9.
SÍNTESE DA QUALIDADE AMBIENTAL - topo
Em consonância com o Termo de
Referência ELPN/Ibama nº 017/99, referente ao Estudo
de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto
Ambiental da Unidade 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro
Alberto - Angra 3, que já conta com as unidades 1 e
2 (Angra 1 e Angra 2). A síntese da qualidade ambiental
objetiva fornecer conhecimentos que subsidiem a identificação
e a avaliação dos impactos ambientais decorrentes
do empreendimento, possibilitando caracterizar a qualidade
ambiental futura da região.
Assim, são dispostas a análise integrada, a
síntese das condições socioambientais
e tendências, a síntese da qualidade ambiental
futura e os pontos críticos do empreendimento no cenário
ambiental.
A partir do diagnóstico ambiental dos meios físico,
biótico e socioeconômico, configura-se a análise
integrada compondo tais meios em interações
dentro da área de influência do empreendimento
em proposição. Em prosseguimento, monta-se o
prognóstico do cenário ambiental sem o empreendimento
e com o empreendimento e, de tal modo, caracterizando a qualidade
ambiental futura e observando-se os pontos críticos
das atividades do empreendimento em questão.
9.1. Análise Integrada
A área de influência do
empreendimento em proposição é compreendida
pela superfície limitada pela circunferência
de raio de 50 km e centro no local previsto para a construção
do reator da Unidade 3 da CNAAA (Angra 3). No entanto, compreende-se
esta área de influência indireta para situar
a região, mas é na área de influência
direta que se concentram as relações de foco
de interesse na análise integrada.
A área de influência indireta do empreendimento
apresenta-se com uma superfície de 7.854,10 km2.
A superfície formada pelos municípios inteiramente
ou parcialmente contidos no círculo de 50 km de raio
totaliza 9.203,88 km2. Nesta região, integram-se
as mesorregiões vale paraibana paulista e sul fluminense,
destacando-se Angra dos Reis e Parati, no Estado do Rio de
Janeiro e de Arapeí, Bananal e São José
do Barreiro, no Estado de São Paulo.
A própria morfologia da área condicionou as
formas de uso social predominantes atualmente: infra-estrutura
do turismo e de lazer, a unidade para a geração
termonuclear da energia elétrica, terminais portuários
e o uso agrícola e florestal. Tais usos compõem
as relações sociais de cunho econômico
entre o comércio, a indústria e os serviços.
Esta área tem sua estruturação socioespacial
explicada por uma conjugação de fatores, históricos
e geográficos. A área em foco consolida a sua
organização espacial em paralelo ao processo
de organização do território nacional.
Pelos caminhos do ouro, a região conheceu o apogeu,
com uma economia rica, dinâmica e escravocrata. Com
o declínio dessas atividades e o fim do trabalho escravo,
a pecuária, o turismo e a indústria passaram
a caracterizar os movimentos de estruturação
da área.
Esta área tem uma paisagem peculiar em seus vários
compartimentos ambientais. De acordo com sua posição
latitudinal, esta região caracteriza-se por ser uma
zona de transição entre os climas tropicais
quentes e os climas do tipo temperado das latitudes médias.
O sul da região sudeste é afetado pela maioria
dos sistemas frontais que atinge o sul do país. As
temperaturas médias são significativamente influenciadas
pela combinação relevo-altitude, assim como
o regime e a distribuição dos totais pluviométricos.
A interferência da topografia acidentada e compartimentada
nesta região é marcante. As escarpas falhadas
separam superfícies montanhosas, que mergulham para
o interior, de áreas planas a suavemente onduladas,
constituindo as baixadas litorâneas. A evolução
lito-estrutural da região comporta uma série
de episódios geodinâmicos que envolvem a formação
e a destruição de rochas com grande amplitude
de idades, num intervalo de tempo superior a 1 bilhão
de anos. Nessa geo-história, passaram-se períodos
e inúmeros processos metamórficos, que caracterizam
o substrato rochoso dessa região do sudeste brasileiro.
Esta região apresenta geologia e geomorfologia características
da Serra do Mar. Neste sentido, os aspectos climatológicos
se destacam, pois a presença de água potencializa
a instabilidade de encostas e taludes. A Serra do Mar constitui
uma barreira orográfica de extrema importância
para a elevação da precipitação
nesta região do Brasil, principalmente na área
de Angra dos Reis. Devido à topografia, que permite
um escoamento rápido das águas para o oceano,
os rios da região são de pequeno curso. Na faixa
litorânea da região, predominam os solos hidromórficos.
Uma característica peculiar desta região no
estado do Rio de Janeiro é a bacia hidrográfica
da Baía de Ilha Grande com grande quantidade de rios
e córregos, que apresentam diferenças significativas
entre as declividades do curso superior e o inferior, quedas
de água e cachoeiras. O regime dos rios é torrencial,
proporcionando uma grande variação nos escoamentos
superficiais entre os períodos secos e chuvosos, em
função da morfologia da região e dos
elevados índices pluviométricos, em 2.000 mm
médios anuais.
Quase toda a rede hidrográfica converge diretamente
para o oceano, com pequenas extensões, a exceção
da bacia do rio Mambucaba, a maior da região, com nascentes
no estado de São Paulo. Esta tem como principais afluentes,
pela margem direita, os rios Guaripu e Funil e, pela esquerda,
os rios Memória e Santo Antônio. Os demais rios
da região com relativa importância são:
Bracuí, Ariró, Mateus Nunes, Perequê-Açú,
Jacuecanga, Japuíba, Pontal, Jurumirim, Bonito, Grataú,
Conceição, Japetinga, Funil, Barra Grande, Pequeno,
Mourisco, Meros e Parati-Mirim. Quanto aos aspectos hidrogeológicos,
os mananciais respectivos encontram-se razoavelmente conservados
Assim, os aqüíferos têm importância
hidrogeológica razoavelmente grande e boa qualidade
química. Portanto, a região pode ser considerada
de boa capacidade para exploração de águas
subterrâneas.
Esta
paisagem geográfica favoreceu ao domínio do
bioma Mata Atlântica. A ocorrência deste tipo
de vegetação relaciona-se a fatores climáticos
e a pluviosidade bem distribuída durante o ano, sem
um período biologicamente seco.
Nesta região, a ocupação humana modificou
parte da paisagem. Na evolução, Angra dos Reis
e Parati despontam como importantes centros turísticos,
que convivem atualmente com a deteriorização
de sua infra-estrutura e qualidade de vida, e Rio Claro, com
uma economia praticamente estagnada. Além disso, Mangaratiba,
município da microrregião de Itaguaí,
integra a região com o distrito de Conceição
do Jacareí.
Os principais incrementos ocorreram nas áreas urbanas
desta região, em conseqüência do intenso
processo de urbanização. Este movimento se dá
de forma uniforme, quando se compara o segmento fluminense
com o paulista. A política que impulsiona a urbanização
no Brasil estimula o processo de industrialização
em detrimento das atividades agrícolas.
Tais
processos estimularam os fluxos populacionais nesta região.
Os fluxos migratórios encontram-se presos aos centros
históricos de polarização Resende - Barra
Mansa, no Vale do Rio Paraíba do Sul, e o litoral de
Angra dos Reis, em relações econômicas
centradas nos processos de industrialização
e serviços. O turismo hoje é o principal responsável
pela dinâmica regional.
É na área de influência direta que se
concentram as relações de foco de interesse
na análise integrada. Por isso mesmo, considera-se
em detalhes a área de influência direta constituída
por duas áreas circulares concêntricas de raios
5 km e 15 km.
A área de influência direta da CNAAA está
situada ao sudoeste do estado do Rio de Janeiro e possui um
clima típico de região litorânea tropical
que é influenciado por fatores tais como latitude e
longitude, proximidade do mar, topografia, natureza da cobertura
vegetal e, sobretudo, as frentes frias e brisas marítimas
e terrestres. A pluviosidade na região da área
de influência do empreendimento é uma das mais
altas registradas no território brasileiro.
Este clima é caracterizado pela elevada pluviosidade
causada pela maritimidade e pela proximidade com a Serra do
Mar que provoca chuvas orográficas. A temperatura
média anual é em torno de 23 ºC.
A paisagem da área de influência direta foi desenhada
no final do Terciário e durante a totalidade do período
Quaternário. Os depósitos sedimentares costeiros,
fluviomarinhos e marinhos foram formados devido a sucessivas
oscilações do nível do mar. A topografia
montanhosa na região de Angra dos Reis configura problemas
de instabilidade e que estão associados a sua acentuada
inclinação, presença de espessa camada
de material coluvial e a presença de água em
períodos de chuvas. No entanto, sondagens geotécnicas
indicam que os principais prédios do empreendimento
proposto estão assentados em rocha sã, porquanto
em condições geotécnicas favoráveis.
A localização do empreendimento não sofre
interferência das áreas de interesse mineral.
Já a implantação da usina de Angra 3
pode incrementar as atividades de extração mineral
no que tange a materiais de interesse para a construção
civil. Os recursos minerais potenciais ou em exploração
caracterizam-se em quase sua totalidade por materiais utilizados
na construção civil.
A caracterização hidrogeológica indica
que o maciço rochoso de Ponta Grande está em
boas condições. A caracterização
da água subterrânea da área do empreendimento
evidencia a superfície do lençol freático
como seguindo a superfície do terreno, localizada alguns
poucos metros abaixo desta.
A avaliação dos parâmetros hidrodinâmicos
dos maciços fraturados de fundação das
usinas concluiu que os poços na área de influência
do empreendimento apresentam características hidrodinâmicas
típicas dos sistemas cristalinos do estado do Rio de
Janeiro. Ou seja, estas configuram um aqüífero
pobre, de poucos recursos e pequenas vazões.
A Baía de Ilha Grande apresenta um litoral bastante
recortado e morfologia típica de área de submersão,
com algumas "rias" (Sacos do Mamanguá e
de Parati-Mirim) e depósitos quaternários pouco
desenvolvidos. A baía apresenta uma morfologia de fundo
bastante variada, com a presença de canais fluviais
submersos, oriundos de períodos de nível de
mar mais baixos e um canal central, entre a ilha Grande e
o continente, com acentuada depressão batimétrica,
atingindo a profundidade de 55 m. A Baía de Ilha
Grande é caracterizada pela existência de centenas
de ilhas e parcéis, estando inserida em uma região
distinta do resto do litoral brasileiro, com uma linha de
costa única no Brasil, bastante recortada, bordejada
por um extenso domínio montanhoso, que está
associado à vertente sul da Serra do Mar, em contato
direto com o mar. Esta é separada do continente por
um marcante estreitamento e uma grande depressão batimétrica
(Canal Central) entre a Ilha Grande e o continente. O Saco
Piraquara de Fora é o local escolhido para o lançamento
da água do mar, captada em Itaorna, do sistema aberto
de resfriamento das usinas.
A
região representa uma variação de profundidade
entre seis e 12 metros, com largas faixas de costão
rochoso, coberto por formações coralíneas,
com diversidade faunística com biocenoses incrustantes
e vágeis. O fundo rochoso/coralíneo é
delimitado num fundo de areia coberto com cascalho de conchas,
carapaças e fragmentos de corais.
Em conseqüência, há uma grande atividade
e diversidade ictiofaunística nessa região,
particularmente sobre os fundos de corais e entre as rochas,
que formam grande quantidade de abrigo para os peixes.
Em torno da CNAAA, as praias se caracterizam por formações
de Mata Atlântica que recobrem num contínuo a
faixa litorânea, compondo áreas de restinga.
Nesta região, há uma rica fitofisionomia de
manguezal.
A vegetação próxima às praias
e nas trilhas próximas à CNAAA, em direção
a Angra dos Reis, se apresenta bastante conservada. A região
onde está localizada a CNAAA, representa uma área
de concentração e reprodução de
muitas espécies de anfíbios e répteis.
A área do entorno imediato à CNAAA está
bem conservada, enquanto que a região de Angra dos
Reis sofre um acelerado processo de degradação
ambiental por desmatamento.
O estado de conservação das florestas locais
varia de acordo com o grau de interferência antrópica
em cada trecho. Assim sendo, parte da cobertura é atualmente
constituída por uma vegetação secundária
em estágios diversos de regeneração,
ao passo que outras áreas são recobertas por
florestas alteradas em sua composição e estrutura
originais.
Algumas áreas de encosta são atualmente aproveitadas
para atividades agrícolas, onde se destaca o cultivo
de banana. Nas matas atingidas pela extração
madeireira, a intensidade da alteração varia
com a declividade e a dificuldade de acesso. De um modo geral,
boa parte dos fragmentos florestais locais encontra-se desprovida
de elementos arbóreos de maior calibre e valor comercial.
A história de ocupação e uso do solo
na região em estudo responde pelas principais características
do padrão atual de uso da terra e das modificações
na paisagem registradas ao longo das últimas décadas.
A expansão urbana propiciou o aumento das demandas
de saneamento ambiental e de equipamentos urbanos. Tais vetores
incidem em pressões diversificadas sobre os recursos
naturais (flora, fauna, água, solos etc.).
Do
período áureo da cana-de-açúcar
e do café, restam ruínas de antigas fazendas,
como da Fazenda Bracuí, onde se localizava um dos antigos
cais, atual Condomínio Porto Marina Bracuhy. Ainda,
também no antigo porto de Mambucaba, está a
Vila Histórica de Mambucaba e o Eco Resort Hotel do
Bosque. Empreendimentos hoteleiros e centros urbanos periféricos
se encontram em outras áreas da planície litorânea,
como Frade, Trindade, Laranjeiras.
O fator urbano na região é marcado pelas vilas
residenciais da Eletronuclear - mais conjuntos habitacionais
que vilas, na praia Brava e Mambucaba, a Vila Histórica
de Mambucaba, e parte expressiva da vila do distrito de Cunhambebe,
conhecida como Localidade do Frade. Nessa área a organização
socioespacial é marcada pelo convívio de habitações
precárias e condomínios de alto padrão
econômico. O processo de expansão urbana nos
sítios de ocupação tradicional Mambucaba
e Cunhambebe ameaça os limites sul do Parque Nacional
da Serra da Bocaina e invade por completo a faixa de domínio
da BR-101.
Os condomínios encontram-se em parte da Planície
do Rio do Frade e na faixa litorânea adjacente, em especial
os sacos Piraquara de Dentro e Piraquara de Fora. A sudoeste
de Angra 3, na Praia Vermelha, encontra-se o Condomínio
Barlavento e uma ocupação mais recente, de padrão
espacial desorganizado, que caracteriza as construções
feitas por populações de baixa renda. Na paisagem
urbana predominam, nas habitações precárias,
as construções de acabamento incompleto, caracterizadas
pelo emprego de materiais pobres ou de aproveitamento de demolições,
manuseados por mão-de-obra sem qualificação
adequada. O processo de urbanização encontra
motivação na proximidade em relação
aos locais de trabalho, que se resumem à CNAAA, aos
condomínios de luxo e à rede lazer-hotelaria
(clubes, pousadas, hotéis e condomínios com
serviços de hotelaria).
Mambucaba (66,5%) e Tarituba (65,1%) são os distritos
onde ocorre a maior concentração de pessoas
não naturais do município de Angra dos Reis
e de Parati, respectivamente. Já o pico do processo
de geração de renda no município ocorreu
entre 1975 e 1980, marcando a dinâmica econômica
do município sede da CNAAA. Em termos históricos
e arquitetônicos, Angra dos Reis apresenta um acervo
considerável de bens tombados pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo
Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e
Cultural (INEPAC-RJ). A Vila Histórica de Mambucaba
guarda diversas construções que espelham a organização
dos sítios urbanos dos séculos XVIII e XIX,
destacando-se a Igreja do Rosário. Os sítios
arqueológicos também estão caracterizados
por registros de passagens e permanências em variados
sítios, em sambaquis situados nas ilhas do Algodão,
Major, Caieira, Comprida e Bigode. No Saco Piraquara de Fora,
também há ocorrências de grande significado
arqueológico e histórico, como os sambaquis,
além de polidores-amoladores e alicerces de construções
dos séculos XVIII e XIX, localizados na Praia do Velho.
9.2. Síntese das Condições Socioambientais
e Tendências
A síntese das condições
socioambientais atuais e suas tendências evolutivas
compreende o prognóstico da área de influência
sem e com a implementação do empreendimento
em estudo.
O cenário ambiental da área de influência
sem a Unidade 3 da CNAAA se modelaria com o cenário
ambiental atual. Portanto, associado às transformações
que se desdobrariam em face da evolução natural
da região e suas atividades antrópicas.
A região manteria a pressão das atividades humanas
nas áreas com presença de ecossistemas de grande
relevância e unidades de conservação em
categoria de proteção integral e de uso sustentável.
Tais aspectos notabilizariam a sensibilidade da percepção
ambiental desta região.
Na área do trevo de acesso à CNAAA, há
indícios de instabilidade e ruptura existentes nos
pavimentos das diversas vias de acesso e o embarrigamento
de cortinas de contenção que permaneceriam,
excetuando-se no caso de recuperação.
Quanto aos recursos minerais, estes continuariam a ser explorados,
independente da não existência do empreendimento,
por uso direto na construção civil e abastecimento.
Quanto ao meio socioeconômico, a área rural abriga
inúmeros sítios e fazendas, nos quais a vegetação
original sofreu grande depleção. O abandono
da referida região, associado às condições
de umidade, propiciou o avanço da cultura da banana
que é predominante na região. Além disso,
a paisagem da pecuária continuaria como um mosaico
particular e, fato crescente, o cultivo do palmito.
Ainda no processo socioeconômico, a área tenderia
ainda no processo de recuperação econômica,
precipuamente pela retomada do Estaleiro Brasfels, Angra dos
Reis, como pólo regional, indicaria essa tendência
evolutiva. De imediato, com a não implementação
de Angra 3, o estado do Rio de Janeiro, deixariam de ser disponibilizados
cerca de 1,3 MW de energia elétrica, e a auto-suficiência
em geração de energia elétrica estaria
mais distante. Do mesmo modo, não se adicionaria a
arrecadação de impostos no processo da construção
e de operação do empreendimento em estudo. Em
síntese, o cenário socioambiental não
sofreria mudanças expressivas, mesmo porque já
existem duas unidades (Angra 1 e 2) da CNAAA em operação.
Então, tais tendências evolutivas atuais se manteriam
no processo estimado.
Nessa região, por causa da baixa taxa de emissão
dos poluentes convencionais, as concentrações
não excederiam os padrões nacionais de qualidade
do ar.
Os possíveis escorregamentos superficiais na área
de influência, motivados por bota-foras, não
constituiriam risco direto à área da CNAAA,
embora, em alguns casos, poderiam interditar a via de acesso.
As encostas no sítio da CNAAA e em torno desta poderiam
ter problemas agravados nos períodos de precipitação.
Com relação a possíveis episódios
sísmicos, não caracterizariam um risco maior
para instalações com as especificações
construtivas como as de Angra 3.
Os recursos minerais potenciais ou em exploração
poderiam ser mais utilizados na fase de implantação,
no que tange aos materiais de interesse. A localização
do empreendimento não sofreria interferência
das áreas de interesse mineral.
Os principais problemas associados à qualidade da água
estariam associados às cargas orgânicas da população
urbana que não disporia de esgotamento sanitário
e aos depósitos não controlados de resíduos
sólidos. Além disso, mesmo com os sistemas de
tratamento de efluentes do TEBIG, a movimentação
de derivados de petróleo por esse terminal poderiam
causar alguns vazamentos. Ainda que tais tendências
não correspondam ao empreendimento proposto, cabe comentar,
pois a qualidade de água está envolvida em um
dos processos das atividades da operação de
Angra 3. Ademais, as vilas residenciais da CNAAA dispõem
de sistemas sanitários.
Quanto ao empreendimento em proposição, este
tem relação com os recursos ambientais. O empreendimento
proposto gera energia elétrica e depende da troca de
energia com o ambiente. O ambiente marinho é corpo
receptor. O local projetado para o lançamento da água
de resfriamento de Angra 3 é o Saco Piraquara de Fora,
o que potencializaria os efeitos de variação
de temperatura somados às outras unidades da CNAAA
(pluma do efluente térmico). As simulações
realizadas para a dispersão da pluma de calor no Saco
Piraquara de Fora com as usinas Angra 1 e 2 funcionando a
plena potência e na configuração de Angra
3, também funcionando a plena potência, consideraram
a vazão como sendo de 200 m3/s.
Conseqüentemente, as respostas ambientais retratam o
processo de resfriamento. Nos trópicos, comunidades
marinhas da região sublitorânea vivem em ambiente
relativamente estável, onde as variações
sazonais de temperatura são, em média, menores.
Com isso, as espécies poderiam ter baixa tolerância
a flutuações nas características físicas
do ambiente. A adaptação ao estresse por temperatura
poderia ser por diferentes estratégias ou, numa outra
consideração, algumas espécies também
poderiam criar resistência ao estresse térmico.
Ademais, tal contribuição do efluente poderia
alterar o padrão de circulação dentro
da zona de mistura, a partir do ponto de lançamento.
No interior dos circuitos de refrigeração das
unidades nucleares ocorreria o desenvolvimento de incrustação
e, dessa maneira, esta colonização biológica
diminuiria a eficiência na troca de calor e geraria
problemas de corrosão nas paredes das tubulações.
Tal condição poderia levar ao aumento de biomassa
na descarga do efluente. Essa zona poderia apresentar menor
recrutamento e menor riqueza de espécies. Neste caso,
a resposta derivaria do ambiente biológico aquático.
Nos ambientes terrestres, o mosaico vegetacional é
variado. As atividades humanas podem modificar paisagens e
ambientes. Diversas atividades, como a construção
de estradas, de complexos hoteleiros e de loteamentos para
casas de veraneio se deu em detrimento de áreas de
restingas, manguezais e brejos, que sofreram uma redução
de área total de 46,0 Km2 em 1966 para 21,9
Km2 em 1987. Tais atividades inda continuariam
existindo, derivadas da vocação turística
regional e do conseqüente processo de ocupação
urbana.
A bananicultura, cultura predominante na região, ainda
representaria sua significância na produção
agrícola. Além disso, outros cultivos e a pecuária
modelariam a paisagem rural da região. Em síntese,
nas baixadas e encostas adjacentes, a ampliação
de áreas de pastagem, o cultivo de monoculturas e o
crescimento urbano tenderiam em constante como os principais
fatores responsáveis pela descaracterização
da vegetação, além da especulação
imobiliária. Esses problemas ambientais continuariam
comuns às áreas de influência do empreendimento
em proposição, mesmo sem relação
direta.
Na área diretamente afetada, haverá a construção
de alojamentos para os operários na fase de construção.
Este fato poderá implicar no aumento da demanda por
bens e serviços, particularmente, na Localidade do
Frade e do Perequê.
O empreendimento nas duas fases (implantação
e operação) estimularia fluxos migratórios
em busca de trabalho e renda. Essa corrente migratória
parte principalmente dos municípios de Rio Claro e
Barra Mansa. O processo de urbanização encontraria
estímulo pela proximidade com os locais de trabalho,
referenciados a CNAAA. Em igual modo, associado aos condomínios
de luxo e à rede hoteleira de clubes, pousadas, hotéis
e condomínios com serviços. A área da
CNAAA tenderia num crescimento populacional maior na fase
de implantação, especialmente na área
urbana. Com a operação da Unidade 3 da CNAAA,
os trabalhadores não relacionados com a manutenção
de Angra 3 retornariam a seus locais de origem, fato esse
considerado pela Eletronuclear e planejado na valorização
de contratação da mão-de-obra local como
forma de dirimir pressões sociais derivadas da migração.
Por fim, a história dos projetos sociais na região
e grande vocação no ecoturismo e unidades de
conservação poderia inspirar, mais ainda, novas
possibilidades de responsabilidade social e ambiental.
9.3. Síntese
da Qualidade Ambiental
Na hipótese da não realização
da Unidade 3 da CNAAA, o cenário ambiental da área
de influência prosseguiria em suas tendências
evolutivas, de acordo à realidade regional. Ou seja,
a área diretamente afetada do empreendimento proposto
permaneceria com suas duas outras unidades (Angra 1 e Angra
2), ao passo que não adicionaria os ganhos em mobilização
econômica por conta dos impostos arrecadados, mão-de-obra
qualificada e não qualificada nas fases de implantação
e de operação, bem como da energia elétrica
gerada possibilitando alcançar a auto-suficiência
e, em conseqüência, segurança a problemas
decorrentes de falhas na distribuição de energia.
Com a implementação da Unidade 3 da CNAAA, o
cenário ambiental da área de influência
constituiria aspectos locais e dinâmica própria
ocupacional. As áreas de encostas expostas, com declividades
mais acentuadas e próximas às atuais concentrações
habitacionais no entorno da CNAAA, potencializariam suas suscetibilidades
a escorregamentos.
Potencialização esta, conseqüente ao possível
uso desordenado do solo combinado aos altos índices
pluviométricos da região. Quanto aos padrões
da qualidade do ar, não haveria alterações
significativas dos níveis atuais, que se apresentam
aceitáveis e bastante abaixo dos estabelecidos pelas
legislações vigentes.
A implantação da Unidade 3 envolveria a presença
de mais um grupo turbogerador na CNAAA. Angra 3 está
planejada para dotar um reator do tipo PWR (Pressurized
Water Reactor - reator do tipo a água pressurizada),
que utiliza urânio enriquecido como combustível
e água leve pressurizada para sua refrigeração.
A água de refrigeração do reator seria
submetida à alta pressão para não se
transformar em vapor, e assim manter uma taxa efetiva de transferência
de calor. Essa água circularia no circuito primário,
no núcleo do reator. Quatro trocadores de calor transfeririam
o calor para a água de alimentação do
circuito secundário. Daí, transformando-a em
vapor saturado seco, que seria direcionado para rodar a turbina
mediante a transformação da energia térmica
do vapor em energia mecânica.
Por um terceiro sistema, isolado dos demais, circularia a
água do mar utilizada para a condensação
do vapor de exaustão das turbinas de baixa pressão.
Denominada água de circulação ou de resfriamento,
essa água seria captada em uma fonte fria externa (mar),
e devolvida à mesma após ser usada. A água
do mar circularia nos condensadores sem contato com a água
do circuito secundário, que por sua vez não
entraria em contato com a água de resfriamento do reator,
do circuito primário.
A água de resfriamento relacionar-se-ia com as águas
da Baía de Ilha Grande. Este ambiente, especificamente
no Saco Piraquara de Fora, com o recebimento do efluente de
resfriamento favoreceriam potenciais efeitos de variação
da pluma do efluente térmico em ocorrência pontual.
Assim, tais condições poderiam indicar outro
comportamento de presença de espécies mais tolerantes
porquanto do estresse térmico.
A água pré-tratada a ser utilizada em Angra
3 para os circuitos primário e secundário provirá
da Estação de Pré-tratamento de Água
("EPTA"), já existente e que já
abastece as duas demais Unidades 1 e 2, através de
tubulação de interligação dessa
Estação com a nova Unidade. A rede de abastecimento
de água potável da Unidade 2 será conectada
à da futura Unidade 3 através de tubulação
de interligação entre essas duas usinas.
Tais condições operacionais de Angra 3 serão
conduzidas segundo normas, padrões e regulamentações
pertinentes à atividade nuclear, adotada pela Eletronuclear.
A maior aceitação dos reatores do tipo PWR é
atribuída à sua confiabilidade, proporcionada
pelo rigor dos princípios de segurança que são
aplicados ao projeto, à operação e à
manutenção das usinas. Além disso, soma-se
a economicidade, proporcionada pela economia de escala decorrente
da construção de reatores de grande porte, pela
padronização e a conseqüente redução
do tempo de construção, licenciamento e por
sua estrutura relativamente simples e compacta. Tais condições
em suporte graças à utilização
de urânio enriquecido como combustível e às
propriedades térmicas e neutrônicas favoráveis
da água leve, usada simultaneamente como refrigerador
e moderador.
A operação da unidade implicaria na produção
e descarte de emissões, efluentes e resíduos.
Para minimizar os potenciais impactos, a Eletronuclear propõe
ações ambientais, assim como diversos projetos
de controle e monitoramento, visando mitigar e / ou reduzir
a possibilidade de ocorrência dos impactos negativos
e maximizar os impactos positivos. Estes são os Projetos
de Monitoramento Ambiental e de Controle da Poluição.
Há, ainda, projetos de Treinamento dos Trabalhadores
e de Comunicação Social e de Educação
Ambiental.
Uma usina nuclear introduz um risco de acidente radiológico,
o que significa dizer o de causar um impacto ambiental por
contaminação de radioatividade. Esse risco é
considerado pelos engenheiros de segurança e analistas
de risco como extremamente baixo (uma vez a cada 10.000.000
de anos). Portanto, garantindo-se com ampla margem os níveis
de segurança para a população e o ambiente
na vizinhança da usina Angra 3.
Em troca, produz uma energia com impacto virtualmente zero
na atmosfera, sem geração de CO2
ou qualquer outro gás danoso, e sem liberação
de poluição líquida no corpo receptor
utilizado para resfriar o vapor da turbina. Uma usina nuclear,
em conseqüência, não contribui para mudanças
de clima, os do efeito estufa, nem altera a qualidade das
águas costeiras onde se instala.
Quanto aos aspectos socioeconômicos, estimar-se-ia uma
melhoria na promoção de processos econômicos,
tais como indução à demanda de bens e
serviços, contratação de trabalhadores
e empresas envolvidas com construção, aumento
da massa salarial e da arrecadação tributária,
incremento por conta na fase de implantação.
Já na fase de operação, tais contribuições
inferem-se à geração de energia elétrica,
tributos associados e à realidade da economia diretamente
relacionada à contratação de funcionários,
aos núcleos de funcionários, bem como de prestação
de serviços por terceiros.
Contudo, as mudanças apontadas no perfil das atividades
econômicas e no uso dos solos representariam, assim,
reflexos significativos sobre a disponibilidade hídrica
na bacia da Baía da Ilha Grande. O crescimento urbano,
a diversificação e intensificação
do setor de serviços e a expansão do turismo
contribuiria para variações do consumo e qualidade
da água.
A paisagem regional compreenderia o seu mosaico multifacetado
nas baixadas e encostas adjacentes pelas áreas de pastagem,
de monoculturas e o crescimento urbano. Tais questões
ambientais estariam associadas à realidade regional,
sem ou com o empreendimento em proposição.
Mesmo com todos os cuidados tomados durante a implantação
e operação de um empreendimento desta natureza,
impactos nos meios físico, biótico e socioeconômico
são inevitáveis. Contudo, a implantação
efetiva das medidas mitigadoras e dos planos e programas de
controle e proteção ambiental apresentados neste
estudo, mais adiante, permitirão que o empreendimento
se desenvolva da forma menos impactante ao meio, garantindo
a sua viabilidade ambiental.
9.4. PONTOS CRÍTICOS
Os pontos críticos do ambiente (indicadores
de sensibilidade ambiental) onde haveria atividades do empreendimento
em proposição estão ilustrados nos Mapas
de Sensibilidade Ambiental para a fase de implantação
e operação (Anexo 1 e Anexo 2, respectivamente) e descritos
em aspectos associados, conforme a seguir.
A área de influência da Unidade 3 da CNAAA conformaria
os seguintes pontos indicadores de impactos ambientais:
1.
Aumento da geração de energia elétrica.
O sistema interligado nacional de energia elétrica
seria incrementado por este aumento da geração
de energia elétrica. Com isso, amplia a confiabilidade
e meta da auto-suficiência para o estado do Rio de Janeiro.
2.
Lançamento da água de resfriamento. Os efeitos
da variação de temperatura e alteração
no padrão de circulação dentro da zona
de descarga serão somados aos efeitos que ocorrem decorrentes
da operação de outras unidades. Tais efeitos
se estenderão na biota aquática marinha com
a entrada desta nova unidade.
3.
Aumento da geração de resíduos sólidos
(fases de implantação e operação)
da CNAAA.
4.
Aumento da geração de rejeitos radioativos (fase
de operação) da CNAAA.
5.
Aumento da geração de efluentes líquidos
convencionais (fases de implantação e operação).
6.
