 |
14,2 |
4.392 |
16,7 |
2.305 |
18,5 |
296 |
14,6 |
Seis a dez anos |
5.216 |
9,8 |
1.177 |
9,6 |
2.441 |
9,3 |
1.401 |
11,2 |
197 |
9,7 |
11 anos ou mais |
12.204 |
23,0 |
3.235 |
26,3 |
5.959 |
22,7 |
2.547 |
20,5 |
464 |
22,9 |
Sem resposta |
131 |
0,2 |
26 |
0,2 |
87 |
0,3 |
18 |
0,1 |
- |
- |
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002.
Mambucaba (66,5%) e Tarituba (65,1%) são os distritos onde ocorre a maior concentração de pessoas não naturais do município de Angra dos Reis e de Parati, respectivamente. Considerando que são nestes distritos que se localizam as vilas residenciais dos funcionários da Eletronuclear e que o início da construção do empreendimento de Angra 1 ocorreu no Distrito de Mambucaba, estes percentuais se justificam pela presença dos atuais funcionários e daqueles remanescentes do processo de construção do empreendimento.
É feita a seguir uma análise dos residentes não naturais, face à relevância da sua participação na AID-15 km. Quanto ao principal motivo da imigração deste segmento da população residente na AID-15 km, destaca-se aquele relacionado à família, independentemente do tempo ininterrupto de residência em Angra dos Reis ou Parati (Figura 22).
A Tabela 25 demonstra a pressão exercida sobre a infra-estrutura de Angra dos Reis, por um fluxo crescente de população atraída pelo mercado de trabalho, cada vez mais incapaz de absorver a mão-de-obra excedente dos empreendimentos anteriores e sem qualificação para as atividades que vão caracterizar os anos 80, ligadas à indústria do turismo.

Figura 22 - AID-15 km - Distribuição da população não natural segundo motivo de imigrar.
Fonte: IBGE
Tabela 25 - AII-50 km - Migração proveniente da região Sudeste, 1970-91
Região Sudeste |
1970 |
1980 |
1991 |
Angra dos Reis |
3.191 |
6.400 |
7.585 |
Barra Mansa |
32.928 |
49.407 |
41.842 |
Mangaratiba |
535 |
733 |
926 |
Parati |
2.066 |
2.376 |
1.724 |
Resende |
15.616 |
20.213 |
14.520 |
Rio Claro |
1.568 |
1.594 |
1.116 |
Areias |
527 |
397 |
347 |
Bananal |
2.136 |
1.544 |
1.656 |
Cunha |
697 |
499 |
358 |
Lorena |
6.874 |
7.622 |
7.927 |
São José do Barreiro |
512 |
511 |
242 |
Silveiras |
327 |
181 |
165 |
Ubatuba |
613 |
2.603 |
5.774 |
Total |
67.590 |
94.080 |
84.182 |
Fonte: IBGE, censos demográficos.
Os municípios de Barra Mansa e Resende, guardando-se as devidas proporções, também tiveram um crescimento populacional expressivo entre as décadas de 70 e 80. Porém, o fluxo migratório para o município de Angra dos Reis manteve-se crescente no período seguinte, de 80 a 91, conforme demonstra a Figura 23.

Figura 23 - AII-50 km - Movimento migratório proveniente da região Sudeste.
Fonte: IBGE
O principal movimento migratório, proveniente de todas as regiões brasileiras, dentro da AII-50 km, aconteceu no período 70-80, momento de grande movimento nacional pró-indústria observado no país, como indica a Tabela 26.
Tabela 26 - AII-50 km - Migração proveniente das macrorregiões brasileiras, 1970-91.
Região |
1970 |
1980 |
1991 |
Norte |
373 |
552 |
631 |
Nordeste |
5.444 |
12.646 |
17.292 |
Sudeste |
67.590 |
94.080 |
84.182 |
Sul |
1.872 |
4.440 |
4.783 |
Centro-Oeste |
552 |
1.202 |
966 |
Total |
75.831 |
112.920 |
107.854 |
Fonte: IBGE, censos demográficos.
O fluxo migratório dentro da área de influência, no período 80-91, pode ser observado na Figura 24 e na Tabela 27 e Tabela 28. Considerando que a decisão de migrar está fundamentalmente calcada na relação custo / benefício, podem-se classificar os municípios da área de estudo segundo duas importantes variáveis - o período de atração pela capacidade de oferecer melhores condições de vida e a repulsa, provocada pela escassez na oferta de postos de trabalho para mão-de-obra não qualificada. Em 1980, os municípios que apresentavam balanço líquido positivo foram Resende, Angra dos Reis, Lorena e Ubatuba.

Figura 24 - AII-50 km - Balanço migratório intermunicipal.
Fonte: IBGE
Tabela 27 - AII-50 km - Migração intermunicipal, 1980.
Clique aqui para visualizar a tabela 27
Tabela 28 - AII-50 km - Migração intermunicipal, 1991
Clique aqui para visualizar a tabela 28
8.2.8. População Flutuante- topo
Segundo definição, entende-se por população flutuante, todos os indivíduos/famílias que ocupam, ou podem ocupar os domicílios de uso ocasional, de usos sazonais, incluindo-se ainda nesta reserva de domicílios aqueles que estão em situação para venda ou aluguel. Uma segunda componente de população flutuante corresponde aos indivíduos alojados em unidades hoteleiras ou similares (como parques de campismo).
No caso do território aqui objetivado, onde o turismo exerce grande influência na economia, principalmente no litoral norte de São Paulo e na região da Baía da Ilha Grande, a população flutuante chega a se equiparar ou até superar a população residente. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, 20,8% dos domicílios de Angra dos Reis estavam destinados ao uso ocasional.
No que tange aos estabelecimentos de unidades hoteleiras, o município de Angra dos Reis dispõe de 72 estabelecimentos de hospedagem, com 3.764 leitos, adicionando-se mais 56 pousadas na Ilha Grande. Parati conta com 164 estabelecimentos de hospedagem, totalizando cerca de 5.580 leitos, aproximadamente. Isso demonstra que os setores hoteleiros, voltados para o turismo, merecem destaque nesses municípios mostrando a importância das atividades deste setor.
Na verdade, o desenvolvimento do turismo de segunda residência e o crescimento desordenado da malha urbana em todos os municípios atravessados pela BR-101, principalmente, em Angra dos Reis, causou excessivo parcelamento do solo e um verdadeiro colapso na infra-estrutura de abastecimento, saneamento, deposição de resíduos sólidos, estrutura viária e serviços públicos em geral.
Apesar do intenso fluxo de turistas, de acordo com o Centro de Informações de Angra dos Reis, é sensível a queda do número de visitantes no município, entre 1994 e 2001 conforme ilustra o gráfico 5 a seguir. Vários são os motivos associados a esta redução, no entanto, a prefeitura reconhece que entre eles, está a falta de um controle interno do movimento destes turistas, desde a sua chegada até o momento de saída do município. Até o presente, não existe um controle mais rigoroso, faltando inclusive, junto à rede hoteleira, a identificação da origem do turista, o tempo de permanência e o destino dos mesmos no município.

Figura 25 - Evolução do número de visitantes no período de 1994 a 2001 em Angra dos Reis
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico - Indústria, Comércio e Turismo do município de Angra dos Reis. 2002.
O comércio local está relativamente estruturado para receber todo tipo de turista, com grande variedade de hotéis e instalações para todos os níveis econômicos, inclusive os mais sofisticados, que conta com cinco hotéis de grande porte.
Entre as principais atividades de lazer mais procuradas pela população flutuante destacam-se os passeios de saveiro e lancha, as trilhas ecológicas, o rapel, e o circuito de praias. Neste sentido, as áreas mais procuradas por esta população no município de Angra dos Reis são o centro do município, o Bracuí, o Frade e a Vila do Abraão, na Ilha Grande, de acordo com a Tabela 29.
Tabela 29 - Principais atividades e áreas de lazer procuradas pelos turistas no município de Angra dos Reis
Principais Atividades de Lazer |
Áreas Urbanas mais Procuradas |
Áreas Rurais mais Procuradas |
Passeios de saveiro, lancha |
Centro do município |
Ariró |
Trilhas Ecológicas |
Estrada do Contorno |
Caputera |
City Tour |
Ponta do Leste |
Banqueta |
Circuito de Praias |
Vila do Abraão - Ilha Grande |
Bracuí |
Rafting no rio Mambucaba |
Frade
|
|
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico - Indústria, Comércio e Turismo. Angra dos Reis, 2002.
A Tabela 30 demonstra o número de domicílios ocupados, de uso ocasional e coletivo na AID 15. Segundo o IBGE, toda a AID 15 possui 33.851 domicílios englobando os tipos mencionados acima. Destes cerca de 15% são destinados ao uso ocasional. O maior número deste tipo de domicílio (ocasional, portanto adepto à população flutuante) se concentra no Distrito de Cunhambebe. Isto pode dizer que o número de hotéis, parques de campismo ou casas para alugar ou vender se concentra nesta unidade territorial.
Tabela 30 - Setores Censitários, Número de Domicílios Ocupados, de Uso Ocasional e Coletivos na AID15, 2002.
Área de Influência Direta AID 15 |
Setores censitários |
Domicílios ocupados |
Domicílios de uso ocasional |
Domicílios coletivos |
AID 15 |
107 |
28 525 |
5 219 |
107 |
Distrito Sede de Angra dos Reis (05) |
40 |
11 125 |
1 326 |
49 |
Distrito de Cunhambebe (15) |
42 |
12 226 |
2 153 |
34 |
Distrito de Mambucaba (25) |
15 |
4 328 |
1 671 |
13 |
Distrito de Tarituba (15) |
10 |
846 |
69 |
11 |
Distrito Sede de Parati (05) * |
23 |
4 447 |
241 |
141 |
Pesquisado mas não totalizado na AID-15 km.
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002.
As tabelas que se seguem apontam a infra-estrutura turística do município de Angra dos Reis bem como um calendário de atividades turísticas. Estas informações reforçam o forte fenômeno da população flutuante se alocar na região suplantado pela beleza do município.
Existe um número representativo de Hotéis e Pousadas no município de Angra dos Reis. Segundo a Science, o município possuía, em 2002, 84 suítes, 74 quartos, 1576 apartamentos, 8 chalés, somando mais de 3760 leitos subdivididos em quase 1700 Unidades Habitacionais. A Tabela 31 abaixo lista os nomes e os bairros da Infra-estrutura de Turismo presente em Angra dos Reis, aos quais uma parte da população flutuante se acomoda.
Tabela 31 - Infra-estrutura básica da Rede de Hotéis, Pousadas e Camping no Município de Angra dos Reis.
Clique aqui para visualizar a tabela 31
A Tabela 32 demonstra a capacidade da rede de restaurantes, boites, clubes, iates, marinas e teatro existente no município de Angra dos Reis. A tabela denomina o tipo da instituição, o distrito no qual se encontra e o bairro. Além disso, a tabela apresenta a maioria dos telefones suplantando sua veracidade.
Tabela 32 - Rede de Restaurantes, Boites, Clubes, Iates, Marinas e Teatros no município de Angra dos Reis, 2002.
Clique aqui para visualizar a tabela 32
A Tabela 33 lista as festividades existentes durante o ano no município de Angra dos Reis, com recorte mensal e totalizado por número de festividades. O mês de maio e outubro são os meses que mais possuem festas, 18 e 13 simultaneamente. Podemos dizer que estes meses possam evidenciar o contingente de população flutuante na unidade territorial.
Tabela 33 - Calendário Oficial do Município de Angra dos Reis
Clique aqui para visualizar a tabela 33
Além disso, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico - Industria, Comércio e Turismo, apresenta na Tabela 34 os eventos que mais atraem turistas durante o ano ao município angrense. O resultado evidencia a Tabela 33 no fluxo de pessoas para o mês de maio e aponta o mês de junho com dois eventos importantes.
Tabela 34 - Calendário de Eventos que atraem mais turistas durante o ano no município de Angra dos Reis, 2002.
EVENTOS NO MUNICÍPIO |
JAN |
FEV |
MAR |
ABR |
MAI |
JUN |
JUL |
AGO |
SET |
OUT |
NOV |
DEZ |
PROCISSÃO MARÍTIMA |
X |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
FESTA DO DIVINO
|
|
|
|
|
X |
X
|
|
|
|
|
|
|
FESTIVAL DE MÚSICA E ECOLOGIA DA ILHA GRANDE
|
|
|
|
|
|
X
|
|
|
|
|
|
|
ANGRA -ELÉTRICO - MICARETA
|
|
|
|
|
|
|
|
|
X
|
|
|
|
MÃOS DE ANGRA
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
X |
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico - Indústria, Comércio e Turismo, 2002
O município de Parati apresenta tradição e grande potencial para o desenvolvimento de atividades ligadas ao turismo - cerca de 44% dos turistas que visitam Parati durante o ano são do estado de São Paulo, que são beneficiadas pelo desenvolvimento de eventos culturais e a criação da estrada que liga Parati ao município de Cunha. Especialmente em função da importância das atividades ligadas à pesca e ao turismo, os serviços portuários e de apoio náutico apresentam potencial para crescimento no município (FGV, 1998).
Os programas turísticos giram em torno das atividades náuticas, mas já existem roteiros para trilhas, cachoeiras e praias mais isoladas. O Centro Excursionista de Parati, entidade que promove atividades de educação ambiental, realiza caminhadas e excursões na região. O Sítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro é uma iniciativa do Teatro Espaço de Parati, com o objetivo de conservar e permitir o acesso público a importantes monumentos da história colonial e a natureza presente no município.
São muitas as festas de caráter religioso, merecendo destaque a Festa do Divino Espírito Santo; a festa da padroeira de Parati, Nossa Senhora dos Remédios, durante o mês de setembro; festas juninas, onde são apresentados grupos musicais, danças folclóricas, uma culinária típica da região; a Procissão Marítima de Ano Novo, em homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes e a Folia de Reis, no mês de janeiro; o Carnaval durante o mês de fevereiro, entre outras.
Embora o acesso a Parati tenha sido mais tardio, em relação à Ubatuba e Angra dos Reis, a verdade é que grande parte da manifestação e celebração das práticas culturais do município se transformam em atração turística, mas aos poucos, estão perdendo as suas características, visto as transformações que o município apresenta e a falta de propostas para um zoneamento ambiental e urbano capaz de oferecer condições de vida adequadas para a população residente e flutuante que se dirigem para o município.
A Tabela 35, a Tabela 36 e a Tabela 37 apontam a infra-estrutura turística do município de Parati bem como um calendário de atividades turísticas.
Tabela 35 - Infra-estrutura básica de Camping no Município de Parati
Clique aqui para visualizar a tabela 35
Tabela 36 - Infra-estrutura básica da Rede de Hotéis e Pousadas no Município de Parati
Clique aqui para visualizar a tabela 36
Tabela 37 - Calendário Oficial de Parati em 2002.
Mês |
Data |
Evento |
Características |
Janeiro |
06 |
Folia de Reis |
---- |
05 a 19 |
Festival de Jazz |
Realizado na Praça da Matriz. |
10 a 27 |
Festival Expo Verão |
Apresentação de Show, Artesanato, Gastronomia, Moda e Decoração. |
12 a 26 |
Festival de Jazz |
Realizado na Praça da Bandeira. |
Fevereiro |
02 |
Carnamar |
---- |
12 |
Carnaval |
---- |
17 |
Rally Universitário |
---- |
28 |
Aniversário de Parati |
Show de bandas, teatro, corrida rústica e maratona. |
Março |
02 e 03 |
Fut Juá |
Futebol Caiçara. |
16 e 17 |
Circuito da Trilha do Ouro |
Esporte e educação ambiental. |
28 |
Procissão do Fogaréu |
---- |
29 |
Semana Santa |
---- |
Abril |
13 e 14 |
Revelando Parati |
---- |
20 e 21 |
Encontro de Bandas |
---- |
Maio |
10 a 19 |
Festa do Divino |
---- |
30 |
Corpus Christi |
---- |
Junho |
14 a 16 |
Parati Verso e Prosa |
Concurso de Saraus e Serestas |
29 |
Regata de São Pedro |
Festival de Camarão na Ilha do Araújo |
29 e 30 |
Enc. de Cirandeiros |
Encontro de Cirandeiros. |
Julho |
13 a 31 |
Festival de Inverno |
---- |
12 a 21 |
Festival de Santa Rita |
---- |
Agosto |
16 a 18 |
XX Festival da Pinga de Parati |
---- |
24 a 25 |
Festival do Folclore |
---- |
29 |
Festa de Nossa Senhora dos Remédios |
---- |
Setembro |
01 a 08 |
Festival de Nossa Senhora dos Remédios |
---- |
19 a 22 |
Festival Música Sacra |
---- |
21 a 29 |
Expo Bromélias |
Exposição de Bromélias. |
Outubro |
04 a 06 |
Encontro de Teatro de Rua |
---- |
24 a 27 |
Festival do Principado |
---- |
Novembro |
08 a 17 |
Festa de São Benedito e Nossa Sra.Rosário |
---- |
22 a 24 |
Encontro Regional da Capoeira |
---- |
29 e 30 |
Festival da Cultura Afro-Brasileira |
---- |
Dezembro |
06 a 08 |
Rock In Trindade |
---- |
14 a 21 |
Auto de Natal |
Festival de Corais |
18 a 23 |
Concurso de Presépios |
---- |
31 |
Reveillon |
---- |
Fonte: Secretaria de Turismo de Parati, 2002.
8.2.9. População Não Natural
O município de Angra dos Reis, em 1980, destacou-se como o principal centro de atração do segmento fluminense, com 2.603 entradas e 1.507 saídas, resultando em um acréscimo populacional de 1.096 pessoas. Barra Mansa e Rio Claro apresentaram valores negativos no balanço: -300 e -559, respectivamente. Esse comportamento se manteve até 1991, quando Angra dos Reis foi superada por Resende. Ressalta-se que das 2.569 pessoas que ingressaram naquele ano em Resende, 1.817 saíram de Barra Mansa.
É feita a seguir uma análise dos residentes não naturais, face à relevância da sua participação na AID-15 km. Quanto ao principal motivo da imigração deste segmento da população residente na AID-15 km, destaca-se aquele relacionado à família, independentemente do tempo ininterrupto de residência em Angra dos Reis ou Parati (Figura 26).
Figura 26 - AID-15 km - Distribuição da população não natural segundo motivo de imigrar.
Fonte: IBGE
De acordo com a Tabela 38, a população a partir de 15 anos ou mais de idade tem, em sua maioria, de um a oito anos de estudo. O Distrito de Tarituba por servir de moradia a funcionários mais graduados da CNAAA, apresenta comportamento diferente: 75% de seus moradores têm mais de nove anos de estudo. Quanto aos estrangeiros, apesar de poucos, todos têm mais de 12 anos de estudo.
Em relação ao ramo de atividade do trabalho principal, os resultados apresentados na Tabela 39 indicam uma clara diferença entre os municípios de Angra dos Reis e Parati, nos segmentos que integram a AID-15 km. Em Angra dos Reis prevalece o setor terciário, enquanto em Tarituba, distrito de Parati, as principais atividades estão ligadas à indústria de transformação.
Esses dados revelam que o distrito de Angra dos Reis foi definido predominantemente pela presença das vilas residenciais de funcionários da Eletronuclear, o que pode também justificar o contingente de pessoas ocupadas no setor de serviços, 28,7%, orientadas para o atendimento às vilas.
Tabela 38 - AID-15 km, Angra dos Reis - População a partir de 15 anos não natural do município, segundo a naturalidade e o tempo de estudo, março de 2002
Naturalidade / Grupo de anos de estudo |
Total |
Sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
46.485 |
100,0 |
11.041 |
100,0 |
22.976 |
100,0 |
10.649 |
100,0 |
1.819 |
100,0 |
Sem instrução e menos de um ano |
3.997 |
8,6 |
834 |
7,6 |
2.258 |
9,8 |
882 |
8,3 |
23 |
1,3 |
Um a oito anos |
27.631 |
59,4 |
5.520 |
50,0 |
15.493 |
67,4 |
6.229 |
58,5 |
388 |
21,3 |
Nove a 11 anos |
10.267 |
22,1 |
2.924 |
26,5 |
4.032 |
17,5 |
2.552 |
24,0 |
759 |
41,7 |
12 anos ou mais |
3.546 |
7,6 |
1.483 |
13,4 |
747 |
3,2 |
714 |
6,7 |
603 |
33,1 |
Não determinado |
1.045 |
2,2 |
280 |
2,5 |
447 |
1,9 |
272 |
2,6 |
46 |
2,5 |
Outro município do Estado |
22.847 |
49,1 |
6.338 |
57,4 |
10.231 |
44,5 |
5.020 |
47,1 |
1.257 |
69,1 |
Sem instrução e menos de 1 ano |
1.262 |
2,7 |
385 |
3,5 |
715 |
3,1 |
156 |
1,5 |
6 |
0,3 |
Um a oito anos |
12.350 |
26,6 |
2.876 |
26,1 |
6.673 |
29,0 |
2.551 |
24,0 |
249 |
13,7 |
Nove a 11 anos |
6.285 |
13,5 |
1.910 |
17,3 |
2.107 |
9,2 |
1.676 |
15,7 |
591 |
32,5 |
12 anos ou mais |
2.347 |
5,0 |
976 |
8,8 |
461 |
2,0 |
521 |
4,9 |
388 |
21,3 |
Não determinado |
603 |
1,3 |
190 |
1,7 |
274 |
1,2 |
116 |
1,1 |
23 |
1,3 |
Outra unidade da federação |
23.351 |
50,2 |
4.613 |
41,8 |
12.639 |
55,0 |
5.560 |
52,2 |
539 |
29,6 |
Sem instrução e menos de um ano |
2.722 |
5,9 |
443 |
4,0 |
1.537 |
6,7 |
724 |
6,8 |
17 |
1,0 |
Um a oito anos |
15.179 |
32,7 |
2.618 |
23,7 |
8.773 |
38,2 |
3.649 |
34,3 |
139 |
7,6 |
Nove a 11 anos |
3.935 |
8,5 |
992 |
9,0 |
1.907 |
8,3 |
868 |
8,2 |
168 |
9,2 |
12 anos ou mais |
1.080 |
2,3 |
470 |
4,3 |
256 |
1,1 |
163 |
1,5 |
191 |
10,5 |
Não determinado |
435 |
0,9 |
90 |
0,8 |
167 |
0,7 |
156 |
1,5 |
23 |
1,3 |
Outro país |
277 |
0,6 |
90 |
0,8 |
96 |
0,4 |
68 |
0,6 |
23 |
1,3 |
Sem instrução e menos de um ano |
12 |
0,0 |
5 |
0,0 |
5 |
0,0 |
2 |
0,0 |
- |
- |
Um a oito anos |
92 |
0,2 |
26 |
0,2 |
37 |
0,2 |
29 |
0,3 |
- |
- |
Nove a 11 anos |
47 |
0,1 |
21 |
0,2 |
18 |
0,1 |
8 |
0,1 |
- |
- |
12 anos ou mais |
119 |
0,3 |
37 |
0,3 |
30 |
0,1 |
30 |
0,3 |
23 |
1,3 |
Não determinado |
6 |
0,0 |
- |
- |
6 |
0,0 |
- |
- |
- |
- |
Sem resposta |
10 |
0,0 |
- |
- |
10 |
0,0 |
- |
- |
- |
- |
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002.
Tabela 39 - AID-15 km, Angra dos Reis - População ocupada não natural do município, segundo o ramo de atividade e a idade, março de 2002.
Clique aqui para visualizar a tabela 39
8.2.10. Fluxos migratórios futuros - topo
Considerando-se os cortes temporais, já convencionais em estudos de migração para o tempo de permanência do migrante no local de residência: até cinco anos; de seis a dez anos e 11 anos ou mais, concluiu-se que o principal contingente de não naturais reside na AID-5 km há 11 anos ou mais - 41,8% do total de migrantes - como se observa na Tabela 40.
Tabela 40 - AID-5 km - Angra dos Reis - População não natural do município por sexo, distrito e tempo ininterrupto de residência, março de 2002.
Distrito / Tempo de residência |
Total |
Homens |
Mulheres |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
AID-5 km |
7.248 |
100,0 |
3.673 |
100,0 |
3.575 |
100,0 |
Até cinco anos |
2.685 |
37,0 |
1.373 |
37,4 |
1.312 |
36,7 |
Seis a dez anos |
1.505 |
20,8 |
745 |
20,3 |
760 |
21,3 |
11 anos ou mais |
3.033 |
41,8 |
1.545 |
42,1 |
1.488 |
41,6 |
Sem resposta |
25 |
0,3 |
10 |
0,3 |
15 |
0,4 |
Cunhambebe |
5.745 |
79,3 |
2.892 |
78,7 |
2.853 |
79,8 |
Até cinco anos |
2.148 |
29,6 |
1.105 |
30,1 |
1.043 |
29,2 |
Seis a dez anos |
1.248 |
17,2 |
602 |
16,4 |
646 |
18,1 |
11 anos ou mais |
2.325 |
32,1 |
1.176 |
32,0 |
1.149 |
32,1 |
Sem resposta |
24 |
0,3 |
9 |
0,2 |
15 |
0,4 |
Mambucaba |
1.503 |
20,7 |
781 |
21,3 |
722 |
20,2 |
Até cinco anos |
537 |
7,4 |
268 |
7,3 |
269 |
7,5 |
Seis a dez anos |
257 |
3,5 |
143 |
3,9 |
114 |
3,2 |
11 anos ou mais |
708 |
9,8 |
369 |
10,0 |
339 |
9,5 |
Sem resposta |
1 |
0,0 |
1 |
0,0 |
- |
- |
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002.
Tomando-se como referência o corte de 11 anos ou mais de permanência, tem-se como principais agentes motivadores do fluxo migratório as diversas etapas de implantação da CNAAA, Angra 1, de 1973 a 1985, e Angra 2, iniciada em 1974. Mesmo não caracterizando exclusivamente a AID-5 km, não pode ser desconsiderada como agente facilitador da imigração para a área a conclusão, em 1976, do trecho municipal da BR-101. O contingente de imigrantes forma a principal concentração da AID-5 km, 59,5% da população desta área, vindos principalmente de outras unidades da federação (57%), que não o Rio de Janeiro (41,9%).
O movimento migratório reduz sua intensidade entre 1992 e 1996, período que corresponde ao tempo de residência entre seis a dez anos. Considerando que as obras de Angra 2 foram retomadas em 1993, pode-se inferir que neste caso não houve o mesmo impulso demográfico observado durante as obras de Angra 1, ou mesmo nas fases iniciais de Angra 2.
Assim, uma nova leva de migrantes escolheu Angra dos Reis como local de moradia a partir de 1997, caracterizando um novo grupo, com até cinco anos de residência. Este novo impulso demográfico pode ser atribuído ao crescimento observado na indústria do turismo, fenômeno que caracteriza os municípios litorâneos do Estado do Rio de Janeiro, onde é significativo o aumento de domicílios de uso ocasional, como demonstra os resultados do último censo realizado pelo IBGE.
Este intenso movimento na direção do município de Angra dos Reis tem, dentre outras, duas motivações principais, procurar trabalho, correspondendo a 38,4% do total de migrantes na AID-5 km, e acompanhar a família, representando 61,4% do total (Tabela 41 e Tabela 42). Pode-se observar que a relação entre as duas motivações é da ordem de 1,6 em favor daqueles que se deslocaram para acompanhar a família. Esta relação permite estabelecer mais um padrão quanto á dinâmica demográfica da região, já que para cada migrante que se desloca em busca de trabalho, dois outros, aproximadamente, o acompanham.
Tabela 41 - AID-5 km, Cunhambebe - População não natural do distrito segundo o motivo para se mudar e tempo de residência, março de 2002.
Clique aqui para visualizar a tabela 41
Tabela 42 - AID-5 km, Mambucaba - População não natural do distrito segundo o motivo para se mudar e tempo de residência, março de 2002.
Motivo da mudança para o município (*) |
Tempo ininterrupto de residência no município |
Total |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
1.503 |
100,0 |
302 |
100,0 |
8 |
100,0 |
106 |
100,0 |
511 |
100,0 |
576 |
100,0 |
Até 5 anos |
537 |
35,7 |
121 |
40,1 |
5 |
62,5 |
20 |
18,9 |
180 |
35,2 |
211 |
36,6 |
6 a 10 anos |
257 |
17,1 |
55 |
18,2 |
1 |
12,5 |
20 |
18,9 |
103 |
20,2 |
78 |
13,5 |
11 anos ou mais |
708 |
47,1 |
126 |
41,7 |
2 |
25,0 |
66 |
62,3 |
228 |
44,6 |
286 |
49,7 |
Sem resposta |
1 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
1 |
0,2 |
Trabalho |
595 |
39,6 |
85 |
28,1 |
2 |
25,0 |
35 |
33,0 |
232 |
45,4 |
241 |
41,8 |
Até 5 anos |
190 |
12,6 |
30 |
9,9 |
- |
- |
7 |
6,6 |
77 |
15,1 |
76 |
13,2 |
6 a 10 anos |
102 |
6,8 |
13 |
4,3 |
1 |
12,5 |
3 |
2,8 |
48 |
9,4 |
37 |
6,4 |
11 anos ou mais |
303 |
20,2 |
42 |
13,9 |
1 |
12,5 |
25 |
23,6 |
107 |
20,9 |
128 |
22,2 |
Sem resposta |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Família |
903 |
60,1 |
216 |
71,5 |
6 |
75,0 |
71 |
67,0 |
278 |
54,4 |
332 |
57,6 |
Até 5 anos |
346 |
23,0 |
91 |
30,1 |
5 |
62,5 |
13 |
12,3 |
103 |
20,2 |
134 |
23,3 |
6 a 10 anos |
155 |
10,3 |
42 |
13,9 |
- |
- |
17 |
16,0 |
55 |
10,8 |
41 |
7,1 |
11 anos ou mais |
401 |
26,7 |
83 |
27,5 |
1 |
12,5 |
41 |
38,7 |
120 |
23,5 |
156 |
27,1 |
Não resposta |
1 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
1 |
0,2 |
Sem resposta |
5 |
0,3 |
1 |
0,3 |
- |
- |
- |
- |
1 |
0,2 |
3 |
0,5 |
Até 5 anos |
1 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
1 |
0,2 |
6 a 10 anos |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
11 anos ou mais |
4 |
0,3 |
1 |
0,3 |
- |
- |
- |
- |
1 |
0,2 |
2 |
0,3 |
Sem resposta |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002.
(*) Trabalho = procurar trabalho, transferência, novo emprego ou estabelecer negócio. Família = acompanhar a família; casar ou estudar.
Este, talvez, seja o principal problema a ser enfrentado pelo empreendimento, que pode ser minimizado com a absorção da mão-de-obra local e dos municípios vizinhos, em especial, Rio Claro e Barra Mansa, e ainda estimulando a vinda de trabalhadores sem a família, o que reduziria a permanência após as obras, evitando a ampliação do contingente de desempregados e a irregular ocupação das encostas.
A análise do tamanho da família do morador não natural da AID-5 km indica um predomínio de famílias com três a quatro pessoas. O comportamento é semelhante quando se compara o total da AID-5 km e os distritos (Tabela 43).
Tabela 43 - AID-5 km, Angra dos Reis - População não natural do município por tamanho da família e tempo de residência, março de 2002.
Discriminação |
AID-5 km |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
2.891 |
100,0 |
2.274 |
100,0 |
617 |
100,0 |
Até 5 anos |
825 |
28,5 |
644 |
28,3 |
181 |
29,3 |
6 a dez anos |
569 |
19,7 |
462 |
20,3 |
107 |
17,3 |
11 anos ou mais |
1.491 |
51,6 |
1.162 |
51,1 |
329 |
53,3 |
Sem resposta |
6 |
0,2 |
6 |
0,3 |
- |
- |
Um |
340 |
11,8 |
257 |
11,3 |
83 |
13,5 |
Até 5 anos |
132 |
4,6 |
84 |
3,7 |
48 |
7,8 |
6 a dez anos |
59 |
2,0 |
43 |
1,9 |
16 |
2,6 |
11 anos ou mais |
148 |
5,1 |
129 |
5,7 |
19 |
3,1 |
Sem resposta |
1 |
0,0 |
1 |
0,0 |
- |
- |
Dois |
537 |
18,6 |
408 |
17,9 |
129 |
20,9 |
Até 5 anos |
179 |
6,2 |
136 |
6,0 |
43 |
7,0 |
6 a dez anos |
111 |
3,8 |
82 |
3,6 |
29 |
4,7 |
11 anos ou mais |
247 |
8,5 |
190 |
8,4 |
57 |
9,2 |
Sem resposta |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Três |
734 |
25,4 |
594 |
26,1 |
140 |
22,7 |
Até 5 anos |
217 |
7,5 |
173 |
7,6 |
44 |
7,1 |
6 a dez anos |
164 |
5,7 |
138 |
6,1 |
26 |
4,2 |
11 anos ou mais |
351 |
12,1 |
281 |
12,4 |
70 |
11,3 |
Sem resposta |
2 |
0,1 |
2 |
0,1 |
- |
- |
Quatro |
664 |
23,0 |
507 |
22,3 |
157 |
25,4 |
Até 5 anos |
169 |
5,8 |
145 |
6,4 |
24 |
3,9 |
6 a dez anos |
127 |
4,4 |
99 |
4,4 |
28 |
4,5 |
11 anos ou mais |
366 |
12,7 |
261 |
11,5 |
105 |
17,0 |
Sem resposta |
2 |
0,1 |
2 |
0,1 |
- |
- |
Cinco |
366 |
12,7 |
287 |
12,6 |
79 |
12,8 |
Até 5 anos |
74 |
2,6 |
55 |
2,4 |
19 |
3,1 |
6 a dez anos |
59 |
2,0 |
53 |
2,3 |
6 |
1,0 |
11 anos ou mais |
233 |
8,1 |
179 |
7,9 |
54 |
8,8 |
Sem resposta |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
6 ou mais |
250 |
8,6 |
221 |
9,7 |
29 |
4,7 |
Até 5 anos |
54 |
1,9 |
51 |
2,2 |
3 |
0,5 |
6 a dez anos |
49 |
1,7 |
47 |
2,1 |
2 |
0,3 |
11 anos ou mais |
146 |
5,1 |
122 |
5,4 |
24 |
3,9 |
Sem resposta |
1 |
0,0 |
1 |
0,0 |
- |
- |
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002.
Em resumo, a população não natural da AID-5 km forma a maior parcela da população de Angra dos Reis, reside no município há 11 anos ou mais, tem origem em outra unidade da federação, é composta de famílias com três ou quatro membros, tem de quatro a sete anos de estudo, está alocada no setor de serviço o principal motivo para seu deslocamento foi acompanhar a família, e cerca de 55% têm rendimento mensal na faixa de R$ 240,00 a R$ 720,00. Dentro da AID-5 km, os municípios que mais contribuem para o deslocamento de população para Angra dos Reis são Rio Claro e Barra Mansa.
Esses dados mostram que, da população que migrou para Angra dos Reis e fixou residência na AID-5 km, a grande maioria não dispõe de qualificação profissional e pertence a um segmento que vive do setor terciário, provavelmente prestação de serviços, tendo se fixado na região há pelo menos 11 anos, e deve representar os excedentes de mão-de-obra dos empreendimentos Verolme e Angra 1.
Do total de migrantes sem instrução ou com até um ano de estudo, 90,2% estão no Distrito de Cunhambebe. Cabe lembrar que a área desse distrito corresponde a região do Frade, onde a riqueza dos condomínios contrasta com a carência das populações localizadas no Sertãozinho do Frade (Tabela 44).
Tabela 44- AID-5 km, Angra dos Reis - População não natural por origem, distrito e anos de estudo, março de 2002.
Distrito / Anos de estudo |
Total |
Outro município do Estado |
Outra unidade da Federação |
Outro país |
Sem resposta |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
AID-5 km |
7.248 |
100,0 |
3.036 |
100,0 |
4.179 |
100,0 |
31 |
100,0 |
2 |
100,0 |
Sem instrução e menos de um ano |
874 |
12,1 |
267 |
8,8 |
602 |
14,4 |
3 |
9,7 |
2 |
100,0 |
Um a três anos |
1.148 |
15,8 |
310 |
10,2 |
837 |
20,0 |
1 |
3,2 |
- |
- |
Quatro a sete anos |
2.433 |
33,6 |
817 |
26,9 |
1.609 |
38,5 |
7 |
22,6 |
- |
- |
Oito a dez anos |
1.047 |
14,4 |
521 |
17,2 |
522 |
12,5 |
4 |
12,9 |
- |
- |
11 a 14 anos |
1.265 |
17,5 |
809 |
26,6 |
451 |
10,8 |
5 |
16,1 |
- |
- |
15 anos ou mais |
393 |
5,4 |
267 |
8,8 |
116 |
2,8 |
10 |
32,3 |
- |
- |
Não determinado |
88 |
1,2 |
45 |
1,5 |
42 |
1,0 |
1 |
3,2 |
- |
- |
Cunhambebe |
5.745 |
79,3 |
2.011 |
66,2 |
3.718 |
89,0 |
14 |
45,2 |
2 |
100,0 |
Sem instrução e menos de um ano |
788 |
10,9 |
209 |
6,9 |
577 |
13,8 |
- |
- |
2 |
100,0 |
Um a três anos |
1.067 |
14,7 |
273 |
9,0 |
794 |
19,0 |
- |
- |
- |
- |
Quatro a sete anos |
2.219 |
30,6 |
711 |
23,4 |
1.505 |
36,0 |
3 |
9,7 |
- |
- |
Oito a dez anos |
857 |
11,8 |
391 |
12,9 |
463 |
11,1 |
3 |
9,7 |
- |
- |
11 a 14 anos |
653 |
9,0 |
342 |
11,3 |
308 |
7,4 |
3 |
9,7 |
- |
- |
15 anos ou mais |
99 |
1,4 |
58 |
1,9 |
37 |
0,9 |
4 |
12,9 |
- |
- |
Não determinado |
62 |
0,9 |
27 |
0,9 |
34 |
0,8 |
1 |
3,2 |
- |
- |
Mambucaba |
1.503 |
20,7 |
1.025 |
33,8 |
461 |
11,0 |
17 |
54,8 |
- |
- |
Sem instrução e menos de um ano |
86 |
1,2 |
58 |
1,9 |
25 |
0,6 |
3 |
9,7 |
- |
- |
Um a três anos |
81 |
1,1 |
37 |
1,2 |
43 |
1,0 |
1 |
3,2 |
- |
- |
Quatro a sete anos |
214 |
3,0 |
106 |
3,5 |
104 |
2,5 |
4 |
12,9 |
- |
- |
Oito a dez anos |
190 |
2,6 |
130 |
4,3 |
59 |
1,4 |
1 |
3,2 |
- |
- |
11 a 14 anos |
612 |
8,4 |
467 |
15,4 |
143 |
3,4 |
2 |
6,5 |
- |
- |
15 anos ou mais |
294 |
4,1 |
209 |
6,9 |
79 |
1,9 |
6 |
19,4 |
- |
- |
Não determinados |
26 |
0,4 |
18 |
0,6 |
8 |
0,2 |
- |
- |
- |
- |
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002.
A distribuição dos migrantes por origem, quando cruzada com anos de estudo, marca bem a diferença entre o Distrito de Cunhambebe, onde se localiza o Sertãozinho do Frade e o Distrito de Mambucaba, onde se encontra a Vila Residencial de Praia Brava. Dos 267 não naturais, vindos de outros municípios do Estado do Rio de Janeiro e que não têm instrução, 78,3% estão em Cunhambebe, e apenas 21,7% vivem em Mambucaba. Quando a origem é outra unidade da federação, 95,8% estão em Cunhambebe (Tabela 45).
Tabela 45 - AID-5 km, Angra dos Reis - População não natural por tempo de residência no município de anos de estudo, março de 2002.
Clique aqui para visualizar a tabela 45
Quase 41% dos não naturais que residem em Mambucaba têm de 11 a 14 anos de estudo, em Cunhambebe este grupo corresponde a apenas 14,9%, enquanto na classe de quatro a sete anos de estudo concentram-se quase 39% dos não naturais residindo no distrito de Cunhambebe.
Cruzando-se tempo de residência com anos de estudo, mantém-se para Cunhambebe o predomínio de pessoas que declaram ter de quatro a sete anos de estudo, para todas as classes de tempo de residência. Já em Mambucaba o grupo de 11 a 14 anos de estudo é o que predomina para todas as classes de tempo de residência. Cabe ressaltar que a presença da vila residencial de Praia Brava contribui para melhorar os indicadores do segmento territorial do Distrito de Mambucaba que forma a AID-5 km. Como já observado na análise da AID-15 km, o lado carente de Mambucaba representado principalmente pela desordenada ocupação da área denominada Perequê, ficou fora da AID-5 km. Assim, quando a análise é realizada para o total do distrito, o que é feito na caracterização da AID-15 km, tem-se maior aproximação com a realidade local expressa pelos baixos índices sociais da população residente nesta área.
Quanto à atividade econômica dos distritos de Cunhambebe e Mambucaba, os padrões referentes à população não natural residente na AID-5 km estão expressos nas tabelas apresentadas. Uma primeira avaliação emerge da análise do total de não naturais por tempo de residência, segundo grupos de idade (Tabela 46).
Procurou-se estabelecer um filtro para idade, tendo-se como referência os anos que marcaram os principais fluxos migratórios para o município de Angra dos Reis. Assim ao considerar o grupo de 23 anos ou mais, tem-se como propósito caracterizar os moradores que vivem na região há pelo menos dez anos. Do total de não naturais com 23 anos ou mais de idade, 54% encontram-se na faixa de 23 a 39 anos. Tomando-se as décadas de 60 e 70 como início dos grandes investimentos na região, conclui-se que o segmento mais jovem deste grupo, cuja data de nascimento se deu entre 1963 e 1979, migrou acompanhando a família. Considerando-se o total de migrantes neste grupo de idade, concluiu-se que cerca de 42% têm 11 ou mais anos de residência no município.
As pessoas que pertencem ao grupo de 56 anos de idade ou mais, correspondem provavelmente ao grupo que chegou ao município em busca de trabalho, totalizando apenas 14% dos migrantes com 11 ou mais anos de residência no município. O grupo de idade que caracteriza o migrante de 11 ou mais anos ininterruptos de residência no município, é o de 40 a 55 anos de idade. Neste intervalo, encontram-se os nascidos entre 1962 e 1947, o que indica que parte deste contingente insere-se na força de trabalho recrutada para trabalhar em empreendimentos como o da Verolme e o de Angra 1.
Do total de migrantes, 73% são pessoas economicamente ativas. Destes, 50,6% residem há pelo menos 11 anos em Angra dos Reis, sendo que 45,7% declaram ter, hoje, entre 23 e 39 anos de idade e 46,5%, entre 40 e 55 anos. Em Mambucaba, dos 419 residentes não naturais, com idade entre 40 e 55 anos, 76,4% declaram residir na área há 11 anos ou mais, o que corresponde a cerca de 40% do total dos migrantes que vivem na área do Distrito de Mambucaba, integrante a AID-5 km.
A comparação entre os dois distritos revela uma população de migrantes mais jovem residente em Cunhambebe, onde, para todas as classes de tempo de residência, predomina o grupo de idade de 23 a 39 anos. Já em Mambucaba é o grupo de 40 a 55 anos de idade o mais representativo, indicando um segmento mais importante da força de trabalho na AID-5 km.
Tal como observado na análise da AII-50 km, quando foi tratada a distribuição da PEA, a situação dos não naturais, demonstra o predomínio do setor de serviços como importante agente de incorporação da força de trabalho, seguida da atividade industrial, como revela a Tabela 47. O mesmo certamente ocorre entre os naturais da região.
Tabela 46 - AID-5 km - Angra dos Reis - População não natural de 23 anos ou mais, por atividade, tempo de residência no município, distrito e idade, março de 2002
Clique aqui para visualizar a tabela 46
Tabela 47 - AID-5 km - Angra dos Reis - População não natural de 15 anos ou mais, por idade, distrito 1e ramo de atividade, março de 2002.
Distrito / ramo de atividade |
Total |
15 a 39 anos |
40 a 59 anos |
60 anos ou mais |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
AID-5 km |
4.152 |
100,0 |
2.625 |
100,0 |
1.434 |
100,0 |
93 |
100,0 |
Indústria de transformação |
655 |
15,8 |
345 |
13,1 |
301 |
21,0 |
9 |
9,7 |
Comércio |
401 |
9,7 |
273 |
10,4 |
115 |
8,0 |
13 |
14,0 |
Serviço |
2.266 |
54,6 |
1.478 |
56,3 |
730 |
50,9 |
58 |
62,4 |
Transporte |
62 |
1,5 |
26 |
1,0 |
33 |
2,3 |
3 |
3,2 |
Construção civil |
746 |
18,0 |
493 |
18,8 |
246 |
17,2 |
7 |
7,5 |
Agricultura, pecuária, piscicultura |
14 |
0,3 |
4 |
0,2 |
7 |
0,5 |
3 |
3,2 |
Sem resposta |
8 |
0,2 |
6 |
0,2 |
2 |
0,1 |
- |
- |
Cunhambebe |
3.270 |
78,8 |
2.198 |
83,7 |
996 |
69,5 |
76 |
81,7 |
Indústria de transformação |
184 |
4,4 |
124 |
4,7 |
56 |
3,9 |
4 |
4,3 |
Comércio |
364 |
8,8 |
255 |
9,7 |
98 |
6,8 |
11 |
11,8 |
Serviço |
1.934 |
46,6 |
1.306 |
49,8 |
580 |
40,4 |
48 |
51,6 |
Transporte |
57 |
1,4 |
25 |
1,0 |
29 |
2,0 |
3 |
3,2 |
Construção civil |
710 |
17,1 |
478 |
18,2 |
225 |
15,7 |
7 |
7,5 |
Agricultura, pecuária, piscicultura |
13 |
0,3 |
4 |
0,2 |
6 |
0,4 |
3 |
3,2 |
Sem resposta |
8 |
0,2 |
6 |
0,2 |
2 |
0,1 |
- |
- |
Mambucaba |
882 |
21,2 |
427 |
16,3 |
438 |
30,5 |
17 |
18,3 |
Indústria de transformação |
471 |
11,3 |
221 |
8,4 |
245 |
17,1 |
5 |
5,4 |
Comércio |
37 |
0,9 |
18 |
0,7 |
17 |
1,2 |
2 |
2,2 |
Serviço |
332 |
8,0 |
172 |
6,6 |
150 |
10,5 |
10 |
10,8 |
Transporte |
5 |
0,1 |
1 |
0,0 |
4 |
0,3 |
- |
- |
Construção civil |
36 |
0,9 |
15 |
0,6 |
21 |
1,5 |
- |
- |
Agricultura, pecuária, piscicultura |
1 |
0,0 |
- |
- |
1 |
0,1 |
- |
- |
Sem resposta |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002.
Esta tabela revela o quanto o componente urbano atuou no direcionamento das atividades econômicas, tanto no âmbito nacional, quanto no regional e local. Observa-se que tanto o setor de serviços quanto da construção civil incorporam principalmente o segmento jovem, pessoas com idade entre 15 a 39 anos, que representam 65,2% da força de trabalho na atividade de serviços, e 66% na construção civil.
Ainda em relação à população economicamente ativa, cabe ressaltar que a principal concentração de pessoas em atividade na construção civil encontra-se no segmento da AID-5 km pertencente ao Distrito de Cunhambebe. Do total de pessoas naquela atividade, na AID-5 km, 95% vivem nesse distrito.
A Tabela 48 demonstra a evolução populacional bruta dos municípios e seus distritos, que compõem a AII-50 km. Os distritos que estão diretamente envolvidos com a CNAAA, tiveram um aumento populacional bruto de, em média, 1500% na década de 80. É o caso dos distritos de Cunhambebe, Jacuecanga, Mambucaba e Praia de Araçatiba. Na tabela, confere-se que os distritos pertencentes ao município de Parati não refletiram o mesmo crescimento populacional.
Angra dos Reis também sofreu um impacto de crescimento populacional menos referente na década de 80. A população cresceu apenas 13,61%. O inchaço populacional apenas se restringiu aos seus distritos. Já o município de Parati, apenas mais de 30%, influenciada pela a prática do turismo desenvolvido na região.
Tabela 48 - Evolução da população residente urbana dos distritos formadores dos municípios de Angra dos Reis e Parati, 1970 - 2002.
Municípios/Distritos |
População Urbana |
Crescimento(%) |
1970 |
1980 |
1991 |
2000 |
70-80 |
80-91 |
91-00 |
Angra dos Reis |
19200 |
28993 |
78445 |
114300 |
51,00 |
170,56 |
45,71 |
Angra dos Reis |
16415 |
25150 |
28574 |
33270 |
53,21 |
13,61 |
12,85 |
Abraão |
929 |
1090 |
1626 |
1957 |
17,33 |
49,17 |
20,36 |
Cunhambebe |
567 |
1242 |
23826 |
42897 |
119,05 |
1800,00 |
80,00 |
Jacuecanga |
686 |
981 |
15394 |
19559 |
43,00 |
1469,00 |
27,06 |
Mambucaba |
245 |
388 |
6850 |
13993 |
58,37 |
1665,00 |
104,00 |
Praia de Araçatiba |
358 |
142 |
2175 |
2624 |
-60,33 |
1532,00 |
20,64 |
Parati |
4169 |
8904 |
11465 |
14066 |
113,58 |
28,76 |
22,69 |
Parati |
4052 |
8654 |
11278 |
13803 |
113,57 |
30,32 |
22,24 |
Parati Mirim |
4 |
11 |
22 |
66 |
175,00 |
100,00 |
200,00 |
Tarituba |
113 |
239 |
165 |
197 |
111,50 |
- 30,96 |
19,39 |
FONTE: Censos Demográfico, IBGE, 1970, 1980, 1991, 2000
A Tabela 49 demonstra a projeção populacional dos municípios envolvidos com a AII-50 km. Apresentam-se cálculos de projeções realizados pela Science nos municípios envolvidos. Na tabela, pela projeção de 20 anos calculado pelo Instituto, o crescimento populacional de Angra dos Reis é o maior, percentualmente, dentre todos os municípios.
Tabela 49 - Projeção da População dos Municípios da Área de Influência Indireta da CNAAA para anos de 2005, 2010, 2015, 2020 e 2025.
Municípios |
2005 |
2010 |
2015 |
2020 |
2025 |
Angra dos Reis/RJ |
136152 |
153794 |
170779 |
185406 |
2004561 |
Barra Mansa/RJ |
176267 |
182896 |
185250 |
186238 |
184952 |
Mangaratiba/RJ |
27025 |
29979 |
32462 |
348889 |
37040 |
Parati/RJ |
29771 |
31553 |
32644 |
33521 |
34003 |
Resende/RJ |
104679 |
109426 |
111662 |
113096 |
113153 |
Rio Claro/RJ |
16604 |
17608 |
18227 |
18728 |
19008 |
Arapeí/SP |
2545 |
2628 |
2660 |
2673 |
2650 |
Areias/SP |
3353 |
3399 |
3372 |
3320 |
3229 |
Bananal/SP |
9566 |
9891 |
10000 |
10036 |
9951 |
Cunha/SP |
23466 |
24254 |
24526 |
24616 |
24404 |
Lorena/SP |
82527 |
87636 |
91050 |
93890 |
95638 |
São José do Barreiro/SP |
3987 |
4072 |
4069 |
4036 |
3954 |
Silveiras/SP |
5692 |
6067 |
6327 |
6548 |
6695 |
Ubatuba/SP |
78085 |
89627 |
100652 |
112189 |
123522 |
Fonte: Science - Levantamento Estatístico Amostral, 2002.
Os dados da Tabela 50 mostram que a classe modal de rendimento nominal mensal no trabalho principal, para a população economicamente ativa, não natural, na AID-5 km, é a de valores compreendidos entre R$ 240,00 a R$ 720,00. O mesmo comportamento é observado para os trabalhadores residentes no Distrito de Cunhambebe. Já em Mambucaba, o rendimento nominal está compreendido entre R$ 1.200,00 e R$ 2.400,00. Finalmente, ressalta-se que 15,7% da força de trabalho da AID-5 km, não natural, tinham rendimento nominal mensal no trabalho principal inferior a R$ 240,00, em março de 2002, quando realizou-se a pesquisa.
Tabela 50 - AID-5 km, Angra dos Reis - População não natural ocupada, de 15 anos ou mais, por rendimento mensal, distrito e idade, março de 2002.
Clique aqui para visualizar a tabela 50
8.2.11. Processo de urbanização e tendências - topo
O processo de urbanização na região de Angra dos Reis relaciona o crescimento, em especial da população urbana, com a atualidade do desemprego e a deteriorização da infra-estrutura local.
Entre 1950 e 1960, o município de Angra dos Reis apresentou crescimento urbano de 90%. Neste período, deu-se a instalação do Estaleiro Verolme, que atraiu forte contingente populacional, dinamizando a economia municipal. Embora a população urbana continue crescendo, observa-se entre as décadas de 60 e 70, uma desaceleração de 43% neste movimento. No mesmo período, a população rural retomou o crescimento em 26%. Este comportamento pode ser justificado pelo possível retorno da população local às suas atividades tradicionais, ao término das obras de instalação do estaleiro.
Os anos de 70, segundo as taxas de crescimento observadas no período 70-80, indicam uma retomada do processo de aceleração no crescimento urbano do município, de 43,0% para 50,1%, mantendo os níveis de crescimento na área rural. Esse período marca o início da reestruturação da economia local, tendo como ponto de partida a construção, ao longo dos anos 70, da BR-101, ligando São Paulo e Rio de Janeiro pelo litoral, estimulando a indústria do turismo cujo ápice ocorre na década de 80.
A década de 70 também é marcada pelo início da CNAAA, com a construção de Angra 1, que entrou em operação efetiva em 1985, ano em que a Verolme encerrou suas atividades. Esta coincidência resultou em uma significativa redução do mercado de trabalho local.
A desativação do estaleiro Verolme provocou sérias conseqüências tanto para Angra dos Reis, quanto para Rio Claro, já que uma parcela significativa de empregados da Verolme residia no Distrito de Lídice. A partir do final de 90, o estaleiro retomou suas atividades e, lentamente, foi recrutando esses antigos empregados, nos quais a empresa havia investido na qualificação profissional.
A construção de Angra 2, é iniciada em 1976, sendo as obras paralisadas em 1985, e reiniciadas em 1993, período de forte desemprego e desaceleração da economia nacional. Nesse contexto, no período de 80-91 ocorreu o maior crescimento da população urbana de Angra dos Reis, de cerca de 172,0%, enquanto que a população rural decresceu mais de 70,0%. Cabe ressaltar que, nesse mesmo período, o segmento fluminense formador da AII-50 km, cresceu 37,7% nas áreas urbanas e diminuiu 44,9% nas áreas rurais.
A partir da década de 80, houve um crescimento da indústria de turismo local mantendo taxas expressivas de crescimento urbano, mas distante do boom observado no período anterior. Entre 1991 e 1996, a taxa de crescimento foi de 8,9% na área urbana e de 11,2% na rural, acentuando-se no período 1996-2000, quando a população urbana cresceu 34,4%, quase na mesma proporção de decréscimo da rural de 33,7%.
Em decorrência do processo de urbanização, surgiram as atividades associadas à proteção e segurança, que em 1990 se destacaram dentre as demais, no município de Angra dos Reis. Ademais, ressalta-se que esta ocupação já aparecia entre as de maior significado, tanto fluminense quanto paulista. Cabe ressaltar que os fatos que justificam o forte crescimento, em especial da população urbana, no município de Angra dos Reis, explicam também o desemprego, a deteriorização da infra-estrutura local e as sérias dificuldades hoje encontradas.
Este aumento de ocupação populacional, também esperada na conclusão de Angra 3, de característica urbana, migratória e talvez, desordenada, poderá criar pressões em vários setores, essencialmente urbanos, principalmente, na região da AID-15.
No que tange a temática educação, o ponto crítico se dá na necessidade da construção de mais estabelecimentos de ensino para suportar uma demanda maior. A chegada de novos contingentes na área de influência do empreendimento, irá pressionar a infra-estrutura educacional nos locais de moradia dessas famílias, especialmente nos distritos de Mambucaba e Cunhambebe, acarretando a queda na qualidade dos serviços oferecidos e aprofundando o atual quadro de carências do ensino público.
Quanto à saúde, a chegada da população atraída pelas oportunidades de emprego, assim como a possibilidade de aumento na incidência de doenças na população local, deverá exercer forte pressão sobre a rede pública de saúde e, principalmente as localizadas nas imediações do empreendimento.
Outro destaque a ser mencionado é a pressão sobre a infra estrutura básica de transportes. O aumento do tráfego nas rodovias BR-101 e RJ-155 - e nas vias internas que a elas dão acesso - em decorrência do transporte de equipamentos, materiais, insumos e mão-de-obra para a conclusão do empreendimento, poderá contribuir para a degradação da rede viária, gerar pressão sobre o sistema de transporte e aumentar o nível de ruído da região ocasionada pelo deslocamento mais freqüente de veículos. Este aumento do volume de tráfego e a possível degradação da rodovia BR- 101, poderão ocasionar, por sua vez, o aumento dos acidentes de trânsito e a interrupção da via, podendo afetar a atividade turística, de grande importância local além do transitar dos moradores da região. Entretanto, cabe mencionar que o aumento da circulação de veículos nessas estradas também concorre para intensificar o risco de acidentes com a população que costuma utilizar as mesmas vias. A simples presença de veículos de grande porte em circulação e a sua convivência com os demais veículos mudam a percepção dos outros motoristas, que são obrigados a dividir os mesmo espaços com veículos de carga, mais largos e altos que os convencionais.
Ainda mais, o crescimento esperado na região, deve ser ordenado para não potencializar o crescimento da criminalidade. O surgimento de aglomerações sem escolas, sem iluminação, sem água e com nenhuma proteção social (normalmente organizadas por igrejas, clubes ou associações), pode criar movimentos de violência.
Todo o processo de estruturação da área da CNAAA se deu em um período de grande crescimento populacional, especialmente na área urbana.
Este item aborda a dinâmica intra-municipal de Angra dos Reis e Paratique sofreram as pressões mencionadas acima, além de outras.
Na AID-15 km existem áreas economicamente aproveitáveis para a agricultura que são reduzidas, limitadas às planícies aluvionares. Na região, historicamente, a agricultura foi uma atividade importante para Angra dos Reis e Parati, sem, contudo, ter atingido a relevância daquela assumida nas áreas do vale paraibano. A agricultura de subsistência atendia a uma pequena população, sendo a lavoura de maior permanência a da cana-de-açúcar, vinculada às atividades industriais das engenhocas, com a produção de aguardente. Em passado mais recente, o cultivo da banana atingiu escala industrial, voltada para o atendimento das demandas dos centros urbanos regionais, sendo ainda hoje a lavoura permanente de maior expressão.
Na Tabela 51 encontra-se, de forma resumida e comparativa com o Estado do Rio de Janeiro, a situação fundiária rural dos dois municípios, tomando como referência o último censo agropecuário realizado, em 1996. Os estabelecimentos agropecuários de Angra dos Reis apresentam uma área média de 63,9 ha, enquanto em Parati esse coeficiente é de 32,35 ha. Comparada à área média para o Estado, observa-se que os estabelecimentos situados em Angra dos Reis são 29,6% maiores, mostrando, a existência de um estoque de terras improdutivas, certamente dirigido para a especulação imobiliária.
Comparadas as dimensões dos estabelecimentos agropecuários dos dois municípios com os valores assumidos para o Estado, observa-se que para os estabelecimentos com área inferior a 10 ha, a taxa é de 53% do total do Estado. Angra dos Reis apresenta o percentual de 38,9% e Parati de 56,4%. Neste último, predominam os estabelecimentos de pequena dimensão, acompanhando um movimento típico para o Estado. Já Angra dos Reis mostra uma concentração maior de estabelecimento na faixa de 10 a 100 ha, 52,2% dos estabelecimentos do município. Comparando-se esse valor com a produção, mais uma vez confirmam-se os estoques de terra.
No município de Angra dos Reis, nos vales dos rios Mambucaba e Bracuí, observam-se áreas significativas com o cultivo da banana, em meio a cultura da mandioca, instalada como lavoura de subsistência, e atividade pecuária, esta mais expressiva na Fazenda Grataú, no vale do rio de mesmo nome. Há de se notar que o Rio Grataú, o do Frade e o saco compõem a expressiva planície costeira da região, em que os processos de urbanização e a destinação de terras para a indústria do turismo e hoteleira vêm, sistematicamente, ao longo dos últimos vinte anos, deslocando e anulando a agropecuária.
Tabela 51 - AID-15 km, Angra dos Reis e Parati - Situação fundiária rural, 1995.
Item |
Angra dos Reis |
Parati |
Estado do Rio de Janeiro |
Número total de estabelecimentos |
113 |
468 |
53.680 |
Área total dos estabelecimentos (ha) |
7.220 |
15.104 |
2.416.307 |
Área média dos estabelecimentos (ha) |
63,9 |
32,35 |
45,01 |
Número de estabelecimentos por tamanho
|
|
|
|
<10 ha |
44 |
264 |
28.439 |
10-100 ha |
59 |
188 |
20.005 |
100-200 ha |
5 |
6 |
2.738 |
200-500 ha |
3 |
7 |
1.802 |
500-2.000 ha |
1 |
2 |
623 |
> 2.000 ha |
1 |
1 |
48 |
Sem declaração de área |
0 |
0 |
25 |
Estabelecimentos com exploração mista (lavoura + pecuária) |
10 |
34 |
4.995 |
Estabelecimentos com exploração de pecuária |
23 |
44 |
21.263 |
Pessoal ocupado |
415 |
1.211 |
174.274 |
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
Ressalta-se que a bananicultura permanece como a atividade predominante no município de Angra dos Reis, com a maior extensão de plantio e o maior número de estabelecimentos envolvidos, embora, quando comparada aos anos anteriores, encontre-se, atualmente em pleno declínio (Figura 27). O plantio distribui-se em pequenas áreas para os lados de Santa Rita do Bracuí e do Vale do Rio Bracuí - Paca Grande, além do Vale do Rio Mambucaba.
A caracterização da produção agropecuária dos municípios de Angra dos Reis e Parati encontra-se resumida na Tabela 52. Seguindo-se à produção da banana, destacam-se a mandioca e a cana, como as culturas de maior extensão superficial e volume de produção. Observando-se a tabela pode-se concluir também, que a produção agropecuária nos municípios de Angra dos Reis e de Parati, contextualizada ao Estado do Rio de Janeiro, é inexpressiva.

Figura 27 - Angra dos Reis - Produção de banana, 1940-95.
Fontes: IBGE, Censos agropecuários; CIDE, Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 1998.
Tabela 52 - AID-15 km, Angra dos Reis e Parati - Produção agropecuária, 1995.
Discriminação |
Angra dos Reis |
Parati |
Estado do Rio de Janeiro |
Máquinas de plantio |
3 |
5 |
1.214 |
Tratores |
15 |
17 |
8.769 |
Efetivos (cabeças)
|
|
|
|
Bovinos |
1.504 |
2.575 |
1.813.743 |
Suínos |
150 |
584 |
169.338 |
Galinhas |
2.476 |
7.520 |
21.255.940 |
Leite (litros)
|
|
|
|
Bovino |
577.000 |
500.000 |
434.722.000 |
Caprino |
2.000 |
1.000 |
840.000 |
Ovos (dúzias) |
11.000 |
40.000 |
18.716.000 |
Cana
|
|
|
|
Nº de estabelecimentos |
10 |
78 |
10.219 |
Produção (t) |
133 |
564 |
5.709.830 |
Área colhida (ha) |
4 |
24 |
136.696 |
Milho
|
|
|
|
Nº de estabelecimentos |
5 |
26 |
7.615 |
Produção (t) |
4 |
44 |
33.654 |
Área colhida (ha) |
3 |
44 |
23.740 |
Mandioca
|
|
|
|
Nº de estabelecimentos |
29 |
111 |
4.771 |
Produção (t) |
37 |
368 |
40.463 |
Área colhida (ha) |
6 |
55 |
6.197 |
Banana
|
|
|
|
Nº de estabelecimentos |
90 |
357 |
7.268 |
Produção (cachos) |
167.000 |
525.000 |
8.027.000 |
Área colhida (ha) |
132 |
513 |
7.070 |
Nº de pés |
328 |
1.275 |
16.338.000 |
Café
|
|
|
|
Nº de estabelecimentos |
1 |
12 |
2.768 |
Produção (t) |
0 |
1 |
9.396 |
Área colhida (ha) |
1 |
4 |
12.102 |
Nº de pés |
1.000 |
6.000 |
22.837.000 |
Laranja
|
|
|
|
Nº de estabelecimentos |
5 |
19 |
4.689 |
Produção (1.000 frutos) |
24.000 |
73.000 |
252.895.000 |
Área colhida (ha) |
1 |
1 |
6.510 |
Nº de pés (1.000) |
2.000 |
5.000 |
3.681.000 |
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
Os estabelecimentos agropecuários de Angra dos Reis perfazem 20,4% do total do setor, enquanto em Parati não passam de 9,4%. Os estabelecimentos mistos, de lavoura e pecuária, correspondem a 8,8% dos estabelecimentos em Angra, e 7,3%, em Parati.
O quantitativo de pessoal ocupado no setor primário em Angra dos Reis é de 415 pessoas, correspondendo a 0,2% do número total de pessoas ocupadas na agropecuária no Estado, sendo de 1.211 o total em Parati, correspondendo a 0,7% da ocupação no Estado, o que corrobora a inexpressividade do setor.
Atualmente, observa-se a instalação de culturas de pupunha e açaí no Vale do Rio Mambucaba, tanto à margem esquerda, no município de Angra dos Reis, quanto à direita, no município de Parati. A atividade, certamente, provocará a diminuição na exploração clandestina do palmito nativo na área coberta pela floresta ombrófila densa na região.
Ainda no Vale do Rio Mambucaba, localiza-se o Haras Águia Branca, próximo à foz do Rio do Funil, afluente, pela margem direita, do Mambucaba. Na margem direita, observou-se pequena atividade com a pecuária de corte na Fazenda Abeu, cerca de 50 cabeças, segundo declaração do administrador, e umas poucas fazendolas para os lados do Chapéu do Sol, já no curso médio do Rio do Funil. A Fazenda Abeu vem reduzindo as atividades nos últimos anos, e no Chapéu do Sol os pequenos proprietários não se furtam a oferecer as terras para venda. A presença de cachoeiras e remansos atrai turistas locais e ocasionais, gerando algum movimento nas estradas precárias, principalmente nos fins de semana, perturbando a tranqüilidade dos moradores e dos animais. Certamente, a diminuição das atividades agropecuárias e a redução das áreas de pastos e de culturas, ocorrem também devido à valorização da terra para a formação de sítios com residentes ocasionais, de fim de semana.
No Vale do Rio Grataú, localiza-se a Fazenda Grataú, com atividades de pecuária de corte e leiteira, associada à criação de eqüinos. O empreendimento começa a se voltar para o turismo ecológico, tendo por chamariz o fato das instalações da fazenda possuírem valor histórico, com a lavoura canavieira e o cultivo do café. No Vale do Rio Bracuí, observa-se também a pecuária leiteira, mais expressiva em Gamboa Bracuí e Santa Rita do Bracuí, com pequenas fazendas em pastos naturais e plantados.
Tanto em Angra dos Reis quanto em Parati, no período 1970-1996, segundo os últimos dados censitários disponíveis, registra-se declínio significativo no número total de estabelecimentos agropecuários, bem como a redução da área destinada às atividades do setor primário da economia local. O gráfico apresentado na Figura 28 evidencia a queda do número total de estabelecimentos e da extensão das terras dedicadas à atividade.

Figura 28 - AID-15 km, Angra dos Reis e Parati - Estabelecimentos agropecuários, 1970-96.
Fonte: IBGE, Censos agropecuários.
No município de Angra dos Reis, nota-se que ocorreu uma redução de 86% no número de estabelecimentos agropecuários, e de 77,3 % na área plantada, no período de 1970-1996, o que se explica pela intensificação do processo de ocupação da área por grandes projetos. Pode-se afirmar que a consolidação do PNSB na área do município também contribuiu, embora em menores proporções, para a redução da área total dos estabelecimentos, face às desapropriações ocorridas.
Por outro lado, observa-se o crescimento da área média por estabelecimento em 41,4%, mostrando que os estabelecimentos remanescentes ampliaram o volume de terras, o que se explica pela mudança da agricultura para a pecuária, que exige maiores extensões para o pastoreio.
As Figura 29 e Figura 30 mostram que no município de Angra dos Reis houve uma redução de 76,4% no número de estabelecimentos de propriedade individual, e de 56,1% no volume de terras em propriedades individuais. Nesse caso, o impacto da redução gera efeitos mais significativos sobre a urbanização, na medida em que os contingentes populacionais desmobilizados na área rural migram para as áreas urbanas.
A área média dos estabelecimentos em regime de propriedade individual cresceu 46,3%, mostrando o efeito da concentração de renda no campo. Nestas figuras, cabe observar o comportamento da curva de eventos para o município de Parati, mostrando o efeito da maior disponibilidade de áreas para a agricultura e a pecuária, com o recuo dos costões e a formação de uma planície litorânea de maior extensão e contínua, o que ocorre principalmente no Distrito de Tarituba.

Figura 29 - AID-15 km, Angra dos Reis e Parati - Estabelecimentos agropecuários - Propriedade individual, 1970-96.
Fonte: IBGE, Censos agropecuários de 1970 a 1996

Figura 30 - AID-15 km, Angra dos Reis e Parati - Estabelecimentos agropecuários - Número total de estabelecimentos, 1970-96.
Fonte: IBGE, Censos agropecuários.
Assim, há de se observar que o número de estabelecimentos e a área que ocupam, no total, tendem para valores próximos aos de Angra dos Reis, para o período 1985-1996, o que pode ser explicado pela extensão da área territorial do município destinada à preservação ambiental, associada ao crescimento da urbanização. A queda no número total de estabelecimentos agropecuários em Parati, no período 1970-1996, é de 73,3%. A redução da área total dos estabelecimentos em 77,8%, enquanto a área média dos estabelecimentos cresceu 16,6%. O último percentual é significativamente inferior ao apresentado por Angra dos Reis, diante da existência de um maior número de estabelecimentos comercialmente organizados em Parati.
Em termos de propriedades individuais, o número de estabelecimentos sofreu uma redução de 58%, enquanto em área a redução foi de 53,8%. O crescimento da área média por estabelecimento foi de 9%. Os decréscimos são inferiores em quase 20% aos observados em território angrense.
A Figura 31 apresenta a utilização da terra em função dos usos agrícola e pecuário, no município de Angra dos Reis. Ressalta que as áreas de matas e florestas naturais, incorporadas aos estabelecimentos do setor primário como terras ociosas, crescentes até o ano de 1975, experimentam um decréscimo acentuado, certamente em função da política de proteção ambiental adotada para a região. No período de 1985 a 1996, as lavouras permanentes e temporárias sofreram acentuada redução. A prática da irrigação manteve-se inexpressiva por todo o período.

Figura 31 - AID-15 km, Angra dos Reis - Utilização da terra, 1970-96.
Fonte: IBGE, Censos agropecuários
Portanto, somando-se as áreas de florestas com as terras em descanso a partir de 1970, na forma adotada pelo Censo Agropecuário de 1975, e comparando-as com a ampliação do número total de estabelecimentos e da área total apropriada, verifica-se que mais da metade das terras dos estabelecimentos eram improdutivas. O fato se positivo, para a conservação ambiental, mostra o efeito da especulação imobiliária nos períodos seguintes, pois a área de florestas decresce na observação do Censo Agropecuário de 1980, indicando que grande parcela das terras ocupadas não sofre exploração econômica.
A baixa proporção de terras produtivas pode ser justificada pela estocagem da terra para especulação imobiliária, com a expansão urbana ou a hotelaria e os condomínios de luxo. Em 1985, observa-se o forte declínio das áreas destinadas à lavoura e o crescimento da área utilizada para pastagens, certamente pela queda de preço dos produtos agrícolas tradicionais na região, como a banana, e a valorização da carne no atacado e no varejo. O decênio de 1985 a 1995, retratado pelo Censo Agropecuário de 1996, mostra os efeitos dos sucessivos planos econômicos, com a total desarticulação dessa atividade no município de Angra dos Reis, e o estímulo à especulação imobiliária.
A Figura 32 apresenta a utilização da terra em função dos usos agrícola e pecuário, no município de Parati. Ressalta o comportamento semelhante ao ocorrido em Angra dos Reis, com a retração do setor primário; contudo, as justificativas aqui são diferentes, pois o município de Parati foi o que teve o território mais disponibilizado para a proteção ambiental. O PNSB e outras unidades de conservação e proteção da natureza foram criadas em áreas do município, desmobilizando as mesmas da exploração agropecuária.

Figura 32 - AID-15 km, Parati - Utilização da terra, 1970-96.
Fonte: IBGE, Censos agropecuários.
Em resumo, pode-se afirmar que no município de Parati a principal atividade agrícola está centrada na bananicultura, seguida por culturas de subsistência como a mandioca, a cana-de-açúcar, milho e o feijão (Figura 33). O extrativismo vegetal também está presente através da produção de carvão, lenha, madeira em tora, urucum e palmito. A agropecuária não é muito significativa, com um rebanho de cerca de 1.500 cabeças.

Figura 33 - Foto de uma pastagem e, ao fundo, cultivos de palmito e banana, na margem direita do Rio Mambucaba (Parati).
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Parati possui 45 comunidades rurais, muitas das quais poderiam ser ditas rurbanas, que desenvolvem atividades agrícolas de subsistência. A cultura predominante é a da banana, seguida da de cana-de-açúcar, para atender às pequenas destilarias de aguardente. Parati é o maior produtor de gengibre do Estado do Rio de Janeiro. Nota-se a presença significativa da indústria caseira de transformação de mandioca, cana-de-açúcar e banana, embora sem peso relevante na economia. A agropecuária restringe-se ao consumo do município, que conta com um único laticínio: "Flor da Nata".
Quanto às atividades minerais encontradas na AID-15 km, resume-se à exploração de areia, nas margens do Rio Mambucaba (Figura 34), próximo ao Parque Perequê, cabendo ressaltar que essa exploração não é fixa, alternando os lugares em função do regime de cheias do rio. A operação é conduzida com equipamentos antigos, dragas, em geral bastante obsoletos. A atividade é impactante, ocasionando o assoreamento de largos trechos do baixo curso do Rio Mambucaba, prejudicando a cobertura vegetal de mangue e restinga mais a jusante. Como o trecho em questão é muito baixo, chegando a apresentar altitudes negativas, o processo de assoreamento certamente irá contribuir para as cheias da planície na época das chuvas mais intensas, prejudicando as populações ribeirinhas do Chapéu do Sol e do Parque Perequê.
Ainda na planície do Rio Mambucaba, na sua margem esquerda, em Angra dos Reis, identificou-se à exploração de uma saibreira associada a extração de blocos de rocha para britagem (Figura 35). Embora seja ativa a extração do saibro, a pedreira encontra-se com as atividades suspensas. A operação de retirada do saibro vem expondo material rochoso subjacente aos sedimentos, sendo certa a exploração dos veios rochosos em um segundo momento. A remoção do saibro e da argila é realizada com tratores de lâmina e esteira, vista pelos que entram na área pela Estrada do Cativeiro.

Figura 34 - Foto à esquerda: extração de areia na Estrada do Ouro, na margem esquerda do Rio Mambucaba (Angra dos Reis); Foto à direita: extração de areia no Rio Jurumirim, próximo à RJ-155 (Angra dos Reis).
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.