Potencialização da suscetibilidade a deslizamentos
em áreas de encostas da área de influência,
conseqüentes à ocupação desordenada
do solo, com gravidade em períodos de precipitação
mais forte.
7.
Aumento da exploração de recursos minerais potenciais
ou em uso (fase de implantação).
8.
Contratação da mão-de-obra. Os processos
de contratação de trabalhadores na fase de implantação,
na região de Angra dos Reis e adjacências, geram
um movimento de trabalhadores em busca de novas oportunidades.
Este cenário demanda inferência político-administrativa
e promoção de atividades econômicas. Também
na fase de operação, trabalhadores seriam contratados
para operação e manutenção de
Angra 3.
9.
Pressão na infra-estrutura urbana de Angra dos Reis.
Com o movimento migratório, haverá pressão
sobre as unidades de saúde, educação,
segurança, sistemas de saneamento ambiental e de transporte.
Na ausência de planejamento e gestão pública,
estes fatores podem deteriorar as instituições
públicas e privatizadas (concessão pública).
10.
Promoção do dinamismo econômico. Nas duas
fases do empreendimento em questão (implantação
e operação), há incentivo a processos
na economia local por conta de serviços e materiais.
11.
Variação da arrecadação tributária.
Nas duas fases (implantação e operação),
haverá fomento na arrecadação de tributos.
12.
Variação da massa salarial. Empregos diretos
e indiretos incrementarão a massa de salários
na região.
13.
Desmobilização da mão-de-obra.
14.
Obras para implantação do empreendimento proposto:
geração de ruído ocupacional, risco de
acidentes de trabalho, emissões atmosféricas
e de efluentes sanitários.
10. IDENTIFICAÇÃO
E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS / medidas mitigadoras
e compensatórias
Com
base no Termo de Referência ELPN/Ibama n.º 017/99, são apresentados
neste item a identificação e a avaliação dos impactos ambientais,
com as suas respectivas medidas mitigadoras e/ou compensatórias,
referentes às fases de instalação e operação da Unidade 3
da CNAAA (Angra 3). Os métodos utilizados são também descritos,
juntamente com as definições necessárias para a total compreensão
do documento.
De
acordo com a Caracterização do Empreendimento (Volume 1) e
do estudo da situação ambiental das áreas de influência, desenvolve-se
a identificação dos impactos ambientais decorrentes das ações
de instalação e operação do empreendimento em estudo.
A
Lei Federal nº 6.938/81 instituiu a Política Nacional
do Meio Ambiente, criando para a sua execução
o Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama, o qual
tem como órgão superior o Conselho Nacional
do Meio Ambiente - Conama, como órgão central
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - Ibama e é constituído por
todos os órgãos e entidades federais (órgãos
setoriais), estaduais (órgãos seccionais) e
municipais (órgãos locais) envolvidos no disciplinamento
do uso racional dos recursos ambientais e na preservação
da qualidade ambiental. O Decreto nº 88.351/83, revogado
pelo Decreto nº 99.274/90, que regulamentou a Lei nº
6.938/81, vinculou a utilização da avaliação
de impacto ambiental aos sistemas de licenciamento dos órgãos
estaduais de controle ambiental para as atividades poluidoras
ou mitigadoras do meio ambiente.
Por
definição, a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) é o "instrumento de política e gestão ambiental
de empreendimentos, formado por um conjunto de procedimentos
capaz de assegurar desde o início do processo, que: se faça
um exame sistemático dos impactos ambientais de uma proposta
(projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas;
se apresentem os resultados de forma adequada ao público e
aos responsáveis pela tomada de decisão, sobre a implantação
do projeto conforme medidas de controle, proteção, medidas
mitigadoras e compensatórias negativas aos devidos impactos".
Os impactos ambientais são qualificados na Resolução Conama
001/86: "qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas no meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,
afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população; às
atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas
e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais".
Além disso, nesta mesma resolução apresentam-se os
atributos meritórios num estudo de impacto ambiental, que
posam ser: positivos (benéficos) ou negativos (adversos);
diretos e indiretos; imediatos, em médio e longo prazos, temporários
e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinergéticas; a distribuição dos ônus e benefícios
sociais.
Segundo
BOLEA (1984), impacto ambiental de um projeto é "a diferença
entre a situação do meio ambiente (natural e social) futuro
modificado pela realização do projeto e a situação do meio
ambiente futuro, tal como teria evoluído sem o projeto".
10.1. Metodologia
Os
métodos ou técnicas de avaliação dos impactos visam identificar,
avaliar e sintetizar os efeitos de um determinado projeto
ou programa nas áreas de influência ambiental de um determinado
empreendimento. Objetivando a execução da listagem e descrição
dos impactos decorrentes da implantação e operação do empreendimento,
bem como suas quali-quantificações, interações e medidas mitigadoras
e/ou compensatórias correspondentes, a Eletronuclear realizou
um workshop, nos
dias 06 e 07 de dezembro de 2002.
Esse
encontro culminou com uma apresentação prévia da relação de
impactos sugerida pelos representantes da Eletronuclear, Ibama,
Feema, CNEN e instituições responsáveis pela elaboração dos
estudos básicos presentes para o Diagnóstico Ambiental, conforme
listagem abaixo:
• UFRJ (Instituto de Biologia) - responsável
pelos estudos referentes ao Meio Biótico;
• UFRJ (Instituto de Geociências)
- responsável pelos estudos referentes ao Meio Físico (Geologia,
Geomorfologia, Solos, Recursos Hídricos, Meteorologia e Qualidade
do Ar);
• Uerj (Instituto de Oceanografia)
- responsável pelos estudos referentes ao Meio Físico (Oceanografia);
• Science - responsável pelos estudos
referentes ao Meio Socioeconômico.
Após
esta etapa, os resultados do workshop foram reavaliados e reestruturados, buscando-se a confirmação
das informações e uma maior clareza na apresentação dos seus
dados.
Inicialmente,
foram descritos e quali-quantificados os impactos decorrentes
da implantação e/ou operação do empreendimento e medidas mitigadoras
e/ou compensatórias correspondentes. Em seguida, identificaram-se
os impactos através de um "brainstorming"
que foram caracterizados e sumarizados em tabelas. Posteriormente,
elaborou-se um "check-list"
relacionando-se os padrões dos fatores ambientais a partir
dos impactos provocados pelo projeto. Tais ferramentas puderam
então incorporar escalas de valoração e ponderação dos fatores
ambientais. Por fim, adotou-se o método matricial, como técnica
bidimensional que relaciona ações com fatores ambientais.
A partir da adaptação do método Fischer e Davies, desenvolvido
em 1972, que visa dar uma visão geral dos impactos e sua caracterização,
elaborou-se a Matriz de Impacto Quali-Quantitativa (TOMMASI,
1994).
10.1.1.
Caracterização e quali-quantificação
dos impactos ambientais
As
interações com o ambiente produzidas pela implantação e operação
do empreendimento, geradoras dos impactos ambientais, neste
estudo serão chamadas de Atividades Transformadoras (KOHN,
1993).
Os
impactos ambientais decorrentes das diferentes atividades
transformadoras foram ordenados e descritos.
É
importante ressaltar, que de uma atividade transformadora,
podem decorrer vários impactos ambientais com quali-quantificações
distintas.
Outra
ocorrência interativa entre as causas e efeitos é que um mesmo
impacto ambiental (efeito) pode ser causado por várias atividades
transformadoras, bem como uma atividade pode provocar mais
de um impacto. Neste caso, se houver sinergia entre as diferentes
ações causadoras, esta será demonstrada na descrição e quali-quantificação
dos impactos ambientais.
Em
etapa posterior, esses impactos foram categorizados e valorados
em classes conceituais, não numéricas, de acordo com as diretrizes
da Resolução Conama nº 001/86, apresentadas a seguir.
10.1.1.1. Magnitude
Segundo
BISSET (1987), Magnitude "é definida como a medida de gravidade da alteração
de parâmetro ambiental (consideram-se questões como a extensão
do impacto, sua periodicidade e seu grau de modificação).
A magnitude é, e também definida pela extensão do efeito daquele
tipo de ação sobre a característica ambiental, em escala espacial
e temporal. É classificada como alta, média ou baixa".
10.1.1.2.
Significância
Indica
a importância do impacto no contexto da análise. É classificada
como alta, média ou baixa.
10.1.1.3.
Natureza
Indica
se o impacto ambiental é positivo ou negativo, da seguinte
forma:
o impacto positivo
(ou benéfico) - quando a ação resulta na melhoria da qualidade
de um fator ou parâmetro ambiental;
o impacto
negativo (ou adverso) - quando a ação resulta em um dano à
qualidade de um fator ou parâmetro ambiental.
10.1.1.4.
Forma
Indica
se o impacto ambiental é direto ou indireto, da seguinte maneira:
o impacto
direto - resultante de uma simples relação de causa e efeito,
representado esquematicamente na Figura 1;
o impacto
indireto - resultante de uma reação secundária em relação
à ação, ou quando é parte de uma cadeia de reações. Tal relação
é representada esquematicamente na Figura
2.
Figura
1 – Representação esquemática da
interação que resulta no impacto direto.

Figura 2 – Representação esquemática
da interação que resulta no impacto indireto
– o efeito (2) da ilustração.
10.1.1.5. Prazo
de ocorrência
Indica
se o impacto ambiental ocorre de forma imediata, de médio
ou longo prazo, da seguinte forma:
• impacto imediato - quando o impacto
ambiental (efeito) ocorre no mesmo momento em que se dá a
atividade transformadora (causa);
• impacto de médio prazo - quando
o impacto ambiental (efeito) ocorre em médio prazo, a partir
do momento em que se dá a atividade transformadora (causa);
•
impacto de longo prazo - quando o impacto ambiental (efeito)
ocorre em longo prazo, a partir do momento em que se dá a
atividade transformadora (causa).
10.1.1.6.Constância/duração
Indica
se o impacto ambiental em questão é temporário, permanente
ou cíclico, da seguinte forma:
• impacto temporário - quando o efeito
(impacto ambiental) tem duração determinada;
• impacto permanente - quando, uma
vez executada a atividade transformadora, o efeito não cessa
de se manifestar num horizonte temporal conhecido;
• impacto cíclico - quando o efeito
se manifesta em intervalos de tempo determinados.
10.1.1.7. Abrangência
Este
parâmetro indica se o impacto ambiental é local, regional
ou estratégico, segundo as seguintes definições:
• impacto local - quando a ação afeta
apenas o próprio sítio e suas imediações;
• impacto regional - quando o impacto
se faz sentir além das imediações do sítio onde se dá a ação;
• impacto estratégico - quando o
componente ambiental afetado tem relevante interesse coletivo
ou nacional.
10.1.1.8. Reversibilidade
Indica
se o impacto ambiental em questão é reversível ou irreversível,
seguindo as seguintes definições:
• impacto reversível - quando o fator
ou parâmetro ambiental afetado, cessada a ação, retorna às
suas condições originais;
• impacto irreversível - quando, uma
vez ocorrida a ação, o fator ou parâmetro ambiental afetado
não retorna às suas condições originais em um prazo previsível.
10.1.1.9.
Cumulatividade e sinergia
Se
houver efeitos cumulativos e/ou sinérgicos, estes serão destacados
na descrição do impacto ambiental, indicando sua magnitude
e relações. Seguem as respectivas definições:
Cumulatividade:
um impacto ambiental cumulativo é derivado da soma de outros
impactos ou de cadeias de impacto que se somam, gerados por
um ou mais de um empreendimento isolado, porém contíguo, num
mesmo sistema ambiental. Impacto no meio ambiente resultante
do impacto adicional da ação quando acrescentada a outras
ações passadas, presentes e futuras, razoavelmente previsíveis
(MAGRINI, 1990).
Sinergia:
é o efeito, força ou ação, resultante da conjunção simultânea
de dois ou mais fatores, inclusive de outros empreendimentos
(caso das usinas de Angra 1 e 2, situadas no mesmo sítio:
a CNAAA), de forma que o resultado é superior à ação dos fatores
individualmente, sob as mesmas condições. Em outros termos,
a associação de tais fatores não somente potencializa a sua
ação como, ainda, pode produzir um efeito distinto (MAGRINI,
1990).
10.1.2.
Estrutura de apresentação
Inicialmente,
serão descritas as Atividades Transformadoras necessárias
para a implantação e operação do empreendimento, caracterizando
assim os eventos geradores de impactos ambientais.
A
seguir, estão ordenados, descritos e quali-quantificados individualmente
os impactos ambientais dos diferentes meios (físico, biótico
e socioeconômico), de acordo com a fase de ocorrência (implantação
e operação) de seus agentes causadores, suas atividades transformadoras
e/ou outros impactos. Juntamente a eles, estão apresentadas
as medidas mitigadoras e/ou compensatórias.
Ao
final, foi elaborada a Matriz de Impactos Ambientais Quali-Quantitativa,
segundo adaptação do Método Fischer e Davies, objetivando
possibilitar uma visão geral, comparativa e sintética dos
impactos, suas caracterizações e medidas mitigadoras propostas.
10.2. Descrição das Atividades transformadoras
Visando
o melhor entendimento da descrição e quali-quantificação dos
impactos ambientais, neste item são descritas as atividades
transformadoras - ações decorrentes da implantação e/ou operação
empreendimento geradoras dos impactos ambientais.
10.2.1. Fase de implantação
10.2.1.1. Contratação de trabalhadores
O
cronograma executivo de Angra 3 prevê 66 meses para a sua
implantação, englobando as atividades de construção civil,
a montagem eletromecânica, o comissionamento de equipamentos
e sistemas, bem como a fase de testes operacionais.
Analisando-se
o " Anexo 3", para as diversas
fases da implantação da usina, está prevista, para o pico
da obra, a contratação de 9.100 trabalhadores. Analisando-se
ainda o histograma das obras, o empreendimento deverá contar,
em média para todo o período de implantação, com 3.612 trabalhadores.
10.2.1.2.Preparo
do terreno e instalação do canteiro de obras
Esta
atividade envolverá a limpeza do terreno (água com lama das
cavas decorrentes do escavamento das fundações em rocha sã),
pequenos movimentos de terra (nivelamento para instalação
dos prédios de apoio), execução de caminhos de serviço e construção
dos prédios de apoio ao canteiro de obras (oficinas, estação
de tratamento de esgotos, refeitório, escritórios, etc).
10.2.1.3.Geração
de resíduos sólidos
Durante
a fase de desenvolvimento da construção e montagem de Angra
3 serão produzidas grandes quantidades de resíduos sólidos
(não radioativos), provenientes de restos de materiais orgânicos
(refeitórios e sanitários), lamas, produtos de limpeza química,
entulhos de obra, sobras de madeira, restos de alvenaria,
pontas de vergalhão de aço de construção, latas de tintas
e solventes vazias.
10.2.1.4.Geração
de ruídos e vibrações
As
obras para implantação de Angra 3 implicam na utilização de
máquinas e equipamentos inerentemente geradores de ruídos,
particularmente na movimentação de terra (escavadeiras, pás
carregadeiras, serra elétrica, caminhões e outros), fundações
(marteletes pneumáticos, compactadores e outros) e obras civis
(betoneiras, vibradores). A geração de ruídos por parte de
tais equipamentos será variável, de acordo com as fases da
obra, e causará incremento nos níveis de ruídos e vibrações
no canteiro de obras.
Ao
longo das rodovias de acesso, principalmente na BR-101 (Rio-Santos),
as principais fontes de ruídos e vibrações serão provenientes
da movimentação de veículos (transporte de pessoal, material
e equipamentos para o canteiro de obras).
10.2.1.5. Intensificação do tráfego de veículos (leves
e pesados)
As
obras civis necessárias à implantação do empreendimento exigirão
a movimentação de veículos leves e pesados, decorrentes do
tráfego de:
• ônibus - levando trabalhadores de
suas residências ao local da obra e vice-versa;
• automóveis e motocicletas - levando
trabalhadores de suas residências ao local da obra e vice-versa;
• caminhões - transportando materiais
e equipamentos necessários à construção e montagem do empreendimento.
Esta
atividade será mais intensa na BR-101 (Rodovia Rio-Santos)
e nos caminhos de serviço criados para a obra, principalmente
no interior da CNAAA.
10.2.1.6.Geração
de efluentes (sanitários e águas de serviço)
Obras
do porte do empreendimento em questão, são caracterizadas
pela produção de grandes quantidades de efluentes, tanto sanitários
como águas de serviço, provenientes das diversas instalações
do canteiro de obras, tais como: garagens, oficinas, sanitários,
vestiários e refeitórios.
Mais
precisamente, poderá ocorrer a geração de efluentes contaminados:
• com produtos químicos nas fases
de pintura, limpeza e atividades de caráter geral, onde estes
produtos serão utilizados;
• por hidrocarbonetos derivados do
petróleo (combustíveis, lubrificantes e solventes) no processo
de abastecimento e manutenção de equipamentos e na limpeza
de estruturas e ferramentas;
• através de vazamentos em equipamentos;
derramamento ou transbordamento durante operações de carga
e descarga de produtos; gotejamento de tubulações, reservatórios,
veículos e equipamentos.
É
importante ressaltar que o volume de efluentes sanitários
e águas residuais serão proporcionais à quantidade de trabalhadores
presentes na obra, que é variável (ver Anexo 3).
10.2.1.7. Geração
de particulados, gases e fumaça.
A
geração de poluentes atmosféricos durante as obras para a
implantação de Angra 3 deverá consistir especialmente de material
particulado, proveniente das operações de tráfego de veículos,
especialmente em locais sem pavimentação, e de transporte
de material (emissões fugitivas). A construção de prédios
gera pó de cimento e de madeira, além de fumaças e poeiras
metálicas. Gases como SO2, NO2 e CO,
decorrentes da movimentação de veículos e máquinas ligados
às obras, também serão gerados temporariamente, em menor proporção.
As
emissões de material particulado variam conforme as operações
e o ritmo desenvolvido na implantação do empreendimento, bem
como das condições meteorológicas.
O
material particulado consistirá de partículas menores que
100 µm, das quais, aquelas de granulometria próxima de 100
µm serão prontamente sedimentadas na área de geração; as partículas
entre 30 e 100 µm poderão sedimentar no raio de 100 metros
da geração e as partículas menores que 30 µm deverão sedimentar
ou permanecer suspensas no ar, dependendo das condições meteorológicas.
10.2.2. Fase de operação
10.2.2.1.Contratação
de trabalhadores
Para
a fase de operação, a usina deverá contar, em média, com aproximadamente
770 trabalhadores por toda a sua vida útil.
10.2.2.2. Produção de energia
A
usina nuclear Angra 3, que será dotada de um reator do tipo
PWR (pressurized water reactor), utilizará urânio enriquecido como combustível
e água leve pressurizada para sua refrigeração, terá uma potência
térmica de 3.765 MWt e uma potência elétrica de 1.350 MWe.
A capacidade de geração de energia elétrica prevista para
Angra 3 é de 10,5 mil GWh por ano.
10.2.2.3.
Geração de efluentes líquidos não radioativos
Os principais efluentes líquidos (resíduos)
convencionais a serem gerados pelo empreendimento provirão
dos sistemas de resfriamento dos condensadores do vapor oriundo
da turbina de baixa pressão (basicamente, água do mar), assim
como de tanques de neutralização de efluentes, das bacias
de tratamento de efluentes, dos poços de drenos dos respectivos
edifícios da turbina, dos tanques de separação de água/óleo
dos transformadores principais, auxiliares e de reserva, além
dos efluentes sanitários.
Essas águas, para que possam ser utilizadas,
sofrem processos de tratamento e/ou de condicionamento químico
em função de suas origens e finalidades. Processos de tratamento,
ou de condicionamento de águas, são praticados com auxílio
de produtos químicos e geram resíduos convencionais, na forma
de efluentes líquidos derivados desses processos ou dos usos
que são feitos dessas águas como insumos de processo. Pode-se
destacar, entre outros, a presença de hidrazina (utilizada
como agente anti-oxidante), o amoníaco (resultante da decomposição
térmica da hidrazina) e o hipoclorito de sódio (para evitar
a incrustação biológica marinha nos equipamentos/sistemas
que têm contato com a água do mar).
O efluente proveniente da água de resfriamento,
com uma vazão total máxima de 77 m3/s, ao atravessar os condensadores sofre elevação
de temperatura máxima de 8 ° C (com a usina operando com sua potência total).
10.2.2.4. Geração de emissões atmosféricas não
radioativas
As emissões atmosféricas de resíduos gasosos
convencionais de Angra 3 considerados como poluentes atmosféricos,
restringir-se-ão praticamente àquelas provenientes da combustão
do óleo Diesel utilizado na Caldeira Auxiliar, bem como dos
motores dos grupos geradores Diesel do Sistema de Emergência
1 e 2, também responsáveis pelo acionamento alternativo das
bombas do sistema de água de alimentação de emergência. A
Caldeira Auxiliar, assim como os motores Diesel citados, não
são operados continuamente. A Caldeira Auxiliar é praticamente
apenas operada quando a usina nuclear está fora de operação
normal, enquanto os motores Diesel operam por ocasião da realização
de testes rotineiros ou nas situações em que tenham que ser
acionados para cumprir funções de emergência.
Além destes, a operação de Angra 3 emitirá gás
hidrogênio, que se forma como sub-produto no processo de produção
de hipoclorito de sódio (utilizado no tratamento da água do
mar usada no resfriamento do vapor oriundo das turbinas de
baixa-pressão) a partir da eletrólise da água do mar. O hidrogênio
gerado nesse processo é, no entanto, lançado na atmosfera
sem nenhum tratamento, por ser desnecessário. A produção de
hipoclorito é mantida em níveis praticamente constantes durante
a operação normal da usina, sendo reduzida a valores inferiores,
circunstancialmente, durante as paradas da mesma, quando as
necessidades de hipoclorito de sódio são menores.
10.2.2.5. Produção
de resíduos sólidos (não
radioativos)
Durante
os 40 anos previstos para a operação, Angra 3 produzirá resíduos
sólidos orgânicos (oriundo dos refeitórios e sanitários),
contaminados com óleos ou produtos químicos (oriundos das
oficinas e laboratórios), lâmpadas, papéis, metais, entre
outros, resultantes das diversas atividades necessárias à
operação da usina.
10.2.2.6. Produção
de rejeitos sólidos radioativos
Angra
3 produzirá rejeitos sólidos de baixo, médio e alto níveis
de radioatividade, que serão condicionados conforme o seu
grau de radioatividade, indicado abaixo.
Rejeitos
sólidos de baixo nível de radioatividade - serão acondicionados
em tambores de 200 litros e serão constituídos de materiais
compactáveis (materiais plásticos, papéis, luvas, sapatilhas
e roupas) e não compactáveis (peças, tubos e materiais metálicos),
contaminados nos diversos processos da usina. A estimativa
de projeto é de que Angra 3 produzirá 40 tambores por ano
desse tipo de rejeito.
Rejeitos
sólidos de médio nível de radioatividade - serão acondicionados
em tambores de 200 litros e serão constituídos de concentrados
dos evaporadores (oriundos dos sistemas de purificação e tratamento
de efluentes líquidos), resinas (utilizadas na purificação
do sistema de refrigeração do reator) e filtros (usados nos
sistemas de purificação e tratamento). A estimativa de projeto
é de que Angra 3 produzirá 89 tambores por ano desse tipo
de rejeito.
Rejeitos
sólidos de alto nível de radioatividade (elementos combustíveis)
- para os 40 anos de operação previstos, Angra 3 deverá acumular
10.880 kg de urânio 235 e 12.640 kg de plutônio total, que
serão inicialmente armazenados na piscina de elemento combustível
irradiado, contida no prédio do reator, sem acesso ao público.
A piscina de Angra 3, assim como a de Angra 2, terá capacidade
para armazenar 1084 elementos combustíveis, que corresponde
a aproximadamente 15 ciclos completos de operação. Posteriormente,
os elementos combustíveis serão transferidos para o armazenamento
final a ser ainda definido.
10.2.2.7. Geração
de rejeitos líquidos radioativos
Os
rejeitos radioativos líquidos gerados na usina são segregados,
em função do nível de radioatividade e da origem. Os rejeitos
de maior nível de radioatividade compreendem o material drenado
de salas com componentes radioativos, laboratórios e instalações
de descontaminação de equipamentos, ferramentas e materiais,
os rejeitos com menor nível de radioatividade são provenientes
de compartimentos de operação e serviços, lavanderia, chuveiros
da área controlada e do sistema de regeneração dos desmineralizadores.
Todos
os rejeitos líquidos recebem tratamentos adequados, sendo
lançados no meio ambiente em conformidade com a legislação
vigente (CNEN).
10.2.2.8. Geração
de rejeitos gasosos radioativos
Os
rejeitos gasosos radioativos que serão gerados em Angra 3
terão três origens:
• gases provenientes diretamente do
circuito primário, incluindo os gases de fissão, o oxigênio
e o hidrogênio resultantes da decomposição da água pelo fluxo
neutrônico (radiólise) e o nitrogênio (gás carreador de purga);
• gases e aerossóis potencialmente
radioativos e gases de ativação eventualmente arrastados pelo
sistema de ventilação da área de acesso controlado da usina,
e gases e aerossóis potencialmente radioativos succionados
pelo sistema de ventilação do Edifício Auxiliar do Reator
e do annulus;
•
gases não condensáveis provenientes
diretamente do circuito secundário (das bombas de vácuo dos
condensadores).
Angra
3 contará com um sistema de processamento de rejeitos gasosos
radioativos, que capta todos os gases contendo radioisótopos
provenientes da operação da usina, garantindo assim que todos
os rejeitos radioativos gasosos sejam tratados e lançados
ao meio ambiente em conformidade com as normas da CNEN.
10.3.
Descrição dos Impactos Ambientais - fase de implantação
10.3.1. Meio Físico
1)
Recursos hídricos: A água que abastecerá o canteiro de
obras de Angra 3, para consumo humano, infra-estrutura sanitária
e fins construtivos diversos, será proveniente da EPTA (Estação
de Pré-tratamento de Água), já existente e que atualmente
abastece as duas demais unidades da CNAAA (Angra 1 e 2) em
operação. O manancial (Rio do Frade) oferece disponibilidade
hídrica para as demandas presentes (Angra 1 e Angra 2) e futuras
(Angra 3).
Com
relação a inundações, os dados recolhidos nos estudos de recursos
hídricos realizados para o diagnóstico ambiental mostram que
não há risco na área da CNAAA e que a implantação de Angra
3 não potencializará os riscos de inundações na região, seja
de forma direta ou indireta.
O
impacto ambiental significativo nos recursos hídricos, para
a fase de instalação do empreendimento, resume-se na possibilidade
de alteração da qualidade da água do mar nas proximidades
da Ponta Grande (entre Itaorna e Praia Brava), que é o local
de lançamento dos efluentes provenientes do canteiro de obras
de Angra 3. Este impacto está descrito e quali-quantificado
no item 10.3.1.2
Alteração
da qualidade das águas .
2)
Sismologia: Os eventos sísmicos registrados fazem parte
da história sísmica e são decorrentes do arcabouço geológico
estrutural da região sudeste, não podendo ser considerados
como impactos resultantes da implantação do empreendimento.
Objetivando aprimorar e ampliar o conhecimento sismotectônico
e das falhas da região, de forma a armazenar e avaliar dados
para a análise de ameaça sísmica à CNAAA, a Eletronuclear
mantém o "Programa de Monitoramento Sismológico Regional".
3)
Geomorfologia, solos e geotecnia: Os impactos ambientais,
do ponto de vista geomorfológico e geotécnico, só podem ser
percebidos como sendo provocados pelo meio sobre o empreendimento,
não ocorrendo a hipótese de que a construção ou operação da
usina possa interferir na evolução geomorfológica local ou
regional. No entanto, o deslizamento de encostas pode afetar
a integridade do empreendimento e da única via de acesso à
CNAAA. Por isso, a Eletronuclear mantém o "Programa de Monitoramento
das Encostas de Itaorna", além de realizar convênios com o
Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes -
DNIT, garantindo a manutenção da Rodovia Rio - Santos.
É
importante destacar que a maior parte das obras de movimentação
de terras e construção da infra-estrutura ocorreram nas décadas
de 70 e 80, quando da implantação do sítio da CNAAA, e na
própria construção da BR 101. Considerando-se este aspecto
e o fato de que Angra 3 será construída sobre rocha sã, pode-se
dizer que os impactos ambientais relacionados às obras de
terraplanagem e instalação de infra-estrutura serão pouco
significativos. Porém, todos os impactos previstos relacionados
com solos, geotecnia e geomorfologia estão descritos e quali-quantificados
nos seguintes itens:
• potencialização da suscetibilidade
a deslizamentos em áreas de encostas;
• início ou aceleração de processos
erosivos;
• contaminação do solo por produtos
químicos, combustíveis, óleos e graxas.
4)
Geologia e recursos minerais: novamente deve ser considerado
que a maior parte das obras de movimentação de terras e construção
da infra-estrutura na região ocorreram nas décadas de 70 e
80, quando da implantação do sítio da CNAAA, e da própria
construção da BR 101. Além disso, para a implantação da Unidade
2 da CNAAA (Angra 2), não foram identificados na área do sítio
ou no entorno, concessões ou autorizações de exploração (pesquisa
e/ou lavra) de bens minerais que pudessem ter sofrido interferência
da implantação do referido empreendimento.
Empreendimentos
como Angra 3 não são caracterizados pela capacidade de alteração
significativa de características geológicas ou sismotectônicas
- ao contrário, por exemplo, de grandes barragens para geração
de energia hidroelétrica. As obras já realizadas de preparação
do terreno, movimentação de terra, fundações, infra-estrutura
e acessos, edificações e montagem industrial acarretaram impactos
apenas locais. Estes impactos foram predominantemente reversíveis
e de baixa intensidade.
10.3.1.1.Potencialização
da suscetibilidade a deslizamentos em áreas de encostas
A
microrregião da Baía da Ilha Grande é uma área potencialmente
suscetível a movimentos gravitacionais de massa. Isso ocorre
pelo fato do empreendimento estar localizado em uma região
com uma morfologia típica da Serra do Mar, com solos residuais
e coluviais, com encostas íngremes e pluviosidade de aproximadamente
2000 mm anuais. Esses fatores caracterizam a referida região
como uma área naturalmente sujeita à ocorrência de deslizamentos.
A
suscetibilidade à ocorrência de deslizamentos será potencializada
caso ocorra uma ocupação desordenada das referidas áreas.
A potencialização dar-se-ia através do incremento de cargas
(no caso de instalação de edificações), execução de cortes
abruptos de taludes e da remoção de vegetação, que causariam
aumento das declividades, exposição do solo e o conseqüente
aumento da infiltração no solo pelas águas de origem pluvial.
Quali-quantificação:
Atributo |
Negativo |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Região
com solos residuais e coluviais, com encostasngremes
e chuvas intensas. A combinação desses
fatores caracteriza a região como uma área
naturalmente sujeita à
ocorrência de deslizamentos. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Média |
Forma |
Indireta |
Efeito
indireto (resultante do impacto ambiental causado
pela ocupação desordenada do solo). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Caso
ocorra remoção da vegetação
por qualquer razão,
aumentará a susceptibilidade de deslizamento. |
Constância/duração |
Temporário |
Deverão
ser efetuadas ações que visem a dimunuição
dos
processos erosivos com o objetivo de minimizar a ocorrência
de deslizamentos. |
Abrangência |
Regional |
Nas
áreas de encostas, nas proximidades de áreas
urbanas já
instaladas, principalmente no distrito sede de Angra
dos Reis
e distrito de Cunhambebe. |
Reversibilidade |
Reversível |
Deverá
ser efetuado um plano de ações preventivas
ao
aumento do risco de deslizamento evitando possíveis
perdas
materiais e vidas. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização
da contratação da mão-de-obra local
Dessa forma, a probabilidade de ocupação das encostas seria reduzida,
além de beneficiar a população local com a oferta de emprego.
b) Apoio ao Programa de Contenção de Ocupação
Urbana Irregular da Prefeitura do Município de Angra dos Reis
visando a contenção da expansão urbana em áreas protegidas,
especialmente nos distritos de Cunhambebe e Mambucaba - Área
de Influência Direta do empreendimento.
c) Comunicação
Social
Apoiar a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis na divulgação de
seu Plano Diretor na área de influência direta do empreendimento,
visando sua implementação de modo a impedir a ocupação desordenada.
d) Inserção
regional
A Eletronuclear e as empresas contratadas em acordo com as prefeituras
locais, disponibilizarão áreas específicas para alojamentos
dos contratados não-residentes na fase de implantação do empreendimento,
visando uma ocupação ordenada e urbanizada.
e) Educação
Ambiental
Promoção de cursos com temas associados ao uso e ocupação desordenada
do solo e suas conseqüências, como o aumento da suscetibilidade
a deslizamentos, entre outros.