Figura 35 - Foto de área de ocorrência de movimento de terra (saibreira), próximo à Estrada do Ouro, a 1 km do Parque Perequê (Angra dos Reis).
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
As atividades pesqueiras de natureza artesanal perderam importância na região, sendo hoje conduzidas em regime industrial, tendo o Porto de Angra dos Reis como convergência de embarcações especializadas em pesca, que operam não apenas na região das baías da Ilha Grande e da Ribeira. A produção pesqueira divide-se em três grupos: a pesca industrial da sardinha; a pesca de pequeno porte de camarão; e a pesca artesanal de linha e de cerco. Segundo a Federação dos Pescadores do Estado do Rio de Janeiro, em 2001, a atividade estava organizada em duas colônias:
-
Z-17, situada em Angra dos Reis, que congrega 1.970 pescadores e 451 embarcações; e
-
Z-18, situada em Parati, que congrega 2.474 pescadores e 1.150 embarcações.
Embora a Z-17, no município de Parati, apresente maior número de pescadores e embarcações, as estatísticas de pesca apontam uma realização maior para o município de Angra dos Reis, o que pode ser justificado pelo movimento do porto. A Figura 36 representa a produção assumida pelos municípios de Angra dos Reis e de Parati. Para o município de Parati, os dados apresentam uma descontinuidade em 1999.

Figura 36 - Produção de pescado, 1990-2000: (a) Angra dos Reis e (b) Parati.
Fonte: Fundação Centro de Dados Estatísticos e Informações do Estado do Rio de Janeiro (CIDE) / Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), elaborado pela Science.
Não se pode deixar de observar o volume de pesca produzido nos anos de 1997 e 1999 por Angra dos Reis, chegando à metade da produção do Estado do Rio de Janeiro.
Embora de grande significado para a economia regional no passado, a pesca em Angra dos Reis e Parati, principalmente a de características artesanais, vêm caindo em importância, em face de outras atividades de remuneração mais atrativa, principalmente aquelas que envolvem a navegação marítima recreativa em torno dos estabelecimentos de turismo. Os pescadores transformaram-se em marinheiros equipando barcos de recreio ou iates particulares.
A despeito de não se dispor de dados estatísticos sobre a pesca recreativa ou de lazer, registra-se que, em Angra dos Reis, existem cerca de 900 embarcações de recreio legalizadas, sendo a pesca uma das atividades mais freqüente aos usuários destas embarcações.
Nas imediações da Ilha Sandri, Ilha da Jipóia e Ilha Grande é comum a prática de mergulho e pesca por arpoamento, sem significado comercial.
Quanto às atividades industriais, Angra dos Reis tem 44 estabelecimentos industriais, que, em passado recente, respondiam por 59% da economia local. A indústria pesada encontra-se representada pelos empreendimentos nacionais: o Estaleiro Verolme, a CNAAA e o Terminal da Baía da Ilha Grande (TEBIG - Petrobras), cujo recolhimento de ICM é a maior fonte de arrecadação para o município.
No interior da AID-15 km, apenas as instalações da Eletronuclear são notadas. Nenhum outro empreendimento industrial está circunscrito por esse limite.
Ademais, Parati conta com 120 estabelecimentos de hospedagem, totalizando cerca de 4.000 leitos. O setor de comércio e serviços é a segunda atividade econômica de maior expressão para o município de Angra dos Reis.
O turismo, apontado como a vocação natural do município para o desenvolvimento, conta com 73 estabelecimentos de hospedagem, totalizando 1.401 unidades habitacionais. O comércio local está relativamente estruturado para receber todo tipo de turista, com grande variedade de hotéis e instalações para diversos níveis econômicos, inclusive os mais sofisticados, que conta com cinco hotéis de grande porte.
Por fim, na AID- 5km, apenas uma pequena área foi mapeada com plantio de palmito, no complexo hoteleiro Hotel do Frade, embora tenha-se constatado o plantio disperso de banana nas encostas. Com relação às atividades pesqueiras, são desenvolvidas com finalidade recreativa pelos moradores e turistas que ocupam os condomínios litorâneos e as marinas, destacando-se a marina dos funcionários da Eletronuclear, situada no Saco Piraquara de Fora, nas imediações da saída d' água do sistema de refrigeração secundária das usinas Angra 1 e Angra 2.
A única unidade industrial existente na área é a CNAAA.
O Hotel do Frade e o Golf Resort formam um complexo de condomínios e hotéis instalados na planície do Rio do Frade, ao sul da Vila de Cunhambebe, ocupando 178 milhões de metros quadrados de área. Trata-se de um empreendimento turístico de grande dimensão iniciado nos anos 70 do século passado com a ocupação das áreas de restinga e mangue, drenadas e aterradas, inteiramente descaracterizadas e irreversivelmente comprometidas em termos ambientais. Devido à presença da CNAAA, um contingente populacional significativo instalou-se nas áreas periféricas de Cunhambebe, em habitações precárias e com infra-estrutura inadequada.
Na Vila de Mambucaba há pequenas pousadas, com instalações improvisadas, que atendem ao turismo sazonal.
8.3. Caracterização das Comunidades Afetadas - topo
8.3.1. Estrutura ocupacional- topo
O município de Angra dos Reis, em 1980, destacou-se como o principal centro de atração do segmento fluminense, com 2.603 entradas e 1.507 saídas, resultando em um acréscimo populacional de 1.096 pessoas. Barra Mansa e Rio Claro apresentaram valores negativos no balanço: -300 e -559, respectivamente. Esse comportamento se manteve até 1991, quando Angra dos Reis foi superada por Resende. Ressalta-se que das 2.569 pessoas que ingressaram naquele ano em Resende, 1.817 saíram de Barra Mansa.
A Tabela 53 e a Figura 37 indicam como ocorreu a absorção da força de trabalho pelos setores de atividades. A urbanização é verificada em toda a área e se expressa no crescimento do setor terciário.
No seguimento paulista, até 1980, principal gerador de empregos, excluindo-se o setor terciário, eram as atividades agrícolas, exceto o município de Lorena, que já em 1970 tinha uma indústria com significativa absorção da população economicamente ativa (PEA).
A construção civil, representada nas estatísticas do IBGE apenas a partir de 1980, teve participação expressiva naqueles municípios cuja indústria do turismo vem alavancando o crescimento econômico, como é o caso de Ubatuba, Mangaratiba e Angra dos Reis.
Nos anos 60, o segmento fluminense apresentava uma distribuição da força de trabalho diferente daquela apresentada nos municípios de São Paulo, uma vez que já havia atividades industriais em Barra Mansa e em Resende. O município de Angra dos Reis, porém mantinha o predomínio dos setores primários e terciários na incorporação da população economicamente ativa, como se observa na Figura 38.
Tabela 53 - AII-50 km - População economicamente ativa, 1950-1991

Figura 37 - AII-50 km - População economicamente ativa (PEA) por setor de atividade, 1991.
Fonte: IBGE

Figura 38 - Angra dos Reis - População economicamente ativa (PEA) por setor de atividade.
Fonte: IBGE
Ao longo dos anos 70, a indústria passa a se fazer mais fortemente presente na economia dos municípios de Barra Mansa, Resende e Angra dos Reis. Neste último, ocorreu uma inversão nas atividades, que antes eram predominantemente agrícolas, para os setores industriais e da construção civil.
Nesse período, os municípios de Parati e Rio Claro tiveram sua mão-de-obra voltada para as atividades do setor primário, como a agricultura, a pecuária, a pesca e a extração vegetal. Em Parati, 81% da PEA encontravam-se na atividade agrícola, já em Rio Claro, este percentual é de 67%. A Figura 39 mostra a distribuição da PEA por setor de atividade econômica, no município de Parati.

Figura 39 - Parati - População economicamente ativa (PEA) por setor de atividade
Fonte: IBGE
As tabelas abaixo (Tabela 54 a Tabela 57) relacionam as principais ocupações dos trabalhadores, em 1985, 1990, 1995 e 2000, na AII-50 km, nos segmentos paulista e fluminense, e no município de Angra dos Reis, segundo a classificação brasileira de ocupações (CBO), conforme as relações anuais de informações sociais (RAIS) emitidas pelo Ministério do Trabalho. Destacam-se, mais uma vez, as ocupações de menor exigência quanto a qualificação, demonstrando a necessidade de investimentos na formação de profissionais, tanto em termos de escolaridade quanto de qualificação.
Observa-se que o padrão de ocupações em 1985 era semelhante entre os segmentos fluminense e paulista, exceto quanto às atividades referentes à construção civil. No município de Angra dos Reis, destacaram-se as ocupações de encanadores, soldadores, chapeadores, caldeireiros e montadores de estruturas metálicas; trabalhadores da construção civil e de manipulação de mercadorias e materiais, operadores de máquinas e trabalhadores assemelhados. Estas atividades parecem associadas aos grandes empreendimentos da época, como Angra I, em pleno funcionamento, e a indústria do turismo, no ápice de seu desenvolvimento, com seus hotéis, condomínios, marinas e loteamentos, modelando uma nova organização socioespacial.
Em decorrência do processo de urbanização, surgiram as atividades associadas à proteção e segurança, que em 1990 se destacaram dentre as demais, no município de Angra dos Reis. Ademais, ressalta-se que esta ocupação já aparecia entre as de maior significado, tanto fluminense quanto paulista.
Em 1995, a RAIS registrou significativa participação de trabalhadores agropecuários polivalentes nos municípios paulistas da área de influência da CNAAA. Já no município de Angra dos Reis destacou-se a categoria de professores (1.046 trabalhadores nesta época).
Tabela 54 - AII-50 km - Principais ocupações dos trabalhadores em 1985
Clique aqui para visualizar a tabela 54
Tabela 55 - AII-50 km - Principais ocupações dos trabalhadores em 1990
Clique aqui para visualizar a tabela 55
Tabela 56 - AII-50 km - Principais ocupações dos trabalhadores em 1995
Clique aqui para visualizar a tabela 56
Tabela 57 - AII-50 km - Principais ocupações dos trabalhadores em 2000
Clique aqui para visualizar a tabela 57
Em 2000, as principais ocupações do setor formal de trabalho foram: vendedores e empregados do comércio; trabalhadores de serviços administrativos, trabalhadores da construção civil, e de conservação e limpeza de edifícios e logradouros; professores; cozinheiros, garçons, barmen e trabalhadores assemelhados; e condutores de veículos.
A dinâmica econômica da AII-50 km pode ser avaliada também a partir da evolução do produto interno bruto (PIB) municipal, importante indicador para o dimensionamento da capacidade de geração de renda dos municípios (Tabela 58).
Tabela 58 - AII-50 km - PIB dos municípios, 1970-96 (em milhões de US$ de 1998)
Município |
1970 |
1975 |
1980 |
1985 |
1990 |
1996 |
Arapeí |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
8,3 |
Areias |
4,6 |
5,9 |
6,1 |
8,1 |
18,5 |
27,8 |
Bananal |
21,9 |
24,1 |
20,8 |
20,5 |
20,6 |
36,1 |
Cunha |
22,7 |
33,1 |
32,1 |
40,2 |
34,2 |
54,7 |
Lorena |
163,9 |
212,8 |
287,6 |
243,2 |
305,1 |
464,9 |
São José do Barreiro |
8,1 |
8,9 |
6,9 |
9,1 |
8,1 |
12,6 |
Silveiras |
7,9 |
7,1 |
8,1 |
8,9 |
7,2 |
10,6 |
Ubatuba |
30,9 |
61,2 |
79,4 |
94,6 |
174,1 |
267,2 |
Angra dos Reis |
156,1 |
195,2 |
452,7 |
416,4 |
489,1 |
53,1 |
Barra Mansa |
418,7 |
554,1 |
712,1 |
617,2 |
1210,2 |
123,6 |
Mangaratiba |
23,5 |
28,6 |
34,1 |
103,1 |
178,4 |
16,3 |
Parati |
21,1 |
29,3 |
42,1 |
44,1 |
4,6 |
5,5 |
Resende |
282,3 |
206,1 |
48,1 |
652,1 |
64,8 |
66,1 |
Rio Claro |
20,5 |
25,1 |
23,1 |
18,1 |
2,9 |
4,2 |
Fonte: Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, IPEA.
Os municípios do Estado do Rio de Janeiro apresentaram evolução mais acentuada, obtendo ganhos econômicos mais relevantes do que os municípios paulistas. A Figura 41 expressa a evolução do PIB em vários períodos. Destaca-se o crescimento de Barra Mansa, em especial entre 1990 e 1996, apesar de em 1985 ter sido superado por Resende. A economia de Barra Mansa é impulsionada pela intensa atividade industrial, desde a década de 40, com a instalação da CSN, até os dias atuais, com a consolidação do pólo metal-mecânico do Rio de Janeiro. Lorena e Ubatuba destacam-se como os municípios economicamente mais importantes do segmento paulista, reforçando a avaliação feita anteriormente.
Observando-se os dados de Angra dos Reis, é possível identificar que o pico do processo de geração de renda no município ocorreu entre 1975 e 1980. Algumas datas marcam a dinâmica econômica do município sede da CNAAA. Com as obras do estaleiro da Verolme, estima-se que 4.000 operários tenham sido recrutados da população local, acrescido de um fluxo migratório da mão-de-obra qualificada e também, não qualificada.
Estima-se que o município de Angra dos Reis ainda terá mais um crescimento populacional no período da construção de Angra 3. Atualmente, segundo a Eletronuclear, 3.500 pessoas trabalham na área do complexo da CNAAA (Angra 1, Angra 2, canteiro de obras de Angra 3, Vila Residencial da Praia Brava e no Feam-Hospital de Praia Brava). Com o empreendimento, espera-se um contingente de 9.100 trabalhadores no pico da obra. A Figura 40 demonstra a evolução de colaboradores no canteiro de obra em sete anos de construção.
Segundo a Eletronuclear, o maior número de operários no canteiro de obras da construção de Angra 3 acontecerá no quinto ano de construção, atingindo este máximo no segundo semestre.
Impulsionada pela conclusão, em 1976, do segmento rodoviário no município da BR-101, a indústria do turismo teve seu ápice nos anos 80, coincidindo com o comportamento na geração do PIB. Se o turismo revelou-se como a grande vocação municipal de geração de riqueza, Angra dos Reis também se consolidou como local preferido para instalação industrial. Tendo nos períodos seguintes a sua vida econômica regida pelos empreendimentos governamentais e privados, CNAAA, TEBIG e Estaleiro Brasfels.

Figura 40 - Estimativa de Pessoal no Canteiro de Obras - Angra 3
Fonte: Eletronuclear

Figura 41 - Evolução do produto interno bruto municipal
Fonte: IBGE / Science
A queda do PIB no período 80-85 pode estar associada à crise pela qual passou a economia nacional nos anos 80, com a conseqüente desaceleração das obras de Angra 2, retomadas em 1993, o início do processo de paralisação da Verolme, cuja falência promoveu entre 1985 e 1987 a demissão de cerca de 6.000 empregados, e finalmente, o corte de verbas da Petrobras. Esses fatores explicam as dificuldades que ainda hoje marcam a vida econômica de Angra dos Reis.
Na Figura 42 estão representadas as curvas de evolução do PIB nos municípios fluminenses, formadores da AII-50km. Percebe-se que Parati e Rio Claro mantiveram-se estáveis, com a menor geração de renda da área em estudo. Já Mangaratiba experimenta uma mudança significativa no período 80-85, mantendo-se em crescimento até 1996.
O município de Resende apresentou um crescimento do PIB de 1975 até 1985, quando passou a manter os níveis de crescimento. O principal pico de crescimento do PIB em Barra Mansa ocorre entre os anos de 1980 e 1985. Ressaltando-se que este município já vinha apresentando uma curva ascendente desde 1970, com uma queda brusca no período de crise da economia nacional, voltando a crescer em 1985, quando foram retomados os investimentos, em especial no parque industrial.
Em Angra dos Reis, a curva foi ascendente entre 1970 e 1980, coincidindo com os investimentos para a instalação de Angra 1 e com o ápice da indústria do turismo. A queda no período 80-85 coincide com a retração dos investimentos nos empreendimentos industriais, afetando a economia local. A partir de 1985 o movimento foi ascendente, sem alterações bruscas, porém atingindo o patamar observado em 1980.

Figura 42 - Evolução do PIB no segmento fluminense da AII-50 km
Fonte: IBGE
8.3.2. Educação - topo
A AII-50 km abrange diversos municípios paulistas e fluminenses com vários equipamentos, em destaque a rede escolar. Os dados apresentados nas duas seguintes tabelas foram coletados no IBGE. O período (2003) é o mais recente disponibilizado. Para os municípios paulistas, apresentam-se de acordo com a Tabela 59.
Tabela 59 - Escolas urbanas e rurais nos municípios paulistas, 2003
Clique aqui para visualizar a tabela 59
No segmento fluminense, tem-se os municípios de Angra dos Reis, Parati Barra Mansa, Resende, Rio Claro e Mangaratiba, conforme a Tabela 60 abaixo.
Tabela 60 - Escolas urbanas e rurais nos municípios fluminenses, 2003.
Clique aqui para visualizar a tabela 60
Os dados da Secretaria Estadual de Educação, na Tabela 61, dispõe do número de estabelecimentos de ensino, de professores, do número de salas em uso e do número de matrículas (exceto ensino superior) nos anos de 1998, 1999 e 2000.
Tabela 61 - Número de estabelecimentos de ensino, de professores, de salas em uso e de matrículas, no período de 1998 a 2000, em Angra dos Reis
Ano |
Número de unidades |
Número de professores |
Número de salas em uso
|
Número de matrículas* |
1998 |
87 |
1.703 |
643
|
32.929 |
1999 |
90 |
1.926 |
686
|
35.011 |
2000 |
91 |
2.251 |
706
|
36.390 |
Fonte: Secretaria Estadual de Educação - 1998 a 2000.
* Número de matrículas em creches, classes de alfabetização e Ensino Fundamental, Médio e Especial.
Embora exista um número considerável de alunos que permanecem sem acesso ao ensino público, sobretudo aqueles que moram nas ilhas e nos distritos mais afastados do centro do município, como Perequê, e pela falta de infra-estrutura e situação socioeconômica precária das famílias, houve um crescimento de 14% nas matrículas e menor aumento do número de salas, acarretando a elevada média de 51,5 alunos por sala de aula.
Apesar da média elevada de alunos por sala, em 1999, o município apresentou uma média percentual de 17% de alunos repetentes no Ensino Fundamental, enquanto na microrregião a média foi de 17,5%. Já em 2000, as mesmas taxas tiveram um pequeno decréscimo, atingindo os valores de 16,6% e 16,9%, respectivamente. As taxas de repetência são mais altas que a média estadual, tendo um mínimo de 15% nas seis primeiras séries e alcançando 25% na 5ª série (TCE, 2002).
Da mesma forma que no Ensino Fundamental, as taxas de repetência na primeira e na terceira séries do Ensino Médio são mais altas que a média estadual, atingindo, em 1999, as taxas de 9,5% para Angra dos Reis e 8,6% para a região da Baía da Ilha Grande.
Não existem programas efetivos de educação ambiental nas escolas. Então, algumas iniciativas isoladas, ainda em estágio inicial, não conseguem dar prosseguimento às atividades propostas, normalmente por falta de recursos.
Em 2000, o município de Angra dos Reis contava com 80 estabelecimentos de Ensino Fundamental, apresentando 27.467 matrículas. Quanto ao Ensino Médio, o município contava com 18 estabelecimentos e 6.526 matrículas. O município de Angra dos Reis conta com uma unidade de nível superior da Universidade Federal Fluminense, que oferece o curso de pedagogia, tendo 338 alunos matriculados no ano de 1999.
Em função da pequena oferta de cursos superiores no município, a maioria da população, especialmente os professores que atuam na rede pública de ensino de Angra dos Reis, se dirige para municípios vizinhos (Volta Redonda, Barra Mansa e Rio de Janeiro) em busca de cursos profissionalizantes para aprimorar a sua formação profissional.
Nesse sentido, a prefeitura dispõe de dois ônibus para facilitar o deslocamento, sendo um para Volta Redonda e outro para o bairro de Campo Grande, na Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro. A Eletronuclear dispõe de 10 ônibus, sendo 4 para a cidade do Rio de Janeiro, 2 para Volta Redonda e Barra Mansa, 1 para Niterói e 4 para o centro da cidade de Angra dos Reis. Apesar do transporte garantido de ida e volta, a população afirma que o serviço é insuficiente e que a solução é a implantação de novos cursos de nível médio e superior no município, contribuindo, desta forma, com a redução do deslocamento diário, cansativo e extremamente oneroso.
A capacitação profissional é uma das principais reivindicações da população do município de Angra dos Reis, visando a inserção no mercado de trabalho local ou de municípios vizinhos, aumentando assim as suas perspectivas profissionais e de qualidade de vida.
Os dados apresentados na Tabela 62 indicam a estrutura educacional de Parati, entre unidades federais, estaduais, municipais e particulares (dados da Secretaria Estadual de Educação, 1997 a 2000).
Tabela 62 - Número de estabelecimentos de ensino, número de salas em uso, número de professores e número de matrículas no período de 1997 a 2000, em Parati.
Ano |
Número de unidades |
Número de professores |
Participação da administração municipal (%) |
Número de salas em uso |
Número de matrículas* |
1997 |
50 |
730 |
74 |
222 |
8.560 |
1998 |
48 |
758 |
77 |
231 |
8.479 |
1999 |
52 |
848 |
75 |
237 |
8.900 |
2000 |
50 |
909 |
76 |
230 |
8.821 |
Fonte: Secretaria Estadual de Educação, 1997 a 2000.
* Número de matrículas em creches, classes de alfabetização, Ensino Fundamental, Médio e especial.
Analisando a tabela acima, observa-se que o município tem expressiva participação na rede escolar, com mais de 70% das unidades. No entanto, apesar do crescimento de 3% do número de matrículas e incremento do número de salas, não ocorreu uma alteração na média de 38,8 alunos por sala de aula, motivo este que pode estar associado aos níveis elevados de reprovação no município.
Em 1999, a média percentual de alunos repetentes no Ensino Fundamental em Parati, foi de 19,5%, enquanto a média na região da Baía da Ilha Grande foi de 17,5%. O curso fundamental apresenta elevado percentual de repetentes na primeira série, mantendo taxas elevadas em comparação à média estadual, com exceção da 5ª série, quando se verifica equivalência.
Quanto ao ensino especial, o município dispõe de um estabelecimento, com 98 alunos matriculados em 2000, contra 75 em 1999, 47 em 1998 e 49 em 1997. Daí, Parati oferece apenas uma faculdade de turismo.
Com relação às iniciativas voltadas para a educação ambiental, o Centro Educacional Leonardo da Vinci (CELAVI), reconhecida como uma ONG ambiental, promove projetos de desenvolvimento artístico e cultural, com reciclagem de materiais, principalmente junto à rede pública de escolas de Ensino Fundamental.
8.3.3. Saúde - topo
Na AII-50 km, são os municípios paulistas envolvidos: Arapeí, Areias, Bananal, Cunha, São José do Barreiro, Silveiras e Ubatuba. Tais municípios, detém equipamentos nas características relacionadas à saúde conforme a Tabela 63.
Tabela 63 - Equipamentos de saúde nos municípios paulistas.
Arapeí |
Saúde |
Um posto de saúde e duas farmácias |
Areias |
Saúde |
Um posto de saúde |
Bananal |
Saúde |
Um hospital municipal com 23 leitos, três unidades ambulatoriais e um centro de saúde. |
Cunha |
Saúde |
Um hospital da Santa Casa de Misericórdia, com laboratório de análises clínicas e 49 leitos, sete unidades ambulatoriais e cinco postos de saúde. |
São José do Barreiro |
Saúde |
Uma unidade mista de saúde, um posto de saúde, uma farmácia. Os problemas mais sérios são encaminhados para a cidade de Cruzeiro. |
Silveiras |
Saúde |
Um hospital com 19 leitos, três unidades ambulatoriais e uma farmácia. |
Ubatuba |
Saúde |
Um hospital com 62 leitos, 25 unidades ambulatoriais, 16 postos de saúde e sete centros de saúde. |
Fonte: prefeituras municipais e IBGE, contagem da população, 1996 (folha de coleta).
Esses pequenos municípios paulistas de frágil economia, centrados na produção pecuária, têm hoje por característica principal uma economia em franca decadência, contando com um aparelho institucional absolutamente deficiente, em especial quanto à saúde pública. Neste segmento a exceção fica por conta de Lorena, centro de atração regional, e Ubatuba, por sua vocação como centro turístico.
No segmento fluminense, excluindo-se os município de Angra dos Reis e Parati, que serão detalhados na infra-estrutura da AID-15 km, tem-se os municípios de Barra Mansa, Resende, Rio Claro e Mangaratiba.
Tabela 64 - Equipamentos de saúde nos municípios fluminenses, exceto Angra dos Reis e Parati.
Barra Mansa
|
Um hospital, 267 leitos, 81 unidades ambulatoriais. |
Resende
|
Três hospitais, 183 leitos, 56 unidades ambulatoriais. |
Rio Claro
|
Um hospital, 47 leitos, 22 unidades ambulatoriais. |
Mangaratiba
|
Um hospital, 57 leitos e 21 unidades ambulatoriais. |
Fonte: IBGE (cidades@)
Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Claro (2002) e IBGE, contagem da população, 1996 (folha de coleta).
8.3.4. Lazer, turismo e cultura - topo
Embora atualmente predomine a tendência a tratar o turismo como uma "indústria", optou-se por manter a conceituação clássica de serviços para esse grupo de atividades, que vem modificando, de maneira arrasadora e definitiva, as formas de uso e ocupação dos espaços locais. Na região, ou mais precisamente no litoral do município de Angra dos Reis, a indústria hoteleira, com seus hotéis, condomínios, marinas e loteamentos surgiu na década de 70 do século passado, atingindo o seu clímax nos anos 80. Modificou não apenas a paisagem costeira. Por isso, tornou-se o principal agente modificador do ambiente natural, haja visto os aterros nas áreas de mangues e restingas, os desmontes em penínsulas e as construções de harmonia arquitetônica duvidosa, que agridem a paisagem natural. Por outro lado, fez-se responsável por alterações significativas no corpo social, processo iniciado com a valorização especulativa dos terrenos, como é característico dos empreendimentos associados ao capital imobiliário. As atividades rurais e a pesca foram prejudicadas, com a transferência de terras para o novo segmento econômico.
Nas áreas mais afastadas do litoral, observa-se um movimento intenso em relação ao do turismo, principalmente o que vem sendo denominado "turismo ecológico". Certamente a tendência e a denominação são explicadas pelas justificativas iniciais que orientaram a criação dos parques nacionais e de outras áreas destinadas à conservação ou à preservação da natureza. Por todo o circuito paulista da Bocaina há a expectativa do "turismo ecológico" como caminho para a saída do processo de estagnação da economia regional. Muitos associam a essa modalidade de turismo os hotéis-fazenda. Esse tem sido observado tanto na região da Bocaina quanto no litoral.
Nas áreas de menor renda, observa-se a proliferação de pousadas, com instalações, do ponto de vista da hotelaria, precárias. A higiene é questionável em grande parte, da mesma forma que a segurança predial. Este fato pode ser observado em todos os municípios da região, paulistas ou fluminenses.
Parati conta com 120 estabelecimentos de hospedagem, totalizando cerca de 4.000 leitos. O setor de comércio e serviços é a segunda atividade econômica de maior expressão para o município de Angra dos Reis.
O turismo, apontado como a vocação natural do município para o desenvolvimento, conta com 73 estabelecimentos de hospedagem, totalizando 1.401 unidades habitacionais. O comércio local está relativamente estruturado para receber todo tipo de turista, com grande variedade de hotéis e instalações para muitos níveis econômicos, inclusive os mais sofisticados, que conta com cinco hotéis de grande porte.
O Hotel do Frade e o Golf Resort formam um complexo de condomínios e hotéis instalados na planície do Rio do Frade, ao sul da Vila de Cunhambebe, ocupando 178 milhões de metros quadrados de área. Trata-se de um empreendimento turístico de grande dimensão iniciado nos anos 70 do século passado com a ocupação das áreas de restinga e mangue, drenadas e aterradas, inteiramente descaracterizadas e irreversivelmente comprometidas em termos ambientais.
Na Vila de Mambucaba há pequenas pousadas, com instalações improvisadas, que atendem ao turismo sazonal.
Dentre os temas até agora abordados constata-se que o aspecto mais marcante é o baixo nível de escolaridade da população. Este fato interfere fortemente nos hábitos de lazer da população pesquisada.
Dentre as pessoas selecionadas, com idade igual ou superior a 15 anos, cerca de 80% responderam não praticar esportes e atividades físicas, não ir ao cinema, nem ao teatro, como demonstra os resultados da Tabela 65.
Tabela 65 - Moradores em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, por distrito, segundo hábitos de lazer menos praticados e grupos de idade - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002.
Hábitos de lazer menos praticados/grupos de idade |
Total |
Angra Sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
Total |
82.266 |
100,0 |
29.485 |
100,0 |
37.482 |
100,0 |
12.859 |
100,0 |
2.439 |
100,0 |
15 a 20 |
13.621 |
16,6 |
4.296 |
14,6 |
6.408 |
17,1 |
2.494 |
19,4 |
423 |
17,3 |
21 a 30 |
20.236 |
24,6 |
6.407 |
21,7 |
10.373 |
27,7 |
3.015 |
23,4 |
440 |
18,1 |
31 a 60 |
41.562 |
50,5 |
15.542 |
52,7 |
18.162 |
48,5 |
6.433 |
50,0 |
1.425 |
58,4 |
60 e mais |
6.847 |
8,3 |
3.240 |
11,0 |
2.538 |
6,8 |
917 |
7,1 |
151 |
6,2 |
Não pratica esportes e atividades físicas (exceto na praia) |
Total |
65.140 |
79,2 |
22.614 |
76,7 |
30.659 |
81,8 |
10.187 |
79,2 |
1.680 |
68,9 |
15 a 20 |
8.226 |
10,0 |
2.517 |
8,5 |
4.013 |
10,7 |
1.440 |
11,2 |
255 |
10,5 |
21 a 30 |
15.268 |
18,6 |
4.586 |
15,6 |
8.119 |
21,7 |
2.326 |
18,1 |
238 |
9,7 |
31 a 60 |
35.191 |
42,8 |
12.450 |
42,2 |
16.154 |
43,1 |
5.549 |
43,2 |
1.037 |
42,5 |
60 e mais |
6.455 |
7,8 |
3.061 |
10,4 |
2.373 |
6,3 |
871 |
6,8 |
151 |
6,2 |
Não caminha |
Total |
63.280 |
76,9 |
20.936 |
71,0 |
30.708 |
81,9 |
10.100 |
78,5 |
1.536 |
62,9 |
15 a 20 |
10.642 |
12,9 |
3.267 |
11,1 |
5.162 |
13,8 |
1.929 |
15,0 |
284 |
11,6 |
21 a 30 |
16.099 |
19,6 |
4.766 |
16,2 |
8.570 |
22,9 |
2.520 |
19,6 |
243 |
10,0 |
31 a 40 |
13.774 |
16,7 |
4.481 |
15,2 |
6.570 |
17,5 |
2.439 |
19,0 |
284 |
11,6 |
41 a 50 |
11.420 |
13,9 |
3.963 |
13,4 |
5.338 |
14,2 |
1.678 |
13,0 |
440 |
18,1 |
50 e mais |
11.345 |
13,8 |
4.459 |
15,1 |
5.067 |
13,5 |
1.535 |
11,9 |
284 |
11,6 |
Nunca vai a shopping |
Total |
33.273 |
40,4 |
7.916 |
26,8 |
16.559 |
44,2 |
7.807 |
60,7 |
991 |
40,6 |
15 a 20 |
3.859 |
4,7 |
486 |
1,6 |
1.931 |
5,2 |
1.223 |
9,5 |
220 |
9,0 |
21 a 30 |
6.879 |
8,4 |
1.129 |
3,8 |
3.872 |
10,3 |
1.755 |
13,7 |
122 |
5,0 |
31 a 60 |
18.215 |
22,1 |
4.512 |
15,3 |
9.093 |
24,3 |
4.066 |
31,6 |
545 |
22,3 |
60 e mais |
4.319 |
5,3 |
1.789 |
6,1 |
1.663 |
4,4 |
763 |
5,9 |
104 |
4,3 |
Nunca vai a shopping |
Total |
33.273 |
40,4 |
7.916 |
26,8 |
16.559 |
44,2 |
7.807 |
60,7 |
991 |
40,6 |
15 a 20 |
3.859 |
4,7 |
486 |
1,6 |
1.931 |
5,2 |
1.223 |
9,5 |
220 |
9,0 |
21 a 30 |
6.879 |
8,4 |
1.129 |
3,8 |
3.872 |
10,3 |
1.755 |
13,7 |
122 |
5,0 |
31 a 60 |
18.215 |
22,1 |
4.512 |
15,3 |
9.093 |
24,3 |
4.066 |
31,6 |
545 |
22,3 |
60 e mais |
4.319 |
5,3 |
1.789 |
6,1 |
1.663 |
4,4 |
763 |
5,9 |
104 |
4,3 |
Nunca vai a cinema |
Total |
65.503 |
79,6 |
21.944 |
74,4 |
31.446 |
83,9 |
10.473 |
81,4 |
1.640 |
67,2 |
15 a 20 |
8.952 |
10,9 |
2.317 |
7,9 |
4.658 |
12,4 |
1.704 |
13,3 |
272 |
11,2 |
21 a 30 |
15.144 |
18,4 |
4.285 |
14,5 |
8.228 |
22,0 |
2.398 |
18,7 |
232 |
9,5 |
31 a 60 |
34.942 |
42,5 |
12.339 |
41,8 |
16.102 |
43,0 |
5.516 |
42,9 |
985 |
40,4 |
60 e mais |
6.465 |
7,9 |
3.003 |
10,2 |
2.457 |
6,6 |
854 |
6,6 |
151 |
6,2 |
Nunca vai a teatro e concertos |
Total |
74.825 |
91,0 |
25.385 |
86,1 |
35.321 |
94,2 |
11.918 |
92,7 |
2.202 |
90,3 |
15 a 20 |
11.763 |
14,3 |
3.277 |
11,1 |
5.917 |
15,8 |
2.169 |
16,9 |
400 |
16,4 |
21 a 30 |
18.538 |
22,5 |
5.578 |
18,9 |
9.732 |
26,0 |
2.868 |
22,3 |
359 |
14,7 |
31 a 60 |
38.101 |
46,3 |
13.595 |
46,1 |
17.244 |
46,0 |
5.970 |
46,4 |
1.292 |
53,0 |
60 e mais |
6.424 |
7,8 |
2.934 |
10,0 |
2.428 |
6,5 |
910 |
7,1 |
151 |
6,2 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Conforme a Tabela 66, a seguir, pode-se afirmar que assistir à televisão e a fitas de vídeo é o lazer preferido de 80% dos moradores, freqüentemente, principalmente na faixa etária entre 31 e 60 anos (43%), em todos os distritos.
Tabela 66 - Moradores em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, por distrito, segundo hábitos de lazer mais freqüentes e grupos de idade - AID-15 km- Angra dos Reis - março de 2002
Hábitos de lazer mais freqüentes/grupos de idade |
Total |
Angra Sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
Total |
82.266 |
100,0 |
29.485 |
100,0 |
37.482 |
100,0 |
12.859 |
100,0 |
2.439 |
100,0 |
15 a 20 |
13.621 |
16,6 |
4.296 |
14,6 |
6.408 |
17,1 |
2.494 |
19,4 |
423 |
17,3 |
21 a 30 |
20.236 |
24,6 |
6.407 |
21,7 |
10.373 |
27,7 |
3.015 |
23,4 |
440 |
18,1 |
31 a 60 |
41.562 |
50,5 |
15.542 |
52,7 |
18.162 |
48,5 |
6.433 |
50,0 |
1.425 |
58,4 |
60 e mais |
6.847 |
8,3 |
3.240 |
11,0 |
2.538 |
6,8 |
917 |
7,1 |
151 |
6,2 |
Assistir à TV/vídeo |
Total |
70.355 |
85,5 |
24.857 |
84,3 |
31.969 |
85,3 |
11.460 |
89,1 |
2.069 |
84,8 |
15 a 20 |
12.181 |
14,8 |
3.726 |
12,6 |
5.737 |
15,3 |
2.335 |
18,2 |
382 |
15,7 |
21 a 30 |
17.695 |
21,5 |
5.452 |
18,5 |
9.044 |
24,1 |
2.817 |
21,9 |
382 |
15,7 |
31 a 60 |
35.070 |
42,6 |
12.983 |
44,0 |
15.245 |
40,7 |
5.678 |
44,2 |
1.165 |
47,7 |
60 e mais |
5.408 |
6,6 |
2.697 |
9,1 |
1.943 |
5,2 |
629 |
4,9 |
139 |
5,7 |
Leitura de livros/jornais |
Total |
36.408 |
44,3 |
13.590 |
46,1 |
15.106 |
40,3 |
6.159 |
47,9 |
1.553 |
63,7 |
15 a 20 |
5.957 |
7,2 |
1.905 |
6,5 |
2.625 |
7,0 |
1.148 |
8,9 |
278 |
11,4 |
21 a 30 |
9.410 |
11,4 |
3.013 |
10,2 |
4.542 |
12,1 |
1.560 |
12,1 |
296 |
12,1 |
31 a 60 |
19.098 |
23,2 |
7.647 |
25,9 |
7.323 |
19,5 |
3.190 |
24,8 |
939 |
38,5 |
60 e mais |
1.942 |
2,4 |
1.024 |
3,5 |
617 |
1,6 |
261 |
2,0 |
41 |
1,7 |
Visitar e receber amigos |
Total |
34.878 |
42,4 |
11.711 |
39,7 |
15.836 |
42,2 |
5.999 |
46,7 |
1.333 |
54,6 |
15 a 20 |
6.859 |
8,3 |
1.932 |
6,6 |
3.257 |
8,7 |
1.369 |
10,6 |
301 |
12,4 |
21 a 30 |
9.104 |
11,1 |
2.744 |
9,3 |
4.611 |
12,3 |
1.558 |
12,1 |
191 |
7,8 |
31 a 60 |
16.639 |
20,2 |
6.085 |
20,6 |
7.035 |
18,8 |
2.771 |
21,6 |
747 |
30,6 |
60 e mais |
2.277 |
2,8 |
950 |
3,2 |
933 |
2,5 |
301 |
2,3 |
93 |
3,8 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Em segundo lugar vem a opção de leitura de livros e jornais, envolvendo 44% da população pesquisada. Em seguida, receber e visitar amigos, com 42% dos moradores indicando esta atividade entre as alternativas realizadas habitualmente.
Analisando agora os dados sobre os hábitos de freqüentar praia em Angra dos Reis ou Parati, verifica-se que 42% dos moradores dos distritos desta área de investigação freqüentam e 58% não, conforme indicam os dados da Tabela 67. Entre os distritos, os moradores de Tarituba freqüentam praias em proporção maior que os demais (57%) e os de Cunhambebe em proporção menor (36%). Entre os freqüentadores das praias da região, a maioria encontra-se nas faixas etárias compreendidas entre 0 e 19 anos e 20 a 39 anos.
Tabela 67 - Moradores em domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo freqüência à praia em Angra dos Reis ou Parati, e por grupos de idade - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Freqüência à praia em Angra dos Reis ou Parati/grupos de idade |
Total |
Angra Sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
Total |
115.202 |
100,0 |
38.711 |
100,0 |
54.674 |
100,0 |
18.724 |
100,0 |
3.094 |
100,0 |
0 a quatro anos |
11.006 |
9,6 |
2.977 |
7,7 |
5.977 |
10,9 |
1.896 |
10,1 |
156 |
5,1 |
Cinco e nove anos |
10.966 |
9,5 |
2.987 |
7,7 |
5.713 |
10,4 |
2.051 |
11,0 |
214 |
6,9 |
10 a 19 anos |
22.116 |
19,2 |
6.829 |
17,6 |
10.872 |
19,9 |
3.777 |
20,2 |
637 |
20,6 |
20 a 39 anos |
39.057 |
33,9 |
13.130 |
33,9 |
18.788 |
34,4 |
6.252 |
33,4 |
887 |
28,7 |
40 a 59 anos |
24.325 |
21,1 |
9.167 |
23,7 |
10.359 |
18,9 |
3.808 |
20,3 |
991 |
32,0 |
60 anos ou mais |
7.717 |
6,7 |
3.615 |
9,3 |
2.961 |
5,4 |
938 |
5,0 |
203 |
6,6 |
Sem reposta |
16 |
0,0 |
5 |
0,0 |
5 |
0,0 |
- |
- |
6 |
0,2 |
Sim |
Total |
48.827 |
42,4 |
19.553 |
50,5 |
19.598 |
35,8 |
7.921 |
42,3 |
1.756 |
56,7 |
0 a quatro anos |
3.296 |
2,9 |
1.050 |
2,7 |
1.586 |
2,9 |
584 |
3,1 |
75 |
2,4 |
Cinco e nove anos |
4.432 |
3,8 |
1.567 |
4,0 |
1.990 |
3,6 |
730 |
3,9 |
145 |
4,7 |
10 a 19 anos |
12.170 |
10,6 |
4.470 |
11,5 |
5.183 |
9,5 |
2.077 |
11,1 |
440 |
14,2 |
20 a 39 anos |
19.543 |
17,0 |
7.990 |
20,6 |
7.842 |
14,3 |
3.126 |
16,7 |
585 |
18,9 |
40 a 59 anos |
8.161 |
7,1 |
3.816 |
9,9 |
2.612 |
4,8 |
1.253 |
6,7 |
481 |
15,5 |
60 anos ou mais |
1.225 |
1,1 |
660 |
1,7 |
385 |
0,7 |
151 |
0,8 |
29 |
0,9 |
Sem reposta |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Não |
Total |
66.328 |
57,6 |
19.147 |
49,5 |
35.052 |
64,1 |
10.797 |
57,7 |
1.333 |
43,1 |
0 a quatro anos |
7.697 |
6,7 |
1.926 |
5,0 |
4.378 |
8,0 |
1.312 |
7,0 |
81 |
2,6 |
Cinco e nove anos |
6.516 |
5,7 |
1.414 |
3,7 |
3.717 |
6,8 |
1.315 |
7,0 |
70 |
2,2 |
10 a 19 anos |
9.945 |
8,6 |
2.359 |
6,1 |
5.688 |
10,4 |
1.701 |
9,1 |
197 |
6,4 |
20 a 39 anos |
19.514 |
16,9 |
5.140 |
13,3 |
10.946 |
20,0 |
3.126 |
16,7 |
301 |
9,7 |
40 a 59 anos |
16.164 |
14,0 |
5.351 |
13,8 |
7.747 |
14,2 |
2.555 |
13,6 |
510 |
16,5 |
60 anos ou mais |
6.492 |
5,6 |
2.955 |
7,6 |
2.576 |
4,7 |
787 |
4,2 |
174 |
5,6 |
Sem reposta |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Sem reposta |
Total |
47 |
0,0 |
11 |
0,0 |
25 |
0,0 |
6 |
0,0 |
6 |
0,2 |
0 a quatro anos |
13 |
0,0 |
- |
- |
13 |
0,0 |
- |
- |
- |
- |
Cinco a nove anos |
17 |
0,0 |
5 |
0,0 |
6 |
0,0 |
6 |
0,0 |
- |
- |
10 a 19 anos |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
20 a 39 anos |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
40 a 59 anos |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
60 anos ou mais |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Sem reposta |
16 |
0,0 |
5 |
0,0 |
5 |
0,0 |
- |
- |
6 |
0,2 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Quanto ao lazer no distrito sede de Parati, seguem algumas questões relativas aos principais hábitos de lazer da população residente, bem como os hábitos e usos que eles fazem das praias de Parati e Angra dos Reis.
Considerando a população residente com 15 anos de idade ou mais, observa-se que esta população usualmente não pratica esportes e atividades físicas. Apenas 23,1% declaram praticar esportes e desenvolver atividades físicas, conforme indicam os dados apresentados na Tabela 68.
Tabela 68 - Moradores em domicílios particulares permanentes de 15 anos de idade ou mais, por prática de esportes e atividades físicas (exceto na praia) e grupos de idade -
Parati sede - março de 2002
Prática de esportes e atividades físicas (exceto na praia)/grupos de idade |
Parati sede |
Total |
% |
Total |
Total |
10.866 |
100,0 |
15 a 20 |
1.489 |
13,7 |
21 a 30 |
3.049 |
28,1 |
31 a 60 |
5.236 |
48,2 |
60 e mais |
1.093 |
10,1 |
Não pratica |
Total |
8.358 |
76,9 |
15 a 20 |
777 |
7,1 |
21 a 30 |
2.054 |
18,9 |
31 a 60 |
4.482 |
41,2 |
60 e mais |
1.046 |
9,6 |
Uma vez por semana |
Total |
875 |
8,0 |
15 a 20 |
317 |
2,9 |
21 a 30 |
247 |
2,3 |
31 a 60 |
311 |
2,9 |
60 e mais |
- |
- |
Duas a três vezes por semana |
Total |
896 |
8,2 |
15 a 20 |
211 |
1,9 |
21 a 30 |
425 |
3,9 |
31 a 60 |
230 |
2,1 |
60 e mais |
31 |
0,3 |
Mais de três vezes por semana |
Total |
738 |
6,8 |
15 a 20 |
185 |
1,7 |
21 a 30 |
323 |
3,0 |
31 a 60 |
213 |
2,0 |
60 e mais |
16 |
0,1 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Aqueles que praticam esportes e atividades físicas o fazem pelo menos duas vezes por semana e são, principalmente, jovens (entre 15 a 30 anos).
Considerando as demais alternativas apresentadas como hábitos de lazer pode-se afirmar que assistir à televisão e a fitas de vídeo é a atividade preferida pelos moradores de Parati, conforme expressa o gráfico da Figura 43, a seguir.
No sentido oposto, 93,6% declaram nunca ir ao shopping, 98,1% ao cinema; e 98,5%, a teatro e concertos, como indicado na Tabela 69.
Em contrapartida, o hábito de visitar e receber amigos é bastante expressivo dentre a população residente com 15 anos de idade ou mais. Os dados apresentados na Tabela 70 mostram que 41,3% declaram freqüentemente visitar e receber amigos, enquanto 44,3% às vezes visitam e recebem amigos e apenas 14,4% declaram não praticar estas atividades sociais.