10.3.1.2.
Alteração da qualidade das águas
A
alteração da qualidade das águas, superficiais ou subterrâneas
poderá ocorrer através do lançamento de efluentes sanitários,
águas servidas contaminadas, derrames ou vazamentos de óleos,
graxas ou produtos químicos, diretamente no solo ou nos corpos
d´água receptores, na região marinha em Itaorna e na Praia
Brava.
O
lançamento de efluentes sanitários no mar, sem tratamento
adequado, poderia afetar a balneabilidade e a biota aquática
destas áreas, principalmente por causa dos níveis de coliformes
fecais e nitrogênio amoniacal acima dos níveis permitidos.
Os
óleos e graxas (hidrocarbonetos, gorduras, éteres, etc.) em
seu processo de decomposição reduziriam o oxigênio dissolvido
elevando a Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO5,20, podendo
ocasionar alterações no equilíbrio bioquímico do ecossistema
aquático. A fim de evitar a contaminação dos recursos hídricos
por óleos e graxas, será utilizado um plano de contingência
(item 10.3.1.5 - Contaminação do solo por produtos químicos,
combustíveis, óleos e graxas).
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Pode
causar danos à saúde humana e afetar
a biota aquática. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (geração
de
efluentes sanitários e de águas servidas). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ía
com a fase de implantação do empreendimento
proposto. |
Constância/duração |
Temporária |
Somente
durante a fase de obras (em algumas atividades
específicas). |
Abrangência |
Local |
Restrito
a Ponta Grande (local da obra e do canteiro de
obras) e aos corpos receptores: região marinha
em frente a
Itaorna e a Praia Brava. |
Reversibilidade |
Reversível |
Se
aplicadas as medidas adequadas de tratamento, a
qualidade das águas do corpo receptor retornaria
às suas
condições iniciais. |
Medidas
Propostas:
a) Instalação de redes de drenagem e sistemas de tratamento de efluentes
Todas
as áreas passíveis de contaminação do canteiro de obras de
Angra 3 deverão contar com rede de drenagem adequadamente
dimensionada e com caixas de retenção de sedimentos, garantindo
assim que todos estes efluentes sejam encaminhados para tratamento.
Todas
as oficinas e áreas de abastecimento deverão contar com estruturas
de contenção e drenagem que garantam a segurança durante os
processos de abastecimento e manutenção de máquinas e demais
veículos. Assim, evitar-se-á, em caso de vazamentos ou derrames
de combustíveis e óleos lubrificantes, a contaminação das
águas superficiais ou do lençol freático. Todas as estruturas
de contenção e drenagem deverão ser encaminhadas para separadores
de água/óleo adequadamente dimensionados.
Os
efluentes sanitários gerados pelo contingente de profissionais
que trabalharão na fase de construção e montagem de Angra
3 deverão ser coletados em caixas coletoras de esgoto, dentro
dos padrões normativos a que se destinam, localizadas no Canteiro
de Obras, sendo encaminhados através de ramais, até a Estação
de Tratamento de Esgoto - ETE (a ser construída na fase de
implantação do Canteiro de Obras).
Os
resíduos orgânicos sedimentares (lamas), provenientes da limpeza
das cavas de fundação, serão lançados através do sistema de
bombeamento em área específica para posterior secagem e encaminhamento
a aterro sanitário licenciado pela Feema.
O
tratamento a ser implantado, similar ao da ETE de Angra 2,
será realizado através do processo biológico de lodo ativado
e aeração prolongada, com os efluentes lançados subseqüentemente
em canais de drenagem que desembocarão na enseada em
Itaorna. O fluxograma esquemático da Estação
de Tratamento de Esgoto - ETE de Angra 2, similar ao que será
implantado em Angra 3, é apresentado na Figura 3.
Figura
3
- Angra 2 - Fluxograma esquemático da Estação de Tratamento
de Esgotos Sanitários - ETE.
Fonte: Eletronuclear / Planep Engenharia Ltda.
b) Monitoramento de qualidade dos efluentes e dos corpos receptores
Assim
como ocorre atualmente com a totalidade dos efluentes líquidos
da CNAAA lançados ao mar, os efluentes provenientes do canteiro
de obras de Angra 3 deverão ser monitorados, bem como o corpo
receptor: o mar de Itaorna e da Praia Brava.
Atualmente,
a Eletronuclear monitora sistematicamente a água da região
marinha em Itaorna através de análises bacteriológicas e físico-químicas
dos parâmetros acordados com o Ibama e a Feema.
O
monitoramento adequado garantirá que a qualidade da água do
corpo receptor estará dentro dos limites estipulados em norma,
e também a eficiência dos sistemas de tratamento de efluentes.
Os efluentes deverão respeitar os padrões estabelecidos na
legislação vigente.
10.3.1.3. Alteração da qualidade do ar
A
determinação do impacto relativo na qualidade do ar e, por
conseqüência, do seu comprometimento ou não, estará diretamente
associada à concentração de cada poluente na atmosfera, que
por sua vez reflete o grau de exposição dos receptores (seres
humanos, animais, plantas, materiais) como resultado final
do processo de lançamento de cada poluente e suas interações
na atmosfera, do ponto de vista físico (transporte e dispersão)
e químico (reações químicas), conforme o seguinte esquema:
Fontes de Emissão |
 |
Atmosfera |
 |
Receptores |
|
Transporte
e |
Reações |
Poluentes |
Dispersão |
Químicas |
A
alteração (diminuição) da qualidade do ar, causada pela geração
de poeiras, material particulado, gases e fumaça, poderá causar
danos à saúde humana, como doenças respiratórias por exemplo.
A poluição do ar também afetará a biota.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Pode
causar danos à saúde humana e afetar
a biota. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Baixa |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (geração
de poeira,
material particulado, gases e fumaça). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Somente
durante a fase de obras (em algumas atividades
específicas). |
Abrangência |
Local |
Ocorrerá
de forma pouco significativa em Itaorna. |
Reversibilidade |
Reversível |
A
qualidade do ar, após a fase de obras do empreendimento,
retornaria às suas condições
originais. |
Medidas
Propostas:
a) Umidificação e Proteção do Solo
Esta
medida deverá ser implantada durante as obras de terraplanagem
e construção de caminhos de serviço, sendo de responsabilidade
da empresa contratada para construção do empreendimento, bem
como do empreendedor. Sua adoção permitirá minorar a emissão
fugitiva de poeira e material particulado, decorrente das
operações com terra, durante a construção e montagem do empreendimento.
b) Cobertura dos caminhões
Como
medida adicional, serão cobertas as caçambas dos caminhões
que transportem terras, rochas e todo material pulverulento,
nas rodovias de acesso ou no canteiro de obras, até os seus
destinos finais durante a construção da Unidade 3 da CNAAA.
Este procedimento minimizará a dispersão de material particulado
durante a movimentação dos veículos.
c) Manutenção preventiva dos equipamentos
Com
o intuito de minimizar as emissões atmosféricas provenientes
de veículos, máquinas e equipamentos (gases de combustão de
óleo Diesel), será necessária a manutenção preventiva dos
mesmos durante o período de construção de Angra 3, sendo a
responsabilidade pela efetivação da manutenção e a sua eficiência,
da empresa construtora e do empreendedor.
d) Utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva
O contratado fornecerá a
todos os seus funcionários EPI em quantidade e qualidade adequadas
às atividades desenvolvidas. Os trabalhadores em atividades
específicas que necessitarão de proteção das vias respiratórias
deverão utilizar máscaras, filtros e/ou respiradores.
10.3.1.4. Início ou aceleração de processos erosivos
Tendo
em vista que Angra 3 será construída sobre rocha e que a maior
parte das obras de movimentação de terras e construção da
infra-estrutura ocorreram nas décadas de 70 e 80, este impacto
ocorrerá apenas pontualmente e em pequenas proporções, nas
eventuais limpezas do terreno, pequenos cortes e aterros.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
A
possível carreação e deposição
de material poderia causar
pequena alteração do terreno e, caso
alcance o corpo
receptor, alteração da qualidade da
água (cor e turbidez). |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Baixa |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (preparo do terreno
e instalação do canteiro de obras). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento
proposto. |
Constância/duração |
Temporária |
Mais
intenso durante a fase inicial de obras (em algumas
atividades específicas) e encerrada com o término
das obras. |
Abrangência |
Local |
Estaria
restrita praticamente ao canteiro de obras. |
Reversibilidade |
Reversível |
Uma
vez encerrada as obras e com a cobertura do solo
através de jardins, os possíveis processos
erosivos causados
pelas obras seriam erradicados. |
Medidas
Propostas:
a) Proteção do solo e execução de obras de drenagem
As
atividades concernentes agregarão a execução de medidas de
caráter preventivo e corretivo, e deverão ser observadas durante
a execução das obras.
Locais
do canteiro de obras suscetíveis ao surgimento de processos
erosivos ou destinados à deposição de materiais utilizados
na construção (areias, solo, etc.), que poderão ser carreados,
deverão ser protegidos das águas pluviais e, se for o caso,
contar com drenos e sarjetas, mesmo que temporários.
10.3.1.5. Contaminação do solo por produtos químicos,
combustíveis, óleos e graxas
Assim
como os recursos hídricos, o solo na área do canteiro de obras,
principalmente nas proximidades de instalações que envolvam
produtos químicos, combustíveis, óleos lubrificantes e graxas,
como as oficinas e pátios de abastecimento, estaria sujeito
a contaminações, devido a possíveis derramamentos ou vazamentos.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
A
contaminação do solo caracterizaria
comprometimento do
local, necessitando de ações imediatas. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (geração
de efluentes). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Poderia
ocorrer durante toda a fase de obras. |
Constância/duração |
Temporária |
Somente
durante a fase de obras e em algumas atividades
específicas. |
Abrangência |
Local |
Estaria
restrita praticamente ao canteiro de obras. |
Reversibilidade |
Reversível |
Reversível
se tomadas as providências e cuidados
adequados. |
Medidas
Propostas:
a) Instalação de redes de drenagem e sistemas de tratamento de efluentes
Todas
as áreas do canteiro de obras de Angra 3 passíveis de contaminação
deverão contar com rede de drenagem adequadamente dimensionada
e com caixas de retenção de sedimentos, garantindo assim que
todos estes efluentes sejam encaminhados para tratamento.
Todas
as oficinas e áreas de abastecimento deverão contar com estruturas
de contenção e drenagem que garantam a segurança durante os
processos de abastecimento e manutenção de máquinas e demais
veículos, de forma a evitar, em caso de vazamentos ou derramamentos
de combustíveis e óleos lubrificantes, a contaminação das
águas superficiais ou do lençol freático. Todas as estruturas
de contenção e drenagem deverão ser encaminhadas para separadores
água/óleo adequadamente dimensionados.
b) Plano de contingência
Em
caso de derramamento de óleos e graxas no solo, deverá ser
seguido um plano de contingência, a exemplo do que já existe
em Angra 1, a fim de evitar a contaminação do solo.
10.3.2. Meio
Biótico
Os
impactos sobre o meio biótico durante a fase de implantação
do empreendimento ficarão restritos basicamente ao ambiente
terrestre. Desta maneira, os impactos que poderão repercutir
negativamente, serão aqueles decorrentes especialmente das
atividades mínimas de terraplanagem, do ruído e da movimentação
de pessoas.
A
supressão de solo e o ruído gerado pelo trânsito de caminhões,
utilizados para o transporte de material e demais atividades
no canteiro de obras, poderão afugentar as espécies mais sensíveis
que habitem as proximidades, levando-as a refugiar-se em localidades
adjacentes, esperando-se o seu retorno quando do início da
fase de operação.
Assim,
os possíveis impactos ambientais sobre o meio biótico, para
a fase de implantação, se resumem aos seguintes itens:
• pressão para a ocupação de áreas
protegidas;
• redução da cobertura vegetal;
• aumento do número de atropelamentos
da fauna;
• alteração da diversidade e abundância
das comunidades terrestres;
• modificação da paisagem cênica natural;
• aumento no risco de extinção de
populações ou espécies da fauna e flora;
• evasão da fauna.
10.3.2.1.Pressão
para a ocupação de áreas protegidas
A
pressão de ocupação de áreas protegidas decorreria de um impacto
de abrangência mais ampla: a ocupação desordenada do solo.
Essa ocupação desordenada, decorrente do incremento no contingente
populacional trazido junto com a implantação do novo empreendimento,
resultaria em despejo de esgoto sem tratamento, de lixo e
no assoreamento dos rios, córregos e represas. Além desses
aspectos, que seriam alvo de discussão como impactos decorrentes,
a pressão de ocupação de áreas protegidas incorporaria também
um fator pertinente as áreas protegidas (unidades de conservação,
terras indígenas e áreas de preservação permanente, entre
outras).
Dentre
as áreas protegidas sob influência de Angra 3, destacam-se
a Área de Proteção Ambiental de Tamoios, a Estação Ecológica
de Tamoios e o Parque Nacional da Serra da Bocaina. São duas
categorias, que se distinguem quanto aos objetivos de conservação:
uma APA, de uso sustentável; um Parque Nacional e uma Estação
Ecológica, ambos de proteção integral.
As
Unidades de Conservação (UC) de proteção integral têm por
objetivo preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso
indireto dos seus recursos naturais, conforme previsto na
Lei 9.985/2000 - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC). As terras dessa categoria de UC são de posse e domínio
públicos, não sendo permitida a residência e entrada de pessoas
não autorizadas pelo órgão gestor. Por outro lado, as UCs
de uso sustentável, como as APAs, permitem o uso e ocupação
do solo, desde que sujeitas a normas estabelecidas por um
Plano de Gestão ou Zoneamento Ecológico Econômico.
Sendo
circundado por importantes núcleos populacionais, como Angra
dos Reis, Mambucaba, Parati, Ubatuba, Cunha, Areias, São José
do Barreiro e Bananal, a conservação do Parque Nacional da
Serra da Bocaina (PNSB) é vital, uma vez que concentra grande
parte das nascentes que fornecem ou podem fornecer água potável
à população. É uma unidade já consolidada, com plano de manejo
elaborado no ano de 2000, que está em fase de implantação.
Entretanto, o PNSB ainda possui atividades conflitantes ocorrendo
dentro de seus limites.
A
Estação Ecológica de Tamoios e a APA de Tamoios, considerando
a área de influência direta de Angra 3 e as superfícies terrestres,
possuem áreas sobrepostas, que são basicamente os complexos
insulares da Baía da Ilha Grande. Sendo assim, essas áreas
podem ser tratadas conforme a normatização vigente para áreas
de proteção integral. Os principais problemas de ocupação
humana dessas áreas estão relacionados com o alto interesse
turístico.
A
ocupação irregular dentro do PNSB poderia acarretar inúmeros
impactos e atividades conflitantes com os objetivos constantes
no Plano de Manejo. Assim, os possíveis impactos decorrentes
seriam: extração de essências nativas, madeiras de lei, espécies
comestíveis (palmito), ornamentais (principalmente bromélias
e orquídeas); queimadas; especulação imobiliária; sítios de
lazer; caça; agropecuária; implantação de pousadas e pesca
predatória.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Poderia
acarretar na utilização ou dano dos
recursos naturais
das áreas protegidas. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
do impacto ambiental: uso e ocupação
desordenada do
solo. |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Poderia
ocorrer no decorrer da fase de implantação,
com
mais probabilidades no pico da obra (5º ano). |
Constância/duração |
Temporária |
O
aumento da pressão para a ocupação
destas áreas seria
constante, porém, como efeito do empreendimento,
somente
durante a fase de construção. |
Abrangência |
Regional |
Potencialmente,
a APA de Tamoios e o Parque Nacional da
Serra da Bocaina, nas proximidades das áreas
urbanas. |
Reversibilidade |
Reversível |
O
impacto poderia ser evitado. Do contrário,
através de
instrumentos legais, poderia ser revertido. |
Medidas
Propostas:
a) Educação Ambiental
Deverão
ser realizadas campanhas de educação ambiental sistemáticas
com os trabalhadores e com a população, com temas que abordem
a importância, objetivos e ações que envolvam as UCs da região
e, de forma específica, sobre a Estação Ecológica de Tamoios.
A Eletronuclear financiou, entre outras ações na ESEC de Tamoios,
a elaboração do Plano de Manejo - Fase 1.
De
posse do conhecimento técnico básico sobre o meio ambiente,
a degradação de áreas e as formas de recuperá-las, espera-se
que as pessoas exerçam plenamente sua cidadania, respeitando
o meio ambiente e as referidas áreas, inclusive participando
efetivamente das ações em prol da recuperação das áreas circunvizinhas.
Além
disso, invasões para ocupação do solo poderão ser evitadas
com o amparo da Lei de Crimes Ambientais (9.605/1998) e do
SNUC, que proíbem a entrada de novos moradores em áreas de
proteção integral ou a regulamenta nas áreas de uso sustentável.
A intensificação de esforços para implementar os Planos diretores
municipais, os Planos de Manejo, com aumento de fiscalização,
realização da remoção de famílias de áreas protegidas ou irregulares,
regularização fundiária, serão as medidas propostas para a
reversão do quadro de ocupação irregular, controlando e ordenando
a entrada de novas famílias que queiram instalar-se na região
e prevenindo invasões.
10.3.2.2. Redução
da cobertura vegetal
A
vegetação tem papel importante na estabilidade dos fatores
físicos associados, mantendo relações estreitas com o solo
e os recursos hídricos, entre outros. A cobertura vegetal
propicia o aumento da infiltração de água no solo, garantindo
o abastecimento dos lençóis freáticos; promove a contenção
e proteção da camada superficial do solo; atua na melhor distribuição
da água pela superfície, não permitindo que as partículas
argilosas colmatem os poros do solo, mantendo sua aeração;
garante a presença de húmus e mantém a umidade do solo, evitando
seu ressecamento e gretamento. Um solo sem cobertura vegetal,
ou mesmo que possua uma cobertura vegetal insuficiente, é
mais vulnerável à erosão.
Além
desses aspectos, a manutenção de uma cobertura vegetal intacta
e saudável poderá influenciar na ação purificadora por fixação
de poeiras e materiais residuais, por depuração bacteriana
e de outros microorganismos, por reciclagem de gases através
de mecanismos fotossintéticos e por fixação de gases tóxicos.
A vegetação pode garantir, também, uma maior suavização de
temperaturas extremas, ao filtrar a radiação solar.
O
principal aspecto envolvido com a remoção da cobertura vegetal
em função do empreendimento Angra 3 seria a perda de vegetação
em áreas de novas ocupações humanas irregulares.
A
remoção da vegetação para novas ocupações humanas, especialmente
as irregulares, é um risco que poderá ocorrer de forma difusa
e descontrolada. Não há como fazer uma previsão dessa ocupação,
nem sobre algum possível prejuízo ao patrimônio genético,
visto que o país carece destas informações, mas que costuma
ser inerente à ocupação de áreas ambientalmente frágeis como
as Áreas de Preservação Permanente e as Unidades de Conservação.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Perda
de habitats da fauna terrestre. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
do impacto ambiental: uso e ocupação
desordenada do
solo. |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
juntamente com a fase de instalação
do
empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
A
abertura de novas áreas para a ocupação
desordenada de
um novo contingente populacional terá efeitos
permanentes
na perda de vegetação e habitats para
a fauna. |
Abrangência |
Regional |
Ocorreria
com baixa intensidade no canteiro de obras de
Angra 3 e nas proximidades dos distritos de Cunhambebe
e
Mambucaba. |
Reversibilidade |
Reversível |
Programas
e ações preventivas serão efetuados
afim de
minimizar os efeitos da ocupação desordenada,
e na
ocorrência do impacto, as medidas propostas
compensariam
a redução da cobertura vegetal. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Desta
forma, manter-se-ão os efeitos positivos da contratação de
trabalhadores da região para a implantação de Angra 3, porém
minimizando os impactos negativos.
b) Inserção regional
A
Eletronuclear e as empresas contratadas, em acordo com as
prefeituras locais, disponibilizarão áreas específicas para alojamentos dos contratados não-residentes na
fase de implantação do empreendimento, visando uma ocupação
ordenada e urbanizada.
c) Comunicação Social
Apoiar
a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis na divulgação de
seu Plano Diretor, na área de influência direta do empreendimento,
visando sua melhor implementação, de modo a impedir a invasão
de áreas protegidas, assim como a retirada de recursos naturais.
d ) Educação Ambiental
Os
projetos de Educação Ambiental, que também irão atingir a
população atraída pela instalação do empreendimento Angra
3, deverão contribuir para a preservação das áreas protegidas,
assim como para minimizar a retirada de recursos naturais.
e) Apoio ao Programa de Contenção de Ocupação
Urbana Irregular da Prefeitura do Município de Angra dos Reis
visando a contenção da expansão urbana em áreas protegidas,
especialmente nos distritos de Cunhambebe e Mambucaba - Área
de Influência Direta do empreendimento.
10.3.2.3. Aumento
do número de atropelamentos da fauna
Durante
a fase de implantação da Usina, seriam necessárias algumas
etapas como a construção do canteiro de obras, o transporte
de mão-de-obra, e a desativação do canteiro, entre outras,
que proporcionariam um incremento no tráfego de veículos na
Rodovia BR-101, assim como nas vias de acesso secundárias
e dentro da CNAAA.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Perda
de indivíduos da fauna terrestre. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
dos impactos ambientais: intensificação
do tráfego de
veículos (leves e pesados). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
juntamente com a fase de instalação
do
empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Somente
durante a fase de obras, quando ocorreria o
incremento de tráfego. |
Abrangência |
Regional |
Ao
longo da BR-101 (Rio-Santos), na área de influência
do
empreendimento. |
Reversibilidade |
Reversível |
Redução
do número de atropelamentos após o término
das
obras. |
Medidas
Propostas:
a) Campanhas de esclarecimentos e treinamentos
A
Eletronuclear promoverá campanhas de treinamento específico
e rigoroso destinado aos motoristas que trabalharão na construção
do empreendimento.
A
Eletronuclear promoverá, também, campanhas voltadas à utilização
de transporte coletivo, diminuindo assim o tráfego nas rodovias
de acesso.
10.3.2.4.Alteração
da diversidade e abundância das comunidades terrestres
A
redução da cobertura vegetal e a evasão da fauna são impactos
que decorrem na variação da diversidade e abundância das comunidades
terrestres. Sabe-se que qualquer alteração na cobertura vegetal
de uma região afeta a fauna local, seja por destruir ou modificar
seus habitats, seja por interferir ou interromper os corredores pelos quais
os animais costumam circular à procura de água e alimentos.
A possibilidade de utilização de manguezais e restingas pela
população imigrante seria particularmente preocupante, tendo
em vista a importância desses ambientes para a reprodução
e como local de abrigo de muitas espécies terrestres e aquáticas.
Quando
o ambiente se torna inóspito, muitas espécies abandonam a
região, morrem, ou ficam impossibilitadas de se reproduzir
e espécies oportunistas e de distribuição mais ampla invadem
o local. Com isto, a fauna nativa da região, em geral rica,
diversificada e composta de espécies características, seria
substituída por uma fauna composta de espécies menos exigentes
em termos de habitats
e, por isto, menos diversificada.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
A
fauna nativa da região rica, diversificada
e composta de
espécies características, seria substituída
por uma fauna
menos diversificada. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
do impacto ambiental: uso e ocupação
desordenada
do solo. |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
juntamente com a fase de instalação
do
empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
A
fauna da região retornaria lentamente às
condições
existentes antes da implantação do empreendimento. |
Abrangência |
Regional |
Ocorreria
no entorno da CNAAA e Distritos de Mambucaba
e Cunhambebe. |
Reversibilidade |
Reversível |
A
fauna da região retornaria às condições
originais. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Desta
forma, manter-se-ão os efeitos positivos da contratação de
trabalhadores da região para a implantação de Angra 3, porém
minimizando os impactos negativos.
b) Comunicação Social
Apoiar
a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis na divulgação de
seu Plano Diretor, na área de influência direta do empreendimento,
visando sua implementação de modo a impedir a invasão de áreas
protegidas, a retirada de recursos naturais, a conservação
dos habitats e das
comunidades terrestres nativas.
c) Inserção regional
A
Eletronuclear e as empresas contratadas, em acordo com as
prefeituras locais, disponibilizarão áreas específicas para alojamentos dos contratados não-residentes na
fase de implantação do empreendimento, visando uma ocupação
ordenada e urbanizada.
d) Educação Ambiental
Os
projetos de Educação Ambiental, que também irão atingir a
população atraída pela instalação do empreendimento Angra
3, deverão contribuir para a preservação das áreas protegidas,
assim como para minimizar a retirada de recursos naturais,
visando conservar os habitats
e as comunidades terrestres nativas.
10.3.2.5. Modificação
da paisagem cênica natural
Entre
os principais processos de modificação da paisagem cênica
natural poder-se-ia citar: o desmatamento, o corte de madeira
de lei, a caça, a retirada de palmito e plantas ornamentais,
a extração de terra, os aterros, a expansão urbana e as atividades
agropecuárias. Com o incremento do contingente populacional,
é provável que essas atividades se intensifiquem, ocasionando
uma modificação da paisagem cênica natural ainda maior.
Tendo
em vista que Angra 3 está projetada para ser construída na área da CNAAA, onde já existem duas
usinas em operação, a paisagem cênica não sofreria modificação
significativa. Essas alterações poderiam ocorrer apenas em
função da instalação de novas ocupações em áreas ainda naturais.
Quali-quantificação:
Atributo |
Negativo |
Observação |
Natureza |
Negativo |
A
paisagem cênica da região seria deteriorada
em alguns
pontos, principalmente onde ocorresse o uso e ocupação
desordenada do solo. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Média |
Forma |
Indireta |
Efeito
do impacto ambiental: uso e ocupação
desordenada
do solo. |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
juntamente com a fase de instalação
do
empreendimento. |
Constância/duração |
Temporário |
A
paisagem cênica, depois de alterada pelas novas
ocupações, não poderia retornar
às condições originais. |
Abrangência |
Regional |
Ocorreria
no entorno da CNAAA e distritos de Mambucaba
e Cunhambebe. |
Reversibilidade |
Reversível |
A
paisagem cênica, depois de alterada, não
poderia retornar
às condições originais. Entretanto,
poderia ser recuperada
nas áreas onde isso seja passível de
realização. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Desta
forma manter-se-ão os efeitos positivos da contratação de
trabalhadores da região para a implantação de Angra 3, porém
minimizando os impactos negativos.
b) Comunicação Social
A
Eletronuclear promoverá, em parceria com a Prefeitura Municipal
de Angra dos Reis, a divulgação de seu Plano Diretor, na área
de influência direta do empreendimento, visando sua implementação,
de modo a impedir a invasão de áreas protegidas, assim como
a degradação do seu patrimônio natural, histórico e cultural.
c) Inserção regional
A
Eletronuclear e as empresas contratadas, em acordo com as
prefeituras locais, disponibilizarão áreas específicas para
alojamentos dos contratados não-residentes na fase de implantação
do empreendimento, visando uma ocupação ordenada e urbanizada.
d) Educação Ambiental
Os
projetos de Educação Ambiental, que também irão atingir a
população atraída pela instalação do empreendimento Angra
3, deverão contribuir para conscientização da preservação
do espaço físico-natural, visando também à preservação da
qualidade da paisagem ambiental da região.
10.3.2.6. Evasão
da fauna
A
fauna é um fator ambiental que apresenta mobilidade individual
ou de grupos, e que por sua vez, faz uso de habitats preferenciais para a sua reprodução, alimentação e sobrevivência.
Portanto, alterações nesses habitats
poderiam provocar o fenômeno da evasão da fauna para áreas
adjacentes, em busca de habitats
mais favoráveis.
A
evasão da fauna poderia ocorrer de forma temporária e localizada,
quando se tratar do impacto de alteração do ecossistema marinho.
Em
relação ao meio terrestre, a evasão da fauna ocorreria de
forma permanente e possivelmente dispersa, quando se tratar
de pressão de ocupação de áreas protegidas, redução da cobertura
vegetal e modificação da paisagem cênica natural.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
A
evasão dos grupos faunísticos constituir-se-ia
em alteração
dos ambientes naturais, perturbação
destes grupos, bem
como possíveis atropelamentos. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
dos impactos ambientais: uso e ocupação
desordenada
do solo, redução da cobertura vegetal
e modificação da
paisagem cênica natural. |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
juntamente com a fase de instalação
do
empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorreria
somente durante a fase de instalação
do
empreendimento. |
Abrangência |
Regional |
Ocorreria
no entorno da CNAAA e distritos de Mambucaba
e Cunhambebe. |
Reversibilidade |
Reversível |
Ocorreria
somente durante a fase de instalação
do
empreendimento. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Desta
forma, manter-se-ão os efeitos positivos da contratação de
trabalhadores da região para a implantação de Angra 3, porém
minimizando os impactos negativos.
b) Comunicação Social
Apoiar
a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis na divulgação de
seu Plano Diretor, na área de influência direta do empreendimento,
visando sua implementação de modo a impedir a invasão de áreas
protegidas, assim como a retirada de recursos naturais, visando,
entre outros, conservar os habitats
e as comunidades terrestres nativas.
c) Inserção
regional
A Eletronuclear e as empresas contratadas, em acordo com as prefeituras
locais, disponibilizarão áreas específicas para alojamentos
dos contratados não-residentes na fase de implantação do empreendimento,
visando uma ocupação ordenada e urbanizada.
d) Educação
Ambiental
Os projetos de Educação Ambiental, que também irão atingir a população
atraída pela instalação do empreendimento Angra 3, deverão
contribuir para conscientização da preservação da cobertura
vegetal, visando, entre outros, conservar os habitats
e as comunidades terrestres nativas.
10.3.2.7. Aumento
no risco de extinção da fauna e flora
O
aumento no risco de extinção de populações ou espécies da
fauna e flora seria decorrente dos impactos: variação da diversidade
e abundância das comunidades terrestres; redução da cobertura
vegetal; aumento do número de atropelamentos da fauna e evasão
da fauna. Todos esses aspectos estariam influenciando a quantidade
e a distribuição das espécies na área de influência do empreendimento.
O
risco de extinção não se referiria, necessariamente, a uma
espécie em particular, mas, também, a populações inteiras
que, por ventura, ocupem um local a ser degradado.
Para
a fauna, ainda existiriam outros fatores de impacto, que se
iniciariam com a ocupação desordenada, e potencializariam
o risco de extinção: eliminação sistemática dos animais que
estejam causando prejuízos econômicos a produtores rurais;
caça furtiva; caça clandestina para o comércio de peles e
o comércio de animais vivos.