Figura 43 - Hábito de assistir à TV / vídeo da população de 15 anos de idade ou mais - Parati sede.
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Tabela 69 - Moradores em domicílios particulares permanentes com 15 anos de idade ou mais, por ir a shoppings, cinema e teatro / concertos, segundo freqüência e grupos de idade-Parati sede - março de 2002.
Freqüência / grupos de idade |
Shoppings |
Cinema |
Teatro/concertos |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
Total |
10.866 |
100,0 |
10.866 |
100,0 |
10.866 |
100,0 |
15 a 20 |
1.489 |
13,7 |
1.489 |
13,7 |
1.489 |
13,7 |
21 a 30 |
3.049 |
28,1 |
3.049 |
28,1 |
3.049 |
28,1 |
31 a 60 |
5.236 |
48,2 |
5.236 |
48,2 |
5.236 |
48,2 |
60 e mais |
1.093 |
10,1 |
1.093 |
10,1 |
1.093 |
10,1 |
Freqüentemente |
Total |
90 |
0,8 |
15 |
0,1 |
31 |
0,3 |
15 a 20 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
21 a 30 |
30 |
0,3 |
- |
- |
21 |
0,2 |
31 a 60 |
60 |
0,6 |
15 |
0,1 |
10 |
0,1 |
60 e mais |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Às vezes |
Total |
611 |
5,6 |
186 |
1,7 |
131 |
1,2 |
15 a 20 |
81 |
0,7 |
35 |
0,3 |
20 |
0,2 |
21 a 30 |
231 |
2,1 |
60 |
0,6 |
35 |
0,3 |
31 a 60 |
254 |
2,3 |
71 |
0,7 |
50 |
0,5 |
60 e mais |
45 |
0,4 |
20 |
0,2 |
25 |
0,2 |
Nunca |
Total |
10.166 |
93,6 |
10.665 |
98,1 |
10.705 |
98,5 |
15 a 20 |
1.408 |
13,0 |
1.454 |
13,4 |
1.469 |
13,5 |
21 a 30 |
2.788 |
25,7 |
2.989 |
27,5 |
2.993 |
27,5 |
31 a 60 |
4.922 |
45,3 |
5.150 |
47,4 |
5.175 |
47,6 |
60 e mais |
1.047 |
9,6 |
1.072 |
9,9 |
1.067 |
9,8 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Tabela 70 - Moradores em domicílios particulares permanentes de 15 anos de idade ou mais, por hábito de visitar e receber amigos e grupos de idade - Parati sede - março de 2002.
Visitar e receber amigos / grupos de idade |
Parati sede |
Total
|
% |
Total |
Total |
10.866 |
100,0 |
15 a 20 |
1.489 |
13,7 |
21 a 30 |
3.049 |
28,1 |
31 a 60 |
5.236 |
48,2 |
60 e mais |
1.093 |
10,1
|
Freqüentemente |
Total |
4.484 |
41,3 |
15 a 20 |
664 |
6,1 |
21 a 30 |
1.286 |
11,8 |
31 a 60 |
2.056 |
18,9 |
60 e mais |
478 |
4,4
|
Às vezes |
Total |
4.817 |
44,3 |
15 a 20 |
637 |
5,9 |
21 a 30 |
1.384 |
12,7 |
31 a 60 |
2.284 |
21,0 |
60 e mais |
513 |
4,7
|
Nunca |
Total |
1.566 |
14,4 |
15 a 20 |
189 |
1,7 |
21 a 30 |
379 |
3,5 |
31 a 60 |
896 |
8,2 |
60 e mais |
102 |
0,9 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Assistir e participar de eventos religiosos também é uma atividade praticada entre 52,8% dos moradores de Parati, conforme mostra o gráfico da Figura 44, a seguir.

Figura 44 - Distribuição da população de 15 anos ou mais, residente em Parati, segundo participação em eventos religiosos.
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Verifica-se, pela Tabela 71, que 48,5% dos moradores de Parati declaram freqüentar praias em Parati e Angra dos Reis e a maioria dos freqüentadores encontra-se na faixa etária compreendida entre 20 e 39 anos.
Tabela 71 - Moradores em domicílios particulares permanentes com 15 anos de idade ou mais, por freqüência à praia em Angra dos Reis ou Parati, e por grupos de idade - Parati sede - março de 2002
Freqüência à praia em Angra dos Reis ou Parati / grupos de idade |
Parati sede |
Total |
%
|
Total |
Total |
14.382 |
100,0 |
0 a quatro anos |
1.366 |
9,5 |
Cinco e nove anos |
1.218 |
8,5 |
10 a 19 anos |
2.551 |
17,7 |
20 a 39 anos |
5.154 |
35,8 |
40 a 59 anos |
2.933 |
20,4 |
60 anos ou mais |
1.155 |
8,0 |
Sem reposta |
5 |
0,0
|
Sim |
Total |
6.972 |
48,5 |
0 a quatro anos |
534 |
3,7 |
Cinco e nove anos |
732 |
5,1 |
10 a 19 anos |
1.629 |
11,3 |
20 a 39 anos |
2.848 |
19,8 |
40 a 59 anos |
1.049 |
7,3 |
60 anos ou mais |
180 |
1,3 |
Sem reposta |
- |
-
|
Não |
Total |
7.399 |
51,4 |
0 a quatro anos |
831 |
5,8 |
Cinco e nove anos |
481 |
3,3 |
10 a 19 anos |
921 |
6,4 |
20 a 39 anos |
2.307 |
16,0 |
40 a 59 anos |
1.884 |
13,1 |
60 anos ou mais |
975 |
6,8 |
Sem reposta |
- |
-
|
Sem reposta |
Total |
10 |
0,1 |
0 a quatro anos |
- |
- |
Cinco e nove anos |
5 |
0,0 |
10 a 19 anos |
- |
- |
20 a 39 anos |
- |
- |
40 a 59 anos |
- |
- |
60 anos ou mais |
- |
- |
Sem reposta |
5 |
0,0 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
8.3.5. Organização social - topo
A organização social foi analisada para algumas características referentes à avaliação da população residente sobre as condições de vida nos municípios de Angra dos Reis e Parati, à posse de documentos e ao grau de associativismo.
8.3.5.1. Avaliação dos moradores da AID-15 km quanto às condições de vida - topo
Os resultados expressos na Tabela 72 revelam como os moradores residentes em domicílios particulares permanentes, de 15 anos de idade ou mais na AID-15 km, percebem seu local de residência quanto às vantagens e desvantagens em residir naquele local, e as mudanças ocorridas no município de Angra dos Reis que interferem na qualidade de vida da população.
Tabela 72 - Opinião dos moradores residentes em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, sobre os motivos e desvantagens em morar no domicílio e as condições de vida no município de Angra dos Reis - AID-15 km
Avaliação quanto ao local de residência |
Avaliação das condições de vida no município |
Motivo para residir no domicílio |
Desvantagem em residir no domicílio |
Avaliação |
Causa da melhora das condições de vida |
Dependentes da família e proximidade á residência de amigos ou parentes (31%) |
Nenhuma (35%) |
Melhorou (48%) |
Investimentos governamentais (60%) |
Localização (16%) |
Custo de vida (10%) |
Não mudou (31%) |
Melhoria do serviço público (16%) |
Proximidade do trabalho (8%) |
Violência (9%) |
Piorou (20%) |
Geração de novos empregos (8%) |
Beleza do local (3%) |
Dificuldade de transporte (6%) |
|
Benefícios patrocinados por empresa privada (6%) e empenho dos moradores através de suas associações (6%) |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Na opinião dos moradores sobre as condições de vida no município de Angra dos Reis, a questão chave é a percepção quanto à melhora, manutenção ou piora das condições de vida no município. Destaca-se o alto percentual (48%) de moradores que consideram que houve mudanças positivas em relação às condições de vida no município de Angra dos Reis, conforme indicam os resultados apresentados na Figura 45.

Figura 45 - Condições de vida no município de Angra dos Reis, segundo opinião dos moradores da AID-15 km.
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Dentre os que consideram que não ocorreram mudanças nas condições de vida no município, 14% tinham, em março de 2002, entre 31 e 60 anos. É também nessa faixa etária que se concentra o maior número de moradores que declararam que as condições de vida no município pioraram.
Dos que consideram que houve melhora nas condições de vida, 60% atribuem esta situação aos investimentos governamentais e 16% atribuem as melhores condições à melhoria nos serviços públicos.
Os resultados apresentados demonstram que, tomando a AID-15 km como um todo, e considerando-se a população de 15 anos de idade ou mais, a avaliação das condições de vida do município de Angra dos Reis é positiva. Contudo, há que se proceder à mesma avaliação a um nível territorial mais desagregado, neste caso os distritos para que estas conclusões sejam identificadas, considerando-se as desigualdades sociais e econômicas existentes entre os distritos. Neste caso vale mencionar que no distrito de Cunhambebe 54% dos moradores revelaram ter havido melhora nas condições de vida. Em relação aos que declararam que as condições pioraram, Mambucaba apresenta a mais alta taxa: 28%.
Quanto às condições de vida em Parati, 45,6% da população de 15 anos de idade ou mais, avaliam que não ocorreram mudanças significativas nas condições de vida nos últimos anos no município. Para 30,1% houve mudanças positivas e 24,2% avaliam que as condições pioraram.
Dentre aquelas pessoas que consideram que houve melhora nas condições de vida, 30,8% atribuem esta situação às melhorias nos serviços públicos, enquanto para 29,8%, aos investimentos governamentais, 9,8%, aos benefícios patrocinados por empresas privadas; 13,4% atribuem a melhora na qualidade de vida à geração de novos empregos. De um modo geral, a avaliação das condições de vida no município de Parati é positiva.
A Tabela 73, a seguir, apresenta a avaliação dos moradores, segundo grupos de idade, quanto às condições de vida no município.
Tabela 73 - Moradores em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, por grupos de idade e opinião sobre as condições de vida no Município - Parati sede - março de 2002
Grupos de idade / opinião sobre as condições de vida no município |
Parati sede |
Total |
% |
Total
|
|
|
Total |
10.866 |
100,0 |
Melhoraram |
3.269 |
30,1 |
Não mudaram |
4.954 |
45,6 |
Pioraram |
2.628 |
24,2 |
Sem reposta |
16 |
0,1 |
15 a 20
|
|
|
Total |
1.489 |
13,7 |
Melhoraram |
349 |
3,2 |
Não mudaram |
884 |
8,1 |
Pioraram |
257 |
2,4 |
Sem reposta |
- |
- |
21 a 30
|
|
|
Total |
3.049 |
28,1 |
Melhoraram |
660 |
6,1 |
Não mudaram |
1.710 |
15,7 |
Pioraram |
679 |
6,2 |
Sem reposta |
- |
- |
31 a 60
|
|
|
Total |
5.236 |
48,2 |
Melhoraram |
1.757 |
16,2 |
Não mudaram |
1.951 |
18,0 |
Pioraram |
1.511 |
13,9 |
Sem reposta |
16 |
0,1 |
60 e mais
|
|
|
Total |
1.093 |
10,1 |
Melhoraram |
503 |
4,6 |
Não mudaram |
408 |
3,8 |
Pioraram |
182 |
1,7 |
Sem reposta |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Na Figura 46, compara-se a avaliação das condições de vida no município, considerando a opinião dos moradores dos respectivos distritos. Observa-se que os habitantes de Tarituba têm uma avaliação mais positiva que aqueles residentes no distrito sede. Na leitura desses resultados devem ser considerados o tamanho da população em número de habitantes e o viés decorrente da presença da Vila de Mambucaba (vila residencial de funcionários da Eletronuclear).

Figura 46 - Opinião dos moradores quanto às condições de vida no município de Parati
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
8.3.5.2. Posse de Documentos e Associativismo - topo
Os resultados analisados, a seguir, são relativos à posse de documentos e ao grau de associativismo dos moradores da AID-15 km, elementos fundamentais no exercício da cidadania, bem como para a avaliação do grau de organização e mobilização da população local.
A pesquisa registrou que 85% dos moradores têm carteira de identidade, carteira de trabalho, CPF / CIC, certificado de reservista (para moradores do sexo masculino com 18 anos ou mais) e título de eleitor, ou seja, a documentação básica para qualquer cidadão. Esta situação assemelha-se em todos os distritos, conforme retrata a Tabela 74.
Tabela 74 - Moradores em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, por distrito, segundo posse de documentos - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002.
Documentos |
Total |
Angra sede |
Cunhambe-be |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Carteira de identidade |
74.033 |
90,0 |
27.079 |
91,8 |
33.206 |
88,6 |
11.437 |
88,9 |
2.312 |
94,8 |
Carteira de trabalho |
70.303 |
85,5 |
25.100 |
85,1 |
32.379 |
86,4 |
10.831 |
84,2 |
1.993 |
81,7 |
Carteira de motorista |
18.690 |
24,6 |
6.782 |
24,5 |
7.587 |
21,9 |
3.029 |
26,5 |
1.292 |
57,5 |
CPF / CIC |
71.071 |
86,4 |
26.435 |
89,7 |
32.034 |
85,5 |
10.423 |
81,1 |
2.179 |
89,3 |
Título de eleitor |
72.511 |
90,4 |
26.620 |
91,9 |
32.741 |
89,5 |
10.926 |
88,3 |
2.225 |
96,5 |
Carteira de reservista |
30.715 |
40,4 |
11.231 |
40,6 |
14.250 |
41,1 |
4.412 |
38,6 |
823 |
36,6 |
Conta corrente |
26.867 |
32,7 |
11.431 |
38,8 |
10.200 |
27,2 |
3.805 |
29,6 |
1.431 |
58,7 |
Poupança |
17.489 |
21,3 |
7.009 |
23,8 |
7.034 |
18,8 |
2.496 |
19,4 |
950 |
39,0 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
A análise dos resultados quanto ao grau de associativismo dos moradores com 15 anos de idade ou mais na AID-15 km (Tabela 75), que vivem em domicílios particulares permanentes, revela o baixo grau de participação comunitária dos moradores.
Tabela 75 - Moradores em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, que participam de eventos / atividades, reuniões, processos eleitorais, ou cursos organizados por alguma associação ou órgão comunitário, por distrito, segundo órgão / associação comunitária - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002.
Órgão / associação comunitária |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
82.266 |
100,0 |
29.485 |
100,0 |
37.482 |
100,0 |
12.859 |
100,0 |
2.439 |
100,0 |
Associação de bairro ou moradores |
7.455 |
9,1 |
2.238 |
7,6 |
3.571 |
9,5 |
1.484 |
11,5 |
162 |
6,6 |
Associação esportiva |
394 |
0,5 |
100 |
0,3 |
161 |
0,4 |
110 |
0,9 |
23 |
0,9 |
Associação cultural |
208 |
0,3 |
79 |
0,3 |
32 |
0,1 |
74 |
0,6 |
23 |
0,9 |
Associação filantrópica |
342 |
0,4 |
153 |
0,5 |
69 |
0,2 |
74 |
0,6 |
46 |
1,9 |
Associação de pais e mestres |
383 |
0,5 |
106 |
0,4 |
53 |
0,1 |
207 |
1,6 |
17 |
0,7 |
Movimento religioso |
1.755 |
2,1 |
823 |
2,8 |
573 |
1,5 |
289 |
2,2 |
70 |
2,9 |
Movimento ambientalista |
179 |
0,2 |
127 |
0,4 |
26 |
0,1 |
4 |
0,0 |
23 |
0,9 |
ONG |
130 |
0,2 |
21 |
0,1 |
12 |
0,0 |
56 |
0,4 |
41 |
1,7 |
Outro |
991 |
1,2 |
512 |
1,7 |
317 |
0,8 |
116 |
0,9 |
46 |
1,9 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Dentre os que declaram participar de alguma entidade, a maioria informa estar ligado à associação de moradores, e, em segundo lugar, a algum movimento religioso. Alerta-se que o quesito referente à participação ou associação em algum órgão comunitário permite múltiplas respostas; por isso os percentuais totalizam mais que 100%. Esta informação é válida para todos os distritos da AID-15 km.
Já os resultados apresentados na Tabela 76 revelam que, embora não estando associados a algum órgão comunitário, 9.984 moradores (12%) de 15 anos de idade ou mais de um total de 82.266 participaram voluntariamente, em benefício da comunidade, no último ano.
Tabela 76 - Moradores em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, por distrito, segundo participação voluntária em alguma atividade em benefício da comunidade, e por grupos de idade - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002.
Participação voluntária em alguma atividade em benefício da comunidade / grupos de idade |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
82.266 |
100,0 |
29.485 |
100,0 |
37.482 |
100,0 |
12.859 |
100,0 |
2.439 |
100,0 |
Sim |
9.984 |
12,1 |
4.058 |
13,8 |
3.854 |
10,3 |
1.701 |
13,2 |
371 |
15,2 |
Não |
71.686 |
87,1 |
25.105 |
85,1 |
33.434 |
89,2 |
11.077 |
86,1 |
2.069 |
84,8 |
Sem resposta |
596 |
0,7 |
322 |
1,1 |
193 |
0,5 |
81 |
0,6 |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
A análise dos resultados quanto ao grau de associativismo dos moradores de Parati com 15 anos de idade ou mais, revela baixo grau de participação, conforme indica a Tabela 77, a seguir.
Tabela 77 - Moradores em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, por associação a órgão comunitário e por grupos de idade - Parati sede - março de 2002.
Associação a algum órgão comunitário / grupos de idade |
Parati sede |
Total |
% |
Total
|
|
|
Total |
10.866 |
100,0 |
15 a 20 |
1.489 |
13,7 |
21 a 30 |
3.049 |
28,1 |
31 a 60 |
5.236 |
48,2 |
60 e mais |
1.093 |
10,1 |
Sim
|
|
|
Total |
639 |
5,9 |
15 a 20 |
30 |
0,3 |
21 a 30 |
74 |
0,7 |
31 a 60 |
398 |
3,7 |
60 e mais |
137 |
1,3 |
Não
|
|
|
Total |
10.227 |
94,1 |
15 a 20 |
1.459 |
13,4 |
21 a 30 |
2.974 |
27,4 |
31 a 60 |
4.838 |
44,5 |
60 e mais |
955 |
8,8 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Dentre os que declaram participar de alguma entidade, 84,4% informam estarem ligados à associação de moradores, enquanto 20,9% se dizem associados a movimentos religiosos; 19,9% a associações filantrópicas e 13,6% a algum órgão / associação ligada a movimentos ambientalistas.
Os resultados apresentados na Tabela 78 revelam que embora não estando associados a algum órgão comunitário, 17,8% da população de 15 anos de idade ou mais têm predisposição para participar voluntariamente em atividades que beneficiam a comunidade (1.934 pessoas, de um total de 10.866).
Tabela 78 - Moradores em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, por participação voluntária em alguma atividade em benefício da comunidade, e por grupos de idade - Parati sede - março de 2002.
Participação voluntária em alguma atividade em benefício da comunidade / grupos de idade |
Parati Sede |
Total |
% |
Total
|
|
|
Total |
10.866 |
100,0 |
15 a 20 |
1.489 |
13,7 |
21 a 30 |
3.049 |
28,1 |
31 a 60 |
5.236 |
48,2 |
60 e mais |
1.093 |
10,1 |
Sim
|
|
|
Total |
1.934 |
17,8 |
15 a 20 |
227 |
2,1 |
21 a 30 |
383 |
3,5 |
31 a 60 |
1.152 |
10,6 |
60 e mais |
172 |
1,6 |
Não
|
|
|
Total |
8.933 |
82,2 |
15 a 20 |
1.262 |
11,6 |
21 a 30 |
2.666 |
24,5 |
31 a 60 |
4.084 |
37,6 |
60 e mais |
921 |
8,5 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Para 10,5% dos moradores de Parati, para o exercício da cidadania é importante a vinculação a um sindicato ou a algum órgão de classe (principalmente entre o segmento de pessoas com idade entre 31 e 60 anos), conforme mostram os resultados apresentados na Tabela 79.
Tabela 79 - Moradores em domicílios particulares permanentes, com 15 anos de idade ou mais, por sindicalização ou associação a algum órgão de classe, e por grupos de idade -Parati
Sindicalização ou associação a algum órgão de classe / grupos de idade |
Parati sede |
Total |
% |
Total
|
|
|
Total |
10.866 |
100,0 |
15 a 20 |
1.489 |
13,7 |
21 a 30 |
3.049 |
28,1 |
31 a 60 |
5.236 |
48,2 |
60 e mais |
1.093 |
10,1 |
Sim
|
|
|
Total |
1.140 |
10,5 |
15 a 20 |
51 |
0,5 |
21 a 30 |
141 |
1,3 |
31 a 60 |
827 |
7,6 |
60 e mais |
122 |
1,1 |
Não
|
|
|
Total |
9.706 |
89,3 |
15 a 20 |
1.439 |
13,2 |
21 a 30 |
2.908 |
26,8 |
31 a 60 |
4.388 |
40,4 |
60 e mais |
971 |
8,9 |
Sem reposta
|
|
|
Total |
21 |
0,2 |
15 a 20 |
- |
- |
21 a 30 |
- |
- |
31 a 60 |
21 |
0,2 |
60 e mais |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Uma análise da cidadania expressa através da posse de documentos e do grau de associativismo indica 80% dos moradores de Parati têm a documentação básica para qualquer cidadão, carteira de identidade, carteira de trabalho, CPF / CIC e título de eleitor. Já a carteira de reservista foi declarada por apenas 36,8% da população residente com idade superior a 18 anos, e a carteira de motorista foi declarada por 27,3% dos moradores.
8.3.5.3. ONGs - topo
A descrição deste sistema baseou-se na Pesquisa Comunitária realizada no período de 3 a 21 de outubro de 2002, nos municípios das áreas de influência direta e indireta do empreendimento. Tais municípios são: Silveiras, Arapeí, Areias, Bananal, Cunha; Lorena, São José do Barreiro, e Ubatuba, pelo Estado de São Paulo; e Angra dos Reis, Barra Mansa, Mangaratiba, Parati, Resende e Rio Claro, pelo Estado do Rio de Janeiro.
Esta pesquisa teve como objetivos principais:
- identificar e caracterizar as organizações não governamentais atuantes nos municípios alvo;
- conhecer a opinião de seus membros quanto à Angra 1 e Angra 2; e
- identificar o grau de aceitação da implantação de Angra 3.
Para tanto, procedeu-se a um levantamento de informação das organizações não governamentais, tendo como instrumento de coleta um questionário com perguntas abertas visando obter informações quanto à identificação, localização área de atuação, bem como a opinião de seus representantes quanto ao empreendimento da Eletronuclear.
Na área de influência direta foram privilegiadas, além de ONGs ambientalistas, as associações de moradores locais.
Deste modo, foram identificadas 18 organizações não governamentais, nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, conforme apresentado a seguir.
Estado do Rio de Janeiro
Nome: Instituto de Preservação Histórico e Ambiental do Cairuçu - IPNAC |
Fundação: 1999 |
No de fundadores: 20 |
No de participantes: 300 famílias |
Endereço: Rua Samuel Costa, 159 - Parati |
Presidente: Kimy Tsukamoto (respondeu ao questionário) |
Vice-presidente: Milton Mota |
Secretário: |
Área de atuação: preservação ambiental e desenvolvimento sustentável |
Atividades: |
- Desenvolvimento de uma Agenda 21 - comunidades locais.
|
- Código Ambiental Municipal (em andamento).
|
- Plano Diretor - colaboração (em andamento).
|
- Comitê Gestor da APA Cairuçu.
|
- Propostas de saneamento básico para o centro histórico.
|
Agentes financiadores / parcerias |
- Iniciativa privada e comunidade local.
|
- Prefeitura local / Governo dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
|
Angra 1 e Angra 2 |
"As opiniões não são uniformes. As pessoas têm diferentes entendimentos sobre a viabilidade...". |
Angra 3 |
"Que seja um processo muito profissional. Que haja um projeto que pense nas várias facetas a longo prazo...". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Essa resposta eu gostaria que a comunidade participasse. Compensação como? Ou compensação por insalubridade? Precisamos saber quais os impactos para relacionar custo benefício nos vários níveis...". |
Nome: Crescente Fértil Projetos Ambientais, Culturais e de Comunicação |
Fundação: 1996 |
No de fundadores: 12 |
No de associados: 20 |
No de participantes: 2000 pessoas |
Endereço: Estrada J.C. Silveira, 2629 - Serrinha - Resende |
Conselho diretor: Waldo Luiz César e Luiz Morato Neto |
Diretor executivo: Luiz Felipe César |
Área de atuação: Assessoria técnica a municípios e empresas na área ambiental, sobretudo na de educação ambiental e processos participativos - condução de fóruns eletrônicos nacionais e internacionais. |
Atividades: |
- Patrulha Ambiental Mirim da Serrinha.
|
- Festival de Teatro de Resende.
|
- Projeto Integrando Ações na Mantiqueira.
|
- Pensamento Ambiental em Resende (projeto editorial).
|
Agentes financiadores / parcerias |
|
- Prefeitura Municipal de Resende
|
- Prefeitura Municipal de Itatiaia
|
|
|
Angra 1 e Angra 2 |
"Preferia que não tivessem sido feitas. Por outro lado, o Brasil tem que ter a tecnologia. Devem ser mantidas desde que toda a segurança ambiental e ações mitigadoras de impactos sejam desenvolvidas". |
Angra 3 |
"Preferia que não fosse instalada e que o investimento fosse dirigido para pesquisa e produção de energia de fonte renovável e não poluente, por exemplo, solar e eólica". |
Ações Mitigadoras e Compensatórias |
"Plano absolutamente seguro e sustentável para transporte e armazenamento do resíduo. .... segurança das pessoas que moram próximas". |
Nome: O Nosso Vale! A Nossa Vida |
Fundação: 1998 |
No de fundadores: 40 |
Agrega: comunidades de Barra Mansa e Itatiaia |
Endereço: Rua Andrade Figueira, 325 - sala 301 Centro - Barra Mansa |
Conselho diretor: Oscar Gabrig Filho (biólogo), Terry Vincent Mcintyre (geógrafo), Lucas Rocha Carneiro (engenheiro agrônomo), Vera Lúcia Teixeira (bióloga), Vânia Costa Pimentel (estudante). |
Diretores executivos: Ângelo José Rodrigues Lima - Vera Lúcia Teixeira e Maria do Carmo Silva. |
Área de atuação: Gestão e Planejamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos na região. |
Atividades: |
- Vistoria no Rio Barra Mansa - apresentado no V Congresso Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente.
|
- Barra Mansa nas águas da cidadania - CREA-RJ e UBM (seminário).
|
- Bacia do Rio Paraíba do Sul: problemas e perspectivas (mesa redonda).
|
- Perspectivas geográficas no século XXI (seminário).
|
- Plano de gestão da agricultura alternativa para Minas Gerais (projeto).
|
- I Seminário mineiro de agricultura transgênica.
|
- Curso de meio ambiente para legisladores.
|
- Limpeza do Rio Barra Mansa (mutirão).
|
|
- Cursos (diversos) nas áreas de agricultura, alimentos, biologia e meio ambiente - FAT, SENAR, SENAC, Escola de Saúde - MG, Prefeituras Municipais, ONG e Cooperativas.
|
- Palestras (diversas) nas áreas de agricultura, alimentos, biologia e meio ambiente, prefeituras, escolas, universidades e ONGs.
|
- Projeto Semeando - educação para ensino fundamental - SENAR - AR - MG.
|
- Comissão provisória da Agenda 21.
|
- Vantagens da utilização do aguapé no saneamento (curso).
|
- Debate sobre meio ambiente entre candidatos a Prefeito de Barra Mansa.
|
- Ciclo de palestras sobre transgênicos em Minas Gerais.
|
- GT de políticas públicas.
|
- Proposta mineira para a Agenda 21 Nacional.
|
- Colegiado Estadual de Agricultura Orgânica - MAA.
|
- Câmara Setorial de Agrotóxico - IMA.
|
- Museu Interativo para Educação e Cultura (projeto).
|
- Comitê para a Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - CEIVAP.
|
- Coleta seletiva de lixo (projeto).
|
- II Encontro da Rede de ONGs da Mata Atlântica.
|
- I Encontro das ONGs de Barra Mansa.
|
- Seminário sobre a cobrança pelo uso da água na bacia do Rio Paraíba do Sul.
|
- Programa O Nosso Vale; A Nossa vida - Sensibilizando o cidadão.
|
Agentes financiadores / parcerias |
|
- Universidade de Barra Mansa - UBM
|
|
|
Angra 1 e Angra 2 |
"As usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 foram instaladas em local impróprio para este tipo de usina, especialmente no que diz respeito à segurança dos moradores da região". Nosso Vale! Nossa Gente |
Angra 3 |
"Tendo em vista que o Brasil tem potencial para utilizar outras formas de energia, a nossa expectativa é de que a usina nuclear Angra 3 não seja instalada". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"O principal problema das usinas em Angra dos Reis é caso aconteça um acidente, as estradas para evacuarem os moradores da região estão em péssimo estado. Porém reafirmamos a nossa expectativa de que mais um erro não seja cometido". |
Nome: Associação Comercial Agro-Pastoril |
Fundação: 1958 |
No de fundadores: 17 |
Agrega: população envolvida com comércio - indústria e pecuária de Mangaratiba |
Endereço: Rua Rio Grande do Norte, 56 - Mangaratiba |
Presidente: Mario Lúcio Mata |
Área de atuação: comércio - indústria e pecuária. |
Atividades: saneamento básico - limpeza constante de praias e rios. |
Agentes financiadores / parcerias: balcão SEBRAE |
Angra 1 e Angra 2 |
"....impostas sem direito de opinar ou manifestar qualquer tipo de opinião com relação ao seu funcionamento ou mesmo com relação a segurança da população". Associação Comercial Industrial Agro-Pastoril |
Angra 3 |
"Desde que não haja perigo para a população e que tenha toda segurança de funcionamento". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Construção de hospital devidamente aparelhado para qualquer emergência em caso de acidente nuclear .... duplicar a estrada Rio-Santos (BR-101).... aparelhar os municípios vizinhos com um sistema de evacuação rápida...". |
Nome: Associação de Moradores e Amigos de Muriqui |
Fundação: 1980 |
Agrega: a comunidade de Muriqui |
Endereço: Rua Guanabara lote 5 - Muriqui - Mangaratiba |
Presidente: Roil de Noronha Soares |
Área de atuação: cursos de capacitação - educação ambiental e programas de conservação do meio ambiente. |
Atividades: |
|
- Projeto Recicle - reciclagem do lixo.
|
- Cursos de capacitação para o trabalho.
|
- Projetos com a população flutuante.
|
Agentes financiadores / parcerias: Lions - igrejas locais. |
Angra 1 e Angra 2 |
"Nunca deveria ser construída em Angra dos Reis. Não sou contra. Sou contra o local". |
Angra 3 |
"Eu sou contra. Acho que a população toda deveria ser consultada". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Programa sério de evacuação. Estradas.... programa de educação ambiental. preservação real da reserva florestal...". Associação de Moradores e Amigos de Muriqui - Amam |
Nome: Lions Clube Mangaratiba |
Fundação: 1989 |
No de fundadores: 29 |
Agrega: 2.000 pessoas |
Endereço: Av. Nações Unidas, 653 - Muriqui - Mangaratiba |
Presidente: Pedro Sauro |
Diretor: Vasco Ribeiro M. Corrêa (respondeu ao questionário) |
Área de atuação: educação, saúde, meio ambiente e assistência social |
Atividades: |
- Implantação de um consultório de oftalmologia;
|
- Assistência social à comunidade;
|
|
Agentes financiadores / parcerias |
|
- Prefeitura de Mangaratiba;
|
|
Angra 1 e Angra 2 |
"Favorável...". |
"São importantes para o país, mas foram construídas em lugar impróprio, sem os cuidados necessários". Lions Clube Mangaratiba (membro) |
Angra 3 |
"Favorável, desde que atendidos os requisitos de segurança, ambientais e que traga melhorias da qualidade de vida para as populações locais". |
"... com consulta às populações locais e adoção de medidas efetivas de proteção ao meio ambiente e à sociedade". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Duplicação da BR-101..., implantação de hospitais públicos municipais, cuidados ambientais monitorados por conselhos municipais, EIA / RIMA com participação das prefeituras ....". (membro) |
Nome: Amigos do Verde |
Fundação: 1998 |
No de fundadores: 10 |
Agrega: comunidade de Mangaratiba |
Endereço: Rua Araribóia, 115 - Mangaratiba |
Presidente: Regina Célia Cataldo (respondeu ao questionário) |
Área de atuação: educação ambiental, projetos de conservação e preservação, projetos sociais e cursos. |
Atividades: |
- Projetos com a Colônias de Pescadores Z-16.
|
- Curso de técnicas de processamento de pescado.
|
- Curso de mecânica náutica.
|
- Cursos para jovens - através do Programa de Capacitação Solidária (cinco cursos).
|
Agentes financiadores / parcerias |
|
|
- Prefeitura Municipal de Mangaratiba
|
- Centro Comunitário Nossa Senhora Aparecida
|
- Colônia de Pescadores Z-16
|
Angra 1 e Angra 2 |
"Há preocupação com a proximidade". |
Angra 3 |
"O problema só vai aumentar. Até agora não foram nem resolvidos os problemas de Angra 1 e 2. Não justifica o investimento...". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Esse assunto deve ser discutido amplamente com toda a população do entorno ...". |
Nome: Centro Excursionista de Parati |
Fundação: 1990 |
No de fundadores: 12 |
No de associados: 60 |
Agrega: a comunidade de Parati, as ilhas e os turistas (Título de Utilidade Pública Municipal) |
Endereço: Rua Antonio Nubile de França s/n - Parati |
Presidente: João Fernandes (respondeu ao questionário) |
Vice-presidente: Maria Auxiliadora |
Responsável técnico: Wander de Oliveira (engenheiro florestal) |
Área de atuação: projetos ambientais, educação ambiental, curso de guia de caminhadas ecológicas e outros. |
Atividades: |
- Reestruturação do Caminho Velho do Ouro.
|
- Criação da base científica ambiental da Pedra Branca.
|
- Capacitação de guias ecológicos.
|
- Monitores ambientalistas.
|
Agentes financiadores / Parcerias |
|
- Universidade Federal Fluminense - UFF
|
- Ministério da Agricultura / CNA
|
|
Angra 1 e Angra 2 |
"Na época foram implantadas sem a opinião da população. Quanto aos planos de emergência, todos ficaram incompletos e não dá para entender por que Parati está fora. Já que em linha direta está mais próximo que Angra dos Reis". |
Angra 3 |
"Desde que feito um amplo debate com as populações do entorno e as medidas de segurança claras e os impactos também, é possível a construção". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Instalação de uma rede hospitalar - Hospitais Pólos - para atender emergências no caso de acidentes. Plano de evacuação que as comunidades confiem. Estruturar as unidades de conservação do entorno para sua efetiva implantação". |
Nome: Associação de Moradores do Centro Histórico - Parati |
Fundação: 2002 |
No de fundadores: 52 |
Agrega: 500 pessoas |
Endereço: Praça Macedo Soares, s/n, Parati |
Presidente: Samuel Gibrail Costa (respondeu o questionário) |
Vice-presidente: Oswaldo de Oliveira Moreira |
Área de atuação: projetos ambientais para o Centro Histórico |
Atividades: |
- Projeto de segurança do Centro Histórico.
|
- Projeto de saneamento e recuperação da rua da Lapa.
|
- Recuperação da Praça Santa Rita.
|
- Levantamento geral do Centro Histórico.
|
Agentes financiadores / Parcerias: parte do financiamento dos projetos é doado por empresários locais. Parceria com a Prefeitura Municipal de Parati. |
Angra 1 e Angra 2 |
"Acho que não deveria ter sido construída, muito menos no local que foi. O Brasil tinha outras alternativas. Já está provado que não funciona. O risco é grande, além do mais o equipamento é sucata alemã". |
Angra 3 |
"Eu sou contra. A única vantagem é criar emprego temporário, mas as conseqüências sociais são negativas". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Nada compensa a construção de outra usina na região". |
"A verba proveniente da Usina nunca chega ao município. Alguma coisa chegou há uns quatro anos. O Rio sempre esqueceu de Parati. Esqueceu até que deve um resgate pago por nós à invasão (acho que holandeses) da Cidade do Rio de Janeiro". |
Nome: Conselho Municipal de Associações de Moradores - COMAM - Angra dos Reis |
Fundação: 1983 |
No de associados: 98 |
Agrega: 75.000 pessoas |
Endereço: Rua São Bernardino de Sena, 10/fundos, Angra dos Reis |
Coordenação: Luiz Antônio de Souza Ferreira - (jurídico -respondeu ao questionário) e Lair dos Santos Pereira (financeiro). |
Área de atuação: associações de moradores de Angra dos Reis, melhoria da qualidade de vida local. |
Atividades: |
|
- Programa de Saúde Indígena - PSI.
|
- Projeto Mova - Alfabetização de adultos.
|
- Programa de Saúde da Família - PSF.
|
Agentes financiadores / parcerias: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis e Iate Clube de Santos |
Angra 1 e Angra 2 |
"Para nós foi bom, deu empregos, investimento para Angra, mas trouxe problemas também. Com o término da construção da Usina os trabalhadores ficaram no município, acarretando o crescimento desordenado". |
Angra 3 |
"Sou a favor desde que se prepare a cidade para receber essa demanda". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Melhorar a estrutura na cidade. Construção de hospitais, escolas, mais recursos financeiros advindos de Angra 1, 2 e 3. Ter energia mais barata. Não se aceita morar ao lado da fábrica e pagar caro..... Turistas deixaram de vir para Angra... praias contaminadas ... o ônus por tê-los aqui". |
Nome: Conselho Municipal de Associações de Moradores de Parati |
Fundação: 2000 |
No de associados: 31 associações de moradores |
Agrega: 40.000 pessoas |
Endereço: Sertão do Taquari - Parati |
Diretor executivo: Euristácio Moura de Oliveira (apelido Domingos, respondeu ao questionário). Cada setor tem um diretor. |
Área de atuação: educação, saúde, saneamento e agroecoturismo |
Atividades: |
- Projeto de Integração das Comunidades
|
- Projeto de Agroecoturismo
|
|
- Orçamento participativo (início da luta)
|
- Informativo mensal do COMAMP
|
Agentes financiadores / parcerias |
- Fundo NOVIB (instituição estrangeira)
|
- Instituto de Desenvolvimento de Ação Comunitária - IDACO
|
- Prefeitura Municipal de Parati
|
Angra 1 e Angra 2 |
"É um mal que já está aí. Foi um projeto implantado sem a opinião das comunidades locais. Não está bem definido o Plano de Evacuação, principalmente em Parati. E o lixo, para onde vai?" |
Angra 3 |
"Primeiro tem que ser feita uma consulta popular com definição do local onde será colocado o lixo nuclear". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Melhorar as vias de acesso - evacuação. Centro de monitoração com informação constante para a população. Melhorar a rede de saúde dos municípios, monitorando a área de influência de possíveis irradiações. Fórum de desenvolvimento local integrado". |
Nome: Associação dos Movimentos Ambientalistas de Angra dos Reis - AMAR |
Fundação: 1986 |
No de fundadores: 14 |
Agrega: 1.500 pessoas |
Presidente: Odir Plácido Barbosa Duarte (respondeu ao questionário) |
Vice-presidente: Marcos Fernando Ramos Moreira |
Área de atuação: preservação e conservação do maio ambiente |
Atividades: |
- Projeto da Ilha Grande (lixo)
|
|
- Centro de Estudos Ambientais (em andamento)
|
Angra 1 e Angra 2 |
"Foi implantada num sistema de ditadura. Há efeitos negativos grandes. Risco de acidentes. Desequilíbrio social. Falta plano de emergência e depósito definido". |
Angra 3 |
"Péssimas. É tudo mentira. Não beneficia o município. Só traz problemas sociais. Aumenta o número de habitantes, nível de pobreza, aumenta a degradação do meio ambiente. Não acho legal". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"A democracia é pior que a ditadura. Ela impõe a mesma coisa. A Usina repassa migalhas achando que ainda faz um favor. Deveria seguir as tabelas internacionais e as compensações financeiras também". |
Estado de São Paulo
Nome: Núcleo de Educação Ambiental do Vale Histórico - Bananal |
Fundação: 2002 |
Agrega: 1.000 alunos da rede formal de ensino e 10.000 pessoas na educação informal |
Coordena: a Rede do Vale Histórico (municípios de Bananal, São José do Barreiro, Arapeí , Areias e Silveiras) - Praça Dona Domiciliana - Estação ferroviária - Vale Histórico |
Coordenadora: Michele Marie Cheminand (respondeu ao questionário) |
Área de atuação: educação ambiental programas para unidades de conservação. |
Atividades: |
- Curso de capacitação de professores.
|
|
- Programa de Educação Ambiental da Estação Ecológica.
|
- Seminários e palestras na região.
|
Agentes financiadores / Parcerias |
- Prefeitura Municipal de Bananal - Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo
|
>Angra 1 e Angra 2 |
"Acho que o Brasil não tem necessidade de utilizar essa energia. Temos outras opções de produção". |
Angra 3 |
"Sou contra". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Investir mais em programas de educação ambiental, principalmente nas áreas direta e indiretamente afetadas pelas usinas. Não temos Corpo de Bombeiros, Brigada de Incêndio e a população não tem conhecimento nenhum". Núcleo de Educação Ambiental. |
Nome: Sociedade de Amigos da Lagoinha Norte |
Fundação: 1998 |
No de fundadores: 12 |
Agrega: o município de Ubatuba |
Endereço: Rua Rio de Janeiro, 494 - Ubatuba |
Presidente: Antônio Cezar de Oliveira |
Diretora: Mia Mafalda Niedheit (respondeu ao questionário) |
Área de atuação: projetos de melhoria da qualidade de vida da comunidade |
Atividades: |
- Palestras trimestrais na área de saúde
|
|
|
- Colocação de guia, canalização de valas e captação de águas pluviais
|
- Reciclagem de PET (projeto- aguardando aprovação do Governo do Estado de São Paulo)
|
Agentes financiadores / parcerias: rateio entre os proprietários |
Angra 1 e Angra 2 |
"... se houver vazamento, quais as conseqüências? Fomos contra, com movimento popular, mas não fomos atendidos". Sociedade de Amigos da Lagoinha Norte (membro) |
Angra 3 |
"... talvez por falta de informação, somos contra. É necessário a terceira?....". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Hospital, estrada e muita informação ...". |
Nome: União Protetora dos Animais - UPA |
Fundação: 1997 |
No de fundadores: 85 |
Agrega: a comunidade de Lorena e municípios vizinhos |
Endereço: Rua Cícero de Souza, 59 - Lorena |
Presidente: Miriam Aparecida Mioni |
Vice-presidente: Marie Celine Rousseau Nogueira |
Responsável técnico: Valdemir dos Santos |
Área de atuação: projetos de educação ambiental, programa de preservação animal e edição de informativo da ONG. |
Agentes financiadores / parcerias: Basf e o Prefeitura de Lorena, que doou o terreno da sede |
Angra 1 e Angra 2 |
"Achamos que o silêncio quanto ao que será feito com o lixo armazenado é o maior problema .... bem como o plano de evacuação no caso de acidentes". |
Angra 3 |
"Que todos possam acompanhar os estudos de impacto de Angra 3." - UPA |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Um programa amplo de educação ambiental....... Apoio a nossa ONG no sentido de implantar um centro de recuperação e reintegração de animais silvestres...". |
Nome: Associação de Moradores do Parque dos Ministérios |
Fundação: 1997 |
Agrega: 200 casas, com 1.000 moradores |
Endereço: Rua Reforma Agrária, 201 - Ubatuba |
Presidente: José Lucas dos Santos Filho |
Área de atuação: parcerias em projetos de saneamento básico e saúde da comunidade. |
Atividades |
- Colocação de guias e sarjetas, e asfalto.
|
- Programa de saúde da família.
|
Agentes financiadores / parceiros: Governo Federal e Prefeitura Municipal de Ubatuba |
Angra 1 e Angra 2 |
"Na época fomos todos contra, mas não fomos escutados. O regime era de ditadura". |
Angra 3 |
"Continuo sendo contra". |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Se sou contra não dou opinião nessa questão". |
Nome: Associação Amigos do Bairro Jardim Carolina |
Fundação: 2000 |
Agrega: 1.600 pessoas |
Endereço: Rua das Violetas, 310 - Ubatuba |
Presidente: Luis Claudinei Salgado |
Área de atuação: parcerias em projetos de saneamento básico e saúde da comunidade. |
Atividades |
- Implantação de área de esporte, recreação e lazer
|
- Cultivo das plantas para plantio no bairro
|
- Implantação de rede de esgotos
|
- Iluminação pública parcial
|
- Plantio de palmeiras ao longo da rodovia que corta o bairro (parceria com a prefeitura municipal de Ubatuba).
|
Agentes Financiadores /Parceiros |
- Prefeitura Municipal de Ubatuba
|
|
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Angra 1 e Angra 2 |
"Usinas implantadas sem aprovação popular, nossa cidade não possui planos de segurança. Não sei se os benefícios são compatíveis com os riscos". |
Angra 3 |
"... aumentar a insegurança?" |
Ações mitigadoras e compensatórias |
"Investimento em vias de acesso... escoamento de segurança". |
Nome: Pró-Bocaina |
Endereço: São José do Barreiro |
Presidente: Rui Paim |
Responsável Técnico: João Rocco |
A ONG foi procurada algumas vezes e seu presidente não respondeu ao questionário. É a única ONG que trabalha com o Parque Nacional da Serra da Bocaina. Na visita ao parque nacional, foi constatada a fragilidade da fiscalização do local, visto que os recursos humanos e o material disponível estão aquém das reais necessidades. |
A ONG mais antiga é a Associação Pró-Parque Nacional de Itatiaia com sede em Resende (1987). Não pode ser entrevistada, pois o seu presidente faleceu e ela está passando por reestruturações.
A ONG que agrega mais pessoas é o COMAM de Angra dos Reis, com aproximadamente 75.000, integrando as associações de moradores de Angra dos Reis.
A maioria das ONGs pesquisadas foi fundada na década de 80.
Todas as ONGs pesquisadas têm seu estatuto registrado e estão em dia com suas obrigações legais.
Cerca de 70% das ONGs afirmaram que a comunidade em que atuam não sabem com detalhes o que é "energia nuclear".
A ONG Sapê, identificada em Angra dos Reis, não pode ser pesquisada, pois a sua presidência não pode receber por duas ocasiões o pesquisador.
Cerca de 24% das ONGs pesquisadas agregam mais de três mil pessoas em suas atividades.
8.3.6. Condições habitacionais - topo
As condições habitacionais fundamentaram-se em indicadores. Então, foram construídos três indicadores para sintetizar as condições de vida dos habitantes da AID-15 km.
O primeiro deles (TOD) é definido pela razão entre o total de moradores nos distritos e o total dos domicílios particulares permanentemente ocupados, buscando-se observar a densidade de ocupação domiciliar.
O segundo indicador (DOD) representado pela razão entre o total de moradores no domicílio e o número de cômodos que servem de dormitório.
O terceiro indicador (SAB) de maior expressão, refere-se ao saneamento básico e corresponde à proporção de domicílios atendidos por rede geral de distribuição, com canalização interna, esgotamento sanitário por rede geral ou pluvial e coleta de lixo por serviço de limpeza urbana em relação ao total de domicílios dos distritos. Os referidos indicadores estão expressos na Tabela 80.
Tabela 80 - Indicadores de condições de vida dos moradores da AID-15 km, segundo distritos
Distritos |
TOD |
DOD |
SAB |
Total |
3,6 |
2,0 |
34,4 |
Angra dos Reis |
3,5 |
1,9 |
35,5 |
Cunhambebe |
3,6 |
2,1 |
36,7 |
Mambucaba |
3,7 |
2,1 |
18,4 |
Tarituba |
3,7 |
1,6 |
74,0 |
Fonte: “Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA”, Science.
Observa-se, que em média, na área composta pela AID-15 km a taxa de ocupação dos cômodos que servem de dormitórios situa-se na faixa de duas pessoas por cômodo. Em Cunhambebe e Mambucaba a taxa de ocupação é mais densa, Tarituba apresenta a menor taxa de ocupação e o município de Angra dos Reis aproxima-se da média.
Pelo indicador que descreve a densidade populacional por domicílio (TOD) não se percebem grandes diferenças entre os distritos. Em todos eles as taxas são muito semelhantes (entre 3,5 e 3,7).
Quando se analisa o indicador de saneamento básico, observa-se a diferença de investimentos básicos feitos em Tarituba. Neste distrito 74% dos domicílios são abastecidos pela rede geral e têm canalização interna, o esgotamento sanitário se dá através da rede geral ou pluvial e a coleta de lixo é feita pelo serviço de limpeza. Em oposição, encontra-se Mambucaba que, apesar de abrigar funcionários das usinas nucleares, apresenta um índice de 18%, indicando que apenas o segmento referente às vilas residenciais tem serviços de saneamento básico adequado. Como já assinalado anteriormente, esta situação no distrito de Mambucaba expressa o significado do aglomerado de Perequê influenciando os padrões de condições de vida no distrito.
AID-15 km
A primeira indicação das condições de infra-estrutura básica dos logradouros onde se localizam os domicílios particulares permanentes pesquisados na AID-15 km refere-se à maior concentração de domicílio no distrito de Cunhambebe, 47% do total, seguida pelo distrito sede de Angra dos Reis, com 34% dos domicílios.
Em relação à iluminação dos logradouros, 55% são considerados bem iluminados e 12% não têm iluminação. Cunhambebe e Mambucaba lideram os distritos sem iluminação, e Tarituba, os logradouros mais bem iluminados.
Na AID-15 km, 43% dos domicílios particulares permanentes possuem ruas consideradas pelos moradores como bem pavimentadas, sendo que, em Tarituba, 67% dos domicílios estão situados em ruas bem pavimentadas, seguido pelo distrito sede de Angra dos Reis (50%), Cunhambebe (41%) e Mambucaba, com apenas 25%.
No extremo oposto, verifica-se que 31% dos domicílios pesquisados encontram-se em ruas não pavimentadas. Deste total, 54% situam-se em Mambucaba, onde 63% dos domicílios existentes localizam-se em logradouros não pavimentados. Esta é uma situação inversa à ocorrida na AID-5 km, onde o distrito de Cunhambebe apresenta as piores condições de pavimentação. O que provoca essa inversão é a inclusão do Perequê no distrito de Mambucaba.
Se adicionarmos os logradouros mal pavimentados e não pavimentados, conclui-se que 57% dos domicílios encontram-se em ruas com pavimentação precária. Mais uma vez destaca-se o distrito de Mambucaba, com índice de 75% dos domicílios nessas condições, seguido por Cunhambebe (58%), Angra (50%), e Tarituba, com 33%.
O acesso aos domicílios é bastante satisfatório, pois verifica-se que se pode chegar em 74% deles por qualquer veículo. Destaca-se Tarituba pela situação mais privilegiada, onde se tem acesso aos domicílios por qualquer tipo de veículo, em 97% dos casos.
É impossível ter acesso por qualquer veículo em 4.830 domicílios, sendo que a grande maioria localiza-se no distrito sede de Angra dos Reis (3.589 domicílios), ou seja, 74% dos domicílios nesta situação.
O acesso por veículos pequenos, tipo motocicleta, bicicleta ou carroça, ocorre em cerca de 11% dos domicílios, destacando-se Cunhambebe, com 59% (2.061) sendo alcançados por esses tipos de veículos. A Tabela 81, a seguir, resume essas características.
Tabela 81 - Domicílio particular permanente, por características do logradouro, segundo os distritos da AID-15 km
Distritos |
Iluminação (%) |
Pavimentação (%) |
Acesso (%) |
Bem |
Mal |
Sem |
Bem |
Mal |
Sem |
Todos os veículos |
Veículos pequenos |
Nenhum veículo |
Total |
54,9 |
32,9 |
12,0 |
42,7 |
26,3 |
31,0 |
74,2 |
10,8 |
15,0 |
Angra |
57,4 |
35,9 |
6,5 |
50,5 |
50,5 |
11,2 |
59,8 |
8,0 |
32,3 |
Cunhambebe |
54,2 |
31,1 |
14,5 |
41,4 |
41,4 |
35,4 |
79,1 |
13,6 |
7,2 |
Mambucaba |
46,0 |
36,6 |
17,5 |
25,2 |
25,2 |
63,0 |
87,5 |
9,6 |
2,8 |
Tarituba |
89,7 |
3,4 |
6,8 |
67,1 |
12,3 |
20,5 |
96,6 |
2,7 |
0,7 |
Fonte: “Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA”, Science.
A análise do tipo e espécie do domicílio é relevante para a caracterização da durabilidade do imóvel e das condições de vida dos moradores. No total da AID-15 km, 78% caracterizam-se por serem casas não rústicas e 15% por serem apartamentos, conforme a Tabela 82. Casas rústicas e cômodas representam em torno de 7% dos domicílios particulares permanentes. Esta situação é a mesma para todos os domicílios formadores daquela área, com percentuais variáveis, mas seguindo a mesma tendência.
Tabela 82 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo tipo do domicílio – AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002.
Tipo do domicílio |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
32.165 |
100,0 |
11.125 |
100,0 |
15.137 |
100,0 |
5.057 |
100,0 |
846 |
100,0 |
Casa não rústica |
24.963 |
77,6 |
7.869 |
70,7 |
12.206 |
80,6 |
4.112 |
81,3 |
776 |
91,8 |
Casa rústica |
1.962 |
6,1 |
670 |
6,0 |
882 |
5,8 |
351 |
6,9 |
58 |
6,8 |
Apartamento |
4.906 |
15,3 |
2.560 |
23,0 |
1.824 |
12,0 |
511 |
10,1 |
12 |
1,4 |
Cômodo |
250 |
0,8 |
21 |
0,2 |
187 |
1,2 |
41 |
0,8 |
- |
- |
Sem reposta |
84 |
0,3 |
5 |
0,0 |
38 |
0,2 |
41 |
0,8 |
- |
- |
Fonte: “Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA”, Science.
Por outro lado, a telha de amianto é o material de construção predominante na cobertura dos imóveis (51%), seguido pela laje de concreto, em 33% dos domicílios, conforme a Tabela 84. Apenas em Tarituba encontram-se diferenças nessa composição; as telhas de amianto e as de cerâmica são utilizadas em 42% e 49% dos imóveis, respectivamente.
Tabela 84 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo material de construção que predomina na cobertura do imóvel - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Clique aqui para visualizar a tabela 84
Quanto ao piso, na AID-15 km, dos imóveis têm revestimento em cerâmica, e 26%, em cimento. Em Tarituba, a mesma proporção de domicílios usa madeira aparelhada e cerâmica em seus pisos, conforme indicado na Tabela 85.
Tabela 85 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo material de construção que predomina no piso do imóvel - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002.
Clique aqui para visualizar a tabela 84
Do total de domicílios da AID-15 km, 38,4%, possuem tetos forrados, e 61% não dispõem deste tipo de segurança contra as intempéries ou os acidentes externos ao domicílio. Esta situação prevalece em todos os distritos, à exceção de Tarituba, que possui 86% de imóveis com os tetos forrados, conforme a Tabela 86.
Tabela 86 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo existência de cômodos do domicílio que possuem tetos forrados - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Cômodos do domicílio têm seus tetos forrados |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
32.165 |
100,0 |
11.125 |
100,0 |
15.137 |
100,0 |
5.057 |
100,0 |
846 |
100,0 |
Sim |
12.347 |
38,4 |
4.898 |
44,0 |
4.746 |
31,4 |
1.973 |
39,0 |
730 |
86,3 |
Não |
19.687 |
61,2 |
6.222 |
55,9 |
10.314 |
68,1 |
3.041 |
60,1 |
110 |
13,0 |
Sem reposta |
131 |
0,4 |
5 |
0,0 |
77 |
0,5 |
43 |
0,9 |
6 |
0,7 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Igualmente relevante para avaliar a carência e a exposição da comunidade local, na AID-15 km, são os níveis de vedação de portas e janelas, expressos na Tabela 87, onde foram agregados os níveis bem vedados e vedados, em oposição ao nível mal vedado.
Tabela 87 - Domicílios particulares permanentes por condição de vedação das portas e janelas, segundo os distritos da AID-15 km - Angra dos Reis
Domicílio
|
Total |
Bem vedada + vedada
|
Mal vedada |
Total |
% |
Total |
% |
Não Resposta |
Total |
32.165 |
22.614 |
70,3 |
9.364 |
29,1 |
187 |
Angra dos Reis |
11.125 |
8.571 |
77,0 |
2.538 |
22,8 |
16 |
Cunhambebe |
15.137 |
9.905 |
65,4 |
5.132 |
33,9 |
99 |
Mambucaba |
5.057 |
3.356 |
66,4 |
1.630 |
32,2 |
72 |
Tarituba |
846 |
782 |
92,4 |
64 |
7,5 |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Reproduzindo o quadro nacional, a AID-15 km é caracterizada por um atendimento adequado quanto ao abastecimento de água. Em 78% dos domicílios a água entra nas caixas d' água o tempo todo, ao longo do dia, sendo que em apenas 5% dos domicílios o fornecimento de água é muito irregular. Mais uma vez, Tarituba se destaca dos demais distritos, com a taxa mais alta de abastecimento regular (97%). O distrito sede de Angra dos Reis apresenta a menor taxa de abastecimento regular de água, atingindo 70% dos imóveis, como indicam os resultados apresentados na Tabela 88.
Tabela 88 - Domicílios particulares permanentes que são abastecidos pela rede geral de distribuição de água, por distrito, segundo freqüência de entrada de água - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Freqüência de entrada de água no domicílio |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
29.054 |
100,0 |
9.674 |
100,0 |
13.658 |
100,0 |
4.905 |
100,0 |
817 |
100,0 |
Cai todo tempo ao longo do dia |
22.671 |
78,0 |
6.766 |
69,9 |
11.050 |
80,9 |
4.062 |
82,8 |
794 |
97,2 |
Cai todo dia, mas em apenas alguns períodos do dia |
3.673 |
12,6 |
1.340 |
13,9 |
1.677 |
12,3 |
633 |
12,9 |
23 |
2,8 |
Cai dia sim, dia não |
1.149 |
4,0 |
929 |
9,6 |
176 |
1,3 |
43 |
0,9 |
- |
- |
Cai duas vezes por semana |
103 |
0,4 |
58 |
0,6 |
33 |
0,2 |
12 |
0,2 |
- |
- |
Muito irregular |
1.383 |
4,8 |
533 |
5,5 |
694 |
5,1 |
155 |
3,2 |
- |
- |
Não sabe informar |
60 |
0,2 |
47 |
0,5 |
12 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
Sem reposta |
15 |
0,1 |
- |
- |
15 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
A coleta de lixo, conforme expresso na Tabela 89, é bastante eficiente, pois em 73% dos domicílios o lixo é coletado diretamente pelo serviço de limpeza urbana, e, somando-se o lixo coletado indiretamente em caçambas ou contêineres, atinge-se o nível de 95% dos domicílios. Uma pequena parcela do lixo é jogada em terrenos baldios ou logradouros.
Tabela 89 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo destino do lixo - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Destino do lixo |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
32.165 |
100,0 |
11.125 |
100,0 |
15.137 |
100,0 |
5.057 |
100,0 |
846 |
100,0 |
Coletado diretamente por serviço de limpeza |
23.588 |
73,3 |
6.570 |
59,1 |
11.907 |
78,7 |
4.340 |
85,8 |
771 |
91,1 |
Coletado indiretamente (colocado ou despejado, pelo morador, em caçamba ou conteineres) |
6.901 |
21,5 |
4.000 |
36,0 |
2.443 |
16,1 |
429 |
8,5 |
29 |
3,4 |
Queimado ou enterrado |
360 |
1,1 |
100 |
0,9 |
187 |
1,2 |
27 |
0,5 |
46 |
5,5 |
Jogado em terreno baldio ou logradouro |
1.289 |
4,0 |
454 |
4,1 |
573 |
3,8 |
262 |
5,2 |
- |
- |
Jogado em rio, lagoa ou mar |
6 |
0,0 |
- |
- |
6 |
0,0 |
- |
- |
- |
- |
Outro destino |
10 |
0,0 |
- |
- |
10 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
Sem reposta |
10 |
0,0 |
- |
- |
10 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Analisando os imóveis da AID-15 km, verifica-se que a maior parte dos domicílios possui pelo menos uma geladeira, um aparelho de televisão e rádio, como expresso na Tabela 90 a seguir.
Tabela 90 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo posse de bens duráveis - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Clique aqui para visualizar a tabela 90
Por outro lado, a maior parte dos domicílios da AID-15 km não possui vários dos produtos investigados, seja pelos altos preços e recente lançamento no mercado, como os aparelhos de DVD, seja pela não essencialidade dos bens. Cabe, mais uma vez, destacar Tarituba, onde a maioria dos domicílios possui quase todos os produtos pesquisados.
Quanto à posse de meios de transporte, nota-se pela Tabela 91 que apenas 27% dos domicílios possuem automóveis e que a maioria têm bicicletas. Apenas 4,1 e 6,0 possuem, respectivamente, barcos e motocicletas. Como era de se esperar, encontram-se em Tarituba a maioria dos domicílios que possuem pelo menos um automóvel (68,5%). Em contrapartida, Cunhambebe representa o distrito com a maior proporção de domicílios sem automóveis (71%).
Tabela 91 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo meios de transporte -AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Clique aqui para visualizar a tabela 91
Nesta pesquisa, foram investigadas a posse e a quantidade de meios de comunicação e informação de massa para os domicílios da área em questão. Para tanto, determinaram-se como principais meios de acesso a informações os aparelhos de televisão, rádio e televisão por assinatura, e, como meio de comunicação, as telefonias fixa e móvel, os aparelhos de fax, o acesso à Internet e o rádio amador.
Conforme a Tabela 92, cerca de 95% dos domicílios possuem pelo menos um aparelho de televisão, e cerca de 87% possuem rádio.
Tabela 92 - Domicílios particulares permanentes por distrito, segundo acesso a meios de informações
Acesso à informação |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
32.165 |
100,0 |
11.125 |
100,0 |
15.137 |
100,0 |
5.057 |
100,0 |
846 |
100,0 |
Televisão |
Não possui |
1.639 |
5,1 |
227 |
2,0 |
1.128 |
7,5 |
226 |
4,5 |
58 |
6,8 |
Possui |
30.526 |
94,9 |
10.898 |
98,0 |
14.009 |
92,5 |
4.832 |
95,5 |
|
93,2 |
Rádio |
Não possui |
4.017 |
12,5 |
1.071 |
9,6 |
2.209 |
14,6 |
661 |
13,1 |
75 |
8,9 |
Possui |
28.148 |
87,5 |
10.054 |
90,4 |
12.927 |
85,4 |
4.396 |
86,9 |
771 |
91,1 |
TV a Cabo |
Não possui |
5.998 |
18,6 |
3.583 |
32,2 |
1.543 |
10,2 |
402 |
8,0 |
469 |
55,5 |
Possui |
26.141 |
81,3 |
7.542 |
67,8 |
13.568 |
89,6 |
4655 |
4.655 |
377 |
44,5 |
Sem reposta |
26 |
0,1 |
- |
- |
26 |
0,2 |
- |
- |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
A televisão por assinatura é encontrada em poucos domicílios, correspondendo a apenas 19% da população da AID-15 km. Em Cunhambebe e Mambucaba encontram-se os domicílios mais carentes deste meio de informação. Mais uma vez, Tarituba destaca-se dos demais distritos, possuindo maior proporção de acesso a informações por este veículo.
Sob a ótica da posse de meios de comunicação, observa-se, pela Tabela 93, que 55% dos domicílios não possuem telefone fixo, 47% não possuem telefone celular, 97% não possuem aparelho de fax e 98% não possuem rádio amador.
Tabela 93 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo meios de comunicação - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Meios de comunicação |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
32.165 |
100,0 |
11.125 |
100,0 |
15.137 |
100,0 |
5.057 |
100,0 |
846 |
100,0 |
Telefone fixo |
Não possui |
17.796 |
55,3 |
4.998 |
44,9 |
9.379 |
62,0 |
3.228 |
63,8 |
191 |
22,6 |
Possui |
14.369 |
44,8 |
6.127 |
55,0 |
5.758 |
38,0 |
1.829 |
36,2 |
655 |
77,4 |
Telefone celular |
Não possui |
15.159 |
47,1 |
4.861 |
43,7 |
7.736 |
51,1 |
2.337 |
46,2 |
226 |
26,7 |
Possui |
17.006 |
52,8 |
6.264 |
56,3 |
7.401 |
48,9 |
2.720 |
53,8 |
619 |
73,3 |
Fax |
Não possui |
31.151 |
96,8 |
10.634 |
95,6 |
14.746 |
97,4 |
5.000 |
98,9 |
771 |
91,1 |
Possui |
977 |
3,0 |
470 |
4,2 |
375 |
2,5 |
57 |
1,1 |
75 |
8,9 |
Sem reposta |
37 |
0,1 |
21 |
0,2 |
15 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
Acesso à internet |
Não possui |
28.995 |
90,1 |
9.600 |
86,3 |
14.276 |
94,3 |
4.627 |
91,5 |
493 |
58,2 |
Possui |
3.135 |
9,7 |
1.509 |
13,6 |
845 |
5,6 |
427 |
8,4 |
353 |
41,8 |
Sem reposta |
35 |
0,1 |
16 |
0,1 |
16 |
0,1 |
3 |
0,1 |
- |
- |
Rádio amador |
Não possui |
31.687 |
98,5 |
10.903 |
98,0 |
14.981 |
99,0 |
4.998 |
98,8 |
805 |
95,2 |
Possui |
443 |
1,4 |
206 |
1,9 |
138 |
0,9 |
59 |
1,2 |
41 |
4,8 |
Sem reposta |
34 |
0,1 |
16 |
0,1 |
18 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Cunhambebe e Mambucaba destacam-se entre os distritos que não possuem telefone fixo ou celular. Quase nenhum imóvel possui aparelho de fax ou rádio amador, à exceção, mais uma vez, de Tarituba.
A análise das características dos domicílios possibilita uma avaliação das condições de vida dos moradores da AID-15 km, bem como da distribuição desigual dos benefícios sociais. Esta realidade tem uma de suas expressões na classificação dos distritos formadores dessa área, segundo classes econômicas. O critério adotado para a definição das classes econômicas é o Critério de Classificação Econômica Brasil, aprovado pela Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisa de Mercado (ABIPEME).
Essa classificação leva em consideração a posse e a quantidade de determinados bens duráveis, a existência no domicílio de empregados domésticos mensalistas, a renda e o nível de escolaridade do responsável pelo domicílio.
A maioria dos domicílios da AID-15 km pertencem às classes C e D com percentuais de 33% e 48%, respectivamente, conforme mostra a Tabela 94. O principal destaque, novamente, é Tarituba, onde 50% dos domicílios foram classificados como pertencentes às classes B1 e B2, e 8% como das classes A1 e A2. Apenas 1,4% das habitações pertencem às classes A1 e A2, e 12%, às classes B1 e B2.
Tabela 94 - Moradores em domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo a classe econômica - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Classe econômica |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
32.165 |
100,0 |
11.125 |
100,0 |
15.137 |
100,0 |
5.057 |
100,0 |
846 |
100,0 |
A1 |
52 |
0,2 |
21 |
0,2 |
17 |
0,1 |
2 |
0,0 |
12 |
1,4 |
A2 |
388 |
1,2 |
206 |
1,9 |
81 |
0,5 |
49 |
1,0 |
52 |
6,2 |
B1 |
1.211 |
3,8 |
538 |
4,8 |
282 |
1,9 |
204 |
4,0 |
185 |
21,9 |
B2 |
2.737 |
8,5 |
1.235 |
11,1 |
803 |
5,3 |
461 |
9,1 |
238 |
28,1 |
C |
10.476 |
32,6 |
4.116 |
37,0 |
4.556 |
30,1 |
1.607 |
31,8 |
197 |
23,3 |
D |
15.507 |
48,2 |
4.776 |
42,9 |
8.187 |
54,1 |
2.433 |
48,1 |
110 |
13,0 |
E |
1.695 |
5,3 |
222 |
2,0 |
1.137 |
7,5 |
289 |
5,7 |
46 |
5,5 |
Sem reposta |
100 |
0,3 |
11 |
0,1 |
73 |
0,5 |
11 |
0,2 |
6 |
0,7 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
8.3.6.2. Distrito sede de Parati - topo
Com relação às condições de infra-estrutura básica dos domicílios particulares permanentes de Parati, a pesquisa indica uma grande concentração de domicílios localizados em ruas, becos ou vielas bem iluminados (79,9% dos domicílios), enquanto que 8,4% situam-se em locais sem iluminação, conforme mostram os resultados apresentados na Figura 47, a seguir.