Como
cada componente da comunidade faz parte de uma rede de interações,
determinada, especialmente, pela cadeia trófica, a possível
extinção local de uma espécie, pode ocasionar outros prejuízos,
considerando as diversas inter-relações que possam ocorrer
entre os animais no meio ambiente. Portanto, esse impacto
teria uma abrangência maior, podendo atingir proporções regionais.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
O
aumento do risco da extinção de espécies
constituir-se-ia
em um impacto negativo. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Baixa |
Forma |
Direta |
Efeito
dos impactos ambientais: variação da
diversidade e
abundância das comunidades terrestres, redução
da cobertura
vegetal, aumento do número de atropelamentos
da fauna e
evasão da fauna. |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
juntamente com a fase de instalação
do
empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorreria
apenas na fase de instalação do empreendimento. |
Abrangência |
Regional |
Ocorreria
no entorno da CNAAA e distritos de Mambucaba
e Cunhambebe. |
Reversibilidade |
Reversível |
Após
a fase de implantação do empreendimento,
os riscos de
extinção voltariam às condições
normais. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Desta
forma, manter-se-ão os efeitos positivos da contratação de
trabalhadores da região para a implantação de Angra 3, porém
minimizando os impactos negativos.
b) Comunicação Social
Apoiar
a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis na divulgação de
seu Plano Diretor, na área de influência direta do empreendimento,
visando sua implementação, de modo a impedir a invasão de
áreas protegidas, assim como a retirada de recursos naturais,
visando, entre outros objetivos, conservar os habitats
e as comunidades terrestres nativas.
c) Inserção regional
A
Eletronuclear e as empresas contratadas, em acordo com as
prefeituras locais, disponibilizarão áreas específicas para
alojamentos dos contratados não-residentes na fase de implantação
do empreendimento, visando uma ocupação ordenada e urbanizada.
d) Educação Ambiental
Os
projetos de Educação Ambiental, que também irão atingir a
população atraída pela instalação do empreendimento Angra
3, deverão contribuir para a conscientização da preservação
do meio natural, evitando, entre outros, a extinção de populações
ou espécies da fauna e flora.
10.3.3. Meio Socioeconômico
O
Termo de Referência indica a avaliação dos níveis de radiação
aos quais os trabalhadores do canteiro de obras de Angra 3
serão expostos, decorrentes da operação das demais Unidades
da CNAAA (Angra 1 e 2). Cabe esclarecer que este fato não
foi considerado impacto ambiental, pela sua não ocorrência.
O canteiro de obras do empreendimento localizado em área interna
da CNAAA, é área livre de radiação, ou seja, os trabalhadores
ou qualquer indivíduo do público não estarão sujeitos à exposição
radiológica proveniente da operação das usinas. O Programa
de Monitoração Ambiental Radiológico Operacional, implantado
no local da CNAAA em 1980, para o acompanhamento dos níveis
de radiação devida ao início de operação de Angra 1 (a partir
do qual passaram a ser emitidos anualmente a CNEN os relatórios
dos resultados obtidos das várias matrizes ambientais) apresenta
em seu Relatório Anual de 2003 as seguintes conclusões: "nas
amostras que compõem o Programa, os resultados obtidos em
2003 estão compatíveis com os do período pré-operacional,
podendo-se concluir que não houve impacto radiológico no meio
ambiente provocado pela operação das usinas Angra 1 e Angra
2. Todos os resultados obtidos estão compatíveis com os valores
históricos, obtidos desde o período pré-operacional".
10.3.3.1. Aumento
da pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de
saúde (aumento da incidência de doenças)
De
acordo com o Diagnóstico Socioeconômico, a infra-estrutura
de saúde pública no município de Angra dos Reis é composta
por três hospitais credenciados pelo Sistema Único de Saúde
- SUS, dado este igual à base Datasus.
Atualmente,
o município sofre com o intenso fluxo de pacientes, tanto
locais como dos municípios próximos, como Parati, que procuram
as unidades hospitalares de Angra dos Reis, em busca de atendimento.
Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Saúde de Angra
dos Reis, as unidades de saúde no município têm capacidade
para atender cerca de 90 mil pessoas. Contudo, essa situação
se agrava no período de alta temporada, entre dezembro e março,
quando a população aumenta e a infra-estrutura existente não
é capaz de atender a demanda adicional por atendimento hospitalar.
A
crescente demanda por serviços de saúde, aliada às carências
de infra-estruturas e de recursos humanos das unidades hospitalares
públicas, têm obrigado parcela considerável de população a
procurar os serviços e hospitais da rede particular.
Na
vila residencial da Eletronuclear em Praia Brava localiza-se
o único hospital da área de influência direta do empreendimento,
o Hospital da Fundação Eletronuclear de Assistência Médica,
Feam, conhecido como Hospital da Praia Brava. Esse hospital
pertence à rede particular e dispõe de instalações modernas,
acima dos padrões de instalações similares em grandes centros
urbanos, atendendo, através do SUS e de convênios, além dos
funcionários da empresa, uma parcela considerável da população
que não consegue atendimento na rede pública.
Nas
sedes distritais de Mambucaba e Cunhambebe localizam-se postos
de saúde com instalações de padrão superior ao da maioria
dos postos do Estado do Rio de Janeiro, mas que, em função
da alta demanda por atendimento pela população carente local,
são bastante pressionados e atualmente não conseguem atender
as necessidades da mesma.
A
expressiva oferta de empregos diretos e indiretos na fase
de construção poderá se constituir em um forte atrativo para
o crescimento populacional e possibilitar a ocupação desordenada
no município de Angra dos Reis, reproduzindo em maior ou menor
intensidade processos já vivenciados na região. A chegada
da população atraída pelas novas oportunidades de emprego,
e a conseqüente possibilidade de aumento na incidência de
doenças na população local, deverá exercer forte pressão sobre
a rede pública de saúde e, principalmente, aquela localizada
nas imediações do empreendimento.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Causa
a deficiência, ou até mesmo a insuficiência,
no
atendimento às demandas dos serviços
de saúde. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Baixa |
Forma |
Direta |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Ocorrerá
durante o período de obras, reduzindo-se
gradativamente quando da desmobilização
de pessoal (ver
histograma da implantação). |
Constância/duração |
Temporária |
Principalmente
nos distritos de Cunhambebe e Mambucaba. |
Abrangência |
Regional |
O
sistema de saúde, após o final da fase
de implantação da
obra, sofrerá uma redução significativa
da demanda de
serviços. |
Reversibilidade |
Reversível |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Medidas
Propostas:
a) Priorizar a contratação da mão-de-obra local
A
contratação de mão-de-obra local diminuiria a migração para
Angra dos Reis de pessoas (atrás de oportunidades de empregos
diretos e indiretos) e por conseqüência, minimizaria a pressão
sobre os serviços de saúde pública.
b) Comunicação social
A
Eletronuclear promoverá campanhas de esclarecimento, através
dos Programas de Saúde Pública sobre prevenções de doenças
sexualmente transmissíveis, dependência química, higiene e
outras prevenções de doenças infecto-contagiosas, de forma
a minimizar o possível aumento pela demanda de serviços de
saúde.
c) Apoiar a Secretaria Municipal
de Saúde
Tal
apoio deverá ser direcionado especialmente aos Postos de Saúde
de Mambucaba e Cunhambebe, especialmente para o desenvolvimento
do Programa de Saúde da Família.
10.3.3.2. Aumento da pressão
sobre os serviços de infra-estrutura básica de transportes
rodoviários
A
rodovia BR-101 (Rio-Santos) é a principal, e praticamente
única, via de comunicação entre os municípios de Angra dos
Reis e Parati. Sendo historicamente uma rodovia em péssimas
condições de trafegabilidade, com graves problemas de drenagem
e erosão de suas laterais, foi recentemente recuperada pela
Eletronuclear, recebendo capeamento asfáltico, boa sinalização
e passarelas em pontos críticos, nas proximidades das áreas
de maior concentração urbana. Essa rodovia concentra todo
o tráfego da região sul do Estado, fazendo a ligação com a
cidade do Rio de Janeiro e o litoral paulista, tornando-se
assim uma via essencialmente de deslocamentos de turistas.
A
BR-101 recebe um volume de veículos significativo, sobretudo
nos períodos de alta temporada de turismo, proveniente tanto
do sentido norte (Rio de Janeiro) quanto do sentido sul (São
Paulo), sendo este último menor que o primeiro. Ela será a
principal via para o transporte dos equipamentos, materiais,
insumos e mão-de-obra para o empreendimento, além de ser a
via a ser utilizada no Plano de Emergência. O aumento do volume
de tráfego, sobretudo por equipamentos pesados, poderá levar
à degradação da via recentemente recuperada, sobretudo tendo-se
em vista os problemas estruturais desta rodovia, que acarretam
o alagamento e o deslizamento de suas margens, quando ocorrem
grandes chuvas na região. O aumento do volume de tráfego e
a possível degradação da rodovia BR-101, poderão acarretar,
por sua vez, o aumento dos acidentes de trânsito e a interrupção
da via, podendo afetar a atividade turística, de grande importância
local e o transitar dos moradores da região.
Vários
caminhos vicinais ajudam no transporte da população às principais
localidades da região. Estes são precários, apresentando manutenção
deficiente. Porém, as vicinais que dão acessos aos grandes
condomínios, apresentam revestimento asfáltico em boas condições
de rodagem.
Segundo
o diagnóstico, já existe uma carência de veículos coletivos
para atender a população de Angra dos Reis. Com o aumento
do fluxo populacional na fase de construção de Angra 3, esta
deficiência irá aumentar, necessitando-se de mais transportes
e de uma manutenção mais constante nas estradas.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Causará
desconforto e falta de segurança aos usuários
das
rodovias, bem como insuficiência no atendimento
às
necessidades de transporte público urbano. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividades transformadoras: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento e
intensificação do tráfego de
veículos (leves e pesados)). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorrerá
durante o período de obras, reduzindo-se
gradativamente quando da desmobilização
(ver histograma
da implantação). |
Abrangência |
Regional |
Ocorrerá
na BR-101 e na RJ-155. |
Reversibilidade |
Reversível |
O
sistema de transportes, após o final da fase
de implantação
da obra, sofrerá uma redução
significativa na demanda de
serviços. |
Medidas
Propostas:
a) Manutenção dos convênios com as Prefeituras Municipais e DNIT
Convênios
da Eletronuclear com as instituições competentes, voltados
para a manutenção e melhoria das rodovias, garantindo assim
aumento de conforto e segurança aos usuários das rodovias.
b) Campanhas de esclarecimentos e treinamentos
A
Eletronuclear promoverá campanhas de esclarecimento, através
do Programa Anual de Comunicação da Empresa, sobre as ações
de mobilização da mão-de-obra e de equipamentos, de forma
a minimizar as perturbações no cotidiano das populações residentes
próximas às vias que serão utilizadas.
A
Eletronuclear promoverá treinamento específico destinado aos
motoristas que trabalharão na construção do empreendimento,
quanto a dirigir de forma defensiva.
A
Eletronuclear promoverá campanhas voltadas à utilização de
transporte coletivo.
c) Planejamento dos horários de transporte de pessoal, materiais e equipamentos.
Evitando-se
os horários de pico, é possível reduzir-se as perturbações
de trânsito envolvendo os veículos participantes diretos da
construção e montagem do empreendimento proposto.
10.3.3.3. Aumento
de pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de
educação
A
rede pública de Ensino Fundamental no município de Angra dos
Reis não atende parcela considerável da população em idade
escolar obrigatória (7 a 14 anos). Nessa situação encontra-se,
principalmente, a população residente nos locais mais afastados
da sede do município - especialmente nas ilhas e no Parque
Perequê, Sertãozinho do Frade e Boa Vista - cujas famílias
se caracterizam por um baixo padrão socioeconômico.
Um
forte indicador dessa realidade é a alta proporção de crianças
analfabetas com idade entre 7 a 9 anos residentes nos distritos
de Mambucaba e Cunhambebe, respectivamente 25,7% e 20,4%.
Em Tarituba, distrito de Parati, esse percentual é de 8,3%.
Destaca-se, no entanto, que por ser aí localizada a Vila de
Mambucaba, local onde residem os funcionários mais graduados
da Eletronuclear, os índices do distrito não refletem as condições
efetivas das populações locais, formadas principalmente por
pescadores.
A
chegada de novos contingentes na área de influência do empreendimento
- especialmente a população atraída pela expectativa de emprego
na construção de Angra 3 - irá pressionar a infra-estrutura
educacional nos locais de moradia dessas famílias, especialmente
os distritos de Mambucaba e Cunhambebe, possibilitando a queda
na qualidade dos serviços oferecidos e aprofundando o atual
quadro de carências do ensino público.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Causará
superlotação comprometendo a qualidade
de ensino
e falta de vagas nas escolas. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividades transformadoras: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorrerá
durante o período de obras, reduzindo-se
gradativamente após o término da fase
de implantação. |
Abrangência |
Regional |
Principalmente
nos Distritos de Mambucaba e Cunhambebe. |
Reversibilidade |
Reversível |
O
sistema de ensino, após o final da fase de
implantação do
empreendimento sofrerá uma redução
significativa na
demanda por vagas. |
Medidas
Propostas:
a) Priorizar a contratação da mão-de-obra local
A
contratação de mão-de-obra local diminuiria a migração para
Angra dos Reis. Conseqüentemente minimizaria a pressão sobre
os serviços de educação pública.
b) Manutenção dos convênios com as Prefeituras Municipais
A
manutenção, pela Eletronuclear, de convênios com as instituições
competentes, principalmente com a Prefeitura de Angra dos
Reis, poderá minimizar este impacto através de:
• Ações de apoio à prefeitura, focadas
na rede de ensino formal, através da promoção de melhoria
da infra-estrutura e da qualidade do ensino nas escolas (formação
de bibliotecas, informatização, cursos de capacitação de professores,
ampliação da oferta de vagas e do número de professores, etc);
e
• Ações de assistência social às escolas
mais carentes.
10.3.3.4. Aumento
de pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de
segurança pública (aumento dos índices de violência e criminalidade)
A
contratação de um número expressivo de trabalhadores para
as obras, da qual deriva num crescimento populacional e possível
ocupação desordenada nos aglomerados urbanos próximos ao empreendimento
- especialmente no Parque Perequê, Sertãozinho do Frade e
Boa Vista -, poderá provocar o aumento nos atuais índices
de violência e criminalidade, se não for planejada a ocupação
da área e a análise correta de oferta de empregos indiretos
na região, frente ao crescimento populacional.
Essa
situação poderá ser provocada principalmente pela parcela
da população atraída pelas oportunidades de emprego criadas
pelo empreendimento e que não conseguir colocação no mercado
de trabalho. A falta do emprego, bem como a ausência de uma
infra-estrutura familiar ou de moradia, sem alternativas de
lazer cultural e sem ofertas de crescimento profissional,
podem levar a comportamentos anti-sociais e/ou ilegais como
lesões corporais, furtos e roubos, prostituição, tráfico de
entorpecentes, homicídios e uso de armas, provocando perturbações
de ordens diversas, não só nas comunidades como também, nas
áreas do seu entorno.
Assim,
um possível aumento da violência e da criminalidade da região
poderá estar diretamente relacionado ao crescimento desordenado
da região. O surgimento de aglomerações sem escolas, sem iluminação,
sem água e com nenhuma proteção social (normalmente organizadas
por igrejas, clubes ou associações), potencializa o crescimento
da criminalidade e o conseqüente aumento na pressão sobre
a infra-estrutura de serviços de segurança pública.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Ocorrência
de delitos, causando perdas materiais, lesões
corporais, tráfico de drogas, homicídios,
entre outros. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividades transformadoras: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase da implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorrerá
durante o período de obras, reduzindo-se
gradativamente após o término da fase
de implantação. |
Abrangência |
Regional |
Aglomerados
urbanos próximos ao empreendimento. |
Reversibilidade |
Reversível |
A
demanda pelos serviços de segurança
pública tende a
retornar aos índices pré-existentes. |
Medidas
Propostas:
a) Priorizar a contratação da mão-de-obra local
A
contratação de mão-de-obra local diminuiria a migração para
Angra dos Reis. Conseqüentemente, minimizaria a pressão sobre
os serviços de segurança pública.
b) Manutenção dos convênios com as Prefeituras Municipais
A
manutenção de convênios com as instituições competentes pela
Eletronuclear, principalmente com a Prefeitura de Angra dos
Reis, poderá minimizar este impacto através de:
• Apoio a ações e programas de educação,
ocupação e lazer para a população jovem;
• Apoio a ações e programas de capacitação
profissional para jovens e adultos;
• Melhoria das condições da iluminação
pública dos aglomerados urbanos situados em torno do empreendimento;
• Apoio a ações e programas para o
fomento de associações comunitárias de proteção social.
10.3.3.5. Variação
da arrecadação tributária
Os
novos trabalhadores representarão um crescimento na massa
salarial da região, o que deverá refletir-se em gastos com
o consumo de bens e serviços locais, potencializando, principalmente,
a expansão do setor terciário. Trata-se, na verdade, de um
crescimento de demanda efetiva, uma vez que será acompanhada
não só pelo crescimento do consumo, mas, também, pela consolidação
de investimentos produtivos. Esse crescimento, que por sua
vez, tende a criar um novo ciclo de investimentos, caracteriza-se
por gerar efeitos multiplicadores sobre as economias locais,
na proporção em que os investimentos e o consumo de bens e
serviços se concentrarem nos municípios da área de influência.
Como
a demanda agregada deverá elevar-se, aumentará, conseqüentemente,
a circulação de mercadorias e a prestação de serviços, principalmente
nos municípios que servirão de apoio às obras. Diversos setores
da economia, como a locação de imóveis, venda de alimentos
e vestuário, transporte, utensílios domésticos, lazer, abastecimento
e combustíveis, reparação de veículos, dentre outros, e o
comércio de insumos e os serviços que possam servir à construção
do próprio empreendimento, terão ampliadas as suas atividades,
contribuindo para o aumento da atividade econômica na região,
que se refletirá no aumento da arrecadação tributária. Esse
crescimento significará a elevação das arrecadações municipais,
basicamente, através do recolhimento de ISS e ICMS.
Este
impacto deverá ter seus efeitos principalmente nos municípios
de Angra dos Reis e Parati, onde estará concentrada a mão-de-obra
para a construção do empreendimento.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Positiva |
Aumento
das receitas das prefeituras municipais através
do
incremento nas arrecadações de impostos
(ISS e ICMS). |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividades transformadoras: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorrerá
durante o período de obras, reduzindo-se
gradativamente após o término da fase
de implantação. |
Abrangência |
Regional |
Principalmente
nos municípios de Angra dos Reis e Parati. |
Reversibilidade |
Reversível |
A
tendência é de que a arrecadação
retorne às condições préexistentes. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Desta
forma mantêm-se os efeitos positivos da contratação de trabalhadores
da região para a implantação de Angra 3, porém minimizando
os impactos negativos.
a) Comunicação Social
Manter
empresários, comerciantes e a população local informados sobre
os benefícios do empreendimento para a região, através do
Programa Anual de Comunicação Social. Outra forma para provocar
a maximização deste impacto é promover encontros, palestras,
seminários com a Associação Comercial do Município (ou grupo
próximo a essa) bem como a população sobre o possível crescimento
comercial.
10.3.3.6. Variação
da massa salarial
A
presença, na região, de um importante novo contingente de
assalariados, por um período razoavelmente longo (aproximadamente
seis anos), irá provocar um aumento da massa salarial na área
de influência direta, proporcionando uma melhoria no poder
de compra dos trabalhadores, que tenderão a despender parte
desta massa salarial na aquisição de bens e serviços locais,
ampliando a dinâmica dos setores econômicos dessa área de
influência.
Além
do forte incremento do mercado formal de trabalho, que será
verificado durante a construção do empreendimento, deve-se
também prever um crescimento significativo do mercado informal
de trabalho, relacionado às diversas oportunidades que deverão
surgir associadas aos novos moradores que virão se instalar
na região e aos atuais habitantes que terão seu poder aquisitivo
ampliado, graças ao crescimento da dinâmica financeira no
setor de serviços.
A
obra demandará insumos e serviços necessários, que poderão
ser adquiridos ou contratados na própria região. Além disso,
terá ainda uma forte influência no crescimento do comércio
e dos serviços locais, abrindo possibilidades de novos postos
de trabalho. Como o empreendimento ocasionará um maior fluxo
de pessoas que se deslocarão para a área a fim de conseguir
empregos, isso significará maior demanda por produtos e serviços,
gerando mais empregos. Com empregos novos, a renda familiar
também crescerá, facilitando, por sua vez, a inclusão social
e aumentando o poder de compra. Há de se considerar ainda
que a geração de novos empregos e aumento da renda aumentarão
o capital circulante e isso provocará um aquecimento da economia
local, em função de uma demanda maior por bens e serviços,
permitindo o crescimento desses setores e induzindo a novas
contratações.
Considera-se
que este impacto será sentido principalmente nos municípios
de Angra dos Reis e Parati, onde estará localizada a grande
maioria da mão-de-obra para a construção do empreendimento,
inclusive aqueles de maior salário nominal, bem como, de forma
secundária, nos municípios de Rio Claro e Barra Mansa, que
deverão representar também fontes fornecedoras de mão-de-obra
para o empreendimento; e também, mas de forma menos acentuada,
nos municípios de Mangaratiba e Resende, em decorrência de
sua proximidade com a área de implantação do empreendimento,
podendo servir de fontes de mão-de-obra, insumos e serviços.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Positiva |
O
aumento da massa salarial ocasionará empregos
indiretos
e "aquecerá" a economia (principalmente
o comércio) da
região |
Magnitude |
Média |
Significância |
Alta |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividades transformadoras: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento
proposto. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorrerá
durante o período de obras, reduzindo-se
gradativamente após o término da fase
de implantação. |
Abrangência |
Regional |
Principalmente
nos municípios de Angra dos Reis, Parati, Barra
Mansa, Rio Claro, Resende e Mangaratiba (os dois
últimos com menor intensidade). |
Reversibilidade |
Reversível |
A
tendência é a de que a massa salarial
retorna às condições
pré-existentes. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Desta
forma, mantêm-se os efeitos positivos da contratação de trabalhadores
da região para a implantação de Angra 3, porém minimizando-se
os impactos negativos.
a) Comunicação Social
A
Eletronuclear promoverá, em parceria com as Prefeituras Municipais,
campanhas de esclarecimento junto às associações do comércio
e da indústria locais, relacionadas aos insumos e serviços
necessários ao empreendimento.
10.3.3.7.
Variação do dinamismo econômico
A
presença de um grande número de novos assalariados e as possibilidades
de ampliação das atividades existentes, bem como, de novos
negócios decorrentes do quadro que se estabelecerá na Área
de Influência durante a construção do empreendimento, deverá
promover um aquecimento dos investimentos e das atividades
dos diferentes setores econômicos da região. Esse aquecimento
pode ser ainda mais incentivado, caso ocorram aquisições de
bens e contratações de serviços locais diretamente pelo empreendimento.
Este
impacto será mais sentido nos municípios de Angra dos Reis,
Parati e Rio Claro, devido à proximidade com o empreendimento.
Os três municípios, conforme indicado no Diagnóstico Ambiental,
deparam-se com grandes dificuldades e apresentam sinais de
estagnação econômica, fundamentalmente no setor primário.
A
nova situação que será criada com a implantação de Angra 3,
envolvendo um significativo aumento da massa salarial na região
e a presença de um número significativo de novas pessoas,
deverá permitir um crescimento do setor primário, sobretudo
no que diz respeito à fruticultura, horticultura, pecuária
e pesca, que são atividades existentes e consolidadas nos
municípios de Angra dos Reis e Parati, embora vivendo um momento
de decênio, e que irão se deparar com um forte aumento da
demanda local, decorrente do crescimento populacional.
O
setor terciário será seguramente o maior beneficiário do incremento
do dinamismo econômico, podendo-se prever um significativo
aumento no comércio, sobretudo no que diz respeito aos setores
de alimentos, vestuário, e serviços, em especial em relação
às atividades imobiliárias, de lazer, de alimentação, de abastecimento
e reparos de veículos, de comunicação e de transporte.
O
setor secundário deverá, também, apresentar incrementos, provavelmente
menos expressivos que os demais setores. As atividades relacionadas
à transformação de produtos agropecuários, à indústria da
construção e às pequenas manufaturas de produtos têxteis e
artesanais deverão ser as mais beneficiadas.
Quali-quantificação:
Atributo |
Negativo |
Observação |
Natureza |
Positiva |
Benefícios
diretos para o aquecimento dos setores terciário
(com maior intensidade), secundário e primário. |
Magnitude |
Alta |
Significância |
Alta |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividades transformadoras: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorrerá
durante o período de obras, reduzindo-se
gradativamente após o término da fase
de implantação. |
Abrangência |
Regional |
Principalmente
nos Municípios de Angra dos Reis, Parati e
Rio Claro. |
Reversibilidade |
Reversível |
A
tendência é a de que o dinamismo da economia
sofra uma
redução após o término
da fase de implantação. |
Medidas
Propostas:
a) Privilegiar a aquisição de insumos e a contratação de serviços na região
para a construção do empreendimento
Desta
forma, mantêm-se os efeitos positivos da contratação de trabalhadores
da região para a implantação de Angra 3, porém minimizando-se
os impactos negativos.
b) Comunicação Social
A
Eletronuclear manterá os empresários, comerciantes e a população
informada sobre as possibilidades de negócios, necessidades
das obras e prazos, através do Programa Anual de Comunicação
da empresa.
A
Eletronuclear promoverá cursos, palestras e seminários junto
à sociedade sobre a necessidade da capacitação profissional
e empresarial.
10.3.3.8. Desenvolvimento tecnológico
Os
trabalhadores e empresas contratados para a construção e montagem
do empreendimento serão submetidos a treinamentos, retreinamentos,
aprendizados, conhecimento de equipamentos, novas técnicas
construtivas, de montagem e manutenção, além de práticas de
preservação/conservação do meio ambiente, trabalho em equipe,
saúde e segurança. Este impacto recicla, fortalece e atualiza
os trabalhadores para o mercado de trabalho de obras civis,
entre outros.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Positiva |
Todos
os trabalhadores e/ou empresas contratadas para a
implantação de Angra 3 sofrerão
um incremento
significativo de experiência e conhecimento,
que são
vantagens consideráveis para o mercado de trabalho. |
Magnitude |
Alta |
Significância |
Media |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
O
período de aprendizado é restrito à
fase de implantação do
empreendimento. Porém, por tratar-se de conhecimento
humano e desenvolvimento pessoal, o impacto é
considerado
permanente. |
Abrangência |
Regional |
Os
trabalhadores a serem contratados serão na
sua maior
parte, de diversos municípios da região.
Porém a
qualificação da mão-de-obra pode
expandir-se inclusive para
outros Estados. |
Reversibilidade |
Reversível |
A
capacitação, treinamento e aquisição
de conhecimentos
pelos trabalhadores é permanente. |
Medidas
Propostas:
a) Intensificação dos programas de treinamento e capacitação dos trabalhadores
Este
impacto positivo deve ser maximizado através da intensificação
dos treinamentos. Os cursos devem ser sistemáticos, periódicos
e obrigatoriamente devem ser exigidos junto às empresas subcontratadas.
10.3.3.9.
Aumento
de pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de
saneamento
Na
área de influência direta do empreendimento, conformada pelos
distritos de Cunhambebe, Mambucaba e sede municipal (Angra
dos Reis) e distrito de Tarituba (Parati), apenas cerca de
34,4% do total dos domicílios são atendidos com serviços de
saneamento básico adequados (rede geral de distribuição de
água com canalização interna, esgotamento sanitário por rede
geral e coleta de lixo por serviço de limpeza urbana). O distrito
de Tarituba, em função da presença da vila residencial da
Eletronuclear, tem a maior proporção de domicílios nessa condição
(74% dos domicílios), seguido, em ordem decrescente, por Cunhambebe
(36,7%), a sede municipal de Angra dos Reis (35,5%) e Mambucaba
(18,4%).
Considera-se,
portanto, que apenas o distrito de Tarituba seja atendido
adequadamente, sendo os demais distritos carentes no que diz
respeito ao saneamento básico. O distrito de Mambucaba, por
sua vez, expressa situações díspares - enquanto Praia Brava,
vila residencial da Eletronuclear, tem a quase totalidade
de domicílios com saneamento básico adequado, as demais áreas,
principalmente o Parque Perequê, ocupação recente de população
de baixa renda, são totalmente desprovidas de infra-estrutura
de saneamento básico. Destacam-se, ainda, como situações críticas,
as localidades denominadas de Sertãozinho do Frade (Cunhambebe)
e de Boa Vista (Mambucaba).
Em
decorrência da implantação de Angra 3 e do crescimento populacional
previsto para a área, especialmente nos distritos de Mambucaba
e Cunhambebe, em função dos empregos indiretos criados e da
população atraída pelo empreendimento, deverá ocorrer uma
pressão sobre a infra-estrutura de saneamento básico (abastecimento
d'água, esgotamento sanitário e coleta e destino final de
resíduos sólidos), deteriorando ainda mais a situação preexistente.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Causa
a deficiência, ou até mesmo a insuficiência,
no
atendimento às demandas dos serviços
de saneamento,
aumentando índices de incidência de doenças. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento
proposto. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorrerá
durante o período de obras, reduzindo-se
gradativamente após o término da fase
de implantação. |
Abrangência |
Regional |
Principalmente
no Município de Angra dos Reis, nos
distritos de Cunhambebe e Mambucaba. |
Reversibilidade |
Reversível |
O
sistema de saneamento, após o final da fase
de
implantação da obra, sofrerá
uma redução significativa na
demanda de serviços. |
Medidas
Propostas:
a) Manutenção dos convênios com as Prefeituras
Municipais
A
manutenção de convênios da Eletronuclear com as instituições
competentes, principalmente com a Prefeitura de Angra dos
Reis,
b)Priorizar a contratação da mão-de-obra
local
A
contratação de mão-de-obra local diminuiria a migração, para
Angra dos Reis de pessoas atrás de oportunidades de empregos
diretos e indiretos; e, conseqüentemente, minimizaria a pressão
sobre os serviços de saneamento.
c) Educação ambiental
Promoção
de cursos com temas associados ao abastecimento d'água, esgotamento
sanitário e coleta e destino final de resíduos sólidos, de
forma que proporcionem mudanças comportamentais e estimulem
práticas ambientais sustentáveis.
d) Comunicação Social
Campanhas
de conscientização dos trabalhadores e da população acerca
dos cuidados básicos a serem tomados com efluentes sanitários,
resíduos sólidos e consumo de água.
10.3.3.10. Ocupação desordenada
do solo
Os
estudos realizados para o Diagnóstico Ambiental indicam que
a população que se dirigirá para a região, em decorrência
dos postos de trabalho ofertados, concentrar-se-á principalmente
nos distritos de Cunhambebe, onde se localiza a CNAAA e de
Mambucaba, onde se encontra a vila residencial de Praia Brava,
da Eletronuclear, e no distrito de Tarituba, local da vila
residencial de parte dos funcionários da empresa, no município
de Parati.
Os
padrões de ocupação destes distritos se caracterizam pelo
convívio de aglomerados subnormais e condomínios de alto padrão
econômico. Os aglomerados subnormais são constituídos de construções
de acabamento incompleto, caracterizadas pelo emprego de materiais
pobres ou de aproveitamento de demolições, em áreas de difícil
acesso, sem infra-estrutura urbana adequada.
Hoje,
o processo de expansão urbana em Mambucaba e Cunhambebe já
ameaça os limites do Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB)
e invade por completo a faixa de domínio da BR-l0l (Rio-Santos).
O adensamento populacional em áreas com ocupação desordenada
e de aglomerados subnormais irá acirrar os problemas já observados
atualmente, devendo-se prever uma forte pressão por ocupação
de áreas protegidas, especialmente no PNSB.
Da
mesma forma, a construção de moradias rudimentares deverá
representar uma pressão sobre os recursos naturais, em função
da demanda por insumos construtivos.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Este
impacto constitui, além da fixação
de aglomerados
urbanos em áreas proibidas por lei (Planos
Diretores,
Conama, etc), uma série de impactos indiretos:
pressão nos
serviços de infra-estrutura, pressão
sobre os recursos naturais
em áreas protegidas, aumento da suscetibilidade
a
deslizamentos, entre outros. |
Magnitude |
Alta |
Significância |
Alta |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora: (contratação de
trabalhadores para a implantação do empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Permanente |
A
tendência é a de que as populações assentadas se fixem
nos locais onde estabeleceram moradias. |
Abrangência |
Regional |
Principalmente
nos distritos de Cunhambebe, Mambucaba e Tarituba. |
Reversibilidade |
Irreversível |
Após
o término das obras, parte da população atraída pelo
empreendimento continuará estabelecida nas mesmas
áreas. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Desta
forma, mantêm-se os efeitos positivos da contratação de trabalhadores
da região para a implantação de Angra 3, porém minimizando-se
os impactos negativos.
b) Apoio ao Programa de Contenção de Ocupação
Urbana Irregular da Prefeitura de Angra dos Reis,
visando especialmente à contenção da expansão urbana em áreas
nos distritos de Mambucaba e Cunhambebe. A ocupação nessas
áreas ameaça os limites sul do Parque Nacional da Serra da
Bocaina - PNSB e invade por completo a faixa de domínio da
BR-101.
c) Comunicação Social
Apoiar
a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis na divulgação de
seu Plano Diretor na área de influência direta do empreendimento,
visando sua implementação, de modo a impedir a ocupação desordenada.
A
Eletronuclear promoverá campanhas voltadas para o esclarecimento
dos trabalhadores e da população local e regional sobre as
reais possibilidades de emprego decorrentes da construção
do empreendimento.
d) Inserção regional
A
Eletronuclear e as empresas contratadas, em acordo com as
prefeituras locais, disponibilizarão áreas específicas para
alojamentos dos contratados não-residentes
na fase de implantação do empreendimento, visando uma ocupação
ordenada e urbanizada.
e) Educação Ambiental
Promoção
de cursos com temas associados ao uso e ocupação desordenada
do solo e suas conseqüências como a pressão sobre os recursos
naturais em áreas protegidas e o aumento da suscetibilidade
a deslizamentos, entre outros.
10.3.3.11.
Incidência de acidentes no trabalho
O
Brasil se insere atualmente no grupo dos países com mais alta
incidência de acidentes no trabalho (MPS/INSS, 2000). Portanto,
tal impacto deve ser considerado para as obras de construção
e montagem de Angra 3.
As
conseqüências para os trabalhadores podem ser ferimentos leves,
graves, invalidez e morte.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Conseqüências
diversas à saúde dos trabalhadores das
obras. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento
proposto |
Constância/duração |
Temporária |
Será
restrita à fase de instalação
do empreendimento. |
Abrangência |
Local |
Restrito
aos trabalhadores e ao local de trabalho (canteiro
de
obras de Angra 3). |
Reversibilidade |
Reversível |
Tais
acidentes podem ser evitados ou minimizados. |
Medidas
propostas:
a) Treinamento e qualificação dos trabalhadores.
b) Segurança, saúde no trabalho e meio ambiente (SSTMA).
Ambas
as medidas são de caráter preventivo, onde são valorizados
o treinamento, a conscientização e o aprendizado dos trabalhadores
como forma de evitar acidentes no ambiente de trabalho.
c) Utilização de equipamentos de proteção individual (EPI)
O
empreendedor fornecerá e todos os funcionários deverão utilizar
o EPI adequadamente, para que, em caso de acidente, os danos
à saúde sejam minimizados.
10.3.3.12. Exposição
de pessoas a ruídos e vibrações
A
população atingida, exposta a ruídos e vibrações, engloba
os trabalhadores envolvidos diretamente com a construção e
montagem de Angra 3 e, em menor intensidade, os trabalhadores
da CNAAA e a população ao longo da BR-101.
A
população residente e/ou com atividades econômicas ao longo
da BR-101 (Rio-Santos), principal via de acesso à CNAAA, será
atingida devido ao incremento do tráfego de veículos (leves
e pesados) transporte de pessoas, equipamentos e materiais
para o empreendimento.
Conforme
o nível e tempo de exposição, a população atingida poderá
sofrer uma alteração transitória da audição, ou seja, alterações
temporárias de limiar. Trata-se de um efeito de curto prazo
representado pela redução da sensibilidade auditiva, que retorna
gradualmente ao normal depois de cessada a exposição; também
dependente da sensibilidade individual. No caso de atingidos
ou extrapolados os limites de tolerância legais, a exposição
ao ruído gera aceleração da pulsação, aumento da pressão sangüínea
e estreitamento dos vasos sangüíneos, podendo implicar também
em mudanças no comportamento, tais como, nervosismo, fadiga
mental, frustração e prejuízo no desempenho no trabalho.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
A
população atingida pode ter a audição
comprometida e
sofrer alterações de comportamento,
entre outros efeitos. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (geração
de ruídos
e vibrações). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Será
restrita à fase de implantação
do empreendimento. |
Abrangência |
Regional |
É
considerada regional (ocorrerá ao longo da
BR-101),
porém é significativa apenas no canteiro
de obras. |
Reversibilidade |
Reversível |
Após
a fase de implantação do empreendimento,
os níveis de
ruído e vibrações retornarão
às condições pré-existentes. |
Medidas
Propostas:
a) Manutenção preventiva dos equipamentos
A
regulagem e a manutenção dos equipamentos a serem utilizados
nas obras de construção e montagem do empreendimento poderão
reduzir os níveis de ruído e vibrações nas fontes geradoras.
b) Utilização de equipamentos de proteção individual (EPI)
O
empreendedor fornecerá e todos os funcionários deverão utilizar
EPI adequadamente. Para atividades específicas ou em locais
sujeitos à exposição a ruídos e vibrações, a utilização de
protetores auriculares será obrigatória.
c) Planejamento dos horários de transporte
Evitando-se
os horários noturnos, quando o background (ruído de fundo) tem níveis menores, a perturbação causada
pelo tráfego de veículos torna-se menor.
10.3.3.13. Aumento
do risco de acidentes rodoviários
O
aumento da circulação de veículos nas estradas também concorre
para aumentar o risco de acidentes com a população ao longo
da rodovia, que costuma utilizar as mesmas vias. A simples
presença de veículos, de grande porte em circulação e a sua
convivência com os demais veículos mudam a percepção dos outros
motoristas, que são obrigados a dividir os mesmo espaços com
veículos de carga, mais largos e altos que os convencionais.
Essa
problemática será refletida, necessariamente, sobre a população
residente nos aglomerados urbanos ao longo do trecho, possivelmente,
sob a forma de aumento de atropelamentos, danos materiais,
maiores dificuldades de travessia da via, etc. Em outras palavras,
o nível de acidentes deverá, durante essas fases, apresentar
um pequeno acréscimo em relação ao atual.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Pode
causar perdas materiais e físicas aos envolvidos
e, em
casos extremos, morte. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora: (intensificação
do
tráfego de veículos (leves e pesados)). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Será
restrito à fase de obras e mínimo durante
a fase de
operação. |
Abrangência |
Regional |
Ocorrerá
nos aglomerados urbanos localizados ao longo da
BR-101, principalmente no município de Angra
dos Reis. |
Reversibilidade |
Reversível |
Após
o final da fase de implantação os níveis
de acidentes
tendem a voltar aos normais. |
Medidas
Propostas:
a) Manutenção dos convênios com as Prefeituras Municipais e DNIT
Os
convênios da Eletronuclear com as instituições competentes,
voltados para a manutenção e melhoria das rodovias, passarelas
e interseções com áreas urbanas, resultarão na redução dos
níveis de acidentes rodoviários na região.
b) Campanhas de esclarecimentos e treinamentos
A
Eletronuclear promoverá campanhas de esclarecimento, através
do Programa Anual de Comunicação da empresa, sobre as ações
de mobilização da mão-de-obra e de equipamentos, de forma
a minimizar as perturbações no cotidiano das populações residentes
próximas às vias que serão utilizadas.
A
Eletronuclear realizará campanha de informação e educação
dirigida aos motoristas alocados nas obras, sobre os locais
e a presença de veículos de carga e de passeio, composta principalmente
por informações sobre direção defensiva no trânsito.
A
Eletronuclear promoverá campanhas de segurança de trânsito
aos pedestres bem como educação de trânsito aos mesmos.
A
Eletronuclear promoverá treinamento específico destinado aos
motoristas que trabalharão na construção do empreendimento.
c) Planejamento dos horários de transporte de pessoal, materiais e equipamentos.
Evitando-se
os horários de pico, é possível reduzir-se a incidência de
acidentes envolvendo veículos participantes diretos da construção
e montagem do empreendimento.
10.3.3.14. Aumento
da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos
(não radioativos)
A
produção de resíduos sólidos, de forma direta (construção
do empreendimento) e indireta (aumento da população da região),
requererá maior eficiência e recursos para o gerenciamento
adequado, além de espaço para disposição final. Considera-se
como gerenciamento de resíduos: a separação (no gerador de
resíduos), a coleta, o transporte, a disposição final em local
adequado, além de, se for o caso, o encaminhamento de resíduos
para reciclagem e/ou reaproveitamento.
Falhas
no gerenciamento dos resíduos causam problemas de saneamento
básico e conseqüentes danos à saúde humana. A disposição irregular,
em locais inadequados, como margens de cursos d'água, áreas
de mangue ou encostas, também são características de áreas
urbanas que sofrem expansão.
Os
principais "custos" ambientais gerados pela deficiência no
gerenciamento dos resíduos são os seguintes:
• Depósitos de entulhos e resíduos
podem tornar-se abrigo de vetores transmissores de doenças
(ratos, baratas, moscas e mosquitos) e de animais peçonhentos
(cobras, aranhas e escorpiões);
• Resíduos dispostos nas vias públicas
e córregos afetam a drenagem e a estabilidade das encostas;
• Degradação da paisagem urbana;
• Desperdício de recursos naturais
não-renováveis;
• Redução da vida útil dos locais
adequados para disposição dos resíduos não-recicláveis (aterros
sanitários).
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Redução
da vida útil os locais adequados para disposição
dos resíduos não-recicláveis,
no caso de disposição correta, e
variados danos ambientais, no caso da deficiência
nos
serviços de gerenciamento. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (geração
de
resíduos sólidos). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
com a fase de implantação do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Será
restrito à fase de implantação
e mínimo durante a fase
de operação. |
Abrangência |
Regional |
Ocorrerá
nos arredores de Cunhambebe, Mambucaba e
Angra dos Reis (sede). |
Reversibilidade |
Reversível |
Após
o final da fase de implantação do empreendimento
a
geração de resíduos será
reduzida, gradativamente, aos
níveis normais. |
Medidas
Propostas:
a) Campanhas de esclarecimentos e treinamentos
A
Eletronuclear promoverá campanhas com os trabalhadores e com
as comunidades no entorno da CNAAA, visando o esclarecimento
dos mesmos, através do Programa Anual de Comunicação Social
e Educação Ambiental, sobre resíduos sólidos.
b) Continuidade do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da CNAAA
Deverá
ser dada continuidade ao Programa de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos da CNAAA, aplicando-o às obras de construção e montagem
de Angra 3, seguindo-se as seguintes diretrizes:
1)
Disposição em recipientes de coleta seletiva, em locais previamente
definidos do Canteiro de Obras.
2)
Posteriormente, se for o caso, acondicionamento em invólucros
apropriados para descarte por empresa licenciada, contratada
para este fim, à semelhança do que foi efetuado em Angra 2.
3)
Temporariamente, podem ser transportados para áreas já existentes
dentro das instalações da CNAAA, especificamente destinadas
ao armazenamento temporário e seleção destes resíduos.
4)
Após o recebimento e seleção desses resíduos, os mesmos serão
processados para descarte final em áreas apropriadas.
5)
Os restos de materiais, entulhos de obra, sobras de madeiras
e restos de alvenarias, serão transportados para aterros apropriados.
6)
Os resíduos industriais, como restos de sucatas, pontas de
ferro de construção, deverão ser acondicionados em caçambas
metálicas, distribuídas em pontos estrategicamente definidos,
dentro do "site" do Canteiro de Obras, sendo posteriormente
transportados para armazenamento em áreas já existentes dentro
das instalações da CNAAA, especificamente destinadas a seleção
e posterior comercialização para reprocessamento.
7)
O descarte dos resíduos químicos, restos de solventes, latas
de tintas, será feito, após terem sido acondicionados em recipientes
apropriados, por encaminhamento dos mesmos a empresas especializadas
no descarte final destes resíduos.
8)
Os resíduos provenientes da limpeza química das redes de tubulações
dos sistemas da planta, na fase de montagem e comissionamento,
serão conduzidos através de bombeamento até as piscinas de
coleta e precipitação com agentes químicos, visando torná-los
inertes, antes do descarte dos efluentes no sistema de drenagem
pluvial, após o seu monitoramento.
9)
No caso dos resíduos dos processos de britagem, se aplicável,
serão construídos tanques de decantação, onde serão coletados
os resíduos provenientes do processo de lavagem da brita,
para segregação do material sedimentar e liberação dos efluentes
limpos no sistema de drenagem pluvial, sendo os resíduos sólidos
coletados e transportados para descarte em local apropriado.
10.3.3.15. Desmobilização da mão-de-obra
Ao
analizar-se o histograma previsto para o contingenciamento
de trabalhadores nas diferentes fases da implantação de Angra
3 ( Anexo 3), é possível observar
que haverá a desmobilização de um grande número de trabalhadores
ao final do quinto ano da fase de implantação.
A
liberação de um grande contingente de empregados provoca impactos
de natureza econômica e social, devendo afetar sobretudo o
Município de Angra dos Reis. Por outro lado, a situação de
desmobilização de mão-de-obra diminuirá substancialmente a
sobrecarga nas estruturas urbanas vizinhas ao complexo nuclear,
notadamente no Perequê e no Frade, uma vez que é esperado
que as pessoas desmobilizadas e não residentes retornem ao
seu local de origem ou busquem trabalho em outros lugares.
Mesmo
assim, é provável que parte desse contingente desmobilizado,
inclusive de profissionais qualificados, procure permanecer
na região, procurando colocações de difícil obtenção, vivendo
de biscates ou iniciando novos negócios, criando-se assim
uma situação temporária de potencial aumento dos problemas
sociais existentes.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Poderá
gerar problemas sociais diversos, por causa do
desemprego do grande contingente desmobilizado. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Alta |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora: (contratação
de
trabalhadores para a implantação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Médio
Prazo |
Torna-se
significativo no início do quinto ano das obras
de
construção e montagem de Angra 3. |
Constância/duração |
Temporária |
A
tendência é que o contingente de operários
desmobilizados
seja absorvido pelas oportunidades de trabalho a curto
e
médio prazo. |
Abrangência |
Regional |
Principalmente
nos distritos de Cunhambebe, Mambucaba e
Tarituba. |
Reversibilidade |
Reversível |
Após
o término das obras, os operários desmobilizados
que
optarem por permanecer na região serão
naturalmente
absorvidos pelo mercado de trabalho. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Desta
forma, mantêm-se os efeitos positivos da contratação de trabalhadores
da região para a implantação de Angra 3, porém minimizando-se
os impactos negativos.
b) Manutenção dos convênios com as Prefeituras Municipais
A
manutenção de convênios com as instituições competentes, principalmente
com a Prefeitura de Angra dos Reis, poderá minimizar este
impacto através de:
• Apoio a ações e programas de capacitação
profissional para jovens e adultos nas atividades profissionais
requeridos pelo mercado de trabalho local.
• Apoio a ações e programas para o
fomento de associações comunitárias de proteção social.
c) Comunicação Social
• Apoiar a Prefeitura Municipal de
Angra dos Reis, na divulgação de seu Plano Diretor na área
de influência direta do empreendimento, visando sua implementação,
de modo a impedir a invasão de áreas protegidas assim como
a retirada de recursos naturais.
• A Eletronuclear promoverá campanhas
voltadas para o esclarecimento dos trabalhadores e da população
local e regional sobre as reais possibilidades de emprego
decorrentes da construção do empreendimento.
• A Eletronuclear promoverá campanhas
de orientação aos trabalhadores sobre reinserção no mercado
de trabalho.
10.4.
Fase de Operação
10.4.1.
Meio Físico
10.4.1.1. Considerações
sobre emissões radioativas (líquidas e gasosas)
Cabe
ressaltar que, conforme demonstrado no "Volume 1 - Caracterização
do Empreendimento", as emissões gasosas e líquidas radioativas
não serão significativas, inclusive considerando-se a operação
das três unidades da CNAAA concomitantemente. O montante de
lançamentos previstos não pode prejudicar a saúde humana nem
o meio ambiente, e encontra-se em níveis bastante inferiores
aos permitidos pela legislação pertinente (CNEN). Portanto,
tecnicamente, não há como considerar tais efeitos como impactos
ambientais.
Adicionalmente,
como mencionado no item 10.3.3,
para a fase de construção do empreendimento, o Programa de
Monitoração Ambiental Radiológico Operacional, implantado
no local da CNAAA em 1980, para o acompanhamento dos níveis
de radiação devidos ao início de operação de Angra 1- a partir
da qual passaram a ser emitidos anualmente à CNEN os relatórios
dos resultados obtidos das várias matrizes ambientais - apresenta
em seu Relatório Anual de 2003 as seguintes conclusões: " nas amostras que compõem o programa, os resultados
obtidos em 2003 estão compatíveis com os do período pré-operacional,
podendo-se concluir que não houve impacto radiológico no meio
ambiente provocado pela operação das usinas Angra 1 e Angra
2. Todos os resultados obtidos são compatíveis com os valores
históricos, obtidos desde o período pré-operacional".
10.4.1.2. Alteração da
qualidade das águas
O
impacto sobre a qualidade das águas a ser causado pela operação
de Angra 3 ocorre no corpo receptor dos efluentes líquidos
produzidos na usina: o mar, em Itaorna e no Saco Piraquara
de Fora.
As
águas derivadas de precipitações pluviométricas, bem como
efluentes sanitários, serão dirigidos para canais de drenagem
que desembocam em Itaorna.
Os
efluentes líquidos provenientes do sistema de resfriamento
dos condensadores principais de Angra 3, assim como os das
demais usinas hoje em operação, terão o Saco Piraquara de
Fora como destino final, e os demais, provenientes dos respectivos
sistemas de tratamento, serão descarregados no poço de selagem
principal.
Após
circular pelos trocadores de calor como água de resfriamento
para efeito de condensação do vapor de exaustão das turbinas
de baixa pressão da usina Angra 3, a água do mar, com uma
vazão total de 77 m3/s,
juntar-se-á às águas de resfriamento dos efluentes das demais
usinas de Angra 1 e 2 e, através de túnel escavado na rocha,
será lançada no Saco Piraquara de Fora em local suficientemente
distante do local de captação da água do mar.
A
vazão do efluente de refrigeração de Angra 1 é de 40 m³/s
e a de Angra 2, de 77 m³/s. Com a implementação de Angra
3, que deverá operar com uma vazão igual à de Angra 2, está
previsto um aumento de aproximadamente 65,8% da vazão atual,
quando atingirá um fluxo total de 194 m³/s.
Com
a implementação de Angra 3, além do aumento da vazão anteriormente
demonstrado, haverá um incremento na variação da temperatura.
A situação atual, observando-se este parâmetro apenas com
a operação plena das Unidades 1 e 2 da CNAAA, resulta em um
acréscimo de temperatura de 7,8 ºC. A variação da temperatura
da água, provocada pelos sistemas de resfriamento das três
unidades da CNAAA em operação plena, será de 8,3 ºC. No entanto,
tais valores podem ser ampliados ou reduzidos, a depender
do numero de bombas em funcionamento, da temperatura da água
captada em Itaorna e da quantidade de calor gerada pelas usinas,
que é diretamente proporcional à potência de operação das
mesmas. O aumento médio de temperatura não causará alterações
significativas à temperatura global do corpo receptor.
Os
estudos de modelagem realizados pela UERJ, particularmente
os de modelagem de dispersão térmica, demonstram que haveria
ampliação dos efeitos turbulentos na área próxima à saída
dos efluentes, o que ficaria restrito àquele trecho da enseada,
não comprometendo o regime de escoamento do efluente térmico
(dispersão superficial).
Se
mantidas as condições atuais de lançamento e dispersão dos
efluentes para as Unidades 1 e 2 da CNAAA, a zona de mistura
(que possui 750 metros de extensão a partir do ponto de lançamento
dos efluentes) não seria alterada pela entrada em funcionamento
da usina de Angra 3.
Considerando-se
então que:
• a zona de mistura permanecerá inalterada;
• o incremento da temperatura proporcionado
pelo lançamento do efluente não alterará de forma significativa
a temperatura global do corpo receptor; e
• o limite de 40 ºC da temperatura
do efluente não será ultrapassado,
Pode-se
afirmar que o impacto causado pela alteração da temperatura
e do regime de escoamento que ocorreriam no meio físico, somente
seria representativo pela ampliação dos efeitos indiretos,
causados na biota aquática marinha do Saco Piraquara de Fora.
Com
relação a possíveis contaminações do corpo receptor, estes
impactos seriam mínimos, tornando-se pouco significativos,
devido aos vários sistemas de tratamentos de efluentes líquidos
a serem instalados em Angra 3.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativa |
O
efeito causado pela temperatura do efluente oriundo
do
sistema de água de refrigeração
das usinas, bem como pela
turbulência causada pelo lançamento do
mesmo,
permanecerão concentrados na área próxima
à estrutura de
descarga, com pequena ampliação, restrita
ainda à zona de
mistura estabelecida para o local. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Baixa |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (geração
de
efluentes líquidos). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
concomitantemente à operação
de Angra 3. |
Constância/duração |
Temporária |
Será
restrito à fase de operação. |
Abrangência |
Local |
Não
haverá dispersão significativa. |
Reversibilidade |
Reversível |
Será
restrita à fase de operação. |
Medidas
Propostas:
a) Instalação de sistemas de tratamento de efluentes líquidos
Os
efluentes líquidos convencionais da usina Angra 3 deverão
ser submetidos a tratamento prévio, em modelo idêntico ao
atualmente praticado na usina Angra 2.
Todas
as áreas da Unidade 3 da CNAAA passíveis de contaminação,
deverão contar com rede de drenagem adequadamente dimensionada
e com caixas de retenção de sedimentos, garantindo assim que
todos estes efluentes sejam encaminhados para tratamento.
Todos
os efluentes líquidos convencionais provenientes de drenagens
de prédios e tanques, bem como dos transformadores elétricos,
que possam conter óleos como impurezas, tanto em operação
normal quanto em paradas da usina, deverão ser encaminhados
para o sistema de separação de água-óleo.
Assim
como em Angra 2, Angra 3 deverá contar com sistema específico
de tratamento de efluentes líquidos convencionais, no qual
serão tratados os efluentes líquidos de várias origens, inclusive
os efluentes aquosos já livres de óleos, provenientes da estrutura
de separação água-óleo. Neste sistema, os efluentes serão
tratados em duas bacias de tratamento (de 608 m3
de capacidade, cada uma), operadas alternadamente em ciclos
diários de "recepção/acumulação de efluentes" e
de "tratamento de efluentes" propriamente dito.
Trata-se de um sistema basicamente destinado a remover amoníaco
(NH3) e hidrazina (N2H4)
contidos nesses efluentes, que devem ser trazidos a níveis
inferiores, respectivamente, a 5 ppm de Nitrogênio amoniacal
(correspondentes a 6 ppm NH3) e 1 ppm N2H4,
que são os limites máximos permitidos para lançamento no meio
ambiente. Esse mesmo sistema será também utilizado para fins
de correção de pH de efluentes.
Para
os efluentes sanitários, o tratamento a ser implantado, similar
à ETE instalada e em operação em Angra 2, será feito pelo
processo biológico de lodo ativado e aeração prolongada, com
os efluentes lançados subseqüentemente em canais de drenagem
que desembocarão na enseada em Itaorna. O fluxograma
esquemático do sistema de tratamento (ETE) de Angra 2, similar
ao de Angra 3, pode ser visto na Figura
3 (apresentada neste documento, referente
à fase de implantação).
Para
os rejeitos líquidos radioativos, de forma específica, Angra
3 deverá contar com sistema idêntico ao presente em Angra
2, que monitora a radioatividade continuamente por um detector
e por um sistema de amostragem, permitindo que a liberação
seja feita de maneira controlada. O detector monitora os efluentes
líquidos liberados no mar pela água de circulação; registra
os valores da radiação nos pontos de liberação e aciona o
alarme quando os limites fixados são ultrapassados. O sistema
coleta amostras de efluentes, para avaliação de níveis de
radionuclídeos, em laboratório, para atendimento dos limites
fixados pela CNEN.
b) Monitoramento da qualidade dos efluentes e dos corpos receptores
Assim
como já ocorre com a totalidade dos efluentes líquidos da
CNAAA lançados ao mar, os efluentes provenientes da operação
de Angra 3 deverão ser monitorados, bem como o corpo receptor:
o mar de Itaorna e o Saco Piraquara de Fora.
Atualmente,
a Eletronuclear monitora sistematicamente a água do mar de
Itaorna e do Saco Piraquara de Fora em cinco pontos, através
de análises bacteriológicas e físico-químicas dos parâmetros
de interesse, monitorando, ainda, a temperatura da água do
mar em Itaorna e no Saco Piraquara de Fora, em diversos pontos
ao longo dos eixos de captação e lançamento, bem como através
de uma malha de varredura composta por 114 pontos de medição
no Saco Piraquara de Fora.
O
monitoramento adequado garantirá a qualidade da água do corpo
receptor e a eficiência dos sistemas de tratamento de efluentes.
Os efluentes deverão respeitar os padrões legais em vigor
(Resolução Conama nº 357/05 e NT-202. Rua10 da Feema.).
10.4.1.3.Alteração
da qualidade do ar
As
emissões atmosféricas de efluentes gasosos convencionais de
Angra 3, considerados como poluentes atmosféricos, provenientes
da combustão do óleo Diesel utilizado na Caldeira Auxiliar,
bem como dos motores dos grupos geradores Diesel dos Sistemas
de Emergência, provocarão um aumento na concentração de carbono
e enxofre na atmosfera, alterando assim a qualidade físico-química
do ar.
As
emissões previstas indicam que não haverá alteração significativa
na qualidade do ar, mesmo considerando-se as emissões combinadas
de Angra 1, 2, e 3, dado o caráter intermitente do funcionamento
dos equipamentos (necessidade de testes periódicos para garantir
à manutenção dos Grupos Geradores Diesel de emergência em
condições de operação para garantia da segurança nuclear,
e das caldeiras auxiliares de geração de vapor, utilizadas
apenas durante as operações de partida das usinas). A possibilidade
de operação simultânea dos equipamentos é muito baixa e de
curta duração.
Considerações
sobre as emissões radioativas líquidas e gasosas, como explícito
anteriormente no item 10.4.1.1, pode-se
afirmar que são rigorosamente tratadas e monitoradas.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativa |
A
alteração da qualidade do ar é
considerada pouco
significativa. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Baixa |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (geração
de
emissões atmosféricas). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
concomitantemente à operação
de Angra 3. |
Constância/duração |
Temporária |
Será
restrita à fase de operação. |
Abrangência |
Local |
Em
Itaorna, de forma pouco significativa. |
Reversibilidade |
Reversível |
Será
restrita à fase de operação. |
Medidas
propostas:
a) Manutenção dos equipamentos
A
manutenção dos equipamentos responsáveis pela geração dos
poluentes atmosféricos a serem emitidos, deve ocorrer de forma
periódica, garantindo-se assim a otimização da queima de combustíveis,
desse modo minimizando-se as emissões de poluentes.
b) Monitoramento das fontes geradoras
Os
efluentes radioativos gasosos produzidos em Angra 3 deverão
contar com o sistema presente em Angra 2, que monitora a radioatividade
continuamente por um detetor e por um sistema de amostragem,
permitindo que a liberação seja feita de maneira controlada.
O detetor monitora os efluentes gasosos liberados na atmosfera
pela chaminé (gases nobres, iodo radioativo, aerossóis radioativos,
trício e carbono (14)) e aciona o alarme quando os limites
fixados são ultrapassados. O sistema coleta amostras de efluentes,
para avaliação de níveis de radionuclídeos em laboratório,
para atendimento dos limites fixados pela CNEN.
10.4.2. Meio Biótico
10.4.2.1.
Alteração do ecossistema marinho
O
início da operação de Angra 3 proporcionará um acréscimo de
vazão (77 m3/s) e temperatura relativamente aos
atuais efluentes combinados das Usinas 1 e 2. As simulações
realizadas pela UERJ para o Diagnóstico Ambiental mostraram
que, para a situação mais crítica, com Angra 1, 2 e 3 operando
a plena carga, a região da zona de mistura sob influência
da turbulência causada pelo lançamento dos efluentes poderá
sofrer uma pequena ampliação que, no entanto, não alterará
o regime de escoamento do efluente térmico (escoamento laminar
superficial), nem provocará alterações significativas sobre
a biota local.
As
evidências indicam que o ecossistema marinho é afetado nas
proximidades do lançamento da água de resfriamento dos condensadores,
onde a temperatura da água devolvida ao corpo receptor é mais
elevada e esta, aliada à turbulência gerada pelo lançamento
do efluente, pode impedir a fixação e a colonização de organismos
marinhos, especialmente aqueles que dependem de fluxos de
marés para sua locomoção. Assim, os efeitos negativos do aumento
da temperatura no ecossistema marinho estarão concentrados
nas imediações do ponto de lançamento, sem comprometimento
dos organismos que ocupem porções da enseada além da zona
de mistura. Os programas de monitoramento realizados pela
Eletronuclear não têm demonstrado variações significativas
na produtividade do fitoplâncton. Tais variações, quando ocorrem,
não são associadas à operação das usinas, mas sim, influenciadas
pelos efeitos da sazonalidade climática.
Outros
aspectos também poderiam ser observados no local de descarga
do efluente, como a redução dos valores de oxigênio dissolvido
(OD), o que promoveria uma seleção de organismos mais resistentes,
excluindo aquelas espécies que dependam de um teor mais elevado
de oxigênio, ou, mesmo, de condições térmicas mais estáveis.
Essas situações poderiam gerar uma redução da densidade e/ou
da diversidade de espécies no local da emissão. Assim, as
espécies termófilas do fitoplâncton poderiam ser mais privilegiadas
pelo ambiente modificado. Esse comportamento, entretanto,
quando detectado pelos estudos de monitoramento realizados
pela Eletronuclear, estiveram relacionados às variáveis climáticas,
sazonais, e não ao lançamento dos efluentes.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativa |
Os
efeitos causados pela temperatura do efluente oriundo
do
sistema de água de resfriamento dos condensadores,
bem
como pela turbulência causada pela velocidade
de
lançamento deste, permanecerão concentrados
na área
próxima à estrutura de lançamento,
com pequena ampliação,
restrita ainda à zona de mistura estabelecida
para o local. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Indireta |
Efeito
de impacto ambiental: (alteração da
qualidade das
águas - temperatura) |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Inicia
concomitantemente à operação
de Angra 3. |
Constância/duração |
Temporária |
Será
restrita à fase de operação. |
Abrangência |
Local |
Ocorrerá
no Saco Piraquara de Fora, próximo à
estrutura de
lançamento do efluente. |
Reversibilidade |
Reversível |
Todo
o equilíbrio do sistema poderá ser naturalmente
restaurado se o lançamento dos efluentes cessar. |
Medidas
Propostas:
a) Monitoramento de qualidade dos efluentes e dos corpos receptores
Assim
como ocorre com a totalidade dos efluentes líquidos da CNAAA
lançados ao mar, os efluentes provenientes da operação de
Angra 3 deverão ser monitorados, bem como o corpo receptor
do mar do Saco Piraquara de Fora, com ênfase no monitoramento
da temperatura e cloro residual.
Atualmente,
a Eletronuclear monitora sistematicamente a água do mar em
Itaorna e no Saco Piraquara de Fora em cinco pontos, através
de análises bacteriológicas e físico-químicas dos parâmetros
de interesse. Também é realizado o monitoramento da temperatura
da água do mar em diversos pontos ao longo dos eixos de captação
e lançamento de água do mar, bem como através de uma malha
de varredura composta por 114 pontos de medição na supracitada
área de lançamento. O monitoramento adequado garantirá a qualidade
da água do corpo receptor e a eficiência dos sistemas de tratamento
de efluentes. Os efluentes deverão respeitar os padrões legais
em vigor.
b) Monitoramento da Fauna e Flora Marinha
A
Eletronuclear deverá dar continuidade ao Programa de Monitoramento
da Fauna e Flora Marinha (PMFFM), em função da operação da
Unidade 3 da CNAAA, nas áreas de plâncton, bentos, necton
e parâmetros físico-químicos da água do mar.