Figura 47 - Distribuição dos domicílios do distrito sede de Parati, segundo iluminação e pavimentação.
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Quanto a pavimentação, 85,7% dos domicílios localizam-se em logradouros bem pavimentados; 5,1% em logradouros mal pavimentados e 9,2% estão localizados em logradouros sem pavimentação. Estima-se que em apenas 132 unidades habitacionais (3,0%) não possuem acesso por veículos, enquanto em 6,5% o acesso só é possível com veículos pequenos (motos, bicicletas, carroça, etc.), conforme indica a distribuição dos domicílios existentes em Parati, segundo o acesso por veículo, na Figura 48, a seguir.

Figura 48 - Distribuição dos domicílios do distrito sede de Parati segundo acesso.
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
As informações seguintes possibilitam uma análise da infra-estrutura das unidades habitacionais segundo a espécie e o tipo de material de construção predominante em paredes externas, cobertura, piso, e as condições de vedação em portas, janelas e forros.
As tabelas abaixo (Tabela 95 a Tabela 100) caracterizam as principais condições de natureza física das unidades habitacionais existentes no distrito sede de Parati. A análise da espécie e do tipo de domicílio é relevante para a caracterização da durabilidade do imóvel e das condições de vida e seus moradores. Estima-se, pela pesquisa, que 99,3% dos imóveis são particulares permanentes.
Tabela 95 - Domicílios particulares permanentes, por espécie - Parati sede - março de 2002
Espécie do domicílio |
Parati sede |
Total |
% |
Total |
4.447 |
100,0 |
Particular permanente |
4.417 |
99,3 |
Particular improvisado |
10 |
0,2 |
Sem reposta |
20 |
0,5 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Quanto ao tipo de domicílio destaca-se que 87,3% são considerados casas não rústicas, 8,8% são casas rústicas, e apenas 2,7% são apartamentos, conforme os dados apresentados na Tabela 96, a seguir.
Tabela 96 - Domicílios particulares permanentes, por tipo de domicílio - Parati sede - março de 2002
Tipo do domicílio |
Parati sede |
Total |
% |
Total |
4.447 |
100,0 |
Casa não rústica |
3.884 |
87,3 |
Casa rústica |
390 |
8,8 |
Apartamento |
121 |
2,7 |
Cômodo |
47 |
1,1 |
Sem reposta |
5 |
0,1 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Observando-se a Tabela 97, constata-se a predominância de alvenaria como material de construção das paredes externas dos imóveis (99,3%). Nas coberturas dos imóveis o material predominante é a telha de cerâmica (em 66,9% dos domicílios), seguido da laje de concreto (16,6%) e da telha de amianto (em 16,2% dos domicílios), cuja distribuição encontra-se representada na Tabela 98.
Tabela 97 - Domicílios particulares permanentes, por material de construção predominante nas paredes externas do imóvel - Parati sede - março de 2002
Material de construção predominante nas paredes externas do imóvel |
Parati sede |
Total |
% |
Total |
4.447 |
100,0 |
Alvenaria |
4.416 |
99,3 |
Madeira aparelhada |
11 |
0,2 |
Estuque, taipa revestida, madeira aproveitada, palha |
16 |
0,4 |
Sem reposta |
5 |
0,1 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Tabela 98 - Domicílios particulares permanentes, por material de construção que predomina na cobertura do imóvel - Parati Sede- março de 2002.
Material de construção predominante nas paredes externas do imóvel |
Parati sede |
Total |
% |
Total |
4.447 |
100,0 |
Telha de amianto |
719 |
16,2 |
Telha de cerâmica |
2.974 |
66,9 |
Madeira aparelhada |
10 |
0,2 |
Laje (concreto) |
739 |
16,6 |
Sem reposta |
5 |
0,1 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Já o material predominante no piso é a cerâmica/lajota/ardósia, em 75,3% dos domicílios, seguida pelo cimento (21,8%) e a madeira aparelhada (2,5% dos domicílios), conforme dados da Tabela 99.
Tabela 99 - Domicílios particulares permanentes, por material de construção predominante no piso do imóvel - Parati sede - março de 2002
Material de construção predominante no piso do imóvel |
Parati sede |
Total |
% |
Total |
4.447 |
100,0 |
Madeira aparelhada |
110 |
2,5 |
Carpete/cerâmica/lajota/ardósia |
3.348 |
75,3 |
Cimento |
969 |
21,8 |
Outro |
16 |
0,3 |
Sem reposta |
5 |
0,1 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Um dos indicadores relevantes para a análise da exposição dos moradores, especialmente aqueles em situação de emergência, refere-se ao grau de vedação de portas e janelas da unidade habitacional, bem como a existência de cômodos com tetos forrados. Os dados apresentados na Tabela 100 indicam que, do total de domicílios existentes em Parati, 68,4% possuem tetos forrados e 31,4% não dispõem desse tipo de segurança contra as intempéries ou os acidentes externos ao domicílio. Igualmente relevante para avaliar a carência e exposição da comunidade local são os níveis de vedação de janelas e portas do imóvel. Estima-se pela pesquisa que 15,1% são mal vedadas.
Tabela 100 - Domicílios particulares permanentes, por existência de cômodos que possuem tetos forrados - Parati sede - março de 2002
Cômodos do domicílio têm seus tetos forrados |
Parati sede |
Total |
% |
Total |
4.447 |
100,0 |
Sim |
3.044 |
68,4 |
Não |
1.398 |
31,4 |
Sem reposta |
5 |
0,1 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Quanto ao abastecimento de água, Tabela 101, estima-se que dentre as unidades habitacionais abastecidas pela rede geral de distribuição de água, em 93,1% dos domicílios, a água cai todo tempo ao longo do dia e em 5,8% cai todo dia, mas em apenas alguns períodos do dia, não indicando problema algum quanto ao abastecimento dos domicílios de Parati.
Tabela 101 - Domicílios particulares permanentes abastecidos pela rede geral de distribuição de água, segundo freqüência de entrada de água - Parati sede - março de 2002
Freqüência de entrada de água no domicílio |
Parati Sede |
Total |
% |
Total |
4.432 |
100,0 |
Cai todo o tempo ao longo do dia |
4.125 |
93,1 |
Cai todo dia, mas em apenas alguns períodos do dia. |
256 |
5,8 |
Cai dia sim, dia não |
10 |
0,2 |
Muito irregular |
36 |
0,8 |
Não sabe informar |
5 |
0,1 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
A coleta do lixo, por sua vez, também não é problema no distrito sede de Parati, conforme indicam os dados apresentados na Tabela 102, estima-se que em 98,9% dos domicílios ali existentes o lixo é coletado diretamente por serviço de limpeza.
Tabela 102 - Domicílios particulares permanentes, por destino do lixo - Parati sede - março de 2002
Destino do lixo |
Parati sede |
Total |
% |
Total |
4.447 |
100,0 |
Coletado diretamente por serviço de limpeza |
4.400 |
98,9 |
Coletado indiretamente (colocado ou despejado pelo morador em caçamba ou contêineres) |
27 |
0,6 |
Queimado ou enterrado |
15 |
0,3 |
Jogado em terreno baldio ou logradouro |
- |
- |
Jogado em rio, lagoa ou mar |
- |
- |
Outro destino |
5 |
0,1 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
8.3.7. Uso da água - topo
Para a análise das condições de saúde dos moradores da AID-15 km adotaram-se, principalmente dois componentes: a disponibilidade de alguns serviços de utilidade pública e as condições físicas da população, que podem ser significativamente afetadas na ausência desses serviços.
Considerando-se que a inexistência dos mesmos pode afetar de forma significativa à saúde da população e a percepção dos moradores quanto as suas condições físicas.
Em relação ao primeiro componente foram investigadas as formas de abastecimento de água, os cuidados com os reservatórios de água dos domicílios, as formas de tratamento da água utilizada para beber, e o tipo de esgotamento sanitário disponível.
De uma maneira geral, 91,1% dos domicílios recebem água através da rede geral de distribuição 4,4% de poço ou nascente (na propriedade) e 44%, de outra fonte. Entre os distritos, Mambucaba apresenta o maior percentual de domicílios que recebem água através da rede geral de distribuição (97,5%), seguido de Tarituba (96,6%). O distrito sede de Angra dos Reis é o que apresenta a menor taxa (88,1%), conforme dados da Tabela 103.
Em relação aos cuidados com o armazenamento da água (Tabela 104), buscou-se identificar a existência de reservatórios nos domicílios e a vedação dos mesmos. Os dados evidenciam que 83% dos domicílios possuem reservatórios cobertos, 2,8% não os cobrem e 13% não possuem reservatórios de água.
Tabela 103 - Domicílios particulares permanentes que possuem água canalizada, por distrito, segundo forma de abastecimento de água - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Forma de abastecimento de água |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
31.893 |
100,0 |
10.982 |
100,0 |
15.034 |
100,0 |
5.030 |
100,0 |
846 |
100,0 |
Rede geral de distribuição |
29.054 |
91,1 |
9.674 |
88,1 |
13.658 |
90,9 |
4.905 |
97,5 |
817 |
96,6 |
Poço ou nascente (na propriedade) |
1.405 |
4,4 |
707 |
6,4 |
590 |
3,9 |
78 |
1,6 |
29 |
3,4 |
Outra fonte |
1.408 |
4,4 |
596 |
5,4 |
764 |
5,1 |
48 |
0,9 |
- |
- |
Sem reposta |
26 |
0,1 |
5 |
0,0 |
20 |
0,1 |
- |
- |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Tabela 104 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo vedação dos reservatórios de água - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Reservatórios de água do domicílio são tampados |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
32.165 |
100,0 |
11.125 |
100,0 |
15.137 |
100,0 |
5.057 |
100,0 |
846 |
100,0 |
Sim |
26.760 |
83,2 |
10.560 |
94,9 |
12.390 |
81,9 |
3.525 |
69,7 |
284 |
33,6 |
Não |
923 |
2,9 |
222 |
2,0 |
494 |
3,3 |
155 |
3,1 |
52 |
6,2 |
Não possui reservatórios |
4.449 |
13,8 |
332 |
3,0 |
2.236 |
14,8 |
1.371 |
27,1 |
510 |
60,3 |
Sem reposta |
34 |
0,1 |
11 |
0,1 |
16 |
0,1 |
7 |
0,1 |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Entre os distritos que não possuem reservatórios de água, destaca-se Tarituba onde 60% dos domicílios não têm reservatórios, e nos domicílios em que eles existem, 34% são cobertos. No outro extremo encontra-se o distrito sede de Angra dos Reis, onde 95% dos reservatórios são tampados e apenas 3% dos domicílios não possuem reservatórios. Em Cunhambebe, 81% dos domicílios possuem reservatórios tampados e 15% não possuem reservatórios. Em Mambucaba, 70% dos reservatórios são tampados e 27% dos domicílios não têm reservatórios.
Para analisar a saúde da população é importante saber de que forma a água bebida é tratada. Observa-se que 69% dos domicílios têm filtro de água e utilizam esta água para beber; que 14% não possuem filtro, mas tratam a água de alguma forma (fervendo ou clorando) e que 17% não têm filtro nem tratam a água, conforme indicam os dados da Tabela 105.
Tabela 105 - Domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo existência de filtro de água - AID-15 km - Angra dos Reis - março de 2002
Filtro de água |
Total |
Angra sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
32.165 |
100,0 |
11.125 |
100,0 |
15.137 |
100,0 |
5.057 |
100,0 |
846 |
100,0 |
Sim |
21.518 |
66,9 |
7.990 |
71,8 |
9.360 |
61,8 |
3.583 |
70,8 |
585 |
69,2 |
Não, mas a água para beber é tratada (fervida, clorada etc.) |
4.724 |
14,7 |
1.768 |
15,9 |
2.320 |
15,3 |
538 |
10,6 |
99 |
11,6 |
Não tem filtro nem trata a água |
5.873 |
18,3 |
1.351 |
12,1 |
3.423 |
22,6 |
937 |
18,5 |
162 |
19,2 |
Sem reposta |
50 |
0,2 |
16 |
0,1 |
34 |
0,2 |
- |
- |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Em Cunhambebe, Mambucada e Tarituba cerca de 18% dos domicílios não têm filtro nem tratam a água. No distrito sede de Angra dos Reis essa taxa é mais baixa, situando-se em torno de 12%, o que significa ser este o distrito que possui maior proporção de domicílios com água tratada de alguma forma.
A análise das condições de saúde da população residente de Parati é feita considerando-se algumas características dos domicílios que indicam as condições de infra-estrutura básica, assim como a análise dos resultados referentes à auto avaliação do estado de saúde feita pelos moradores e as principais doenças sofridas nos últimos dez anos.
A grande maioria (99,8%) dos domicílios particulares permanentemente ocupados, existentes no distrito sede de Parati, têm o abastecimento de água feito através de rede geral de distribuição. Dentre o total de domicílios, 57,2% declara possuir filtro de água enquanto 32,4%, que não possuem, mas tratam a água para beber (fervida ou clorada). Conforme expressa o gráfico da Figura 49, 10,3% dos domicílios não têm filtro de água e nem tratam a água.

Figura 49 - Distribuição dos domicílios segundo a existência de filtro de água - Parati sede
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
8.3.8. Transporte - topo
A Rodovia BR-101, que atravessa o município de Parati no sentido norte-sul, dá acesso ao maior número de localidades situadas nas adjacências do Parque Nacional da Serra da Bocaina, atravessando seus limites na região da divisa estadual entre Parati (RJ) e Ubatuba (SP) e nas proximidades da Vila do Frade e do Perequê, este no Distrito de Mambucaba, no município de Angra dos Reis. Outra importante rodovia é a estadual RJ-165, servindo de acesso para o município no sentido leste-oeste.
Além das rodovias, encontram-se em Parati atracadouros e aeródromos. O transporte rodoviário é realizado pelas linhas interestaduais (Tabela 106), intermunicipais, municipais e circulares, além de frotas de táxis e vans. O transporte municipal é realizado pela Empresa Colitur, enquanto que a Viação Eval é a responsável pelo transporte intermunicipal (realizado entre o Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Parati).
Tabela 106 - Empresas que realizam o transporte interestadual em Parati
Empresa |
Trajeto |
Empresas Reunidas |
De Itaguaí (RJ) a São Paulo. |
Viação Normandy |
Rio de Janeiro a São Sebastião (SP). |
Expresso Rodoviário São José |
De Guaratinguetá (SP) a Parati. |
Fonte: Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Bocaina, 1997.
A AID-15 km compreende uma região que possui uma única rodovia, a BR-101, com 43 km no trecho de Itanema ao Rio São Gonçalo, logo após Tarituba, sentido de nordeste a sudoeste da CNAAA. Esta rodovia apresenta capeamento asfáltico razoável, com boa sinalização e passarelas em pontos críticos, próximos às áreas de maior concentração urbana.
Os caminhos vicinais são precários, normalmente com revestimento de saibro, apresentando manutenção deficiente, caso da Estrada do Sertão de Mambucaba ou do Cativeiro, que se desenvolve à margem esquerda do Rio Mambucaba, a partir dos limites norte do Parque Perequê, até o Rio do Funil, afluente do Mambucaba pela margem direita. Outras vicinais podem ser observadas na planície do Frade, demandando o Sertãozinho do Frade; na planície do Grataú; na planície do Bracuí, demandando o lugar denominado Gamboa Bracuí e Santa Rita do Bracuí.
As vicinais de acesso aos grandes condomínios apresentam revestimento asfáltico em boas condições de rodagem, caso do Condomínio do Frade e do Bracuí.
O serviço de transporte é realizado pelas linhas interestaduais, como mostra a Tabela 107, intermunicipais, municipais e circulares, além de frotas de táxis e vans que circulam pelo município, devido à carência de veículos coletivos para atender a população residente de Angra dos Reis. A empresa que realiza o transporte no município é a Senhor do Bonfim, enquanto que a Empresa Colitur realiza o serviço intermunicipal (entre Angra dos Reis e Parati). As cooperativas de transporte alternativo dispõem de uma frota com 60 vans, o município conta ainda com uma cooperativa de táxi, com uma frota de 54 carros.
Tabela 107 - Empresas de ônibus que realizam o transporte intermunicipal em Angra dos Reis.
Empresa |
Trajeto |
Nº total da frota de ônibus |
Costa Verde |
De Angra dos Reis a Nova Iguaçu / Queimados (RJ)
De Angra dos Reis a Niterói |
20 |
Reunidas Paulista |
De Itaguaí a São Paulo (SP) |
12 |
Viação Normandy |
De Angra dos Reis a São Sebastião (SP) |
2 |
Viação Itapemirim |
De Angra dos Reis a Caratinga (MG)
De Angra dos Reis a Governador Valadares (MG)
De Angra dos Reis a Santos (SP) |
5 |
Viação Útil |
De Angra dos Reis a Juiz de Fora (MG)
De Angra dos Reis a Barbacena (MG)
De Angra dos Reis a Belo Horizonte (MG) |
5 |
Colitur Turismo
Colitur Turismo
|
De Angra dos Reis a Volta Redonda (RJ)
De Angra dos Reis a Resende (RJ)
De Angra dos Reis a Barra Mansa (RJ)
De Angra dos Reis a Parati (RJ)
De Angra dos Reis a Valença (RJ)
De Angra dos Reis a Barra do Piraí (RJ)
De Angra dos Reis a Rio Claro (RJ)
De Angra dos Reis a Lídice (RJ) |
15 |
Fonte: SOCICAM - Terminal Inteligente, 2002.
O serviço público de transporte marítimo regular para a Ilha Grande, a partir do cais do porto, é realizado em horários pré-determinados.
Pequenas embarcações promovem passeios marítimos, sobretudo no período de alta temporada. No município, existe também um aeroporto de pequeno porte construído para receber pequenas aeronaves.
8.3.9. Patrimônio Cultural e Arqueológico - topo
A caracterização do patrimônio histórico e arqueológico foram consideradas apenas as áreas de influência direta (AID-15 km e AID-5 km).
Em Angra dos Reis, considerada pelo seu valor histórico e arquitetônico, a sede do município apresenta um acervo considerável de bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (INEPAC-RJ).
Do período colonial e do Império do Brasil, Oliveira e Ayrosa (1991) relatam o encontro de ruínas, fundações de uma construção, também no Saco Piraquara de Fora, atribuídas à residência do Padre Salvador Francisco da Nóbrega, sesmeiro da região de Angra dos Reis em 1797. Do século XIX, apontam as ruínas de uma construção à esquerda da anterior.
A Vila Histórica de Mambucaba guarda diversas construções que espelham a organização dos sítios urbanos dos séculos XVIII e XIX, destacando-se a Igreja do Rosário. O casario antigo apresenta problemas de conservação e algumas desfigurações, principalmente nos telhados.
Na planície do Bracuí, mais precisamente em área da comunidade de Santa Rita do Bracuí, as margens do Rio Paca Grande, encontrou-se uma igreja do século XIX, em estado de conservação precário, possivelmente uma capela da Fazenda Santa Rita do Bracuí. No interior do Condomínio do Bracuí, foram localizadas as ruínas do engenho de cana relatado por Honório Lima como sendo de sua propriedade em 1820 (MACHADO, 1995).
De acordo com o Plano Diretor de Angra dos Reis, elaborado e aprovado pela Câmara Municipal em dezembro de 1991, o centro histórico de Angra dos Reis é uma área de interesse cultural, ambiental, turístico e de utilização pública. As diretrizes traçadas por essa lei visam a preservação dos bens culturais e do patrimônio existentes, a melhoria da qualidade ambiental e a definição dos limites da área espacial do centro do município.
No entanto, as inúmeras transformações decorrentes das edificações realizadas nas últimas décadas (implantação de lotes ou os grandes empreendimentos imobiliários) revelam a agressividade dos interesses e a inadequação do espaço pelo capital. Tais ações fizeram desaparecer traços significativos desse patrimônio, colocando em risco a sua existência, pois sem recursos financeiros para a sua preservação e manutenção, ele vem sofrendo significativo desgaste, devido à ação do tempo.
Segundo a responsável pelo Patrimônio Histórico de Angra dos Reis, criado em 1988 e vinculado à Secretaria de Cultura e Esportes, além da falta de recursos para a preservação do patrimônio existente, falta um centro de referência onde possam ser catalogados todos os documentos referentes ao passado histórico do município. Atualmente, esse material encontra-se disperso, o que dificulta a sua localização e organização.
Em relação às festas e aos eventos promovidos no município, a grande procura ocorre nos meses de dezembro, janeiro, maio e junho, conforme a Tabela 108. São festas de caráter religioso, artístico e cultural que atraem turistas de diversas partes do país, bem como do exterior, gerando recursos e investimentos para o município.
Tabela 108 - Eventos realizados em Angra dos Reis que mais atraem turistas durante o ano.
Eventos no município |
Mês de ocorrência |
Procissão marítima |
Janeiro |
Festa do Divino |
Maio a junho |
Festival de música e ecologia da Ilha Grande |
Junho |
Angra Elétrico - Micareta |
Setembro |
Mão de angra |
Dezembro |
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico - Indústria, Comércio e Turismo, 2002.
Apesar do intenso fluxo de turistas, de acordo com o Centro de Informações de Angra dos Reis, é sensível a queda do número de visitantes no município, entre 1994 e 1999, conforme a Figura 50. Vários são os motivos associados a essa redução. No entanto, a prefeitura reconhece que entre eles está a falta de um controle interno do movimento desses turistas, desde a sua chegada até o momento de saída do município. Até o presente, não existe um controle mais rigoroso faltando, inclusive, a identificação junto a rede hoteleira, da origem do turista, do seu tempo de permanência e do destino dos mesmos no município.

Figura 50 - Evolução do número de visitantes no período de 1994 a 2001 em Angra dos Reis.
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico - Indústria, Comércio e Turismo do município de Angra dos Reis, 2002.
Entre as atividades de lazer mais procuradas pelos turistas, destacam-se os passeios de saveiro e lancha, as trilhas ecológicas, o sistema de descida por cordas (rapel) e o circuito de praias. Nesse sentido, as áreas mais procuradas são o centro do município, o Bracuí, o Frade e a Vila do Abraão, esta na Ilha Grande, de acordo com a Tabela 109.
Tabela 109 - Principais atividades e áreas de lazer procuradas pelos turistas no município de Angra dos Reis.
Principais atividades de lazer |
Áreas urbanas mais procuradas |
Áreas rurais mais procuradas |
Passeios de saveiro e lancha |
Centro do município |
Ariró |
Trilhas ecológicas |
Estrada do Contorno |
Caputera |
City tour |
Ponta do Leste |
Banqueta |
Circuito de praias |
Vila do Abraão - Ilha Grande |
Bracuí |
Rafting no Rio Mambucaba |
Frade |
|
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico - Indústria, Comércio e Turismo. Angra dos Reis, 2002.
Quanto à caracterização do patrimônio arqueológico de Parati, em 24 de março de 1966, o município foi convertido em Monumento Nacional pelo Decreto 58.077, determinando que fossem estudados meios para assegurar a conservação dos remanescentes do patrimônio natural que configuram a cidade histórica desde a sua fundação.
A região litorânea, em especial, Parati, tem como principais características culturais o legado arquitetônico e folclórico do passado e a presença ainda marcante da cultura caiçara. A sua formação étnica vem da miscigenação entre o índio, o negro e o europeu colonizador, e seu modo de vida tradicional reflete uma profunda relação de interdependência com a mata e com o mar. A arte do caiçara está representada na confecção de canoas e remos, barcos, gamelas de madeira, balaios e cerâmicas, que são comercializados, na sua maioria, no centro histórico de Parati e nos municípios vizinhos.
A cultura indígena revela-se na culinária, no artesanato, na arte da caça e da pesca e nos vocábulos de origem tupi-guarani que designam, inclusive, cidades e acidentes geográficos da região, tais como Mambucaba, Tremembé, Tamoios, Ubatuba, Picinguaba e Paraitinga.
A influência ibérica no município contribuiu para que o seu estilo arquitetônico fosse considerado, por muitos historiadores, como o início da arquitetura brasileira. Casas e sobrados de plantas regulares, com pequenos saguões, recortes de madeira, treliças de resguardo, caixilharias envidraçadas e beirais coloridos são formas que resgatam um período importante do ciclo do ouro.
A arquitetura religiosa é representada pela Matriz de Nossa Senhora dos Remédios e pela Igreja de Santa Rita dos Homens Pardos, entre outras. Por outro lado, a maçonaria teve grande influência na arquitetura e no urbanismo da cidade, visto que símbolos maçônicos estão presentes nos desenhos geométricos, em relevo, que ornamentam a fachada de muitos sobrados. A argamassa utilizada no pau-a-pique era enriquecida com a cal e retirada de sambaquis e óleo de baleia; e o traçado das ruas em "T", visava defender a cidade de ataques de piratas.
O Centro Histórico de Parati, tombado pela IPHAN, foi considerado pela UNESCO o conjunto arquitetônico colonial mais harmonioso do mundo. Suas ruas, protegidas por correntes que impedem a passagem dos carros, preservam ainda o encanto colonial, aliado a um variado comércio e às expressões culturais e artísticas muito intensas. Além do patrimônio histórico, são significativos os sítios arqueológicos identificados e reconhecidos pelo IPHAN.
São muitas as festas de caráter religioso, merecendo destaque a do Divino Espírito Santo; a de Nossa Senhora dos Remédios, padroeira de Parati, durante o mês de setembro; as festas juninas, onde são apresentados grupos musicais, danças folclóricas e uma culinária típica da região; a Procissão Marítima de Ano Novo, em homenagem à Nossa Senhora dos Navegantes; a Folia de Reis, no mês de janeiro; e o Carnaval, durante o mês de fevereiro.
A dança de maior destaque é a "xiba-cateretê", onde se usam tamancos especiais e o violeiro faz a moda de repente. A "cana-verde-de-mão" é de origem portuguesa, mas já adquiriu características brasileiras, havendo dois tipos: a valsada e a de mão. O "caranguejo" como a "marrafa", são danças de roda com cantigas próprias. A "dança de fita" é um dos mais belos espetáculos, além da "dança dos velhos", do "tira chapéu" e do "marrá-paiá". A congada, o "moçambique" e a ciranda também estão presentes no município.
Embora o acesso a Parati tenha sido tardio em relação à Ubatuba e Angra dos Reis, grande parte da manifestação e celebração das suas práticas culturais se transformaram em atração turística. No entanto, aos poucos estão perdendo suas características, em conseqüência das transformações do município e a falta de propostas para um zoneamento ambiental e urbano capaz de oferecer condições de vida adequadas para a população residente e flutuante que se dirigem para o município.
A Tabela 110 apresenta a listagem dos bens tombados nos municípios de Angra dos Reis e Parati. Ao todo, foram identificados 22 bens tombados e 31 sítios arqueológicos.
Tabela 110 - Bens tombados nos municípios de Angra dos Reis e Parati.
Clique aqui para visualizar a tabela 110
Alguns dos bens tombados, apresentados na Tabela 110 acima, podem ser vistos nas figuras abaixo (Figura 51 a Figura 54).

Figura 51 - Foto de conjunto artístico e cultural do Centro Histórico de Parati, tombado pelo Decreto 58.077, de 24 de março de 1966. Ao fundo, a Igreja de Santa Rita. Parati - RJ.
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.

Figura 52 - Foto de conjunto arquitetônico e paisagístico de Parati. Atualmente a falta de investimentos impede a recuperação e a manutenção do patrimônio histórico e cultural existente, Parati - RJ.
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.

Figura 53 - Foto da Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, localizada no Centro Histórico de Parati, tombada pelo IPHAN em 13/02/1962, Parati - RJ.
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.