10.4.2.2. Variação
da diversidade e abundância das comunidades aquáticas marinhas
O
aumento do fluxo na área imediatamente próxima à estrutura
de lançamento do efluente térmico pode alterar o regime de
transporte de sedimentos e afetar as comunidades bentônicas
de fundo, podendo alterar a diversidade e a distribuição dessas
comunidades. O lançamento do efluente pode, ainda, interferir
no assentamento de larvas de organismos incrustantes.
Como
conseqüência da operação contínua das três usinas, haverá
predominância da colonização por espécies marinhas mais resistentes
ao estresse térmico em relação àquelas mais susceptíveis à
variação de temperatura.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativa |
Ocorre
o risco de diminuição na densidade populacional
de
algumas espécies ou extinção
local de populações no Saco
Piraquara de Fora. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Média |
Forma |
Indireta |
Efeito
de impacto ambiental (alteração do ecossistema
marinho). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Iniciar-se-ia
concomitantemente à operação
de Angra 3. |
Constância/duração |
Temporária |
Será
restrita à fase de operação. |
Abrangência |
Local |
Ocorrerá
no Saco Piraquara de Fora. |
Reversibilidade |
Reversível |
As
espécies marinhas mais sensíveis à
temperatura poderão
retornar, caso o lançamento de água
de circulação cesse. |
Medidas
Propostas:
a) Monitoramento de qualidade dos efluentes e dos corpos receptores
Assim
como ocorre com a totalidade dos efluentes líquidos da CNAAA
lançados ao mar, os efluentes provenientes da operação de
Angra 3 deverão ser monitorados, bem como o corpo receptor
do mar do Saco Piraquara de Fora, com ênfase no monitoramento
da temperatura e cloro residual.
Atualmente,
a Eletronuclear monitora sistematicamente a água do mar de
Itaorna e do Saco Piraquara de Fora, através de análises bacteriológicas
e físico-químicas dos parâmetros de interesse.
O
monitoramento adequado garantirá a qualidade da água do corpo
receptor e a eficiência dos sistemas de tratamento de efluentes.
Os efluentes deverão respeitar os padrões legais em vigor
(NT-202. Rua10 da Feema e Resolução Conama Nº 357/05).
b) Monitoramento da Fauna e Flora Marinha
A
Eletronuclear deverá dar continuidade ao Programa de Monitoramento
da Fauna e Flora Marinha (PMFFM), em função da operação da
Unidade 3 da CNAAA, nas áreas de plâncton, bentos, necton
e parâmetros físico-químicos da água do mar.
10.4.3. Meio Socioeconômico.
10.4.3.1.Considerações
sobre exposição das pessoas (trabalhadores e indivíduos públicos)
à radiação
Cabe
ressaltar que, conforme demonstrado no "Volume 1 - Caracterização
do Empreendimento", as emissões gasosas e líquidas radioativas
não serão significativas, inclusive considerando-se a operação
das três unidades da CNAAA concomitantemente. A quantidade
total de lançamentos previstos não pode prejudicar a saúde
humana nem o meio ambiente, e encontra-se em níveis bastante
inferiores aos permitidos pela legislação pertinente (CNEN).
Portanto, tecnicamente, não há como considerar tais efeitos
como impactos ambientais. Adicionalmente, como mencionado
no item 10.3.3
para a fase de construção do empreendimento, o Programa
de Monitoração Ambiental Radiológico Operacional, implantado
no local da CNAAA em 1980, para o acompanhamento dos níveis
de radiação devido ao início de operação de Angra 1- a partir
da qual passaram a ser emitidos anualmente à CNEN os Relatórios
dos Resultados obtidos das várias matrizes ambientais - apresenta
em seu Relatório Anual de 2003 as seguintes conclusões: " nas amostras
que compõem o programa, os resultados obtidos em 2003 estão
compatíveis com os do período pré-operacional, podendo-se
concluir que não houve impacto radiológico no meio ambiente
provocado pela operação das usinas Angra 1 e Angra 2. Todos
os resultados obtidos são compatíveis com os valores históricos,
obtidos desde o período pré-operacional".
10.4.3.2.Confiabilidade do setor
elétrico
Cabe
considerar os benefícios econômicos, tecnológicos e sociais
para a macrorregião Sudeste, advindos da ampliação e melhoria
da confiabilidade da oferta de energia elétrica.
A
entrada em operação de Angra 3 resultará na disponibilidade
imediata de cerca de 10,8 mil GWh/ano de energia elétrica
na área Rio, a um custo compatível com o custo marginal de
expansão do sistema elétrico interligado. Em um contexto mais
amplo, proporcionará uma ampliação da oferta de energia elétrica
nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, reduzindo os riscos de
déficit, principalmente nos períodos hidrológicos secos, além
de agregar um aumento significativo à base técnica do sistema
elétrico interligado, atendendo a política de diversificação
da matriz energética nacional e aumentando a confiabilidade
operacional do sistema elétrico nacional.
O
consumo de energia elétrica tem apresentado taxas de crescimento
maiores que as do PIB, o que pode ser associado à modernização
dos setores econômicos, ao crescimento populacional e à expansão
do setor informal da economia. A partir de 1998, tornou-se
evidente que o país, por causa desse crescimento, corria o
risco de sofrer racionamentos de energia, o que de fato ocorreu
em 2001. Se a demanda continuar crescendo sem que a geração
seja aumentada, novos racionamentos e até blecautes poderão
ocorrer.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Positiva |
O
aumento da confiabilidade do sistema elétrico
brasileiro
representaria a garantia do crescimento econômico,
bemestar
da população e atrairia novos investimentos
externos e
internos ao país. |
Magnitude |
Alta |
Significância |
Alta |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (geração
de
energia elétrica). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Ocorrerá
concomitantemente ao início da fase de operação
do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorreria
durante o período de operação,
que seria de no
mínimo 40 anos. |
Abrangência |
Estratégica |
Estende-se
a níveis estadual e federal. |
Reversibilidade |
Reversível |
Ocorreria
durante o período de operação,
que seria de no
mínimo 40 anos. |
10.4.3.3. Auto-suficiência
de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro
Deve-se
considerar a redução da dependência do estado do Rio de Janeiro
do suprimento externo de energia, quando do início da operação
de Angra 3.
O
Estado do Rio de Janeiro, segundo da federação na formação
do PIB brasileiro, necessita de um sistema elétrico consistente
e confiável, condição essencial para a manutenção e a expansão
de seu parque industrial e de suas demais atividades. Entretanto,
ao contrário do que acontece com a energia primária, em que
o estado é o maior exportador nacional em função da extração
de petróleo e gás natural, o Rio de Janeiro é um importador
de energia elétrica. Até o ano de 1999, a energia elétrica
gerada pelas concessionárias no Estado era inferior a 50%
da demanda. O cenário mudou a partir de 2000, com um salto
na geração. O início da operação da usina Angra 2 ocorreu
em 14 de julho de 2000, contribuindo visivelmente para este
crescimento. No ano de 2002 a energia gerada no Estado já
representava aproximadamente 85% da demanda requerida.
O
Estado do Rio de Janeiro ainda é sensível às decisões sobre
investimentos no setor elétrico a serem realizados fora de
suas divisas. O Estado situa-se em ponta-de-linha e fica,
assim, extremamente vulnerável a contingências operacionais
ocorrentes no sistema elétrico interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste.
São conhecidas as dificuldades enfrentadas pelo Rio de Janeiro
devido a problemas recentes de queda e de desligamento de
linhas de transmissão de energia elétrica.
A
entrada em operação do empreendimento proposto fortaleceria
a "auto-suficiência" energética do Estado do Rio
de Janeiro, com a energia produzida no Estado ultrapassando
os 100% da demanda requerida.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Positiva |
A
auto-suficiência energética garantiria
o crescimento
econômico, bem-estar da população
e atrairia novos
investimentos para o estado. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Alta |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (geração
de
energia elétrica). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Ocorrerá
com o início da fase de operação
do
empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorreria
durante o período de operação,
que seria de no
mínimo 40 anos. |
Abrangência |
Estratégica |
Estende-se
ao nível estadual e, indiretamente, ao nível
federal. |
Reversibilidade |
Reversível |
Ocorreria
durante o período de operação,
que seria de no
mínimo 40 anos. |
10.4.3.4. Variação da arrecadação
tributária
Cabe
aqui enfatizar que a operação de Angra 3, em conjunto com
as outras duas unidades já instaladas e em operação da CNAAA
(Angra 1 e 2), implicaria em ganhos fiscais globais - para
a União, os Estados e os Municípios - extremamente significativos.
De
forma direta, a operação de Angra 3 estimularia um aumento
nos valores de recolhimentos de impostos como o ISS (Imposto
Sobre Serviços) por empresas contratadas, do ICMS (Imposto
Sobre Circulação de Mercadorias), recolhido sobre a compra
de mercadorias e serviços no Estado e IPI (Impostos sobre
Produtos Industrializados), devido à aquisição de produtos
industrializados. Deve-se considerar também o valor do IPTU
(Imposto Territorial Urbano) das vilas residenciais da Eletronuclear,
recolhido diretamente para as prefeituras de Angra dos Reis
e Parati.
A
operação de Angra 3 acarretaria contratação de novos trabalhadores.
Este cenário indicaria um crescimento na massa salarial da
região e refletir-se-ia em gastos com o consumo de bens e
serviços locais, potencializando, principalmente, a expansão
no setor terciário.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Positiva |
Aumento
das receitas federais, estaduais e municipais
através do incremento nas arrecadações
de impostos. |
Magnitude |
Alta |
Significância |
Alta |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividades transformadoras: (contratação
de
trabalhadores para a operação do empreendimento
e geração
de energia elétrica). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Ocorrerá
concomitantemente ao início da fase de operação
do empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorreria
durante o período de operação,
que seria de no
mínimo 40 anos. |
Abrangência |
Estratégica |
O
incremento das receitas, apesar de mais significativo
a
nível municipal, estender-se-ia ao nível
federal. |
Reversibilidade |
Reversível |
Ocorreria
durante o período de operação,
que seria de no
mínimo 40 anos. |
Medidas
Propostas:
a) Comunicação Social
Manter
as informações econômicas (tributárias, convênios, arrecadações)
da Eletronuclear, de forma transparente e explícita ao público.
Tais informações atualmente encontram-se disponíveis na Internet (www.eletronuclear.gov.br).
OBS:
Esta medida configura-se apenas como de caráter informativo,
portanto não potencializando o impacto.
10.4.3.5. Variação
da massa salarial
Os
cerca de 770 empregos diretos previstos a serem gerados pela
operação do empreendimento proposto, proporcionariam o surgimento
de inúmeros empregos
indiretos.
Cabe
ressaltar que o contingente para a operação da usina será
necessário por toda sua vida útil, que será de, no mínimo,
40 anos, sendo que se trata, em sua maioria, de mão-de-obra
especializada, fator este que se refletirá em maiores salários.
Este
novo contingente de assalariados iria provocar um aumento
da massa salarial na região. Conseqüentemente, haveria uma
melhoria no poder de compra dos trabalhadores. Tal tendência
levaria ao dispêndio de parte desta massa salarial na aquisição
de bens e serviços locais, ampliando a dinâmica dos setores
econômicos da área de influência.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Positiva |
O
aumento da massa salarial levaria a criação
de empregos
indiretos e "aqueceria" a economia (principalmente
os setores de serviço e comércio) da
região. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Alta |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividades transformadoras: (contratação
de
trabalhadores para a operação do empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Ocorrerá
com o início da fase de operação
do
empreendimento. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorreria
durante o período de operação,
que seria de no
mínimo 40 anos. |
Abrangência |
Estratégica |
Por
se tratar de mão-de-obra especializada, a proveniência
seria de outros municípios do Rio de Janeiro
e até de outros
Estados. |
Reversibilidade |
Reversível |
Esta
nova massa de empregados, com bons salários,
permaneceria estável ao longo do período
de operação,
estimado em pelo menos 40 anos. Entretanto, após
o
descomissionamento, essa massa seria reduzida, podendo
até
mesmo retornar, em equivalência, aos valores
pré-existentes. |
Medidas
Propostas:
a) Priorização da contratação da mão-de-obra local
Esta
priorização implicaria na minimização de movimentos migratórios
para a operação de Angra 3. Esta medida também minimizaria
o impacto da desmobilização da mão-de-obra para a construção.
10.4.3.6.Variação
do dinamismo econômico
A
área de influência teria elementos favoráveis a um aquecimento
dos investimentos e das atividades dos diferentes setores
econômicos da região. Esse aquecimento poderia ser ainda mais
fomentado, caso venham a ocorrer aquisições de bens e contratações
de serviços locais, diretamente pelo empreendimento em sua
fase de operação.
O
cenário local adicionado da operação de Angra 3, envolveria
um significativo aumento da massa salarial na região, da arrecadação
tributária e da presença de um número significativo de novas
pessoas. O setor terciário seria o pilar do vetor do dinamismo
econômico, podendo-se prever um significativo aumento nos
setores de comércio e serviços. O setor secundário responderia
com incrementos, provavelmente menos expressivos que os demais
setores, assim como poderá ocorrer também na fase de implantação
do empreendimento.
Com
a implantação de Angra 3, novas oportunidades surgiriam na
empregabilidade da região como um todo. A partir da massa
salarial dos novos empregos que seriam gerados pelo empreendimento,
da contratação de serviços junto a fornecedores locais e das
compras de bens e serviços, haveria uma geração e aumento
de renda para a região da área de influência direta como um
todo. Em conseqüência deste processo na região de influência
de Angra 3, novos processos econômicos poderiam vir a existir
em outros municípios da região. De qualquer maneira, o empreendimento
permitiria vantagens atrativas para outros empreendimentos
posteriores.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Positiva |
Benefícios
diretos para o aquecimento dos setores terciário
(com maior intensidade), secundário e primário. |
Magnitude |
Alta |
Significância |
Alta |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividades transformadoras: (contratação
de
trabalhadores para a operação do empreendimento
e geração
de energia). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Ocorrerá
concomitantemente ao início da fase de operação
do empreendimento, de forma contínua ao dinamismo
econômico que seria proporcionado pela implantação
de
Angra 3. |
Constância/duração |
Temporária |
Ocorreria
durante o período de operação,
que seria de no
mínimo 40 anos. |
Abrangência |
Estratégica |
Apesar
de ter reflexos mais significativos na economia local
(principalmente Angra dos Reis), é considerado
estratégico
por causa do incremento provocado pelas receitas tributárias,
alcançando os níveis estadual e federal. |
Reversibilidade |
Reversível |
A
tendência seria de que o dinamismo da economia
sofresse
uma redução após a suspensão
da operação do
empreendimento proposto. |
Medidas
Propostas:
a) Comunicação Social
• A Eletronuclear manterá os empresários,
comerciantes e a população informada sobre as possibilidades
de negócios e necessidades para o empreendimento, através
do Programa Anual de Comunicação da empresa;
• A Eletronuclear promoverá cursos,
palestras e seminários, junto à sociedade, sobre capacitação
empresarial e pessoal;
• A Eletronuclear incentivará a criação
de cursos profissionalizantes, conforme as necessidades de
mão-de-obra necessárias à operação do empreendimento.
10.4.3.7. Aumento
da pressão nos serviços de gerenciamento de rejeitos radioativos
Os
rejeitos sólidos radioativos que seriam produzidos na Unidade
3 da CNAAA necessitarão de um processo de gerenciamento, inclusive
após a sua disposição final, que acarretará na necessidade
de ocupação de espaço físico (repositório final), recursos
humanos e financeiros. É importante frisar, que a partir do
encaminhamento dos rejeitos radioativos para o depósito final,
o gerenciamento fica a cargo da Comissão Nacional de Energia
Nuclear - CNEN.
O
repositório final, ou depósito final, até o presente momento
não foi construído. O projeto encontra-se em fase de definição
do local para a sua instalação.
A
Eletronuclear é responsável pelo gerenciamento dos rejeitos
no âmbito da CNAAA, até o encaminhamento dos mesmos para o
depósito final. Abaixo, estão apresentados, de forma sintética,
os principais processos de gerenciamento dos rejeitos radioativos
previstos:
• Os combustíveis nucleares:
- após sua utilização, ficam dispostos em uma "piscina de combustível",
localizada dentro do envoltório de contenção do reator, com
água borada (níveis controlados) para impedir o estabelecimento
de reação em cadeia. A piscina de Angra 3, assim como a de
Angra 2, terá capacidade para armazenar 1084 elementos combustíveis,
correspondentes a 15 ciclos completos de operação e a uma
autonomia de cerca de 20 anos.
- Os demais rejeitos radioativos a
serem produzidos em Angra 3, além dos elementos combustíveis,
considerados de médio e baixo níveis de radioatividade:
- obedecerão aos procedimentos já implementados
e atualmente em utilização nas outras Unidades da CNAAA. Todos
os rejeitos radioativos são monitorados, sinalizados, segregados
e encapsulados em tambores de aço de 200 litros.
- Antes do encapsulamento, os sólidos
contaminados e não compactáveis passarão por rigorosos processos
de descontaminação, que visam a redução do volume de rejeito
radioativo gerado.
- Após o encapsulamento e contabilização,
os embalados produzidos serão transferidos para o depósito
inicial, localizado em área controlada interna à usina, assim
como o é em Angra 2. Em Angra 1, os embalados são transferidos
para o DIRR (Depósito Intermediário de Rejeitos Radioativos),
localizado em área interna à CNAAA.
- No depósito inicial, os embalados são
sinalizados e, durante toda a sua permanência, monitorados.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Os
rejeitos sólidos radioativos necessitarão
de um processo
de gerenciamento, inclusive após sua disposição
final, que
acarretará em ocupação de espaço
físico (repositório final) e
de recursos humanos e financeiros. |
Magnitude |
Baixa |
Significância |
Baixa |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (produção
de
rejeitos sólidos radioativos). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Ocorre
concomitantemente ao início da fase de operação
de
Angra 3. |
Constância/duração |
Permanente |
Considerando-se
que o gerenciamento dos rejeitos se
estender-se-ia por vários anos após
o descomissionamento
da unidade. |
Abrangência |
Regional |
Considerando-se
que ainda não está definido o local
para a
implantação do repositório final
de rejeitos radioativos. |
Reversibilidade |
Irreversível |
Considerando-se
que o gerenciamento dos rejeitos se
estender-se-ia por vários anos após
o descomissionamento
da unidade. |
Medidas
Propostas:
a) Gerenciamento dos rejeitos radioativos
A
Eletronuclear dará continuidade ao programa de gerenciamento
de rejeitos sólidos radioativos da CNAAA e, se necessário,
executará atualizações e/ou adequações inerentes ao incremento
nas quantidades produzidas resultantes da operação de Angra
3.
OBS:
O gerenciamento dos rejeitos sólidos radioativos, após seu
encaminhamento ao repositório final, é de responsabilidade
da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.
b) Campanhas de comunicação social
A
Eletronuclear executará, de forma periódica, campanhas de
comunicação social junto à população, explicitando os conceitos
e os métodos de gerenciamento utilizados.
10.4.3.8. Desenvolvimento
tecnológico
Os
trabalhadores contratados para as diversas atividades da operação
de Angra 3, serão submetidos a treinamentos, retreinamentos,
conhecimento de equipamentos, novas tecnologias, inclusive
com cursos de aperfeiçoamento e trocas de experiência em outros
países. O contingente a ser contratado pela Eletronuclear
será treinado em práticas de preservação do meio ambiente,
trabalho em equipe, saúde e segurança. Ressalte-se que tais
práticas e experiências são consideradas como extremamente
valiosas aos olhos do mercado de trabalho.
A
fixação no Estado do Rio de Janeiro de tecnologia de ponta,
também deve ser considerada, pois contribui para o aumento
da competitividade do Estado do Rio na atração de novos empreendimentos.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Positiva |
Todos
os trabalhadores e/ou empresas contratadas para a
operação de Angra 3 sofrerão
um incremento significativo
de experiência e conhecimento, que são
elementos
considerados como valiosos pelo mercado de trabalho. |
Magnitude |
Alta |
Significância |
Média |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora: (contratação
de trabalhadores para a operação do
empreendimento). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Ocorrerá
com o início da fase de operação
de Angra 3. |
Constância/duração |
Permanente |
O
período de aprendizado inicia-se na fase de
implantação,
sendo constante na fase de operação
de Angra 3; e, por
tratar-se de conhecimento humano e desenvolvimento
pessoal, o impacto é considerado permanente. |
Abrangência |
Estratégica |
Os
trabalhadores a serem contratados, considerados em
sua
maioria como mão-de-obra especializada, deverão
provir de
diversos locais do Brasil. |
Reversibilidade |
Irreversível |
A
capacitação, treinamento e aquisição
de conhecimentos
pelos trabalhadores é inevitável e necessária
à operação do
empreendimento. |
Medidas
Propostas:
a) Intensificação dos programas de treinamento e capacitação dos trabalhadores
Este
impacto positivo deve ser maximizado através da intensificação
dos treinamentos.
10.4.3.9. Aumento
da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos
(não radioativos)
A
operação de Angra 3 incidirá num incremento significativo
na produção de resíduos sólidos da CNAAA. Dessa maneira, requererá
mais eficiência e recursos para o gerenciamento adequado,
bem como de mais área para disposição final. Portanto, considerar-se-ia
como gerenciamento de resíduos: a separação (no gerador de
resíduos), coleta, transporte e deposição final em local adequado,
como, também, se for o caso, do encaminhamento dos resíduos
para reciclagem e/ou reaproveitamento.
Deficiências
no gerenciamento dos resíduos poderiam causar problemas de
saneamento básico e conseqüentes danos à saúde humana. A disposição
irregular, em locais inadequados, como margens de cursos d'água,
áreas de mangue ou encostas, não serão realizados pela empresa,
mas são características de áreas urbanas que sofrem
expansão como é o esperado para a região, durante a
fase de instalação do empreendimento.
Os
principais "custos" ambientais gerados pela deficiência no
gerenciamento dos resíduos são:
- Depósitos de entulhos e resíduos
se tornam eventualmente abrigo de vetores transmissores de
doenças (ratos, baratas, moscas e mosquitos) e de animais
peçonhentos (cobras, aranhas e escorpiões);
- Resíduos dispostos nas vias públicas
e córregos afetam a drenagem e a estabilidade das encostas;
- Degradação da paisagem urbana;
- Desperdício de recursos naturais
não-renováveis;
- Redução da vida útil dos locais
adequados para deposição dos resíduos não-recicláveis (aterros
sanitários).
Atualmente,
os resíduos sólidos derivados da operação da CNAAA são comercializados,
se ainda possuírem valor comercial residual como nos casos
de sucatas (ferrosas, não-ferrosas e metálicas de modo geral),
que são vendidas para reprocessamento, dos óleos e lubrificantes,
vendidos para posterior refino, ou encaminhados para tratamentos/destinações
específicas, de acordo com cada tipo de resíduo (reciclagem,
reprocessamento, incineração, etc.), através de contratações
de serviço específicas. Na Tabela 1
estão apresentadas as quantidades anuais (em toneladas)
comercializadas de resíduos sólidos no período de 2000 e 2003.
Tabela
1- CNAAA – Destino dado aos Resíduos Sólidos
gerados no período de operação de 2000
a 2003
Destino
|
Quantidade
(t) |
2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
Reciclagem/reprocessamento/reutilização |
108,71 |
14,77 |
86,11 |
138,33 |
Co-processamento/incineração |
2,63 |
- |
25,73 |
152,27 |
Fonte: Eletronuclear
Resíduos
que possam ser categorizados como "lixo comum" são encaminhados/
enviados definitivamente para o Aterro Sanitário do Ariró,
localizado no município de Angra dos Reis, atualmente.
A
área de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho é
responsável pelo Inventário de Resíduos, para envio
à Feema, no qual são indicados os números dos Manifestos,
datas de emissão, identificações de resíduos, origens, estados
físicos, classes, formas de acondicionamento, procedências,
quantidades, transportadores, receptores, tratamentos e disposições,
entre outras informações.
Todos
os resíduos sólidos não radioativos provenientes das áreas
restritas são monitorados quanto à contaminação radioativa.
Quali-quantificação:
Atributo |
Valoração
/
classificação |
Observação |
Natureza |
Negativo |
Redução
da vida útil dos aterros, no caso de disposição
correta, e variados danos ambientais no caso da deficiência
nos serviços de gerenciamento. |
Magnitude |
Média |
Significância |
Baixa |
Forma |
Direta |
Efeito
direto de atividade transformadora (produção
de
resíduos sólidos). |
Prazo
de ocorrência |
Imediato |
Ocorre
concomitantemente ao início da fase de operação
de
Angra 3. |
Constância/duração |
Temporária |
Será
restrita à fase de operação. |
Abrangência |
Regional |
A
disposição final dos resíduos
não comercializados,
reaproveitados ou encaminhados para reciclagem ocorrerá
em locais adequados para disposição
dos resíduos nãorecicláveis. |
Reversibilidade |
Reversível |
Após
o final da fase de operação do empreendimento
a
geração de resíduos será
reduzida, gradativamente, aos
níveis pré-existentes. |
Medidas
Propostas:
a) Continuidade do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da CNAAA
Deverá
ser dada continuidade às diretrizes já estabelecidas e praticadas
na CNAAA, através do Programa de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos, que utiliza, para destinação a ser dada aos resíduos
industriais, o Sistema de Manifesto de Resíduos Industriais,
que consiste do conhecimento e da destinação a ser dada pelo
gerador, pelo transportador e pelo receptor desses resíduos,
através de formulário próprio da Feema, denominado "Manifesto
de Resíduos".
Atualmente,
os resíduos sólidos derivados da operação da CNAAA são comercializados,
se ainda possuírem valor comercial residual como nos casos
de sucatas ferrosa, não-ferrosa, metálica de modo geral, (vendidas
para reprocessamento), dos óleos e lubrificantes (vendidos
para posterior refino), ou encaminhados para tratamentos/destinações
específicas, de acordo com cada tipo de resíduo (reciclagem,
reprocessamento, incineração, etc.), através de contratações
de serviço específicos.
b) Comunicação Social
A
Eletronuclear promoverá campanhas com os trabalhadores e com
as comunidades visando esclarecimento sobre resíduos sólidos,
a sua problemática e
suas implicações na qualidade de vida urbana.
c)Educação
Ambiental
Deverão
ser realizadas atividades de Educação Ambiental com os trabalhadores
e a população local, com temas que abordem ações relativas
aos resíduos sólidos, possibilitando a realização de práticas
ambientais sustentáveis, como por exemplo, a geração de renda
a partir da reutilização e reciclagem de resíduos sólidos.
10.5. Matriz Quali-quantitativa
10.5.1.
Fase de implantação
As
matrizes quali-quantitativas, que permitem visualizar de forma
sintética e sistemática os impactos ambientais identificados
e analisados para a fase de implantação de Angra 3 serão mostradas
a seguir.
matrizes da AIA - implantação
10.5.2. Fase
de operação
As
matrizes quali-quantitativas que permitem visualizar, de forma
sintética e sistemática, os impactos ambientais identificados
e analisados para a fase de operação da Unidade 3 da CNAAA
são mostradas a seguir.
matrizes da AIA - operação
10.6. Considerações sobre o descomissionamento
O
processo de descomissionamento das usinas nucleoelétricas
é regulado no âmbito do licenciamento nuclear e a análise
sobre o final de sua vida econômica tem sido uma questão permanente
para as empresas proprietárias dessas usinas. No caso das
usinas nucleares brasileiras, desde a entrada em operação
de Angra 1, a questão tem sido tratada com o cuidado necessário,
acompanhando-se o desenvolvimento do assunto ao redor do mundo.
A
CNEN, no item 8.10 de sua norma NE-1.04 - "Licenciamento de
Instalações Nucleares", estabelece que a organização operadora
deverá encaminhar requerimento demonstrando que a desmontagem
da instalação e a disposição de suas partes será realizada
de forma segura, de acordo com as normas específicas a serem
estabelecidas pela CNEN e que não acarretarão prejuízos à
saúde e à segurança da população do entorno, do trabalhador
e do meio ambiente.
Quanto
ao método escolhido para realizar o descomissionamento, não
há uma tendência mundial no sentido da seleção de uma determinada
e única estratégia, já que cada país tem suas particularidades,
muitas delas tipicamente locais. Os principais métodos atualmente
considerados são:
1. Confinamento provisório;
2. Desmantelamento parcial;
3. Desmantelamento total;
4. Confinamento provisório seguido de desmantelamento
parcial;
5. Confinamento provisório seguido de desmantelamento
total;
6. Conversão de uma usina nuclear em um depósito
para armazenamento de rejeitos radioativos.
Dependendo
das particularidades associadas à própria usina, várias soluções
distintas das apresentadas poderão vir a ser utilizadas. Contudo,
a nova solução será muito provavelmente uma combinação das
alternativas citadas. Com exceção das alternativas 3 e 5,
as demais soluções são provisórias. Espera-se, contudo, que,
com o decorrer do tempo, todas as alternativas levem ao desmantelamento
total da usina, variando somente a cronologia do desmantelamento.
A
CNEN desenvolve estudos sobre a regulamentação do assunto,
incluindo escolha dos locais para depósito de rejeitos, responsabilidade
dos órgãos oficiais envolvidos, bem como das demais interfaces
envolvidas (meio ambiente, segurança, proteção radiológica,
etc.).
10.6.1. Impactos previstos
Os
principais impactos adversos possíveis para as atividades
de descomissionamento seriam:
• o final da operação de Angra 3 acarretaria
um decréscimo de 10,8 GW/ano na disponibilidade de energia
elétrica;
• a diminuição de postos de trabalhos
e arrecadação de tributos;
• a pressão sobre os serviços de gerenciamento
de rejeitos radioativos (espaço para disposição final);
• a exposição à radiação dos trabalhadores
envolvidos.
A
dose de radiação ocupacional considerada para o descomissionamento,
com desmontagem e retirada do material radioativo, é estimada
em até um total de 12 homem-Sieverts para a desmontagem imediata.
Entretanto, se a desmontagem ocorrer 30 anos mais tarde, a
dose total ficará reduzida em 60% (Pasqualetti
e Pijawka, 1984); após 60 anos, ela decresce
de um fator de mais de 100.
Os
impactos ambientais efetivos do descomissionamento dependerão,
no entanto, em grande parte, do sucesso dos processos de engenharia
utilizados na retirada do material radioativo da CNAAA. Poderão
ocorrer pequenos impactos sobre os ecossistemas terrestres
e aquáticos, bem como na qualidade do ar.
O
descomissionamento produziria rejeitos sólidos radioativos,
que seriam transportados para o repositório final. Tais rejeitos
incluiriam materiais ativados por nêutrons - basicamente o vaso de pressão do reator e suas partes
internas -
e equipamentos e tubulações contaminados, abrangendo concentrados
líquidos solidificados, combustíveis usados e outros rejeitos
secos.
Os
impactos variam, portanto, com a opção de descomissionamento
escolhida, embora eventualmente a desmontagem venha a ocorrer
em todos os casos.
Os
níveis de radiação podem variar de usina a usina devido a
variações no projeto, construção e operação de cada uma delas,
o que vai influir na dose operacional.
O
impacto causado sobre a paisagem cênica vai depender do método
de descomissionamento escolhido. A opção pela não desmontagem
resultará na retenção de uma usina nuclear sem benefício para
o público. Por outro lado, a desmontagem provavelmente irá
melhorar a paisagem cênica da região, dependendo do subseqüente
uso da terra que lhe for dado.
Os
impactos sócio-econômicos vão depender do uso do solo após
o descomissionamento, embora normalmente, a perda de empregos
e de impostos recolhidos possam gerar um efeito considerável
na área em questão, exigindo atenção dos setores governamentais
competentes.
A
desmontagem de uma usina nuclear libera o sítio para uso irrestrito
após cerca de 10 anos (IAEA - TECDOC 714). A restauração ecológica
da área seria uma das opções. Entretanto, a experiência acumulada
neste assunto é muito restrita, pois os processos de descomissionamento
de instalações nucleares são relativamente recentes.
Pode-se
concluir, afirmando-se que os eventuais impactos ambientais
adversos, ligados ao descomissionamento, serão compensados
pelos efeitos benéficos da operação, que normalmente implica
a devolução da área para usos sociais.