Figura 54 - Foto onde é possível ver, ao fundo, o Convento São Bernardino de Senna e Capela da Ordem Terceira localizados no Morro de Santo Antônio, tombados pelo IPHAN em 1947, Angra dos Reis - RJ.
"Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Os sítios arqueológicos também estão caracterizados nas AID-15 km e AID-5 km. O processo histórico data em tempos antigos. Dos povos pré-colombianos encontram-se registros de passagens e permanências em variados sítios, como revelam os sambaquis encontrados e estudados na região. São destacáveis os relatados por (SOUZA, 1977 e LIMA, 1987), situados nas ilhas do Algodão, Major, Caieira, Comprida e Bigode. Em estudos zooarqueológicos desenvolvidos (LIMA, 1987) revela-se o bom estado de conservação do sambaqui da Ilha do Algodão, tomado como referência para as pesquisas então conduzidas.
Oliveira e Ayrosa (1991) relatam a identificação de um sambaqui e três amoladores na região do Saco Piraquara de Fora, nas imediações da Praia do Velho. Apontam também a existência de um bloco rochoso de granito com marcas de uso para polimento, na Ilha Sandri.
Na Praia do Velho encontra-se, à direita, um conjunto de três amoladores ou polidores, sendo dois na forma de blocos de granito e um em solo rochoso. A presença de diferentes marcas nos polidores indica a intensa elaboração de artefatos, polimento das faces, lados e afiação de machados e outros objetos de corte.
Nas imediações de uma construção da Eletronuclear, na área da marina existente na Praia do Velho, observa-se os restos mal conservados de um sambaqui, na face de um barranco, por uma extensão de cerca de seis metros, uma camada húmica de cerca de 22 cm e uma camada de aproximadamente 65 cm com restos de moluscos (OLIVEIRA e AYROSA, 1991).
Os sítios arqueológicos estão sendo objeto de estudos minuciosos por uma equipe de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Uerj, com o patrocínio da Eletronuclear. Alicerces de construções dos séculos XVIII e XIX, localizados no Saco Piraquara de Fora, também estão sendo estudados, buscando correlacioná-los com os processos de ocupação da região.
As tabelas abaixo apresentam o conjunto de sítios arqueológicos identificados nos municípios de Angra dos Reis (Tabela 111) e Parati (Tabela 112).
Tabela 111 - Sítios Arqueológicos identificados no município de Angra dos Reis.
Clique aqui para visualizar a tabela 111
Tabela 112 - Sítios Arqueológicos identificados no município de Parati.
Clique aqui para visualizar a tabela 112
8.3.10. Populações tradicionais- topo
Na AII-50 km há três áreas indígenas, todas demarcadas (Tabela 113) e com uma população total de aproximadamente 350 habitantes. Os especialistas preferem não citar com precisão a população dessas aldeias, face a sua mobilidade, e mencionam que esses grupos vivem do extrativismo vegetal, da caça, da lavoura de subsistência e da venda de artesanato.
Tabela 113 - AII-50km - Terras indígenas.
Nome da área |
Grupo |
Área
(ha) |
Perímetro
(m) |
População
(hab) |
Localização |
Guarani-Araponga |
Guarani-
Araponga |
213 |
7.175 |
27 |
Patrimônio, Parati. |
Guarani do Bracuí |
Guarani Mbyá |
2.127 |
25.254 |
227 |
Cunhambebe, Angra
dos Reis. |
Parati-Mirim |
Parati-Mirim |
79 |
3.887 |
95 |
APA Cairuçu e PNSB,
Parati. |
Fontes: IBGE, 1996; FUNAI, 1995.
As informações do IBGE (1996) referem-se à Terra Indígena Guarani-Araponga, localizada no bairro Patrimônio, em Parati, a qual teria apenas quatro habitantes, sendo dois homens e duas mulheres; o restante teria se mudado para outros locais. No entanto, líderes locais que trabalham com esse grupo afirmam que a área abriga atualmente 27 índios. A Terra Indígena Guarani do Bracuí localiza-se no Vale do Rio Bracuí, distrito de Cunhambebe, em Angra dos Reis, e sua população é composta de 108 homens e 119 mulheres. A Terra Indígena Parati-Mirim está inserida na Área de Proteção Ambiental Cairuçu e no Parque Nacional da Serra da Bocaina.
Os índios Guarani instalados na área são oriundos da região sul e foram levados para Angra dos Reis, Parati e Ubatuba pela Funai. Os índios originais da costa sul fluminense e norte paulista, do grupo Tupinambá, foram completamente dizimados entre os séculos XVI e XVII. Segundo dados da ONG Projeto Nhandeva, os Guarani ocupam, na região sul do Estado do Rio de Janeiro, uma área que vai de Araponga, na localidade de Patrimônio (interior do PNSB), em Parati, até Bracuí, no município de Angra dos Reis, sempre vivendo dentro da Mata Atlântica. Existem algumas aldeias espalhadas pelos municípios.
O povo Guarani é agricultor, cultivando principalmente milho, batata doce, aipim, amendoim e erva-mate, além de outros vegetais. Sua culinária é muito criativa e interessante. Comenta-se ainda que a espiritualidade está presente em tudo o que o Guarani faz e constrói, mas se expressa principalmente, através da música. Seus instrumentos (flautas; de percussão, como chocalhos etc.) transmitem as suas crenças e espelham os sons existentes na mata, em especial o canto dos pássaros.
Paradoxalmente, os Guarani são extremamente silenciosos. Falam apenas o necessário, mas suas palavras são ricas em imagens e expressão. Através do idioma Guarani, com suas lendas, crenças, músicas e expressões, é possível resgatar o seu conhecimento ancestral. As músicas representam dados valiosos de sua cultura e uma manifestação de seu refinamento espiritual. Todo o artesanato criado por eles tem sempre a preocupação estética de retratar a mata e seus seres vivos. Assim, vemos que as tecelagens e cestarias repetem os padrões de peles de cobras, onças e outros. Estes animais são, freqüentemente, representados em objetos feitos de madeira ou argila.
Devido as suas características geomorfológicas e situação geográfica privilegiada, a localização da Terra Indígena Guarani-Araponga é, segundo os Guarani, um dos territórios mais adequados para exercerem seu modo de vida. A única ressalva que fazem é com relação à exigüidade da área. No processo 2965/83 da Funai, consta a identificação de 60 ha e o respectivo levantamento fundiário. Em 1987, a comunidade Guarani-Araponga solicitou ao CTI novo levantamento. Nesta ocasião, verificou-se que a área pleiteada pelos Guarani envolvia uma gleba que não fora incluída no levantamento realizado pelo grupo de trabalho da Funai em 1983. No final de 1992, novo grupo de trabalho pode definir em campo, com representantes da comunidade, os limites da área pleiteada pelos Guarani. Os limites desta aldeia encontram-se explicitados pela Portaria Nº 494, de 14 de julho de 1994, do Ministério do Estado da Justiça. A Terra Indígena Guarani-Araponga tem, em dias atuais, área total de 213,2033 ha, na forma descrita no memorial descritivo de demarcação, datado de abril de 1995.
Ladeira et allii, (1993) afirmam que, para os Guarani Mbyá, as demarcações de terras significam, mais do que um confinamento, uma deformação do mundo original, pois as áreas demarcadas não correspondem, nem quantitativa nem qualitativamente, ao conjunto de terras Guarani ocupadas ou pleiteadas por eles e condizentes com sua noção de território. Este compreende o leste paraguaio, nordeste da Argentina, norte do Uruguai, sul e leste do Brasil. Por outro lado, afirmam que a demarcação de áreas Guarani no litoral, diante das crescentes invasões e especulação imobiliária, impõe-se como uma necessidade vital para garantir a esses índios um espaço social e áreas de Mata Atlântica preservadas. Segundo o memorial descritivo de demarcação, emitido pelo Departamento de Demarcação, da Diretoria de Assuntos Fundiários da Funai, em abril de 1995, a área da Terra Indígena Guarani de Bracuí totaliza 2.127,8664 ha.
A dinâmica da ocupação das aldeias Guarani, em geral, tem gerado grandes equívocos por parte dos não-índios, quanto à avaliação da antigüidade da ocupação Guarani em seu território, pois grupos familiares, acompanhando seus chefes, sucedem-se na ocupação dos espaços, podendo ocorrer períodos longos de esvaziamento de uma aldeia. Os autores também comentam que os Guarani concebem as aldeias, as trilhas, caminhos e mesmo núcleos urbanos, próximos ou inseridos na Mata Atlântica, como seu território atual, do qual se utilizam, sobrevivem, e onde se relacionam naturalmente, de modo tradicional.
Os Guarani por motivos religiosos, não disputam a terra. A demarcação de terras não faz sentido em sua concepção do mundo. Não é qualquer terra que lhes interessa pois visam pontos especiais num vasto território que, histórica e socialmente, dominam. A noção de terra está inserida no conceito mais amplo de território que, sabiamente, pelos Mbyá, se insere num contexto histórico (mítico) cíclico, e, portanto, infinito, pois ele é o próprio mundo Mbyá.
As aldeias e movimentos atuais vêm comprovar que, embora a disponibilidade de terras lhes seja irrisória, e que cada vez mais seu espaço no seu próprio mundo esteja diminuindo, os Guarani continuam fiéis na identificação de seu "território", elegendo seus lugares dentro dos mesmos limites geográficos preestabelecidos pelos seus antepassados.
Em várias aldeias do litoral, a presença indígena foi formalizada como se tratasse de uma concessão feita aos índios por pretensos proprietários ou posseiros de terra. No caso da Terra Indígena Guarani-Araponga, sempre houve um consenso entre os confrontantes dos índios de que estes seriam de fato os legítimos herdeiros da terra. O relatório da Funai que acompanha o levantamento topográfico da área indígena, realizado em 1983, relata esse histórico que confirma a presença Guarani a partir do grupo familiar de Alcides Martins Vera. Esta área, entretanto, abrigou e tem abrigado várias famílias que, como nas demais aldeias e a despeito de questões de titularidade, têm se relacionado com a terra onde vivem nos moldes tradicionais e peculiares a sua cultura.
Todo o relato anterior serve para alertar que, apesar do conjunto de argumentos que associam os índios à floresta, é preocupante e possivelmente conflitante a ocorrência de índios originários de outras regiões, com alta mobilidade, com aldeias dentro do PNSB. Esta preocupação deve-se, principalmente, ao zoneamento do solo do parque, onde encontram-se as zonas denominadas intangíveis e primitivas, que de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC (Lei Nº 9985, de 18/07/2000), não comportam nenhuma ação de ocupação do espaço ou de extrativismo.
Ainda na AII-50 km, há um remanescente de quilombo, na localidade de Campinho da Independência, situada a cerca de 20 km da cidade de Parati, no sentido sul do Estado do Rio de Janeiro, próximo ao Morro da Forquilha e do Pico do Papagaio, na planície do Rio Guarapitanga, afluente da margem esquerda do Rio Parati-Mirim, em trecho de terra situado entre a rodovia BR-101 e a Serra do Mar, após a localidade de Pedras Azuis e antes de Patrimônio, um núcleo urbano secundário. Todos fazem parte do 2° Distrito de Parati, Distrito de Parati-Mirim. A área atribuída à Associação dos Moradores do Campinho (AMOC), pelo Decreto Nº 25.210, Estado do Rio de Janeiro, 10/03/1999, monta a 287,9461 ha. Nos termos do decreto, a AMOC congrega a comunidade remanescente do quilombo no município de Parati.
A natureza jurídica da terra provém de doação e posse em área de fazenda, tornada devoluta e, posteriormente, área pública por decretos de ordem estadual e federal. A titulação dos remanescentes deu-se em 23 de março de 1999.
A antiga Fazenda da Independência está na base que origina o grupo rural negro de Campinho da Independência. Pela memória local, sabe-se que a decadência econômica regional, agravada pela abolição dos escravos, desvalorizou as terras e, com isso, seus proprietários as abandonaram. Conta a tradição que, nesse momento, as terras foram doadas às três escravas da Casa Grande, sede da fazenda. Foram elas: Vovó Antonica e Tia Marcelina, irmãs entre si, e sua prima Vovó Luiza. Elas e um reduzidíssimo número de parentes, mediante ocupação da terra doada, transformaram-na em posse, sem mediação jurídica ou legal (GUSMÃO, 1979).
Das três mulheres que formam o tronco familiar, tem origem a memória do passado, a prática do presente e a tradição que une cada um e todos ao lugar e a coletividade de pretos. Inscrita entre as Serras do Mar e da Bocaina, a localidade tem na memória a presença das três mulheres escravas que não comiam em gamelas e que eram dotadas de ofício. Reside aí o orgulho com que a elas sempre se referem, para afirmarem a si mesmos como sujeitos de direitos, pretos, parentes e herdeiros de uma terra, a de Campinho da Independência (GUSMÃO, 1995).
Uma outra versão fala da ocupação dessas terras como resultado da existência de um quilombo na área da Fazenda da Independência e que alguns poucos documentos registram como sendo o Quilombo da Independência. Até muito recentemente havia vestígios da antiga sede, que na memória dos mais velhos de Campinho, foi destruída em uma revolta de negros que a incendiaram. Tal possibilidade exige ainda uma investigação. No entanto, a referência comum entre o nome da fazenda e a designação do Quilombo, sugere a possibilidade do fato. Da mesma forma, falas esparsas revelam existirem outros vestígios dessa presença no solo de Campinho, tal como um cemitério de negros e objetos "da escravidão" ou "da África", segundo algumas pessoas. Também, nesse caso, a ocupação seria decorrente de posse sem mediação jurídica ou legal.
O "Sítio Familiar" é composto pela casa materna e a dos filhos já casados. Cada casa é composta pela presença da mulher, do marido e dos filhos solteiros; eventualmente, existem famílias compostas, ou com a presença de agregados que possuem sempre algum tipo de parentesco. Eventual e ciclicamente, nunca de modo definitivo, uma família nuclear pode ser composta por agregados.
Todas as famílias nucleares distribuem-se em torno de uma "Família de Orientação", em geral mais velha, na qual nasce e se cria um indivíduo formador de nova família. Em Campinho, há, permanentemente, 16 famílias de orientação. No caso de morte dos mais velhos, estes são, por consenso, substituídos por um dos filhos ou filhas casadas. As famílias de orientação têm por referência o sítio familiar no qual moram as famílias nucleares ou simples, descendentes delas e dos mais velhos, os chamados "troncos".
Segundo uma pesquisa de campo, feita em janeiro de 1998, existem na comunidade 85 famílias, das quais 79 são simples e 6 compostas ou agregadas. Já em uma outra pesquisa, feita em novembro de 1997, pelo Plano Municipal de Desenvolvimento Rural de Parati, constam de 126 famílias que perfazem um total de 290 pessoas.
A base econômica das famílias dá-se através do trabalho assalariado e do artesanato. A lavoura é basicamente de consumo. Apesar de possuírem uma casa de farinha, a venda do produto é difícil, em decorrência do preço. Em geral, a farinha é produzida apenas sob encomenda. Atualmente, a comunidade participa do Projeto Agroecologia em parceria com o IDACO, que dá o apoio técnico para o cultivo do palmito pupunha.
O artesanato é praticado principalmente pelas mulheres, mas também o praticam os demais, quando desempregados ou nas brechas do trabalho assalariado. O artesanato do Campinho é bastante conhecido em Parati. São produzidos cestos, tapetes, suportes, peneiras, balaios, bolsas, móveis rústicos em junco, cipó e taquara.
Dos festejos do grupo, fazem parte as festas familiares como aniversários e casamentos. É tradição no Campinho festejarem o "Dia dos Pais" onde as mulheres preparam e cuidam de toda a comemoração e o "Dia das Mães" onde os homens preparam e cuidam de toda a comemoração. A prática da capoeira, a Ladainha (dia 23/11) e a Folia de Reis, são comuns entre os remanescentes. No passado, havia o cateretê, o samba de roda e a ciranda, hoje um pouco esquecidas.
Na origem das práticas religiosas, alinhavam-se com o catolicismo e o candomblé. Com o passar dos tempos, este último foi deixado de lado. Atualmente, a maior parte dos remanescentes pratica o catolicismo, e os demais se dividem entre as duas igrejas protestantes que existem no quilombo, que são a Congregação Batista e a Assembléia de Deus.
Como tradição, os católicos festejam os santos de devoção: São Benedito, o padroeiro da igreja construída em 1981 pelos holandeses e comemorado todos os meses de maio; Bom Jesus, comemorado em agosto; Nossa Senhora Aparecida, em outubro; e a Festa de Santa Cruz, comum entre as comunidades de negros, recebendo diversas denominações regionais, resumindo-se ao culto à Santíssima Trindade, comemorado no dia 3 de maio. A Festa de Santa Cruz é realizada apenas pelos moradores do Campinho. Nenhuma pessoa de fora pode participar, mesmo que seja parente de algum remanescente; os rituais são conduzidos por eles, não permitindo nem mesmo a presença de um pároco.
A comunidade possui apenas uma escola primária administrada pelo município e um posto de saúde. Os moradores são reunidos na Associação de Moradores do Campinho da Independência - AMOC, apesar da mesma não contar com sede própria. Alguns moradores fazem parte de sindicatos e partidos políticos. As moradias são muito simples e possuem poucos bens duráveis, meios de comunicação ou outro tipo de bem material. As casas possuem, em sua maioria, energia elétrica. A captação de água é feita através de rede própria, sendo a captação realizada em cachoeiras existentes nas proximidades. O lixo é queimado ou enterrado, pois não possuem saneamento básico.
Embora Rafael Sanzio A. dos Anjos (ANJOS, 2000) aponte a existência de quilombolas numa comunidade na área do Bracuí, o Instituto de Terras do Estado do Rio de Janeiro (ITERJ) não confirma a identificação. Em levantamento conduzido pelo Departamento de Engenharia Cartográfica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em estudos realizados no ano de 2000, sob a coordenação do Núcleo de Estudos Governamentais (NUSEG), posiciona a comunidade do Bracuí em área próxima à Terra Indígena de Bracuí, conforme a base cartográfica lançada na Figura 7, oriunda do projeto referenciado.
8.4. Infra-Estrutura Básica- topo
Da mesma forma que as estradas de hoje reproduzem com grande aproximação os caminhos de ontem, a rede de cidades corresponde à construção de lugares dos séculos XVII, XVIII e XIX. As forças motivadoras são outras, os lugares permanecem e novas funcionalidades são identificadas em associação com a estrutura de cidades e vilas.
Os fluxos encontram-se presos aos centros históricos de polarização Resende-Barra Mansa, no Vale do Rio Paraíba do Sul, e o litoral de Angra dos Reis, em relações econômicas centradas nos processos de industrialização e serviços. O turismo hoje é o principal responsável pela dinâmica regional.
As cidades da Serra da Bocaina, essencialmente rurais, têm a economia vinculada às atividades pecuárias. Mostram-se envelhecidas e estagnadas, desprovidas de investimentos transformadores em todos os setores da economia. A Tabela 114 resume as principais características dos municípios, com ênfase aos aspectos urbanos, no recorte regional paulista.
Tabela 114 - Equipamentos urbanos e serviços nos municípios paulistas.
Clique aqui para visualizar a tabela 114
No segmento fluminense, excluindo-se os municípios de Angra dos Reis e Parati, que serão detalhados no recorte da AID-15 km, tem-se os municípios de Barra Mansa, Resende, Rio Claro e Mangaratiba.
Os municípios de Resende e Barra Mansa assumem a dimensão de centros regionais, diante de sua estrutura urbano-industrial, compondo a economia mais vigorosa da região. Rio Claro apresenta perfil mais rural, embora o Distrito de Lídice conviva com aspectos industriais, ao menos no impacto sobre a população residente, em grande parte envolvida em relações empregatícias com o Estaleiro Verolme (Tabela 115).
Mangaratiba mostra o território em processo de novas apropriações, com o direcionamento de tradicionais áreas agrícolas para a construção de condomínios com serviços de hotelaria. O perfil desse município coincide com os de Angra dos Reis, Parati e Ubatuba.
Tabela 115 - Equipamentos urbanos e serviços do município de Rio Claro.
Equipamentos |
Saúde |
Dois hospitais, sendo um municipal com 53 leitos, quatro unidades ambulatoriais, sete postos de saúde e dois centros de saúde 24 horas nos distritos de Passa Três e Lídice. |
Turismo |
Seis hotéis e quatro pousadas |
Segurança pública |
Polícia Civil e Polícia Militar |
Comunicação |
TELEMAR - telefonia celular |
Energia elétrica |
Atendimento pelo sistema CER.T |
Escolas urbanas e rurais |
3 pré-escolas municipais uma estadual e uma particular, 26 escolas municipais e quatro estaduais de Ensino Fundamental, dois escolas estaduais e uma municipa de Ensino Médio, e nove particulares, 137 escolas estadual e quatro particulares de Ensino Fundamental, quatro escolas estaduais e quatro particulares de Ensino Médio. |
Serviços |
Comércio |
Bem estruturado no município sede e no Distrito de Lídice |
Banco (agências) |
Banco do Brasil e Itaú |
Posto de gasolina e oficinas mecânicas |
Diversos |
Construção civil |
Diversos |
Transporte |
Linhas interestaduais, intermunicipais, municipais e circulares e trota de táxi. |
Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Claro (2002) e IBGE, contagem da população, 1996 (folha de coleta).
O segmento dos municípios fluminenses mostra-se significativamente distinto do segmento paulista da Bocaina. A vitalidade desses municípios pode ser inferida a partir de sua estruturação territorial. Ao apresentarem subdivisões distritais apontam para uma estrutura econômica e administrativa mais densa e dinâmica.
Os municípios da Bocaina não apresentam distritos, espelhando uma economia mais tolhida, essencialmente local.
8.4.1. Rede viária
A estrutura de comunicação terrestre da região acompanha, geralmente, os caminhos históricos, as redes do passado, integrando as cidades e as vilas em uma malha de fluxos de pessoas e negócios.
A infra-estrutura viária da região é caracterizada pelas rodovias federais BR-116, trecho Rio de Janeiro-São Paulo, e a BR-101, trecho Rio de Janeiro-Santos, que dão o contorno norte e sul da região em estudo, respectivamente.
A rodovia estadual paulista, SP-68, "Rodovia dos Tropeiros", também ao norte, integra as cidades paulistas da Bocaina com o eixo da rodovia BR-116 e com o segmento fluminense a leste, no entroncamento com a RJ-155, rodovia estadual fluminense que liga as cidades de Barra Mansa e Angra dos Reis.
A oeste, as rodovias estaduais fluminense, RJ-165, e paulista SP-171, ligam as cidades de Parati, Cunha e Queluz.
Ao norte, as rodovias estaduais fluminense, RJ-157, e paulista, SP-64, completam a ligação de Barra Mansa com Bananal. A conexão de São José do Barreiro com a sede do PNSB é realizada pela rodovia estadual paulista SP-221, com revestimento precário, apresentando na época das chuvas dificuldades para a circulação viária. A rodovia estadual paulista SP-247, também apresentando revestimento precário, permite a conexão de Bananal com o sertão da Bocaina.
A única via ferroviária liga Barra Mansa-Volta Redonda com Angra dos Reis, em curso paralelo ao da rodovia RJ-155. A circulação primária da ferrovia está associada ao Porto de Angra dos Reis, com o escoamento de produtos da siderurgia e o abastecimento de grãos para as indústrias de alimentos do Vale do Rio Paraíba do Sul.
8.4.2. AID-15 km - topo
Com relação à AID-15 km, caracterizam-se os seguintes equipamentos e os serviços urbanos dos municípios de Angra dos Reis e Parati.
8.4.2.1. Angra dos Reis - topo
8.4.2.1.1. Saneamento básico - topo
Segundo os dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB (IBGE, 2002), os seis distritos que formam o município de Angra dos Reis dispõem de serviço de saneamento básico. O tratamento convencional da rede de distribuição da água é realizado em dois distritos, sendo que os demais recebem apenas uma simples desinfecção (cloração).
O tratamento do esgoto sanitário é realizado em cinco distritos, e o seu destino final é a Baía da Ilha Grande. Nos distritos que não recebem tratamento, a alternativa encontrada foi a construção de fossas sépticas e sumidouros nas residências.
A limpeza urbana e a coleta de lixo contemplam todos os distritos. No final, o lixo é depositado em aterro controlado, usinas de reciclagem e usina de compostagem, localizados dentro e fora do perímetro urbano.
Em 1991, segundo levantamento da Fundação Centro de Informações e Dados do Estado do Rio de Janeiro - CIDE, o município possuía 20.829 domicílios, dos quais 19.329 situados em área urbana e 1.500 em áreas rurais. De acordo com este estudo, 9.012 domicílios foram classificados com carência de infra-estrutura, ou seja, não dispõem dos serviços de iluminação, abastecimento de água, instalação sanitária e destino do lixo. Outros 5.885 possuem infra-estrutura, porém, inadequadas. Esses domicílios totalizam 71,5% do total, como mostra a Figura 55.

Figura 55 - Distribuição das condições de infra-estrutura de serviços públicos básicos dos domicílios de Angra dos Reis
Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - Secretaria Geral de Planejamento, 2002.
Segundo informações da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social de Angra dos Reis, estão sendo construídos seis loteamentos, com 1.200 unidades habitacionais, distribuídos da seguinte maneira: um em Monsuaba (primeiro distrito), quatro em Japuíba (segundo distrito) e um no Perequê (quarto distrito). Vale ressaltar que a inadequação por adensamento excessivo, categoria computada apenas na situação urbana, foi quantificada em 2.188 domicílios, representando 11% do total urbano de Angra do Reis, em 2000 (TCE, 2002).
De acordo com os resultados do Censo Demográfico do IBGE, realizado em 2000, o município tinha naquela data 50.604 domicílios.
8.4.2.1.2. Saúde - topo
Angra dos Reis dispõe, atualmente, de três hospitais credenciados pelo Sistema Único de Saúde - SUS, sendo um do próprio município, oferecendo 266 leitos nas especialidades de clínica cirúrgica, obstétrica, médica e psiquiátrica, entre outras, resultando numa taxa de 2,4 leitos por mil habitantes, enquanto na microrregião a taxa média é de 2,2 leitos por mil habitantes. No município existem 17 postos de saúde, quatro clínicas particulares credenciadas pelo SUS, cinco postos do Programa de Saúde Familiar (PSF) e um Programa de Saúde ao Índio (PSI), totalizando 652 funcionários, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e pessoal administrativo.
Em relação à infra-estrutura, as unidades particulares oferecem 11 ambulatórios, nove berçários, cinco centros cirúrgicos, nove unidades para serviço radiológico, um laboratório para análises clínicas, nove Unidades de Tratamento Intensivo e uma farmácia para distribuição de remédios gratuitos.
Alguns indicadores podem apontar o nível de eficácia do sistema de saúde local, mas não refletem as ações de vigilância epidemiológica, sanitária, de controle de vetores e de educação em saúde. Vale ressaltar que o atendimento médico no município, devido à grande procura não consegue atender às reais necessidades da população, levando a grande maioria a procurar os hospitais mais próximos, entre eles o Hospital da Fundação Eletronuclear de Assistência Médica (Feam) e o Hospital Maternidade Codrato de Vilhena, ambos da rede particular.
Em 2001, foram realizadas 390.368 consultas, sendo 20.035 consideradas como caso de emergência na rede pública, enquanto na rede particular foram atendidos, aproximadamente, 126.000 pacientes, sendo 54.626 no Hospital Maternidade Codrato de Vilhena e 60.015 na Feam.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a carência nas unidades hospitalares do município é significativa, seja pela falta de infra-estrutura, seja pelo quadro de funcionários admitidos em Angra dos Reis. Os empreendimentos instalados no município, sobretudo a partir da década de 1970 atraíram um elevado fluxo populacional de baixo poder aquisitivo e qualificação profissional, que ocupou, inclusive áreas sem os serviços básicos de água e esgoto, contribuindo, desta forma, para a proliferação de doenças e o aumento considerável no atendimento nas unidades de saúde, conforme pode ser observado na Tabela 116.
Tabela 116 - Tempo médio, em dias, de permanência nas unidades hospitalares para atendimento médico no período de 1997 a 2000 em Angra dos Reis, na microrregião e no Estado.
Ano |
No Município |
Na microrregião |
No Estado |
1997 |
5,71 |
5,26 |
10,90 |
1998 |
7,83 |
7,24 |
10,47 |
1999 |
7,98 |
7,51 |
10,01 |
2000 |
7,56 |
7,14 |
10,03 |
Fonte: Ministério da Saúde - DATASUS - SIH/SUS, 1997 a 2000.
A falta de informação, aliada à ausência de saneamento básico adequado em muitos distritos do município, representa uma das causas apontadas pelo aumento do número de casos na rede pública municipal de saúde. Para reduzir esse quadro foi criado o Programa de Saúde Familiar (PSF), que atende as famílias carentes de forma preventiva, no sentido de conscientizá-las dos cuidados e dos hábitos necessários para reduzir o número de doenças.
Além do PSF, existem 12 programas com seis coordenadorias, promovidos pela Secretaria de Saúde, visando atender às diversas faixas etárias e os diversos setores existentes na região. Entre estes, destacam-se: o Programa Trabalhador, Criança e Adolescente; o Programa Idoso; o Programa Mulher; e o Programa Saúde Mental realizado no Centro de Atendimento de Saúde Mental. O número significativo de doentes mentais, como mostra a Figura 56, pode estar associado ao declínio no padrão de vida da população, sobretudo dos funcionários demitidos, a partir da década de 1980, em particular do Estaleiro Verolme.

Figura 56 - Internações por especialidades em Angra dos Reis entre os anos de 2000 e 2001.
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Angra dos Reis, 2002.
Atualmente, o município sofre com o intenso fluxo de pacientes, tanto locais, quanto dos municípios próximos, como Parati, que procuram as unidades hospitalares de Angra dos Reis para um atendimento de boa qualidade, conforme expressa a Figura 57. A grande maioria recebe o atendimento necessário, sendo que os casos de alta complexidade (terapia renal substitutiva e radiologia, hemoterapia, tomografia computadorizada e ressonância magnética) são encaminhados para municípios vizinhos como Volta Redonda, Resende, Barra Mansa e Rio de Janeiro. Neste caso, os pacientes recebem toda ajuda necessária, inclusive remédios e o transporte da prefeitura até o local do tratamento.
Está prevista a criação de um programa pela Secretaria Estadual de Saúde que deverá regionalizar os serviços entre o município de Angra dos Reis e os municípios da região do Vale do Paraíba, no sentido de evitar o grande fluxo de pacientes para a capital, contribuindo para um atendimento mais rápido e eficaz. Enquanto isso, a Secretaria Municipal de Saúde realiza uma parceria com a Defesa Civil e o Colégio Naval, além do Hospital de Praia Brava, que serve de referência no atendimento de pacientes, sobretudo daqueles provenientes de Parati e Mangaratiba.

Figura 57 - Atendimento ambulatorial em Angra dos Reis entre os anos de 2000 e 2001
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Angra dos Reis, 2002.
Apesar das dificuldades enfrentadas, as taxas de mortalidade no município, diferentes daquelas observadas para o Estado do Rio de Janeiro, entre 1997 e 2000, sofreram uma redução significativa, de acordo com a Tabela 117, embora ainda mereça atenção do poder público. Vale ressaltar que as unidades de saúde têm condições de atender a aproximadamente 90 mil pessoas, quando na verdade a população já soma cerca de 119.247, sem considerar o período de alta temporada, entre dezembro e março, quando a população dobra e os casos de internação tendem a aumentar.
Tabela 117 - Taxa de mortalidade, em 100 internações, período de 1997-2000, em Angra dos Reis.
Ano |
No Município |
Na microrregião |
No Estado |
1997 |
4,03 |
3,61 |
3,91 |
1998 |
3,37 |
3,16 |
4,16 |
1999 |
3,31 |
3,16 |
4,05 |
2000 |
2,79 |
2,75 |
4,13 |
Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - Secretaria Geral de Planejamento, 2002.
A Tabela 118 apresenta as principais doenças sofridas pela população no município de Angra dos Reis, nos últimos 10 anos. As respostas são coerentes com a auto-avaliação do estado de saúde dos moradores: 64% disseram não terem sofrido nenhuma doença. Cunhambebe apresenta o maior percentual de moradores que declararam não ter sofrido nenhuma doença, seguido pelos distritos de Mambucaba e o distrito sede de Angra dos Reis. As incidências de doenças entre os distritos é bastante semelhante. As doenças respiratórias, as cardiovasculares e digestivas estão classificadas como as mais freqüentes. Vale ressaltar que 6,8% dos moradores de Angra dos Reis e 6,1% dos moradores do distrito de Cunhambebe sofreram dengue.
Tabela 118 - Moradores residentes em domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo principais doenças sofridas nos últimos 10 anos - AID-15 km - Angra dos Reis - Março 2002
Tipos de doenças |
Total |
Angra Sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
115.202 |
100,0 |
38.711 |
100 |
54.674 |
100 |
18.724 |
100 |
Nenhuma |
73.110 |
63,5 |
22.329 |
57,7 |
35.748 |
65,4 |
12.831 |
68,5 |
Respiratórias |
12.501 |
10,9 |
4.966 |
12,8 |
5.663 |
10,4 |
1.612 |
8,6 |
Neuropsiquiátricas |
3.505 |
3,0 |
1.129 |
2,9 |
1.721 |
3,1 |
573 |
3,1 |
Dermatológicas |
3.621 |
3,1 |
1.546 |
4,0 |
1.523 |
2,8 |
517 |
2,8 |
Digestivas |
5.013 |
4,4 |
2.296 |
5,9 |
2.037 |
3,7 |
617 |
3,3 |
Cardiovasculares |
10.801 |
9,4 |
4.285 |
11,1 |
4.652 |
8,5 |
1.603 |
8,6 |
Câncer (leucemia) |
403 |
0,3 |
148 |
0,4 |
177 |
0,3 |
78 |
0,4 |
AIDS |
17 |
0,0 |
- |
- |
17 |
0,0 |
- |
- |
Doenças sexualmente transmissíveis |
64 |
0,1 |
37 |
0,1 |
27 |
0,0 |
- |
- |
Hanseníase |
58 |
0,1 |
21 |
0,1 |
31 |
0,1 |
6 |
- |
Dengue |
5.821 |
5,1 |
2.623 |
6,8 |
2.854 |
5,2 |
327 |
1,7 |
Outras doenças |
12.495 |
10,8 |
4.602 |
11,9 |
5.514 |
10,1 |
2.113 |
11,3 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Segundo a Secretaria de Saúde, qualquer que seja o empreendimento realizado no município é fundamental que se absorva e qualifique a mão-de-obra local. A saúde não pode ser vista isoladamente, mas sim como um reflexo das condições sociais e ambientais. Nesse sentido, deve haver um programa de qualificação profissional que permita absorver e qualificar a mão-de-obra local.
8.4.2.1.3. Educação- topo
Dados da pesquisa socioeconômica realizada na AID-15 km, alcançando assim o município de Angra dos Reis, revelam que 91.006 moradores em domicílios particulares permanentes, com idade igual ou superior a 7 anos, sabem ler e escrever (91%) e que 9% não sabem.
Considera-se analfabeto a pessoa que não é capaz de ler e escrever um bilhete simples, no idioma que conhece. A proporção entre homens e mulheres que sabem ler e escrever é bastante semelhante. A taxa mais alta de analfabetismo encontra-se entre os moradores de Cunhambebe (10%) e, por contraponto, a mais alta taxa de alfabetização entre os moradores de Tarituba (98%), conforme indicam os resultados apresentados na Tabela 119.
Tabela 119 - Pessoas de 7 anos ou mais de idade, residentes em domicílios particulares permanentes, por distrito, segundo condição de saber ler e escrever e Sexo - AID15 - Angra dos Reis - Março 2002
Sabe ler e escrever? / Sexo |
Total |
Angra Sede |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
99.872 |
100,0 |
34.631 |
100,0 |
46.411 |
100,0 |
15.967 |
100,0 |
2.862 |
100,0 |
Homens |
50.152 |
50,2 |
17.236 |
49,8 |
23.403 |
50,4 |
8.001 |
50,1 |
1.512 |
52,8 |
Mulheres |
49.720 |
49,8 |
17.395 |
50,2 |
23.009 |
49,6 |
7.966 |
49,9 |
1.350 |
47,2 |
Sim |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
91.006 |
91,1 |
32.056 |
92,6 |
41.676 |
89,8 |
14.482 |
90,7 |
2.793 |
97,6 |
Homens |
45.834 |
45,9 |
16.049 |
46,3 |
21.045 |
45,3 |
7.274 |
45,6 |
1.466 |
51,2 |
Mulheres |
45.172 |
45,2 |
16.007 |
46,2 |
20.632 |
44,5 |
7.207 |
45,1 |
1.327 |
46,4 |
Não |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
8.803 |
8,8 |
2.554 |
7,4 |
4.695 |
10,1 |
1.483 |
9,3 |
70 |
2,4 |
Homens |
4.296 |
4,3 |
1.182 |
3,4 |
2.341 |
5,0 |
726 |
4,5 |
46 |
1,6 |
Mulheres |
4.507 |
4,5 |
1.372 |
4,0 |
2.354 |
5,1 |
757 |
4,7 |
23 |
0,8 |
Não resposta |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
63 |
0,1 |
21 |
0,1 |
40 |
0,1 |
2 |
0,0 |
- |
- |
Homens |
23 |
0,0 |
5 |
0,0 |
17 |
0,0 |
- |
- |
- |
- |
Mulheres |
40 |
0,0 |
16 |
0,0 |
23 |
0,0 |
2 |
0,0 |
- |
- |
De acordo com o Figura 58, a taxa média de anos de estudo para a AID 15 é de 6,4 anos, significando que a população de 15 anos ou mais não completou o ensino fundamental. Cunhambebe encontra-se na pior posição com uma população, nesta faixa etária, cuja média de anos de estudo é de 5,7 anos.

Figura 58 - Anos médio de estudos da população de 15 anos ou mais de idade, residente na AID 15
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Verifica-se que há uma relação inversa entre os anos médios de estudo e a idade refletindo a importância cada vez maior do investimento em educação para aumentar a empregabilidade. Nota-se que, as pessoas com 50 anos ou mais apresentam taxas médias de anos de estudo bem menores que as faixas de idade anteriores. Em média, estas pessoas completaram apenas o primeiro segmento do ensino fundamental. Em Cunhambebe nem esta média é atingida (3,5 anos).
Na Tabela 120, apresentam-se os percentuais de pessoas ocupadas, por distrito, segundo classes de anos de estudo.
Tabela 120- Percentual de pessoas ocupadas de 15 anos ou mais de idade, por distrito segundo grupos de anos de estudo - AID 15
Grupos de anos de estudo |
Total |
Angra |
Cunhambebe |
Mambucaba |
Tarituba |
Sem instrução e menos de um ano de estudo |
5,0 |
3,6 |
5,7 |
6,6 |
1,8 |
1 a 8 anos |
59,2 |
52,0 |
68,2 |
55,6 |
19,5 |
9 a 11 anos |
25,1 |
29,4 |
20,5 |
26,9 |
40,3 |
12 anos ou mais |
8,5 |
13,0 |
3,7 |
8,1 |
36,7 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Nota-se que a maioria da população ocupada estudou pelo menos de um a oito anos. Cunhambebe e Mambucaba destacam-se pelos percentuais mais altos da população sem instrução e menos de um ano de estudo.
8.4.2.1.4. Comunicação- topo
O município de Angra dos Reis possui quatro agências dos Correios.
Em relação aos veículos de comunicação, o município possui três estações de rádio (uma AM e duas FM), além de sete jornais, sendo seis de circulação semanal. Entre as emissoras que apresentam a programação diária no município, encontram-se a Rede Globo, Rede Bandeirantes, Record e o Sistema Brasileiro de Televisão - SBT.
Em 2000, foram instalados no município, aproximadamente, 4.500 terminais telefônicos, além de 119 telefones residenciais e 66 centrais telefônicas.
8.4.2.1.5. Segurança pública- topo
O município conta com uma delegacia de polícia (civil e militar), uma superintendência da Defesa Civil, um subgrupamento do Corpo de Bombeiros e um Batalhão da Polícia Florestal militar.
O subgrupamento do Corpo de Bombeiros é formado por três agrupamentos:
-
no distrito sede, contando com uma corporação de 191 militares, dos quais 26 são oficiais;
no Frade, com 60 militares, sendo um oficial;
-
em Mambucaba, que dispõe de 69 militares, sendo um oficial.
Quanto às ocorrências policiais, registradas no ano de 2001, como indicado na Tabela 121, 61,6% do total têm origem no Distrito de Jacuecanga e 56,6% referem-se a: lesão corporal, ameaças e furto. Por se tratar de um registro referente a um único ano, não é possível fazer uma análise mais consistente quanto às possíveis tendências.
Tabela 121 - Principais ocorrências policiais registradas na 166a D.P. nos distritos de Jacuecanga Angra dos Reis, Mambucaba e Ilha Grande, 2001
Clique aqui para visualizar a tabela 121
8.4.2.1.6. Rede viária e transporte - topo
A região possui uma única rodovia, a BR-101, com 43 km no trecho de Itanema ao Rio São Gonçalo, logo após Tarituba, sentido de nordeste a sudoeste da CNAAA. A rodovia apresenta capeamento asfáltico impecável, recém recuperado, boa sinalização e passarelas em pontos críticos, vizinhos às áreas de maior concentração urbana.
Os caminhos vicinais são precários, normalmente com revestimento de saibro, apresentando manutenção deficiente, caso da Estrada do Sertão de Mambucaba ou do Cativeiro, que se desenvolve à margem esquerda do Rio Mambucaba, a partir dos limites norte do Parque Perequê, até o Rio do Funil, afluente do Mambucaba pela margem direita. Outras vicinais podem ser observadas na planície do Frade, demandando o sertãozinho do Frade; na planície do Grataú; na planície do Bracuí, demandando o lugar denominado Gamboa Bracuí e Santa Rita do Bracuí.
As vicinais de acesso aos grandes condomínios apresentam revestimento asfáltico em boas condições de rodagem, caso do Condomínio do Frade e do Bracuí.
O serviço de transporte é realizado pelas linhas interestaduais, como mostra a Tabela 122, intermunicipais, municipais e circulares, além de frotas de táxis e vans que circulam pelo município, devido à carência de veículos coletivos para atender a população residente de Angra dos Reis. A empresa que realiza o transporte no município é a Senhor do Bonfim, enquanto que a Empresa Colitur realiza o serviço intermunicipal (entre Angra dos Reis e Parati). As cooperativas de transporte alternativo dispõem de uma frota com 60 vans, o município conta ainda com uma cooperativa de táxi, com uma frota de 54 carros.
Tabela 122 - Empresas de ônibus que realizam o transporte intermunicipal em Angra dos Reis
Empresa |
Trajeto |
Nº total da frota de ônibus |
Costa Verde |
De Angra dos Reis a Nova Iguaçu / Queimados (RJ)
De Angra dos Reis a Niterói |
20 |
Reunidas Paulista |
De Itaguaí a São Paulo (SP) |
12 |
Viação Normandy |
De Angra dos Reis a São Sebastião (SP) |
2 |
Viação Itapemirim |
De Angra dos Reis a Caratinga (MG)
De Angra dos Reis a Governador Valadares (MG)
De Angra dos Reis a Santos (SP) |
5 |
Viação Útil |
De Angra dos Reis a Juiz de Fora (MG)
De Angra dos Reis a Barbacena (MG)
De Angra dos Reis a Belo Horizonte (MG) |
5 |
Colitur Turismo |
De Angra dos Reis a Volta Redonda (RJ)
De Angra dos Reis a Resende (RJ)
De Angra dos Reis a Barra Mansa (RJ)
De Angra dos Reis a Parati (RJ)
De Angra dos Reis a Valença (RJ)
De Angra dos Reis a Barra do Piraí (RJ)
De Angra dos Reis a Rio Claro (RJ)
De Angra dos Reis a Lídice (RJ) |
15 |
Fonte: SOCICAM - Terminal Inteligente, 2002.
O serviço público de transporte marítimo regular para a Ilha Grande, a partir do cais do porto, é realizado em horários pré-determinados.
Pequenas embarcações promovem passeios marítimos, sobretudo no período de alta temporada. No município, existe também um aeroporto de pequeno porte construído para receber pequenas aeronaves.
A Tabela 123 resume a macro-estrutura urbana de Angra dos Reis.
Tabela 123 - Equipamentos urbanos e serviços no município de Angra dos Reis.
Equipamentos |
Saúde |
Um hospital federal com 27 leitos; um hospital municipal; três hospitais particulares, com um total de 266 leitos; 17 centros de saúde e um pronto socorro. |
Turismo |
18 hotéis (três cinco estrelas) com 2.125 lugares, 21 pousadas com 741 lugares e dois campings. |
Segurança pública |
Uma delegacia de polícia; um quartel da Polícia Militar; um corpo de bombeiro, Batalhão de Polícia Florestal Militar. |
Comunicação |
Telefonia: 4.504 terminais em serviço, 119 telefones públicos e 65 centrais telefônicas; três estações de rádio; dois jornais; três televisões. Dispõe de rede de antenas para telefonia celular. |
Energia elétrica |
CERJ: atendimento industrial, comercial e residencial. |
Escolas urbanas e rurais |
33 pré-escolas com 1.878 vagas; 67 de Ensino Fundamental com 18.355 vagas; 7 de Ensino Médio com 2.547 vagas; um supletivo com 853 vagas, uma Escola Naval e uma Faculdade de Meio Ambiente - Universidade Estácio de Sá. |
Serviços |
Comércio |
Bem estruturado, voltado para o turismo e a pesca. |
Banco (agências) |
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, ITAÚ, Nacional, Real, Unibanco e Bamerindus. |
Postos de gasolina e oficina mecânica |
Diversos |
Construção civil |
Diversos |
Transporte |
Linhas interestaduais, intermunicipais, municipais e circulares; frota de táxi; diversas marinas; transporte marítimo público regular para a Ilha Grande, oferta variada de transporte marítimo para a Baía da Ilha Grande a partir do cais do porto e aeroporto para pequenas aeronaves. |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
8.4.2.2. Parati.- topo
8.4.2.2.1. Saneamento básico- topo
Segundo os dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB (2002), os três distritos que formam o município de Parati apresentam o serviço de saneamento básico insuficiente. A rede geral de distribuição de água é realizada em apenas um distrito, não havendo tratamento de água do tipo convencional.
Nos distritos, não existe o tratamento de esgoto sanitário. A alternativa encontrada foi a utilização de fossas sépticas e sumidouros, além do lançamento direto dos esgotos nos leitos dos rios.
A limpeza urbana e a coleta de lixo contemplam todos os distritos, no entanto, o destino final do lixo é em depósitos a céu aberto, fora dos perímetros urbanos e próximos às áreas de proteção ambiental. O lixo é composto pelo resultado da limpeza urbana, da coleta de lixo residencial e da coleta seletiva (ainda em estágio inicial).
Em 1991, segundo a Fundação CIDE, o município possuía 5.646 domicílios, dos quais 2.734 situavam-se em áreas urbanas e 2.912 em áreas rurais. De acordo com este estudo, 2.634 foram classificados com carência de infra-estrutura e outros 2.586 com deficiência da mesma, totalizando 92,5%, conforme a Figura 59.
Figura 59 - Distribuição das condições de infra-estrutura de serviços públicos básicos dos domicílios de Parati.
Fonte:
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - Secretaria Geral de Planejamento, 2002.
A falta de investimento do poder público, associa
da à ausência de recursos, sobretudo da população rural, pode ser um dos motivos que contribuem para o quadro atual no município. Vale ressaltar que a coleta deficitária, principalmente nos períodos de alta temporada, é a inadequação das áreas de disposição de lixo, criam verdadeiros "lixões" (vazadouros a céu aberto). Esses depósitos, além do incômodo olfativo e visual, causam a poluição das águas pelo chorume e do ar pela fumaça de sua combustão, além de propiciar ambiente para a proliferação de insetos e doenças. Dessa forma, Parati não está preparada para um aumento vertiginoso da população, caso o serviço de saneamento básico não se torne uma prioridade da política administrativa municipal.
Outra grande preocupação é o lançamento de resíduos de combustível, seja pelas embarcações de pesca ou turismo, das quais vazam ou são despejados no mar. Esses resíduos espalham-se por áreas mais extensas do que os esgotos domésticos, poluindo de maneira crescente as áreas ao redor das baías ou enseadas de maior movimento.
8.4.2.2.2. Saúde - topo
Parati dispõe de um hospital municipal credenciado pelo SUS, oferecendo 48 leitos nas especialidades de clínica cirúrgica, obstétrica, médica, psiquiátrica, pediátrica, o que resulta num quadro de 1,6 leitos por mil habitantes. Além do hospital, existem 12 postos de saúde localizados na zona rural, nos quais se prestam serviços preventivos e curativos, não existindo tratamento fitoterápico.
Alguns indicadores podem apontar o nível de eficácia do sistema de saúde local, mas não refletem as ações de vigilância epidemiológica, sanitária, de controle de vetores e de educação em saúde, conforme observado na Tabela 124. Vale ressaltar que, o atendimento médico no município não contempla as reais necessidades da população, levando parte da clientela a procurar os hospitais mais próximos, entre os quais o hospital da Praia Brava (pertencente a Eletronuclear) e as unidades ambulatoriais localizadas no centro de Angra dos Reis.
Tabela 124 - Tempo médio (em dias) de permanência nas unidades hospitalares para atendimento médico em Parati, na microrregião e no Estado.
Ano |
No Município |
Na microrregião |
No Estado |
1997 |
3,41 |
5,26 |
10,90 |
1998 |
4,02 |
7,24 |
10,47 |
1999 |
5,21 |
7,51 |
10,01 |
2000 |
4,88 |
7,14 |
10,03 |
Fonte: Ministério da Saúde - DATASUS - SIH/SUS - 1997 a 2000.
Se o atendimento médico é realizado fora do município, sobretudo nos casos de alta complexidade, as estatísticas referentes aos casos de mortalidade podem não registrar, na sua totalidade, os casos ocorridos dentro do município (Tabela 125).
Tabela 125 - Taxa de mortalidade, em 100 internações, no período de 1997 a 2000 em Parati, na microrregião e no Estado.
Ano |
No Município |
Na microrregião |
No Estado |
1997 |
1,85 |
3,61 |
3,91 |
1998 |
1,19 |
3,16 |
4,16 |
1999 |
2,41 |
3,16 |
4,05 |
2000 |
2,55 |
2,75 |
4,13 |
Fonte: TCE. Secretaria Geral de Planejamento, 2002.
Nos últimos 10 anos, 66,7% da população residente no distrito sede de Parati declara não ter tido doença alguma enquanto que 7,8% declaram ter sofrido doenças respiratórias; 8,2% doenças cardiovasculares; 3,9% doenças digestivas e 3,3% doenças neuropsiquiátricas, conforme indicado na Tabela 126.
De qualquer forma, a população afirma que é grande a carência no atendimento exigindo, portanto, melhores condições e unidades hospitalares capazes de oferecer um serviço de boa qualidade no próprio município, evitando deslocamentos desnecessários. Isto contribuirá, também, para reduzir a sobrecarga no atendimento realizado em Angra dos Reis que sofre pela redução de investimentos e pela alta procura de pacientes oriundos de municípios vizinhos (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2002), o que reduz a qualidade dos serviços prestados.
Tabela 126 - Pessoas residentes em domicílios particulares permanentes, por tipo de doenças sofridas nos últimos 10 anos - Parati Sede - Março 2002
Doenças |
Parati Sede |
Total |
% |
Total |
14382 |
100 |
Nenhuma |
9.595 |
66,7 |
Respiratórias |
1.118 |
7,8 |
Neuropsiquiátricas |
471 |
3,3 |
Dermatológicas |
282 |
2,0 |
Digestivas |
559 |
3,9 |
Cardiovasculares |
1.174 |
8,2 |
Câncer (Leucemia) |
86 |
0,6 |
Doenças sexualmente transmissíveis |
10 |
0,1 |
Hanseníase (Lepra) |
5 |
0,0 |
Dengue |
42 |
0,3 |
Outras doenças |
1.818 |
12,6 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
8.4.2.2.3. Educação - topo
Considerando a população residente no distrito sede de Parati com sete anos ou mais de idade, e não inserindo informações dos outros distritos de todo esse município, os dados apresentados na Tabela 127, a seguir, indicam uma taxa de analfabetismo de 9,1 %.
Tabela 127 - Distribuição da população de 07 anos ou mais de idade, residente no distrito sede de Parati, por saber ler e escrever, segundo sexo e grupos de idade.
Sexo / Grupos de idade
|
Total |
Sim |
Não |
Não resposta |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
% |
Total |
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
12.492 |
100,0 |
11.345 |
90,8 |
1.137 |
9,1 |
10 |
0,1 |
7 a 14 anos |
1.910 |
100,0 |
1.839 |
96,3 |
71 |
3,7 |
- |
- |
15 a 17 anos |
727 |
100,0 |
722 |
99,3 |
5 |
0,7 |
- |
- |
18 a 39 anos |
5.768 |
100,0 |
5.549 |
96,2 |
209 |
3,6 |
10 |
0,2 |
40 a 59 anos |
2.933 |
100,0 |
2.526 |
86,1 |
406 |
13,9 |
- |
- |
60 anos ou mais |
1.155 |
100,0 |
709 |
61,4 |
445 |
38,6 |
- |
- |
Homens |
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
5.965 |
100,0 |
5.468 |
91,7 |
497 |
8,3 |
- |
- |
7 a 14 anos |
910 |
100,0 |
870 |
95,6 |
40 |
4,4 |
- |
- |
15 a 17 anos |
399 |
100,0 |
399 |
100,0 |
- |
- |
- |
- |
18 a 39 anos |
2.754 |
100,0 |
2.631 |
95,6 |
122 |
4,4 |
- |
- |
40 a 59 anos |
1.406 |
100,0 |
1.220 |
86,8 |
186 |
13,2 |
- |
- |
60 anos ou mais |
495 |
100,0 |
347 |
70,0 |
148 |
30,0 |
- |
- |
Mulheres |
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
6.527 |
100,0 |
5.877 |
90,0 |
640 |
9,8 |
10 |
0,2 |
7 a 14 anos |
1.000 |
100,0 |
969 |
96,9 |
31 |
3,1 |
- |
- |
15 a 17 anos |
327 |
100,0 |
322 |
98,5 |
5 |
1,5 |
- |
- |
18 a 39 anos |
3.015 |
100,0 |
2.918 |
96,8 |
87 |
2,9 |
10 |
0,3 |
40 a 59 anos |
1.526 |
100,0 |
1.306 |
85,6 |
220 |
14,4 |
- |
- |
60 anos ou mais |
659 |
100,0 |
363 |
55,0 |
297 |
45,0 |
- |
- |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Observa-se um pequeno melhor resultado na taxa de analfabetismo para o segmento feminino que apresenta uma taxa de 9,8%, contra 8,3% para o masculino.
Apenas 5,4% da população residente no distrito Sede de Parati, têm 12 anos ou mais de estudo o que eqüivale ao nível de ensino superior, conforme indicam os resultados expressos na Figura 60.