10.7. Considerações sobre segurança e risco de acidentes nucleares
O
Termo de Referência ELPN/Ibama Nº 017/99, que norteia este
EIA, indica em seu item II.7 Identificação e Avaliação dos
Impactos Ambientais, sub-item "B" a consideração de acidentes
(histórico em empreendimentos semelhantes, probabilidades,
etc.).
Tais
considerações específicas estão apresentadas no Volume 6 deste
EIA, intitulado "Análise e Gerenciamento de Risco e Plano
de Ação de Emergência".
10.8. Impacto Radiológico
O impacto
radiológico decorrente da operação de uma usina nuclear se
traduz na dose de radiação causada, no ser humano, pela emissão
de efluentes radioativos para o meio ambiente.Neste caso,
o impacto radiológico decorre exclusivamente da aplicação
de processos de cálculo e dos resultados conservativos obtidos,
que tem por objetivo controlar a liberação dos efluentes radioativos
líquidos e gasosos das usinas, antes da sua liberação para
o meio ambiente. O impacto radiológico efetivo é conhecido
quando da avaliação dos resultados do Programa de Monitoração
Ambiental Radiológico Operacional, como demonstrado na seção
10.4.3.1,
que afirma: "nas amostras que compõem o programa, os resultados
obtidos em 2003 estão compatíveis com os do período pré-operacional,
podendo-se concluir que não houve impacto radiológico no meio
ambiente provocado pela operação das usinas Angra 1 e Angra
2. Todos os resultados obtidos estão compatíveis com os valores
históricos, obtidos desde o período pré-operacional".
O impacto
radiológico, de forma geral, depende essencialmente dos três
fatores principais listados abaixo, os quais serão discutidos
em seguida.
• Quantidade
e tipo de material emitido (Termo Fonte)
• Transporte
e dispersão do material no meio ambiente (Transporte)
• Modo
de exposição ao material liberado (Vias de Exposição)
Termo Fonte
A maneira
mais eficiente e confiável de se minimizar os impactos radiológicos
é o controle sobre a fonte. Este controle é exercido em vários
níveis com a finalidade de impedir a liberação do material
radioativo para o meio ambiente.
No
nível administrativo, um sistema de garantia da qualidade
é estabelecido, para assegurar a qualidade global do empreendimento,
abrangendo as fases de planejamento, projeto, construção,
fabricação de componentes, montagem, testes e operação. Este
sistema é concebido de tal forma a permitir a detecção de
quaisquer desvios de especificações ou procedimentos, possibilitando,
assim, que ações corretivas sejam tomadas durante qualquer
uma das fases acima mencionadas.
A liberação
de efluentes radioativos de uma usina nuclear durante sua
operação normal é muito pequena. Apesar disto, as quantidades
liberadas são rigorosamente medidas e devidamente documentadas.
Um levantamento realizado em usinas alemãs com reatores a
água pressurizada, abrangendo 77 reatores por ano de operação
(SKAFI, 1984), resultou nos valores médios de liberação mostrados,
a título de ilustração, na Tabela
2 abaixo.
No
Volume 1 deste EIA são mostradas liberações anuais reais de
substâncias radioativas de Angra 1 e Angra 2. Como pode ser
visto as quantidades liberadas são muito pequenas.
Para
efeitos de licenciamento, antes da entrada em operação, costuma-se
estimar os impactos radiológicos da usina a partir de valores
propostos de liberação que, por um lado, sejam bastante conservativos,
mas que também resultem em doses que se situem abaixo
dos limites estabelecidos pelas autoridades competentes. Os
valores anuais de liberação mostrados na Tabela
3, Tabela
4 e Tabela
5 abaixo foram
obtidos dos Relatórios de Análise de Segurança das três usinas
e serão utilizados mais adiante neste estudo para estimar
os impactos resultantes de sua operação.
Tabela
2 - Liberação Anual Média de Efluentes
Radioativos de Usinas Alemãs com Reatores a Água
Pressurizada (Bq/ano).
Liberação |
Substâncias |
Atividade |
Atmosfera |
Gases
Nobres
|
7,5
x 1012 |
Aerossóis |
1,9
x 108 |
Iodo
131 |
2,6
x 107 |
Meio
Aquático |
Trício |
1,2
x 1013 |
Outros |
2,2
x 109 |
Tabela
3 - Liberações de Iodo e Aerossóis para
a Atmosfera (Bq/a).
|
Angra
1 |
Angra
2 |
Angra
3 |
CO58 |
- |
4,63E+09 |
4,63E+09 |
C060 |
- |
6,48E+09 |
6,48E+09 |
CS134 |
- |
1.85E+09 |
1.85E+09 |
CS137 |
- |
4,63E+09 |
4,63E+09 |
CE
144 |
- |
7,40E+08 |
7,40E+08 |
SR90 |
- |
1.85E+08 |
1,85E+08 |
PU239 |
- |
1,85E+06 |
1,85E+06 |
PU240 |
- |
1,85E+06 |
1,85E+06 |
1131 |
7,OOE+08 |
9,25E+09 |
9,25E+09 |
1132 |
2,OOE+08 |
- |
- |
1133 |
UOE+09 |
9,25E+09 |
9,25E+09 |
1134 |
1,26E+08 |
- |
- |
1135 |
5,85E+08 |
- |
- |
Tabela
4 - Liberações para o Mar (Bq/a)
|
Angra
1 |
Angra
2 |
Angra
3 |
CO58 |
U03E+08 |
7,03
E+ 10 |
7,03E+10 |
CO60 |
2,83E+07 |
7,40E+10 |
7,40E+10 |
SR90 |
• |
3,70E+09 |
3,70E+09 |
MO99 |
7,66E+07 |
- |
- |
1131 |
8,10E+07 |
3.70E+10 |
3,70E+10 |
1133 |
1,09E+08 |
- |
- |
CS134 |
1,46E+08 |
7,40E+10 |
7,40E+10 |
CS137 |
5,07E+08 |
1.11E+11 |
1.11E+11 |
CE
144 |
1,18E+07 |
- |
- |
H3 |
4,03E+12 |
5,92E+13 |
5,92E+13 |
Tabela
5 - Liberações de Gases Nobres para a Atmosfera
(Bq/a).
|
Angra
1 |
Angra
2 |
Angra
3 |
KR85M |
1.59E+11 |
1,85E+13 |
1,85E+13 |
KR85 |
2,41E+12 |
1,85E+13 |
1,85E+13 |
KR87 |
9,03E+10 |
9,25E+12 |
9,25E+12 |
KR88 |
2,72E+1
1 |
2,31E+13 |
2,31E+13 |
XE131M |
- |
1,85E+13 |
1,85E+13 |
XE133M |
1,39E+11 |
- |
- |
XE133 |
7,37E+12 |
7,40E+14 |
7,40E+14 |
XE135M |
2,74E+10 |
- |
- |
XE135 |
4,49E+11 |
9,25E+13 |
9,25E+13 |
XE138 |
5,29E+10 |
4,63E+12 |
4,63E+12 |
O outro
fator determinante do impacto radiológico, resultante da liberação
de material radioativo de uma usina nuclear, é a maneira como
este material é transportado e dispersado no meio ambiente.
De fundamental importância, neste caso, é a determinação das
concentrações que resultam nos locais onde os seres humanos
possam ser, direta ou indiretamente, afetados.
No
caso de liberações para a atmosfera, as concentrações, resultantes
ao nível do solo, dependem essencialmente da altura de lançamento,
da topografia local, da velocidade e da direção do vento,
assim como da classe de estabilidade atmosférica, a qual determina
seu grau de turbulência. Para a aquisição dos dados necessários
à determinação das concentrações desejadas, é imprescindível
a instalação de uma ou, dependendo da topografia do local,
mais torres meteorológicas em locais apropriados. Em Angra,
o primeiro sistema de aquisição de dados metereológicos foi
posto em operação em dezembro de 1971. Ele consistia, inicialmente,
de uma torre central de 50 metros de altura com dois níveis
de medição de vento (velocidade e direção) e temperatura,
e de 3 torres periféricas de 15 metros de altura com medições
de velocidade e direção de vento. Este sistema vem operando
desde então e tem sido aperfeiçoado ao longo destes anos.
Os
dados, obtidos nas torres de medição, são processados (reduzidos)
em computador fornecendo como resultado a distribuição associada
de freqüências de velocidade e direção de vento e de classe
de estabilidade atmosférica. Esta distribuição associada é
utilizada em modelos de dispersão na determinação dos fatores
de dispersão (concentrações relativas) e de deposição os quais,
aliados ao termo fonte, permitem a obtenção das concentrações
desejadas nos locais de interesse.
O modelo
aqui utilizado na determinação dos fatores de dispersão é
o modelo gaussiano de difusão com velocidade média de vento
constante. Este modelo é um dos mais freqüentemente usados,
a nível internacional, para esta finalidade. Os fatores de
deposição relativa foram obtidos de curvas baseadas em medições
de velocidades de deposição em função da velocidade do vento
e de um modelo de difusão/deposição. Maiores detalhes sobre
estes modelos podem ser obtidos da United States Nuclear Regulatory Commission
(1977b).
Os
fatores de dispersão e deposição relativa obtidos pelo modelo
acima referido para cada uma da três usinas são mostrados
na Tabela
6, Tabela
7 e Tabela
8 abaixo. Eles
foram calculados a partir de dados médios horários colhidos
na Torre Meteorológica A100 entre 01/01/2000 e 31/12/2001.
Os dados de direção e velocidade de vento foram obtidos no
nível 100 da torre. As classes de estabilidade foram determinadas
através do gradiente de temperatura entre os níveis 10 e 100
desta mesma torre.
Os
dados estão referenciados a uma rosa dos ventos composta de
16 setores de 22,5 graus centrada no prédio do reator de Angra
3 cujas coordenadas UTM (Zona 23 - Elipsóide Internacional
1910) são:
>
x |
554
365,75E |
y |
7
455 388,250N |
As
coordenadas dos pontos de emissão das usinas são:
|
Angra
1 |
Angra
2 |
Angra
3 |
x |
555
625E |
555
436E |
554
304E |
y |
7
455 397N |
7
455 628N |
7
455 424N |
A distribuição
populacional utilizada mais adiante no cálculo da dose coletiva
também está centrada no prédio do reator de Angra 3.
Para
o caso dos efluentes líquidos radioativos, para as estimativas
de dose no grupo crítico, a diluição no corpo aquático não
foi considerada, isto é, admitiu-se que a concentração de
substâncias radioativas no túnel de descarga em Piraquara
de Fora se mantém a mesma em todo e qualquer local na região
considerada.
Tabela
6 - Fatores de Dispersão Atmosférica (s/m3)
Clique aqui para visualizar a tabela 6
Tabela
7 - Fatores de Dispersão Atmosférica (s/m3)
Clique aqui para visualizar a tabela 7
Tabela
8 - Angra 3 – Fatores de Dispersão Atmosférica
(s/m3)
Clique aqui para visualizar a tabela 8
Cálculo da Dose
A
análise do estudo realizado pela SCIENCE (2003), não permitiu
a identificação de um grupo de pessoas, membros da população,
cuja exposição fosse razoavelmente homogênea e típica dos
indivíduos que recebem as maiores doses. Assim sendo, foi
considerado como grupo crítico, aquelas pessoas cujas taxas
de consumo de gêneros alimentícios e tempo de recreação se
situam na faixa de 95 percentil da distribuição de valores
obtidos para a região pesquisada. De acordo com a Agência
Internacional de Energia Atômica - IAEA (2003), este tipo
de abordagem pode ser considerada cuidadosa e razoável.
Para
o Indivíduo do Público, considerado no cálculo da dose coletiva,
as taxas de consumo utilizadas foram as taxas médias obtidas
da SCIENCE (2003).
Os
valores em questão, mostrados na Tabela 9, foram obtidos de
uma ponderação das taxas de consumo com os fatores de procedência
SCIENCE (2003).
Vias
de Exposição
As
vias de exposição mais relevantes, no que concerne a exposição
humana à radiação como resultado da operação de Angra 3 são
listadas abaixo. Os valores dos parâmetros utilizados no cálculo
da dose, são referenciados à medida que aparecem no texto.
Liberações
para a atmosfera
•
Exposição a radiações g e b diretas da nuvem
•
Radiação g direta da atividade depositada no solo
•
Inalação de ar contaminado
•
Ingestão de alimentos contaminados
Liberações
para o mar
•
Recreação na praia
•
Ingestão de produtos marinhos contaminados
As
suposições básicas e os modelos utilizados para calcular as
doses correspondentes a cada uma das vias de exposição acima
e estimar a dose equivalente efetiva são apresentadas abaixo.
Liberações
para a Atmosfera
Exposição
à Radiação ÿ e ß direta da Nuvem
A
dose devida à exposição gama direta é dada por:
Dÿ
= SF.AL.(c/Q).DFÿ
Dß
= SF.AL.(c/Q).DFß
Dÿ |
Dose
Equivalente Efetiva devida a radiação gama direta emitida
por um nuclídeo na nuvem (Sv/a) |
Dß |
Dose
Equivalente na pele ou no cristalino devida a radiação
beta direta emitida por um nuclídeo na nuvem (Sv/a) |
SF |
Fator
de atenuação pelo efeito de blindagem das edificações
SF=1 |
AL |
Atividade
total do nuclídeo liberada (Bq/a) |
DFÿ |
Fator
de dose equivalente efetiva para submersão gama
(Sv.m3/Bq.s). |
(x/Q) |
Fatores
de dispersão atmosférica, em s/m3, calculados
com base nos dados obtidos da Torre A100 entre 01/01/2000
e 31/12/2001. |
DFß |
Fator
de dose, na pele ou cristalino, devida a radiação beta
direta emitida por um nuclídeo na nuvem (Sv.m3/Bq.s) |
Exposição
ao Solo Contaminado
A
dose devida à radiação gama emitida por nuclídeos depositados
no solo é dada por,

|
Dose
devida à exposição ao solo contaminado (Sv/a) |
(D/Q) |
Fatores
de deposição relativa, em 1/m2 calculados
com base nos dados obtidos da Torre A100 entre 01/01/2000
e 31/12/2001. |
SF |
Fator
de atenuação
SF = 1 |
|
Fator
de dose equivalente efetiva para exposição ao solo contaminado
(Sv.m2/Bq.s). |
|
Constante
de decaimento do nuclídeo (h-1) |
tb |
Tempo
de acumulação da atividade depositada (h)
tb = 15a |
Inalação
de Ar Contaminado
A
dose devida à inalação do ar contaminado é dada por,
onde,
DINH |
Dose
por inalação para um indivíduo de uma dada faixa etária
(Sv/a) |
RA |
Taxa
de inalação (m3/s). |
 |
Fatores
de dispersão atmosférica, em s/m3, calculados
com base nos dados obtidos da Torre A100 entre 01/01/2000
e 31/12/2001. |
DFINH |
Fator
de dose equivalente efetiva por inalação para um indivíduo
de uma dada faixa etária (Sv/Bq). |
AL |
Atividade
total do nuclídeo liberada (Bq/a) |
Ingestão
de Alimentos Contaminados
A
dose devida à ingestão de alimentos contaminados é dada por,
DING
= DFING(ULfLCL
+ UGfGCG + UFCF
+ UMCM)
DING |
Dose
por ingestão para um indivíduo de uma dada faixa etária
(Sv/a) |
DFING |
Fator
de dose equivalente efetiva por ingestão para um indivíduo
de uma dada faixa etária (Sv/Bq). |
UL,
UG, UF, UM |
Consumo
anual de verduras, legumes, carne e leite, respectivamente
(kg/a). |
CL,
CG, CF, CM |
Concentração
de Atividade de um nuclídeo em verduras, legumes, carne
e leite, respectivamente (Bq/kg) |
fL |
Fração
da quantidade total de verduras consumida que é produzida
no local de interesse fL = 1 |
fG |
Fração
da quantidade total de legumes frutas e grãos consumida
que é produzida no local de interesse fG
= 1 |
A
concentração de um nuclídeo na vegetação em um dado local
é dada por:
onde,
AL |
Atividade
total de um nuclídeo liberada. (Bq/a) |
CV |
Concentração
do nuclídeo na vegetação (Bq/kg) |
(D/Q) |
Fatores
de deposição relativa, 1/m2, calculados com
base nos dados obtidos da Torre A100 entre 01/01/2000
e 31/12/2001. Conforme este modelo, para os isótopos
de iodo, somente a fração elementar de 50% é depositada. |
r |
Fração
da atividade depositada que é retida na vegetação. r=1
para iodo e 0.2 para o restante dos elementos |
lE |
Constante
efetiva de remoção de atividade da superfície de vegetais
em (h-1)
lE = l+lw |
l |
Constante
de decaimento do nuclídeo em questão (h-1) |
lW |
Constante
efetiva de remoção de atividade da superfície de vegetais
por ação do clima lW
= 2.06E-03 h-1
(14 dias de meia vida). |
tE |
Tempo
de Exposição da vegetação durante o crescimento (h)
tE = 30 dias para a via de exposição
vaca-leite-homem
tE = 60 dias para a via de exposição vegetação-homem |
|
Tempo
de Exposição da vegetação durante o crescimento (h)
tE = 30 dias para a via de exposição
vaca-leite-homem
tE = 60 dias para a via de exposição vegetação-homem |
YV |
Produtividade
agrícola por unidade de área (peso úmido)
YE = 0.7 kg/m2 para a via grama-vaca-leite-homem
YE = 2.0 kg/m2 para vegetais |
BV |
Coeficiente
de transferência vegetação/solo para um dado elemento. |
tb |
Período
de acumulação de atividade no sedimento ou solo (h)
tb=15a |
P |
Densidade
superficial efetiva do solo relativa a uma camada de
arado de 15 cm (peso seco)
P = 240 kg/m2 |
th |
Tempo
decorrido entre a colheita e a ingestão (h)
ração
animal Zero para capim de pasto
90 dias para ração armazenada
vegetais/homem
1 dia para verduras e indivíduo
crítico.
60 dias para outros vegetais e indivíduo crítico
14
dias para a população em geral |
No
caso do trício,
onde,
fH3 |
Razão
entre a concentração de H3 no conteúdo aquoso do vegetal
e sua concentração na umidade do ar. (fH3=0,5) |
fH2O |
Razão
entre a massa de água no vegetal e sua massa total (fH2O=0,75) |
3,15x107 |
Número
de segundos num ano (s/a) |
UA |
Umidade
absoluta do ar no local de interesse (kg/m3)
(UA=0,0163
kg/m3)
Obtido
a partir dos valores médios de temperatura (22,2 0C)
e umidade relativa (82,9) do local, constantes das
Tabelas 2.3-12 e 2.3-14, respectivamente, do RFAS
de Angra 2. |
No
caso do C14,
onde,
fC14 |
Razão
entre a massa de carbono natural no vegetal e sua massa
total (fC14=0,11) |
p |
Razão
fracional de equilíbrio (p=1) |
CC |
Concentração
de carbono natural na atmosfera (kg/m3)
(CC=1,6
x 10-4 kg/m3) |
A
concentração de um radionuclídeo no leite é dada por:
onde,
CM |
Concentração
de um dado nuclídeo no leite (Bq/litro) |
CV |
Concentração
de um dado nuclídeo na ração animal (Bq/kg) |
FM |
Fração
média da quantidade ingerida de um dado nuclídeo na
ração animal que aparece em cada litro de leite (dias/litro) |
QF |
Consumo
de alimento pelo animal (kg/dia).
QF = 50 kg/dia |
tF |
Tempo
médio de transporte da atividade: ração - leite - consumidor
(h) tF = 2 dias |
l |
Constante
de decaimento do nuclídeo em questão (h-1) |
A
concentração de um radionuclídeo no alimento animal é dada
por:
onde,
CP |
Concentração
de um dado nuclídeo no capim do pasto (Bq/kg) |
CS |
Concentração
de um dado nuclídeo na ração armazenada (Bq/kg) |
fP |
Fração
do ano durante a qual o animal pasta
fP = 1 |
fS |
Fração
do consumo diário do animal que é capim de pasto
fS = 1 |
A
concentração de um radionuclídeo na carne é dada por:
onde,
CF |
Concentração
de um dado nuclídeo na carne (Bq/kg) |
FF |
Fração
média da quantidade ingerida de um dado nuclídeo na
ração animal que aparece em cada quilo de carne (dias/kg). |
tS |
Tempo
médio entre o abate e o consumo (h)
tS = 20 dias |
Liberações para o Mar
Recreação
na Praia
A
dose em um indivíduo exposto à radiação de sedimentos na praia
é dada por,
onde,
DR |
Dose
devida à exposição a sedimentos contaminados (Sv/a) |
UP |
Tempo
de exposição (h/a) |
KC |
KC = 7,2 x 10-5 m3/kg.h |
KS |
KS = 40kg/m2 |
AL |
Atividade
total do nuclídeo liberada (Bq/a) |
MP |
Fator
de mistura MP = 1 |
W |
Fator
geométrico de largura de praia
W = 0,5 |
DFR |
Fator
de dose equivalente efetiva para exposição ao solo contaminado
(Sv.m2/Bq.s). |
tP |
Tempo
de trânsito entre o ponto de liberação e o de exposição
(h)
tP
= 0 |
tB |
Tempo
de exposição do sedimento à água contaminada (h)
tb
= 15a |
l |
Constante
de decaimento do nuclídeo (h-1) |
F |
Vazão
anual ponderada de descarga de água de refrigeração
principal para um dado nuclídeo (m3/ano) |
Ingestão
de Produtos Marinhos
A
dose resultante do consumo de produtos marinhos é dada por,
onde,
A
vazão anual ponderada de descarga de água de refrigeração
para um dado isótopo é obtida da média ponderada dos dados
mensais de vazão e de atividade liberadas como mostrado abaixo:
DF |
Dose
devida a ingestão de alimento marinho contaminado (Sv/a) |
UP |
Taxa
de consumo de alimento marinho (kg/a) |
MP |
Fator
de mistura MP = 1 |
AL |
Atividade
total do nuclídeo liberada para o mar (Bq/a) |
BP |
Fator
de Bio-acumulação (Bq/kg)/(Bq/m3) |
l |
Constante
de decaimento do nuclídeo (h-1) |
DFING |
Fator
de dose equivalente efetiva para ingestão (Sv/Bq)
|
tP |
Tempo
de trânsito entre a liberação e o consumo (h)
tP = 0 |

Fi |
Quantidade
de água de refrigeração principal liberada no mês i
(m3) |
 |
Quantidade
de atividade de um nuclídeo liberada no mês i (Bq) |
12 |
Número
de meses por ano (ano-1) |
A
título de ilustração, as concentrações
de atividade de aerossóis em alimentos e no solo, estimadas
mediante a utilização dos modelos de cálculo
conservativos apresentados, são mostradas na Tabela
16 e Tabela 17 respectivamente. Os valores apresentados são
os maiores valores incidentes num raio de 50 km a partir do
centro do reator de Angra 3.
Da mesma forma a Tabela 18 mostra as concentrações
de atividade em alimentos marinhos, estimadas através
da aplicação de modelos de cálculo, considerando
um fator de diluição da água de descarga
igual a um.
A Tabela 20, Tabela 21 e Tabela 22 mostram as doses efetivas
no grupo crítico resultantes da liberação
de cada usina individualmente e a Tabela 23 apresenta as doses
efetivas, também no grupo crítico, resultantes
da operação das três usinas em conjunto.
Finalmente, a Tabela 24 mostra as dose no indivíduo
do público resultante da operação das
três usinas em conjunto bem como a dose coletiva num
raio de 50 km do centro do reator de Angra 3. Esta dose coletiva
foi calculada com base na distribuição populacional
de 1996 obtida do Relatório Final de Análise
de Segurança de Angra 2.
Em termos de dose efetiva no grupo crítico, a dose
mais alta ocorrida foi de 0,1 mSv causada por Angra 2. A dose
efetiva no grupo crítico devida a Angra 3 foi de 0,069
mSv. Estes valores são inferiores ao limite estabelecido
pela CNEN para cada usina que é de 0,25 mSv/a.
A dose efetiva mais alta, resultante das três usinas
em conjunto, foi de 0,157 mSv/a que, por sua vez, é
inferior a três vezes o limite individual (0,75 mSv/a).
A dose coletiva mais alta, resultante da operação
das três usinas em conjunto, foi de 0,297 pessoa.Sv/a.
Esta dose deve ser comparada com o limite otimizado da CNEN,
por usina, de 1 pessoa.Sv/a. Conservativamente, as doses coletivas
foram calculadas supondo que toda a população
em questão pertencia a cada uma das faixas etárias
consideradas.
Finalmente, a dose média no indivíduo do público
mais elevada foi de 2,23 ?Sv/a e o limite de otimização
correspondente é de 10 ?Sv/a.
Como pode ser observado pelo exposto acima, todas as doses
resultantes se situam bem abaixo dos limites estabelecidos
pelas autoridades competentes.
Tabela
9 - Fatores de Uso
Via
de Exposição |
Faixa
Etária |
Primeira
Infância |
Criança |
Adolescente |
Adulto |
Indivíduo
do Grupo Crítico |
Vegetais
(kg/a) |
1,93E+01 |
2,18E+01 |
2,52E+01 |
3,03E+01 |
Verduras
(kg/ano) |
8,20E-01 |
8,30E-01 |
9,30E-01 |
1,30E+00 |
Carnes
(kg/ano) |
2,67E+00 |
2,94E+00 |
3,16E+00 |
3,58E+00 |
Leite
(litros/ano) |
6,66E+00 |
6,66E+00 |
5,74E+00 |
4,99E+00 |
Inalação
(m3/ano) |
1,40E+03 |
3,70E+03 |
8,OOE+03 |
8,OOE+03 |
Peixe
(kg/ano) |
U4E+01 |
8,91E+00 |
1.30E+01 |
2,05E+01 |
Outros
frutos do mar (kg/ano) |
1,02E+00 |
1,82E+00 |
1.86E+00 |
3,24E+00 |
Recreação
na Praia (horas/ano) |
2,41E+02 |
1,99E+02 |
4,83E+02 |
2,41E+02 |
Indivíduo
do Público |
Vegetais
(kg/a) |
6.50E+00 |
8.20E+00 |
9.46E+00 |
1.06E+01 |
Verduras
(kg/ano) |
2.12E-01 |
2.60E-01 |
3.26E-01 |
4.59E-01 |
Carnes
(kg/ano) |
7.69E-01 |
1
.05E+00 |
1.21E+00 |
1
.32E+00 |
Leite
(litros/ano) |
3.71E+00 |
2.62E+00 |
2.42E+00 |
2.12E+00 |
Inalação
(nrVano) |
1,40E+03 |
3,70E+03 |
8,OOE+03 |
8,OOE+03 |
Peixe
(kg/ano) |
2.73E+00 |
2.43E+00 |
3.69E+00 |
5.57E+00 |
Outros
frutos do mar (kg/ano) |
3.99E-01 |
4.44E-01 |
5.77E-01 |
9.76E-01 |
Recreação
na Praia (horas/ano) |
5.80E+01 |
6.79E+01 |
1.38E+02 |
5.97E+01 |
Nota:
Os valores das taxas de inalação foram obtidos
da USNRC (1977a) e os demais foram obtidos da SCIENCE (2003).
Tabela
10 - Fatores de Dose para Gases Nobres.
Isótopo |
Submersão
Gama
(Efetiva) (Sv/s)/(Bq/m3) |
Beta
na Pele (Equivalente) (Sv/s)/(Bq/m3) |
Beta
no Cristalino (Equivalente) (Sv/s)/(Bq/m3) |
AR41 |
2,83E-14 |
2,70E-14 |
2,10E-16 |
KR85 |
3,27E-17 |
1,30E-14 |
0,OOE+00 |
KR85M |
1,74E-15 |
1,30E-14 |
0,OOE+00 |
KR87 |
1/79E-14 |
8,40E-14 |
2,40E-14 |
KR88 |
4,83E-14 |
2,80E-14 |
6,40E-15 |
KR89 |
1,59E-13 |
0,OOE+00 |
0,OOE+00 |
XE131M |
1,14E-15 |
3,80E-15 |
0,OOE+00 |
XE133 |
4,34E-16 |
2JOE-15 |
0,OOE+00 |
XE133M |
2,05E-15 |
8,10E-15 |
0,OOE+00 |
XE135 |
2,86E-15 |
1,70E-14 |
0,OOE+00 |
XE135M |
7,75E-15 |
5,70E-15 |
0,OOE+00 |
XE137 |
2,10E-15 |
0,OOE+00 |
0,OOE+00 |
XE138 |
2,48E-14 |
4,OOE-14 |
5,60E-15 |
Tabela
11 - Fatores de Dose Equivalente Efetiva para Inalação
(Sv/Bq).
Isótopo |
Faixa
Etária |
|
1a
Infância |
Criança |
Adolescente |
Adulto |
H3 |
4,60E-11 |
1,70E-11 |
1,40E-11 |
1,60E-11 |
C14 |
4,70E-11 |
1,40E-11 |
8,10E-12 |
6,40E-12 |
CR51 |
9,30E-10 |
1,70E-10 |
1,20E-10 |
9,00E-11 |
MN54 |
1,30E-08 |
4,00E-09 |
2,20E-09 |
1,80E-09 |
FE59 |
3,90E-08 |
1,40E-08 |
6,10E-09 |
4,00E-09 |
C057 |
2JOE-08 |
5,90E-09 |
3,50E-09 |
2,50E-09 |
CO58 |
1,50E-08 |
5,20E-09 |
3,90E-09 |
2,90E-09 |
CO60 |
6,60E-08 |
l.OOE-07 |
7,60E-08 |
5,90E-08 |
ZN65 |
6,50E-08 |
1,70E-08 |
7,70E-09 |
5,50E-09 |
SR89 |
8,OOE-08 |
2,50E-08 |
1,70E-08 |
1,10E-08 |
SR90 |
3,50E-07 |
6,70E-07 |
1,OOE-06 |
1
,90E-06 |
ZR95 |
4,60E-08 |
1,50E-08 |
8,80E-09 |
6,50E-09 |
NB95 |
6,80E-08 |
2,90E-09 |
2,10E-09 |
1
,60E-09 |
RU
103 |
1,20E-08 |
2,80E-09 |
1,20E-09 |
8,20E-10 |
RU
106 |
9,OOE-07 |
2,80E-07 |
2,OOE-07 |
1,30E-07 |
AG110M |
2,10E-07 |
5,10E-08 |
2,90E-08 |
2,20E-08 |
SB
122 |
1,OOE-08 |
3,10E-09 |
2,OOE-09 |
1,40E-09 |
SB
124 |
5,30E-08 |
1,50E-08 |
9,90E-09 |
6,80E-09 |
SB
125 |
2,70E-08 |
7,50E-09 |
4,80E-09 |
3,30E-09 |
TE123M |
2,20E-08 |
6,30E-09 |
3,90E-09 |
2,90E-09 |
1131 |
6,60E-08 |
1JOE-08 |
UOE-08 |
8,10E-09 |
1132 |
7,80E-10 |
2,10E-10 |
1,40E-10 |
9.70E-11 |
1133 |
1,40E-08 |
3,10E-09 |
2,OOE-09 |
1,50E-09 |
1134 |
2,80E-10 |
7.70E-11 |
4.90E-11 |
3,50E-11 |
1135 |
2.70E-09 |
6,20E-10 |
4,30E-10 |
3,10E-10 |
CS134 |
7,30E-09 |
7,80E-09 |
1,10E-08 |
1,30E-08 |
CS
137 |
6,40E-09 |
6,10E-09 |
8,60E-09 |
8,60E-09 |
BA
140 |
8,20E-09 |
2,40E-09 |
1,30E-09 |
1,OOE-09 |
LA
140 |
8,69E-09 |
2,80E-09 |
1,80E-09 |
1,30E-09 |
CE141 |
1JOE-08 |
5,30E-09 |
3,60E-09 |
2,40E-09 |
CE144 |
7,OOE-07 |
2,20E-07 |
1.50E-07 |
1,OOE-07 |
NP239 |
4,70E-09 |
1,50E-09 |
9,10E-10 |
6,60E-10 |
PU238 |
3,70E-04 |
1,80E-04 |
1.40E-04 |
1,30E-04 |
PU239 |
4,OOE-04 |
2,OOE-04 |
1,60E-04 |
1,40E-04 |
PU240 |
4,OOE-04 |
2,OOE-04 |
1,60E-04 |
1,40E-04 |
AM241 |
4,10E-04 |
2,10E-04 |
1,60ET04 |
1.40E-04 |
CM242 |
3,40E-05 |
1,20E-05 |
6,60E-06 |
4,80E-06 |
CM244 |
2,80E-04 |
1,20E-04 |
8,50E-05 |
7,60E-05 |
Tabela
12 - Fatores de Dose Equivalente Efetiva para Ingestão
(Sv/Bq).