Figura 60 - Nível de instrução da população de 05 anos ou mais de idade - Parati
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Uma análise considerando os anos médios de estudo indica que, dentre a população de 15 anos ou mais de idade, o número médio de anos de estudo é de 6,6 para o total da população. Se considerada a idade, observa-se uma diferença significativa no segmento das pessoas com idade entre 15 e 49 anos (7,3 anos de estudo, em média) contra apenas 4,2 anos no segmento de 50 anos ou mais de idade, conforme expressa Figura 61, a seguir.

Figura 61 - Anos médio de estudos da população de 15 anos ou mais de idade - Parati
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Uma mesma análise sob a ótica da população ocupada de Parati indica que o número médio de anos de estudo da força de trabalho local, apresentado na Tabela 128, a seguir, é superior à média de escolaridade da população brasileira adulta, que é de 6 anos.
Tabela 128 - Anos médios de estudo da população de 15 anos ou mais de idade, ocupada, segundo sexo e grupos de idade - Parati Sede - Março 2002
Sexo / Grupos de idade |
Anos médios de estudos |
Total |
|
Total |
7,4 |
15 a 24 anos |
7,8 |
25 a 49 anos |
7,6 |
50 anos ou mais |
5,8 |
Homens |
|
Total |
6,8 |
15 a 24 anos |
7,1 |
25 a 49 anos |
7,0 |
50 anos ou mais |
5,4 |
Mulheres |
|
Total |
8,2 |
15 a 24 anos |
8,8 |
25 a 49 anos |
8,3 |
50 anos ou mais |
6,5 |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
Deve ser ressaltado que o resultado final melhor no número médio de anos de estudo da força de trabalho do distrito sede de Parati, quando comparado com a escolaridade da população adulta brasileira, ainda está abaixo do nível de escolaridade desejado. Além disso, é preciso atentar-se para a má distribuição do nível de escolarização ressaltado nas diferenças entre grupos de idade e sexo, o que certamente aponta para a necessidade de se investir na educação e melhora do nível educacional da força de trabalho atual e futura, de modo a garantir maior produtividade bem como buscar amenizar as dificuldades inerentes à inserção no mercado de trabalho e minimizar as desigualdades sociais existentes na área.
8.4.2.2.4. Comunicação - topo
Entre as emissoras que podem ser sintonizadas em Parati estão: Rede Globo, TV Educativa, Rede Bandeirantes e Sistema Brasileiro de Televisão - SBT (IBGE, 2000).
Atualmente, o município possui uma estação de rádio FM e um jornal de circulação semanal (Jornal Comunitário de Parati). Além deste, existe um jornal de circulação diária apresentando as notícias tanto da região da Baía da Ilha Grande, como do Vale do Paraíba Fluminense, intitulado A Voz da Cidade, fundado em 1970.
Parati possui somente uma agência dos Correios.
8.4.2.2.5. Segurança Pública - topo
Existe uma delegacia de polícia (civil e militar), uma superintendência da Defesa Civil, uma companhia da Guarda Municipal e um sub-grupamento do Corpo de Bombeiros.
8.4.2.2.6. Rede Viária e Transporte - topo
A Rodovia BR-101, que atravessa o município de Parati no sentido norte-sul, dá acesso ao maior número de localidades situadas nas adjacências do Parque Nacional da Serra da Bocaina, atravessando seus limites na região da divisa estadual entre Parati (RJ) e Ubatuba (SP) e nas proximidades da Vila do Frade e do Perequê, este no Distrito de Mambucaba, no município de Angra dos Reis. Outra importante rodovia é a estadual RJ-165, servindo de acesso para o município no sentido leste-oeste.
Além das rodovias, encontram-se em Parati atracadouros e aeródromos. O transporte rodoviário é realizado pelas linhas interestaduais (Tabela 129), intermunicipais, municipais e circulares, além de frotas de táxis e vans. O transporte municipal é realizado pela Empresa Colitur, enquanto que a Viação Eval é a responsável pelo transporte intermunicipal (realizado entre o Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Parati).
Tabela 129 - Empresas que realizam o transporte interestadual em Parati
Empresa |
Trajeto |
Empresas Reunidas |
De Itaguaí (RJ) a São Paulo. |
Viação Normandy |
Rio de Janeiro a São Sebastião (SP). |
Expresso Rodoviário São José |
De Guaratinguetá (SP) a Parati. |
Fonte: Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Bocaina, 1997.
A Tabela 130 resume a macro-estrutura urbana de Parati.
Tabela 130 - Equipamentos Urbanos e Serviços no Município de Parati
Equipamentos |
Saúde |
Uma Santa Casa com 52 leitos, um posto de saúde SUS em Patitiba no centro, e 12 postos de saúde SUS na zona rural: Parati-Mirim, Patrimônio, Campinho, Laranjeiras (Oratório), Trindade, Corisco, Tarituba, Corumbe, Ponta Grossa, Taquari, Mamanguá, Barra Grande. O tipo de atendimento destes postos é prestação de serviços preventivos e curativos. Existem 6 farmácias na área urbana. |
Turismo |
120 hotéis e pousadas, com 4.000 leitos aproximadamente, sete agências de turismo, sendo que nos programas turísticos predominam as atividades náuticas, existindo também roteiros para trilhas, cachoeiras e praias mais isoladas. Centro Excursionista de Parati, entidade que promove atividades de educação ambiental através de caminhadas e excursões na região. |
Segurança pública |
Polícia Civil e Militar, Defesa Civil, Guarda Civil Municipal e Corpo de Bombeiros. |
Comunicação |
TELEMAR |
Energia elétrica |
A energia fornecida a Parati é gerada e distribuída pelo sistema de Furnas |
Escolas urbanas e rurais |
38 escolas municipais ou municipalizadas (35 rurais e 3 na sede), com 3.880 vagas oferecidas e 2.800 vagas preenchidas, uma escola estadual de Ensino Fundamental e Ensino Médio e um CIEP, a Faculdade de Turismo Plínio Leite. |
Serviços |
Comércio |
Bem estruturado, voltado para o turismo. |
Banco (agências) |
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Nacional. |
Posto de gasolina e oficina mecânica |
Diversos |
Construção civil |
Diversos |
Transporte |
Linhas de ônibus interestaduais, intermunicipais, municipais e circulares, frota de táxi, transportes marítimo e aéreo (aeroporto) |
Fonte: Prefeitura Municipal de Parati, 2002.
Na área da saúde, o único hospital existente na região localiza-se na vila residencial da Eletronuclear de Praia Brava. A instalação hospitalar é moderna, ficando acima dos padrões observáveis em instalações similares de grandes centros urbanos. Nas sedes distritais, encontram-se postos de saúde com instalações em padrão superior ao da maioria dos postos observados no Estado do Rio de Janeiro, embora bastante sobrecarregados pela população carente local, em Cunhambebe e Mambucaba.

Figura 62 - Hospital de Praia Brava (Feam). Atendimento aos funcionários da Eletronuclear e dependentes, além da população da região de Angra dos Reis a Parati.
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
O transporte coletivo é caracterizado por diversas linhas de ônibus que ligam as vilas distritais à sede municipal. A presença da BR-101 contribui para a circulação entre sub-centros regionais e a capital dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. A freqüência de linhas e horários mostra-se suficiente para o atendimento da demanda.
A comunicação telefônica em bases fixa é garantida pela presença da empresa TELEMAR. A telefonia celular é atendida pelas empresas VIVO, TIM, OI e CLARO, sendo densa a distribuição das repetidoras na região, embora as zonas de sombra sejam freqüentes diante da formação do relevo.
A distribuição da energia elétrica é atendida pelo sistema CERJ, atingindo toda a área urbana e rural.
8.5. Unidades de Conservação da Natureza - topo
Existe hoje uma grande variedade de tipos de terras protegidas a título ambiental, sendo dificultoso, mesmo para profissionais bem informados sobre as políticas de preservação e conservação dos recursos naturais, distinguir os tipos de áreas protegidas, a base legal, a finalidade, a localização e a situação político - administrativa. Incluem, além dos parques nacionais, reservas biológicas, florestas nacionais, parques de caça, reservas ecológicas, áreas de relevante interesse ecológico, estações ecológicas, áreas de proteção ambiental, áreas de interesse turístico, florestas protetoras da união, além de outras mais recentes, como as reservas particulares do patrimônio natural e reservas extrativistas públicas e comunitárias (DRUMOND, 1997).
8.5.1. Unidades de Conservação da AII-50 km - topo
Na AII-50 km existem diversas Unidades de Conservação, que podem ser vistas no mapa do Anexo 7. As principais estão descritas a seguir.
8.5.1.1. Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB)- topo
O PNSB, criado em 1971, representa a mais expressiva tentativa de se proteger as áreas de cobertura florestal natural remanescentes e aquelas de formação secundária, na área de influência da Unidade 3 da CNAAA. Localizado no extremo sul - sudoeste do Estado do Rio de Janeiro, rigorosamente é um parque biestadual, pois sua superfície também compreende terras do Estado de São Paulo. Os limites do PNSB afetam os municípios fluminenses de Angra dos Reis e de Parati, e os municípios paulistas de Ubatuba, Cunha, Areias, São José do Barreiro e Arapeí. A sua área superficial, estabelecida no decreto de criação, é de 1.040,4 km2.
O PNSB compreende, principalmente, as encostas atlânticas e cristas da Serra do Mar, localmente designada por Serra da Bocaina. Encontra-se o parque nas mesmas áreas climáticas e fitogeográficas de outros parques nacionais em terras fluminenses.
A área de pertinência do PNSB pode ser estabelecida pelo polígono formado pelas rodovias que permitem o acesso ao mesmo, situadas no eixo das duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro. As rodovias Presidente Dutra - BR 116 e Rio Santos - BR 101 desenvolvem-se longitudinalmente ao Parque, sendo ligadas pelas rodovias Oswaldo Cruz - SP 125 e Angra dos Reis-Barra Mansa - RJ 155. Essas estradas formam a circulação rodoviária ao redor do PNSB e entre os municípios circundantes.
No sentido de sudoeste para nordeste do PNSB, encontram-se no entorno as localidades paulistas de Taubaté, São Luis do Paraitinga, Ubatuba, Pindamonhangaba, Vargem Grande, Lagoinha, Roseira Velha, Guaratinguetá, Cunha, Lorena, Cachoeira Paulista, Silveiras, Campos de Cunha, Queluz, Areias, São José do Barreiro, Formoso, Arapeí, Bananal e Getulândia; e as localidades fluminenses de Patrimônio, Parati-Mirim, Parati, Corumbé, Barra Grande, Taquari, São Roque, Tarituba, Mambucaba, Cunhambebe, Angra dos Reis, Engenheiro Passos, Itatiaia, Resende, Rialto, Barra Mansa, Pouso Seco, Rio Claro e Lídice.
Em sua formação original, o PNSB incluía a área proposta para um Parque Nacional na região de Mambucaba, uma reserva botânica da Rede Ferroviária Federal, a área do Núcleo Colonial Senador Vergueiro, a chácara experimental de fruteiras do Ministério da Agricultura, além de extensas áreas de terras devolutas e privadas. Compunha a área originalmente definida uma superfície de 1.340 km2. Os objetivos principais do parque, na forma declarada no instrumento de criação, eram a proteção das florestas nativas remanescentes da Serra do Mar e o estímulo ao turismo. O tamanho do parque, a complexa situação fundiária e o fato de sua criação coincidir com a abertura do trecho Rio de Janeiro - Santos da BR - 101, davam os elementos impossibilitadores da consolidação do parque.
Logo ao início do trabalho de identificação das terras do parque, o então Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, entidade gestora do mesmo, percebeu os altos custos de desapropriação, principalmente junto às planícies litorâneas, mais valorizadas pelos empreendimentos imobiliários e turísticos. Em 1972, os limites propostos para o PNSB foram redefinidos, deixando à margem trechos de faixas do litoral e incluindo novas áreas de escarpa e cobertura florestal, mais preservadas que as de Parati e Angra dos Reis, no município paulista de Ubatuba. O mesmo decreto ainda excluiu algumas áreas nas imediações do sítio urbano de Parati e outras rurais mais densamente ocupadas. A redefinição das lindes do parque correspondeu a uma profunda adaptação à realidade fundiária do lugar.
A sede do parque encontra-se na cidade de São José do Barreiro, distante cerca de 30 km da guarita de acesso e dos limites demarcados para o mesmo. A estrada que permite o acesso da sede ao parque não possui qualquer revestimento, apresentando-se em estado precário, mesmo para a circulação de veículos tracionados. Na época das chuvas, é impossível a movimentação de veículos sem atolar. Ao início do trajeto observa-se a paisagem típica do vale do Paraíba do Sul, caracterizada por: morros desnudos, as "meia - laranjas"; pastos pobres; eventuais capoeiras recentes e reflorestamentos por eucalipto e pinheiros exóticos. Os declives são acentuados, tornando-se mais agressivos a medida em que se prossegue no deslocamento. Atinge-se aos campos de altitude, marcados por suaves ondulações e cobertura vegetal por gramíneas, utilizadas como pasto. Nesse trecho, observam-se condomínios formados por casas de veraneio, normalmente posicionadas nos pontos mais elevados do terreno. A guarita foi construída em madeira, apresentando um escritório da guarda, dotado de sistema de radiocomunicações, quase sempre inoperante. O acesso ao parque exige prévia e expressa autorização do administrador do parque.
Na área do parque, ainda se encontram diversos moradores e estabelecimentos agropecuários, principalmente nos lugares conhecidos por Sertão da Onça, Fazenda Barreirinha, Sítio Olaria, Casa Pintada (uma pousada), Fazenda da Roseira, Sete Espetos e outros. A Prefeitura Municipal de São José do Barreiro presta assistência médica e oferece ensino de primeiro grau às populações que residem em áreas do parque. A pecuária leiteira é praticada em várias fazendolas, que produzem laticínios em pequena escala, cormecializado junto aos habitantes e turistas em São José do Barreiro e Arapeí. Por leste, no aceso da Fazenda da Roseira, deslocando-se do lugar conhecido como BRASTEL, próximo à sede do Hotel Parque da Bocaina, no Município de Bananal, penetra-se no parque sem qualquer obstrução ou fiscalização.
Bastante procurada por excursionistas , encontra-se no PNSB a chamada "Trilha do Ouro", que se desenvolve do município de São José do Barreiro até o curso baixo do Rio Mambucaba, no Sertão de Mambucaba, daí para diante pela Estrada do Cativeiro, até a rodovia BR 101. O trajeto completo da trilha atinge cerca de 75 km de extensão. Seu percurso é feito, normalmente, em 3 dias, a pé. A presença da água é constante por todo o trajeto, e as paradas são feitas, obrigatoriamente, em três pontos, onde ocorrem cachoeiras. A cachoeira de Santo Isidro, distante apenas 1,8 km da guarita do acesso ao PNSB, tem acesso por uma trilha com cerca de 300 m, que se situa à esquerda da "Trilha do Ouro". Essa trilha, que começa com aproximadamente 2 m de largura, chega a ter menos de 0,40 m no seu trajeto final. A cachoeira das Posses, localizada a 8 km da guarita, encontra-se a menos de 100 m da "Trilha do Ouro". O acesso a essas duas cachoeiras é bastante fácil. A cachoeira do Veado, que sem dúvida é a mais exuberante, oferece algumas dificuldades para o acesso, limitando sua visitação quanto ao tipo ou condição física do turista ou excursionista.
Ao longo da "Trilha do Ouro" e em suas proximidades, são encontradas algumas pousadas, como a do Vale dos Veados, da Barreirinha e a Olaria, além da Casa Pintada ou da Dona Palmira. Com exceção da Pousada do Vale dos Veados, todas têm instalações rústicas, sendo o conforto mínimo. Este caminho também é bastante usado pelos moradores locais, bifurcando-se em outras trilhas que demandam a outras localidades e propriedades rurais.
Acessando-se a área do PNSB pelo município de Bananal, encontra-se linda paisagem por todo o trajeto da rodovia SP - 247, na subida para a Serra da Bocaina. Na paisagem, destacam-se três cachoeiras formadas por afluentes do Rio Bracuí, sendo que duas delas estão localizadas dentro do PNSB. As trilhas que dão acesso a essas cachoeiras atravessam um fragmento de mata mais conservada, se comparado ao restante do parque. Essas trilhas possuem uma peculiaridade que as diferenciam das demais trilhas do parque, descritas até aqui, a maior quantidade de serapilheira distribuída ao longo delas. Apesar da boa qualidade do meio natural, deve-se alertar que ocorrem várias trilhas conduzindo até essas cachoeiras, rendilhando o espaço. Saindo do ponto que dá acesso às cachoeiras, existe uma trilha que leva à Pedra do Frade, a 1.592 m de altitude. Com uma visão de 360o, é possível avistar toda a Baía da Ilha Grande e a planície litorânea de Angra dos Reis e Parati, além das serras do Mar e da Bocaina.
Nos limites sul do parque, na região de Angra dos Reis e Parati, observam-se variadas invasões, com destaque para a área frontal ao acesso à Vila Histórica de Mambucaba. No sertão de Mambucaba observam-se atividades de coleta e caça em áreas do parque, o mesmo ocorrendo na região dos cursos médios do Frade e do Paca Grande, este último o principal formador do Rio Bracuí.
A despeito de o PNSB incluir áreas de alto valor ecológico, em território de dois dos mais desenvolvidos estados brasileiros, evidencia-se que a consolidação territorial do mesmo será das mais difíceis. Inclui trechos florestados menos alterados pela ação humana das duas unidades da federação, protegendo imponentes florestas tropicais úmidas. O PNSB, isoladamente, poderá proteger muito mais o território do que os demais parques nacionais fluminenses somados. O PNSB é o único parque nacional em território paulista, apresentando grande potencial para o lazer, pesquisa científica e educação ambiental.
8.5.1.2. Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - RBMA- topo
O Parque Nacional da Serra da Bocaina é zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - RBMA. A RBMA, cujo núcleo executivo desenvolve suas ações a partir de estrutura operacional apoiada pela Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo e sediada no Instituto Florestal, articula, fomenta e promove ações técnicas e políticas dirigidas para a proteção e conservação de sua área de abrangência, sem descuidar da implementação das unidades de conservação existentes em seu perímetro e criação de novas unidades, onde necessário. No âmbito regional, a RBMA prestou apoio técnico e político à realização do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Bocaina, e vem articulando, em conjunto com a Centrais Elétricas do Estado de São Paulo, o Programa de Biodiversidade - PROBIO, o Instituto Florestal e a Fundação Florestal, a viabilização do projeto de Recuperação de Áreas Degradadas no Vale do Paraíba.
8.5.1.3. Área de Proteção Ambiental de Cairuçu- topo
A APA de Cairuçu criada em 1983, é composta de duas partes, uma Continental e outra Insular, apresentando 63 ilhas, como as Ilha Comprida e Araraquarinha
Outra importante unidade ecológica sob administração federal é a APA de Cairuçu, criada em 1983, localizada no Município de Parati, no extremo sul do litoral fluminense, com superfície de 338 km2. É composta de duas partes, uma continental e outra insular, apresentando 63 ilhas, como as Ilhas Comprida e Araraquarinha.
Dentre os objetivos da APA, destaca-se a salvaguarda da biota, abrangendo os manguezais, as ilhas, os costões, as áreas de topografias mais acidentadas, o uso racional do solo e outros aspectos referentes à salvaguarda dos recursos ambientais; a implementação de sistemas de coleta e tratamento de esgotos domésticos a nível comunitário ou de unidades residenciais etc.
8.5.1.4. APA Mangaratiba- topo
Criada em 1987, com aproximadamente 23 Km², envolve uma parte continental e outra insular, compreendendo terras dos distritos de Itacuruçá até Conceição de Jacareí, no município de Mangaratiba. É administrado pela Feema, tendo como principais características inúmeros mananciais e espécies da fauna ameaçadas como a jaguatirica e a preguiça-de-coleira.
8.5.1.5. Reserva Biológica da Praia do Sul- topo
Criada em 1981, pelo governo do Estado do Rio de Janeiro com 53,68 km2, em terrenos da Ilha Grande, a REBIO da Praia do Sul é administrada pela Feema, protegendo remanescantes nativos da Mata Atlântica e sítios de valor ecológico.
8.5.1.6. Reserva Ecológica da Juatinga - topo
Também criada pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, localiza-se na área a Reserva Ecológica da Juatinga, criada em 1991, com 70 km2. Insere-se em área do Município de Parati, sendo gerenciada pelo Instituto Estadual de Florestas. Está contida na Área de Proteção Ambiental do Cairuçu.
8.5.1.7. Parque Estadual da Ilha Grande - topo
Também na Illha Grande, localiza-se o Parque Estadual da Ilha Grande, criado em 1971 pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, com 55 km2, sob a gerência do Instituto Estadual de Florestas, em uma região que sofre permanentes pressões pela especulação imobiliária. Belas praias e sítios arqueológicos motivaram a criação do parque.
8.5.1.8. Parque Estadual Marinho do Aventureiro-topo
O Parque Estadual Marinho do Aventureiro, gerenciado pela Feema desde a sua criação pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, tem por motivação a proteção do litoral atlântico da Ilha Grande.
8.5.1.9. APA Silveiras- topo
Criado pelo Governo do Estado de São Paulo em 1983, possui 42.700 ha, está localizada na Serra da Bocaina e compreende a totalidade do município de Silveiras. O principal motivo de sua criação é a proteção dos recursos hídricos, os remanescentes de vegetação nativa e do patrimônio arquitetônico.
8.5.1.10. Estação Ecológica de Bananal- topo
O governo do Estado de São Paulo mantém na região da Serra do Mar, em trecho próximo à divisa com o Estado do Rio de Janeiro, a ESEC de Bananal, localizada no Município de Bananal. A Estação Ecológica de Bananal, com 884 ha, está localizada no sertão da Bocaina, no lugar conhecido sob a denominação de Fazenda da Madeirit, possuindo todo o seu território situado em área de domínio do Estado. Nesta Estação, são realizadas atividades de proteção ambiental e pesquisa científica, esta última com o apoio da Associação Pró-Bocaina. A EE de Bananal é atravessada por uma das antigas trilhas do ouro da Bocaina, a estrada de pedra do Ariró, que chega até a rodovia BR 101, no município de Angra dos Reis. Não foi possível a localização em mapa por ausência de informação das coordenadas geográficas
8.5.1.11. Parque Estadual de Parati-Mirim- topo
O Parque Estadual criado no ano de 1972 fica localizado no município de Parati, Rio de Janeiro, sob administração do IEF. Fica inserida dentro da APA Cairuçú e tem como característica a presença de populações tradicionais como os caiçaras, cujas técnicas de pesca remontam à moda dos índios Guainases.
8.5.1.12. Área de Proteção Ambiental dos Frades- topo
Na região serrana, localiza-se também a APA dos Frades (Três Picos), administrada pela Feema, que objetiva a proteção ambiental de área florestada na crista da Serra do Mar. Não foi possível a localização em mapa por ausência de informação das coordenadas geográficas.
8.5.1.13. Parque Estadual da Serra do Mar- topo
O Parque Estadual da Serra do Mar, criado e mantido pelo governo do Estado de São Paulo, com 315.000 ha, apresenta aproximadamente 10.500 ha de área de superposição ao PNSB, onde são desenvolvidas ações ambientais a partir do Núcleo Picinguaba, em Ubatuba, e do Núcleo Cunha/Indaiá, em Cunha. Não foi possível a localização em mapa por ausência de informação das coordenadas geográficas.
O Núcleo Picinguaba, com sedes em Ubatuba e no km 8 da rodovia Rio-Santos, abrange área de 57.000 ha, totalmente localizados no município de Ubatuba, dos quais cerca de 5.000 ha são terras de domínio do Estado de São Paulo. Grande parte de sua área de atuação mais intensa sobrepõe-se ao Parque Nacional da Serra da Bocaina. Atualmente, as principais atividades em curso no Núcleo Picinguaba são a realização do Plano de Gestão Ambiental, ações visando à coibição de construções irregulares no interior de sua área de abrangência, sua regularização fundiária por meio de levantamentos e trabalhos técnicos para instrução de ação discriminatória e contestação de ações de desapropriação indireta em seu território. Dispondo de infra-estrutura básica para visitação pública, o Núcleo Picinguaba presta cerca de 6000 atendimentos de hospedagem e monitoria em suas trilhas por ano, entre pesquisadores, estudantes e outros grupos organizados.
O Núcleo Picinguaba dispõe atualmente de 25 funcionários, sendo 2 de nível superior e 3 monitores autônomos integrantes da comunidade tradicional local, treinados e supervisionados pela equipe do Núcleo para monitorar os visitantes nas trilhas do Parque. Para os visitantes da Praia da Fazenda, aproximadamente 100.000 por ano, é dada orientação mínima sobre a conservação da área, sendo distribuídos folhetos na época de temporada, quando também é realizada a operação Praia Limpa, em conjunto com a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - CETESB. Esta operação tem como objetivo prevenir a disposição inadequada de lixo pelos visitantes do parque, por meio de sinalização e campanha educativa.
O Núcleo Picinguaba é área piloto do projeto "Adote um Parque", coordenado pelo Programa de Biodiversidade - PROBIO da SMA. Seu território foi declarado área prioritária para pesquisas em biodiversidade pelo CNPq, sendo também área piloto para implantação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
O Núcleo Cunha/Indaiá possui uma sede no final da estrada do Sertão do Paraibuna, a 20 km da Rodovia Paulo Virgílio, e uma base em Cunha, junto à Casa da Agricultura. Com uma área de 6.000 ha de terras de domínio do Estado, o Núcleo Cunha/Indaiá localiza - se na bacia hidrográfica do Rio Paraibuna, no município de Cunha, e na vertente atlântica da Serra do Mar, abrangendo parcialmente, o município de Ubatuba. Implantado a partir de uma cooperação técnica com a JICA - Agência de Cooperação Japonesa, este Núcleo dispõe de equipamentos para o monitoramento hidrológico de várias microbacias, além de instalações bastante confortáveis para 20 pessoas e uma trilha de interpretação ambiental. Além das atividades de proteção e fiscalização mais concentradas nas áreas de domínio público, vem sendo implementadas, ultimamente, atividades de educação ambiental junto às escolas da região. O Plano de Gestão Ambiental, do Parque Estadual da Serra do Mar, cuja elaboração já está em andamento nos Núcleos Santa Virgínia, Picinguaba, Caraguatatuba/S.Sebastião e Cubatão, também envolverá ações no Núcleo Cunha.
8.5.1.14. Estação Ecológica de Tamoios / Área de Proteção Ambiental de Tamoios- topo
A mais ambiciosa de todas as unidades ecológicas, a Estação Ecológica de Tamoios, englobando o conjunto de ilhas das baías da Ribeira e da Ilha Grande (Tabela 131), distribui-se por todo o litoral de Parati e Angra dos Reis. Criada por ato federal, a ESEC Tamoios se superpõe à Área de Proteção Ambiental de Tamoios, criada pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, Decreto Est. Nº 9.452/86, com o Plano Diretor da APA emitido em 1994, por meio do Decreto Est. 20.172. A Estação Ecológica de Tamoios abrange uma área de 8.450 ha.
Tabela 131 - Estação Ecológica de Tamoios - Áreas Protegidas.
Localização |
Unidade de Conservação |
Baía da Ribeira |
Ilha Araçatiba de Fora |
Ilha Araçatiba de Dentro |
Ilha do Tucum |
Ilha do Tucum de Dentro |
Ilha de Sabacu |
Ilha do Pingo d' Água |
Baía da Ilha Grande |
Ilha de Araraquara |
Ilha Jurubaiba |
Ilha das Cobras |
Ilhote Pequeno |
Ilha de Araraquarinha |
Ilha Zatin |
Ilha do Algodão |
Ilha do Sandri |
Ilha Samambaia |
Ilha dos Búzios |
Ilha dos Búzios Pequena |
Laje existente entre a Ilha das Cobras e Ilha dos Búzios Pequena |
Fonte: "Análise do ambiente socioeconômico da área de influência da CNAAA", Science.
8.5.2. Unidades de Conservação da AID-15 km - topo
A unidade de conservação de maior importância na AID-15 km está representada pelo Parque Nacional da Serra da Bocaina. As ilhas contidas na Estação Ecológica de Tamoios são as de Jurubaíba, Araraquara, Araraquarinha, Algodão, Sandri, da Samambaia, Tucum, Tucum de Dentro, do Pingo d' água, Sabacu, dos Búzios, dos Búzios Pequenos, das Cobras, Zatim, Araçatiba de Fora e Araçatiba de Dentro, além da ilhota Pequena lajes e rochedos próximos às ilhas de Búzios e Búzios Pequenos. Como anteriormente ressaltado, a ESEC de Tamoios coincide com a Área de Proteção Ambiental de Tamoios. Algumas ilhas da APA de Cairuçu também se encontram inseridas na AID-15 km.
8.5.3. Unidades de Conservação da AID-5 km - topo
Na AID-5 km encontram-se definidos dois tipos de Unidades de Conservação da Natureza, sendo uma de proteção integral, representada pelo Parque Nacional da Serra da Bocaina e outra de uso sustentável, a Área de Proteção Ambiental de Tamoios, distribuída territorialmente pelas ilhas costeiras.
Deve-se considerar ainda que a AID-5 km está inserida na denominada Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, na forma declarada em 1991 pelo Programa "Man and Biosphere (MaB)", da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO. Essa Reserva tem como área total cerca de 29 milhões de hectares e abrange quatorze estados brasileiros
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