Clique aqui para visualizar a tabela 12
Tabela 13 - Fatores de Dose.
Clique aqui para visualizar a tabela 13
Tabela
14 - Fatores de Transferência para Elementos Estáveis.
Elemento |
Bv |
FM |
FF |
Vegetal/Solo |
Leite
(d/1) |
Carne
(d/kg) |
H |
4,8E+00 |
1,OE-02 |
1,2E-02 |
C |
5,5E+00 |
1,2E-02 |
3,1E-02 |
Cr |
2,5E-04 |
2,2E-03 |
2,4E-03 |
Mn |
2,9E-02 |
2,5E-04 |
8,OE-04 |
Fe |
6,6E-04 |
1,2E-03 |
4,OE-02 |
Co |
9,4E-03 |
1,OE-03 |
1,3E-02 |
Rb |
1,3E-01 |
3,OE-02 |
3,1E-02 |
Sr |
1,7E-02 |
8,OE-04 |
6,OE-04 |
Zr |
1,7E-04 |
5,OE-06 |
3,4E-02 |
Nb |
9,4E-03 |
2,5E-03 |
2,8E-01 |
Sb* |
1,1E-02 |
1,5E-03 |
4,OE-03 |
1 |
2,OE-02 |
6,OE-03 |
2,9E-03 |
Cs |
1,OE-02 |
1,2E-02 |
4,OE-03 |
Ce |
2,5E-03 |
1,OE-04 |
1,2E-03 |
Np |
2,5E-03 |
5,OE-06 |
2,OE-04 |
Pu* |
2,5E-04 |
2,OE-06 |
1,4E-05 |
Cm* |
2,5E-03 |
5,OE-06 |
2,OE-04 |
*Valores
correspondentes obtidos do Bundesministerium des Innern (1979).
Tabela
15 - Fatores de Bio-acumulação para Peixes de
Água Salgada e Invertebrados (Bq/kg)/(Bq/m3).
Elemento |
Peixe |
Invertebrado |
H |
0,0009 |
0,00093 |
C |
1,8 |
1,4 |
Cr |
0,4 |
2 |
Mn |
0,55 |
0,4 |
Fe |
3 |
20 |
Co |
0,1 |
1 |
Sr |
0,002 |
0,02 |
Zr |
0,2 |
0,08 |
Nb |
30 |
0,1 |
Sb* |
0,1 |
0,05 |
I |
0,01 |
0,05 |
Cs |
0,04 |
0,025 |
Ce |
0,01 |
0,6 |
Np |
0,01 |
0,01 |
Pu* |
0,005 |
- |
Cm* |
|
- |
*Valores
correspondentes obtidos do Bundesministerium des Innern (1979).
Tabela
16 - Concentrações de Atividade de Aerossóis
nos Alimentos (Bq/kg).
Nuclídeo |
Verduras |
Legumes |
Carne |
Leite |
Co58 |
1,99E-01 |
1,12E-01 |
2,63E-0 |
2,41E-02 |
Co60 |
3,42E-01 |
3,34E-01 |
5,03E-01 |
3,90E-02 |
Csl34 |
9,42E-02 |
8,92E-02 |
4,30E-02 |
1,31E-01 |
Csl37 |
2,58E-01 |
2,57E-01 |
1,14E-01 |
3,43E-01 |
Cel44 |
3,59E-02 |
3.11E-02 |
4,87E-03 |
4,24E-04 |
Sr90 |
1,09E-02 |
1,09E-02 |
7,03E-04 |
9,39E-04 |
Pu239 |
9,38E-05 |
9,38E-05 |
1,53E-07 |
2,19E-08 |
Pu240 |
9,38E-05 |
9,38E-05 |
1,53E-07 |
2,19E-08 |
1131 |
8,32E-01 |
5,16E-03 |
6,59E-02 |
6,43E-01 |
1133 |
6,55E-02 |
2,18E-22 |
6,90E-09 |
2,53E-02 |
Tabela
17 - Concentrações de Atividade no Solo (Bq/m2).
Nuclídeo |
Sedimentos |
Co58 |
1,27E+01 |
Co60 |
4,15E+02 |
Csl34 |
5,34E+01 |
Csl37 |
5,73E+02 |
Cel44 |
8,09E+00 |
Sr90 |
2,28E+01 |
Pu239 |
2,71E-01 |
Pu240 |
2,71E-01 |
1131 |
2,87E+00 |
1132 |
3,10E-01 |
Tabela 18 -
Concentrações de Atividade em Produtos Marinhos
(Bq/kg).
Nuclídeo |
Peixes |
Invertebrados |
Co58 |
2,81E+00 |
2,81E+01 |
Co60 |
2,96E+00 |
2,96E+01 |
Sr90 |
2,96E-03 |
2,96E-02 |
1131 |
1,48E-01 |
7,40E-01 |
Csl34 |
1,18E+00 |
7,40E-01 |
Csl37 |
1,78E+00 |
1,11E+00 |
H3 |
2,13E+01 |
2,20E+01 |
Tabela 19 - Concentrações de
Atividade em Sedimentos Marinhos (Bq/m2).
Nuclídeo |
Sedimentos |
Co58 |
1,98E+02 |
Co60 |
4,89E+03 |
Sr90 |
4,71E+02 |
1131 |
1,19E+01 |
Csl34 |
2,21E+03 |
Csl37 |
1,42E+04 |
H3 |
6,06E+06 |
Tabela
20 - Dose Efetiva no Grupo Crítico resultante de Angra
1.
Clique aqui para visualizar a tabela 20
Tabela
21 - Dose Efetiva no Grupo Crítico resultante de Angra
2.
Tabela
22 - Dose Efetiva no Grupo Crítico resultante de Angra 3.
Clique aqui para visualizar a tabela 22
Tabela
23 - Dose Efetiva no Grupo Crítico resultante das 3
Usinas.
Clique aqui para visualizar a tabela 23
Tabela
24 - Dose Efetiva no Indivíduo do Público
Resultante das 3 Usinas.
Clique aqui para visualizar a tabela 24
11.PROGRAMAS
AMBIENTAIS
O Plano Ambiental de Angra 3 é
composto por vários Programas Ambientais, que podem
ser subdivididos ou não em Projetos Ambientais, buscando
minimizar os possíveis impactos com a construção
da unidade 3 da Central Almirante Álvaro Alberto -
CNAAA.
Os programas ambientais atualmente em execução
pela Eletronuclear, bem como os aqui propostos, que indicam
as medidas de proteção a serem tomadas, foram
estruturados tomando-se como base os impactos gerados pelas
diversas atividades nas fases de implantação
e operação da CNAAA como um todo e da sua Unidade
3 (Angra 3), sobre os meios físico, biótico
e socioeconômico.
Este capítulo visa apresentar estrutura geral dos programas,
a definição das ações a serem
implementadas e a apresentação das ações
já em execução.
11.1. Programa
Ambiental de Construção
11.1.1. Justificativa
Este programa se justifica na medida
que os procedimentos a serem adotados evitem ou minimizem
a ocorrência dos impactos ambientais decorrentes da
execução das obras de construção
de Angra 3.
11.1.2.Objetivos
Acompanhar o desenvolvimento da construção
de Angra 3, controlando todas as atividades relacionadas às
obras em função das questões ambientais
e legislação pertinente, procurando evitar impactos
significativos.
11.1.3.Metas
O programa visa estabelecer critérios
para atividades relacionadas com as obras, tais como:
•
localização dos canteiros e prédios de
apoio à obra;
•
tratamento e deposição de entulhos e resíduos
sólidos;
•
tratamento adequado dos efluentes líquidos;
•
controle de possíveis processos erosivos;
•
limpeza do terreno e terraplanagem;
•
recomposição vegetal;
•
treinamento e qualificação dos trabalhadores;
•
segurança, saúde no trabalho e meio ambiente
(SSTMA).
11.1.4.Público
Alvo
O presente programa visa alcançar
todos os funcionários da CNAAA, bem como os envolvidos
com as obras de implantação de Angra 3, como
os trabalhadores de construção civil, engenheiros
11.1.5. Metodologia
e Descrição do Programa
Durante a fase de desenvolvimento da
construção e montagem de Angra 3 haverá
a necessidade do descarte de resíduos sólidos,
provenientes de restos de materiais orgânicos, lamas,
produtos de limpeza química, esgoto orgânico,
entulhos de obra, sobras de madeira, restos de alvenaria,
pontas de vergalhão de aço de construção,
latas de tinta e solventes vazias, os quais serão depositados
em recipientes de coleta seletiva , em locais previamente
definidos do Canteiro de Obras, e posteriormente, se for o
caso, esses recipientes serão acondicionados em invólucros
apropriados para descarte por empresa licenciada, contratada
para este fim, a semelhança do que foi efetuado em
Angra 2. Temporariamente podem ser transportados para áreas
já existentes dentro das instalações
da CNAAA, especificamente destinadas ao armazenamento temporário
e seleção destes resíduos.
Após o recebimento e seleção desses rejeitos
pela mesma unidade organizacional da empresa responsável
por esta atividade, os mesmos serão processados para
descarte final em áreas apropriadas.
No caso de restos de materiais, entulhos de obra, sobras de
madeiras, restos de alvenarias, estes serão destinados
em conformidade com o estipulado na legislação.
Os esgotos sanitários gerados pelo contingenciamento
na fase de construção e montagem de Angra 3,
serão coletados em caixas coletoras de esgoto localizadas
no Canteiro de Obras, dentro dos padrões normativos
a que se destinam, sendo encaminhados até a Estação
de Tratamento de Esgoto.
Os resíduos orgânicos sedimentares, provenientes
da limpeza das cavas de fundação (lama), serão
coletados e dispostos em aterro qualificado.
Os rejeitos industriais, como restos de sucatas, pontas de
ferro de construção, serão acondicionados
em caçambas metálicas, distribuídas em
pontos estrategicamente definidos, dentro do site do Canteiro
de Obras, sendo posteriormente transportadas para armazenamento
em áreas já existentes dentro das instalações
da CNAAA, especificamente destinadas a seleção
e posterior comercialização para reprocessamento.
O descarte dos rejeitos químicos, tais como, resto
de solventes, latas de tintas serão acondicionados
em recipientes apropriados e encaminhados para empresas especializadas
no descarte final destes resíduos.
Os rejeitos provenientes da limpeza química das redes
de tubulações dos sistema da planta, na fase
de montagem e comissionamento, serão conduzidos através
de bombeamento até as piscinas de coleta e passivação
com agentes químicos, visando torná-los inertes,
antes do lançamento dos efluentes no sistema de drenagem
pluvial, após a sua monitoração.
No caso dos rejeitos dos processos de britagem, se aplicável,
serão construídos tanques de decantação,
se aplicável, onde serão coletados os resíduos
provenientes do processo de lavagem da brita, para segregação
do material sedimentar e liberação dos efluentes
limpos ao sistema de drenagem pluvial, sendo os rejeitos sólidos
coletados e transportados para descarte em bota-fora apropriado.
11.1.6. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está relacionado
com os procedimentos existentes no Programa de Gerenciamento
de Resíduos Industriais (não radioativos), Programa
Anual de Comunicação e no Programa de Tratamento
de Efluentes Líquidos Convencionais.
11.1.7. Etapas
de Execução
O programa será implementado
antes do início das obras civis, de forma a estabelecer
os parâmetros de controle necessários, e se desenvolverá
durante todo o período da construção
de Angra 3, finalizando após a entrada da usina em
operação.
11.1.8. Responsáveis
A responsabilidade de execução
deste programa é da Eletronuclear, através do
seu Escritório de Obras em Angra dos Reis.
11.2. Programa
de Controle de Impactos Geológicos e Geomorfológicos
- Monitoração das Encostas de Itaorna
Para acompanhar a evolução
das alterações geológicas e geomorfológicas,
a Eletronuclear vem realizando o controle dos taludes marginais,
do lençol freático e das cavidades naturais.
Para tanto, são executadas desde 1985 ações
de estabilização e monitoramento das encostas
do entorno da CNAAA, por meio do Programa de Monitoração
das Encostas de Itaorna.
11.2.1. Justificativa
Para a fase de implantação e operação
da Unidade 3 da CNAAA não são esperados impactos
sobre os componentes físicos do meio ambiente, mas,
sim, a possibilidade de impactos sobre o empreendimento, decorrentes
de possíveis eventos sísmicos na região.
Esta possibilidade, no entanto, por medida adicional de segurança,
é considerada pela Eletronuclear desde o início
da operação de Angra 1, que conta com acelerógrafos
especialmente adquiridos para monitoramento de eventuais anomalias
sísmicas.
Do ponto de vista geomorfológico e geotécnico
também só podem ser consideradas as alterações
no meio ambiente e conseqüentes interferências
provocadas pelo meio sobre o empreendimento, inexistindo a
hipótese de que a implantação e operação
de Angra 3 possa interferir na evolução geomorfológica,
local ou regional.
11.2.2. Objetivos
Monitorar e conter as encostas de Itaorna,
típicas da região da Serra do Mar, que consistem
de deslizamentos provocados por chuvas intensas em solos residuais.
11.2.3. Metas
Implementar ações de monitoramento
e de controle das encostas marginais de Itaorna, prevenindo
a ocorrência de deslizamentos na época das chuvas.
11.2.4. Metodologia
e Descrição do Programa
O programa é realizado através
de medições dos instrumentos instalados em campo,
análise dos dados e emissão de relatório
técnico sobre as condições das encostas
marginais.
As medições são realizadas desde 1995
por técnico da Eletronuclear sob a orientação
de engenheiro geotécnico da empresa. A periodicidade
é mensal, entretanto, as medições dos
piezômetros ocorrem quinzenalmente durante o período
de chuvas.
Além disso, a Eletronuclear realiza serviços
de manutenção preventiva e corretiva das vias
públicas e encostas adjacentes, limpeza e reconstituição
de canais e canaletas e construção de canais
de desvio de águas pluviais (quando necessário).
11.2.5. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está intimamente
relacionado com o Programa de Observação das
Condições Climáticas - Aquisição
de Dados Meteorológicos, que fornece dados de pluviosidade
para monitoramento das encostas, principalmente em períodos
de chuvas.
O presente programa está relacionado com todos os outros
programas de segurança e com o plano de emergência,
que utiliza os dados emitidos como mais uma fonte de informação
nas ações a serem desenvolvidas em caso de acidentes.
11.2.6. Etapas
de Execução
O programa é permanente e as
medições (piezômetros) são realizadas
mensalmente e quinzenalmente (piezômetros) no período
de chuvas.
11.2.7. Responsáveis
A responsabilidade pela execução
do programa é da Eletronuclear, através da Gerência
de Engenharia Civil e Estruturas Metálicas.
11.3. Programa de
Controle do Uso do Solo
As diretrizes requeridas no Termo de
Referência para execução do Programa de
Controle do Uso do Solo estão distribuídas ao
longo de procedimentos existentes em outros programas já
desenvolvidos pela Eletronuclear, como o controle das encostas,
o de aquisição de dados meteorológicos,
programa de monitoração ambiental radiológico
operacional e, principalmente, o Programa de Educação
Ambiental.
11.4. Programa
de Manejo de Riscos de Inundação
A Eletronuclear não realiza ações
específicas contra riscos de inundação,
pois foi verificado, através das informações
apresentadas pelos estudos de oceanografia no diagnóstico
ambiental, que não existe risco de inundação
na área onde será instalada a Unidade 3, bem
como, em toda a CNAAA.
11.5. Programa
de Observação das Condições Climáticas
- Aquisição de Dados Meteorológicos
Este programa é realizado pela
Eletronuclear por meio de seu Sistema de Aquisição
de Dados Meteorológicos, instalado na CNAAA desde 1972.
11.5.1. Justificativa
Permitir a obtenção de
informações e dados meteorológicos confiáveis
que permitam avaliar possíveis conseqüências
radiológicas e ambientais em condições
de acidente e planejar medidas protetoras aos trabalhadores,
população e ao meio ambiente.
O programa tem por finalidade gerar uma base de dados confiáveis
para a avaliação das conseqüências
radiológicas e ambientais em situações
operacionais e em condições de acidente; e,
o planejamento e a aplicação de medidas protetoras
aos trabalhadores, ao público em geral e ao meio ambiente.
11.5.2. Objetivos
Obtenção de dados meteorológicos
em tempo real e estabelecimento de histórico climático
para a região do empreendimento para a obtenção
de indicadores, os quais serão utilizados no programa.
Os dados meteorológicos coletados são o vento
(direção e velocidade), a temperatura do ar,
a umidade relativa e a precipitação.
11.5.3. Metas
Estabelecimento de uma taxa de coleta superior a 90%, de forma
a atender a Norma CNEN 1.22 e confiabilidade de dados que
representem as condições climáticas da
região.
11.5.4. Indicadores
Os indicadores utilizados no programa são os dados
meteorológicos coletados: vento (direção
e velocidade), temperatura do ar, umidade relativa e precipitação.
11.5.5. Público
Alvo
O programa tem a finalidade de garantir a segurança
de todos os moradores da microrregião da Baía
da Ilha Grande e dos trabalhadores da CNAAA em caso
de acidente.
11.5.6. Metodologia
e Descrição do Programa
O sistema de coleta de dados meteorológicos
foi instalado na área da CNAAA em 1972, sofrendo algumas
alterações em 1982 e 1999, para modernizar e
melhorar o sistema.
São coletados automaticamente os seguintes dados meteorológicos:
•
Direção do vento;
•
Velocidade do vento;
•
Temperatura do ar;
•
Umidade relativa;
•
Precipitação pluviométrica.
A partir daí os dados coletados são enviados
para o Centro de Suporte Técnico das usinas de Angra
1 e 2, e em monitores localizados também no CPD de
Angra 1, permitindo a visualização de todos
os parâmetros, de todas as torres, que são atualizados
a cada 90 segundos. Em seguida os dados são processados
e transformados em série horária, sendo incorporados
ao banco de dados meteorológicos.
É calculada a distribuição da freqüência
associada do vento e fatores de dispersão e deposição
atmosférica mensais e emitidos relatórios semestrais
de meteorologia que são encaminhados à CNEN
e ao Instituto de Radioproteção e Dosimetria
- IRD.
Além disso, são realizadas simulações
de trajetória e todos os dados obtidos são gravados
em discos (CD ROM) como backup dos dados históricos.
11.5.7. Inter-relação
com outros Planos e Programas
O presente programa está relacionado
com todos os programas relacionados à segurança
da CNAAA e ao Plano de Emergência, na medida em que
a aquisição e monitoramento dos dados climáticos
são fundamentais para a realização de
forma eficiente de todas as medidas de proteção
e salvamento em caso de acidentes, como na proteção
das encostas marginais de Itaorna, que podem provocar deslizamentos
em função de chuvas intensas.
11.5.8. Etapas
de Execução
A execução do presente
programa é permanente, sendo as coletas realizadas
automaticamente nas estações de monitoramento.
As etapas são cíclicas e podem ser divididas
em coleta de dados, compilação de dados, inclusão
no banco de dados e emissão de relatórios semestrais.
11.5.9. Responsáveis
A responsabilidade pela execução
do programa é da Eletronuclear, através da Gerência
de Meio Ambiente.
11.6. Programa
de Monitoração e Controle da Qualidade das Águas
- PMCQA
11.6.1. Justificativa
A execução deste programa
visa manter a qualidade das águas utilizadas na CNAAA
e lançadas ao meio ambiente, em atendimento às
normas vigentes, com seus respectivos limites, bem como as
ações a serem executadas na ocorrência
de não-conformidades.
11.6.2. Objetivos
O objetivo deste programa é monitorar
a qualidade das águas potáveis, servidas, salinas
e industriais, nas áreas de propriedade da Eletronuclear
ou daquelas que possam ser afetadas pela operação
da CNAAA.
11.6.3. Metas
Manter a qualidade das águas
utilizadas na CNAAA dentro dos limites estabelecidos pelas
normas vigentes.
11.6.4. Público
Alvo
Toda a população residente
na área da Eletronuclear, bem como a população
residente nas regiões afetadas pela operação
do empreendimento.
11.6.5. Metodologia
e Descrição do Programa
O programa estabelece os pontos de monitoração,
a freqüência de coleta, as análises que
deverão ser realizadas com seus respectivos limites,
definidos pelas normas específicas e vigentes, e as
ações a serem tomadas em caso de ocorrência
de resultados que não atendam às mesmas.
Cabe ao Laboratório de Monitoração Ambiental
(LMA) a tarefa de executar as coletas e análises pertinentes
no meio ambiente, nas áreas definidas por este programa.
Cabe às unidades operacionais responsáveis pela
operação de Angra 1 e 2, e posteriormente, Angra
3 e das Estações de Tratamento de Água
e Esgotos Sanitários, tomar as devidas providências
para correção de parâmetros que porventura
sejam encontrados fora dos limites estabelecidos pelas normas
legais vigentes. O LMA acompanha as ações corretivas,
caso estas ocorram, para executar análises posteriores
e conferir a resolução do problema.
As análises ocorrem de forma distinta para os diferentes
parâmetros analisados, ocorrendo medições
diárias, semanais, quinzenais e mensais, conforme o
parâmetro analisado.
A Gerência de Monitoração emite e envia
à Gerência de Meio Ambiente da Eletronuclear,
para posterior envio ao Ibama um relatório semestral
de acompanhamento, contendo os resultados dos parâmetros
analisados pelo programa.
11.6.6. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está relacionado
com o Programa de Medida de Temperatura no Saco Piraquara
de Fora e Itaorna, com o Programa de Monitoramento da Fauna
e Flora Marinha na Fase Operacional e com o Programa de Medida
de Cloro Residual no Saco Piraquara de Fora.
11.6.7. Etapas
de Execução
Este é um programa permanente,
com freqüências de coleta variando entre diárias
e mensais e emissão de relatório semestral de
monitoramento.
11.6.8. Responsáveis
A supervisão deste programa está
sob a responsabilidade do Laboratório de Monitoração
Ambiental - LMA da CNAAA.
11.7. Programa
de Controle Ambiental da Área da Estação
Ecológica de Tamoios
A Estação Ecológica
de Tamoios, criada através do Decreto nº 98.864
de 23.01.1990, localiza-se na Baía da Ilha Grande,
em Angra dos Reis e na Baía de Parati, no estado do
Rio de Janeiro, com objetivo de proteger uma amostra representativa
da Mata Atlântica, fauna terrestre e marinha, numa região
de grande beleza cênica e interesse ecológico.
É a primeira unidade de conservação situada
em ambiente marinho a ter seu plano de manejo em elaboração.
Em 2000, a FAPUR - Fundação de Apoio à
Pesquisa Científica e Tecnológica da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro celebrou convênio com
a Eletronuclear para a elaboração da Fase 1
do Plano de Manejo da Estação Ecológica
de Tamoios, como ação de compensação
ambiental pelo licenciamento ambiental da Unidade 2 da CNAAA
(Angra 2), nos termos estabelecidos pelo Sistema Nacional
de Unidades de Conservação - SNUC (Lei 9985/2000).
O Plano de Manejo está em fase de análise pelo
Ibama e as ações previstas dependem de aprovação
do órgão para que sejam implementadas.
Dessa maneira, as ações requeridas no Termo
de Referência estão contempladas no Plano de
Manejo já elaborado. Entretanto, como o prevê
o Art. 36 da supracitada Lei, as ações estão
associadas à implantação e manutenção
das unidades de conservação. Assim, a Eletronuclear
continuará a auxiliar a ESEC Tamoios, na forma de ações
de apoio e suporte à Unidade de Conservação,
por meio de seus programas ambientais, principalmente, o
de Educação Ambiental.
11.8. Programa de
Remanejamento da População
Angra 3 será instalada dentro
da área de propriedade da Eletronuclear (CNAAA).
Dessa maneira, não deverão ocorrer desapropriações
ou remanejamentos de quaisquer parcelas da população
residente na região, o que torna desnecessário
um programa de remanejamento.
11.9. Programa de
Relocação de Infra-estrutura
A Eletronuclear não possui programa
específico para relocação da infra-estrutura
da região afetada pelo empreendimento, pois Angra 3
será instalada dentro da área de propriedade
da empresa (CNAAA). Dessa maneira, não ocorrerão
desapropriações ou remanejamentos de quaisquer
parcelas da população residente na região,
o que torna desnecessário um programa de relocação
de infra-estrutura.
11.10. Programa de
Saúde Pública
Este programa ocorre na forma de ações
de convênios com as prefeituras da região (Angra
dos Reis e Parati) e por meio da Fundação Eletronuclear
de Assistência Médica - Feam, da qual a Eletronuclear
é a principal mantenedora.
11.10.1. Justificativa
A região de Angra dos Reis e
Parati está em processo de desenvolvimento e a instalação
de Angra 3 irá aumentar a população,
principalmente durante as obras de construção.
Dessa maneira, as ações de saúde pública
se tornam importantes para toda a população
residente e futura.
Tais ações estão relacionadas com a efetiva
capacidade do complexo de saúde da região, de
forma que o atendimento público possa dar o suporte
necessário à população.
11.10.2. Objetivos
Dar continuidade à melhoria do
atendimento médico-hospitalar da região proporcionado
pela empresa à população da microrregião
da Baía da Ilha Grande, tanto diretamente em termos
ambulatoriais e de internações através
da Fundação Eletronuclear de Assistência
Médica - Feam (Hospital de Praia Brava), quanto indiretamente,
através de convênios com as prefeituras de Angra
dos Reis e Parati.
11.10.3. Metas
•
Estabelecimento de verbas anuais para as Santa Casa de Angra
dos Reis e Parati;
•
Estabelecimento de verbas anuais para a Fundação
Eletronuclear de Assistência Médica - Feam (Hospital
de Praia Brava);
•
Estabelecimento de verbas anuais para aquisição
de medicamentos e equipamentos para os Postos de Saúde
de Angra dos Reis e Parati;
•
Estabelecimento de verba anual para auxiliar o Programa Médico
de Família e Agentes Comunitários de Saúde
de Angra dos Reis.
11.10.4. Indicadores
Taxas de incremento populacional, atualizadas
anualmente e dados de atendimentos ambulatoriais e hospitalares
realizados na região, provenientes das prefeituras
de Angra dos Reis e Parati, e da Fundação Eletronuclear
de Assistência Médica.
11.10.5. Público
Alvo
A população hoje residente
na região de Angra dos Reis e Parati e população
futura, oriunda das obras de construção e posteriormente
da operação de Angra 3.
11.10.6. Metodologia
e Descrição do Programa
Além dos convênios firmados
entre a Eletronuclear e as prefeituras de Parati e Angra dos
Reis, o hospital de Praia Brava, hoje transformado em fundação.
As instalações hospitalares do hospital de Praia
Brava foram expandidas, ampliadas e modernizadas pela Eletronuclear,
assim como, foi ampliado o seu quadro médico. Atualmente,
o hospital conta com 65 médicos de diversas especialidades,
35 leitos, e um laboratório de análises clínicas
no hospital.
O hospital tem garantido pela Eletronuclear o aporte de recursos
necessários para operação em plena capacidade.
Parte importante deste programa, que diz respeito diretamente
à saúde da mão-de-obra do empreendimento
em questão, estará sob responsabilidade direta
das empreiteiras através dos serviços especializados
em Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho -
Sesmet e da Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes - Cipa, sob a supervisão da Eletronuclear,
visando a proteção específica da saúde
da população trabalhadora.
11.10.7. Inter-relação
com outros Planos e Programas
O presente programa está relacionado
principalmente com os Programas de Comunicação
Social, Educação Ambiental e com os diversos
convênios da Eletronuclear com as prefeituras.
11.10.8. Etapas
de Execução
O programa ocorre de forma permanente,
em todas as atividades do Hospital de Praia Brava, e nos convênios
existentes e em vigor.
11.10.9. Responsáveis
A responsabilidade pela execução
do programa é da Eletronuclear, por meio da Fundação
Eletronuclear de Assistência Médica - Feam.
11.11. Programa de
Controle da Poluição
As diretrizes ambientais estabelecidas
para o controle dos poluentes por meio de programas ambientais
são aplicadas pela Eletronuclear em diferentes programas,
procedimentos, manuais e relatórios listados abaixo:
•
Programa
de Gerenciamento de Resíduos Industriais (Não
Radioativos) - item 11.20;
•
Programa de Tratamento de Efluentes Líquidos Convencionais
- item 11.21;
•
Manual de Controle Radiológico do Meio Ambiente e Relatórios
Semestrais de Rejeitos e de Liberação de Efluentes
Radioativos;
•
Procedimento:
Rejeitos Sólidos Radioativos;
•
Programa de Monitoração Ambiental Radiológico
Operacional do Depósito Provisório de Rejeitos
Sólidos de Baixa e Média Atividades da Central
Almirante Álvaro Alberto e Relatório Anual do
Programa de Monitoração Ambiental Radiológico
Operacional do Depósito Provisório de Rejeitos
Sólidos de Baixa e Média Atividades da Central
Almirante Álvaro Alberto.
11.12. Programa
de Comunicação Social
11.12.1. Justificativa
Atender as políticas e diretrizes
de comunicação social de cada órgão
integrante do Sistema de Comunicação de Governo
do Poder Executivo Federal - Sicom, que define as ações,
metas segmentos de público, cronogramas de execução
e meios de utilizar os recurso necessários.
A Eletronuclear tem como missão "produzir energia
elétrica com elevados padrões de segurança
e eficiência, a custos competitivos, preservando a capacidade
de projetar, construir e gerenciar os seus empreendimentos.
Tal segurança é prioritária e precede
a produtividade e a economia, não devendo nunca ser
comprometida por qualquer razão, num profundo respeito
ao trabalhador, à sociedade e ao meio ambiente".
11.12.2. Objetivos
Dentro desse contexto, é objetivo
fundamental do presente programa definir e assegurar que sejam
implementadas ações necessárias para
que a imagem institucional da Eletronuclear seja efetivamente
de uma empresa reconhecida pelo seu comprometimento com a
melhoria da qualidade de vida da população,
a preservação do meio ambiente, e pela excelência
de seu desempenho na geração de uma energia
limpa e segura.
11.12.3. Metas
•
Definir
os objetivos de comunicação e identificar as
mensagens a serem divulgadas;
•
Estabelecer uma estreita relação com os meios
de comunicação e profissionais do setor;
•
Atuar junto aos segmentos formadores de opinião;
•
Buscar adequadas cobertura e divulgação dos
eventos de interesse da empresa;
•
Aprimorar a comunicação da Internet;
•
Realizar pesquisas de opinião que sirvam de base para
melhorar a comunicação da empresa.
11.12.4. Público
Alvo
Todo o público nacional, em especial
o público interno da CNAAA e a população
residente na região de Angra dos Reis e Parati.
11.12.5. Metodologia
e Descrição do Programa
As ações de comunicação
desenvolvidas em 2004 foram grupadas conforme o público
alvo - público interno, área de inserção
regional nos municípios de influência da Central
Nuclear Almirante Álvaro Alberto - CNAAA, formadores
de opinião em geral como imprensa, autoridades políticas,
estudantes, professores entre outros, prevendo os seguintes
meios de comunicação:
•
Imagem Institucional: publicidade institucional em revistas
das áreas de Meio Ambiente e Tecnologia; patrocínios
culturais ou apoio a projetos cujo escopo privilegie o resgate
de valores históricos e sócio-culturais principalmente
na região de influência da Central Nuclear Almirante
Álvaro Alberto (CNAAA); uma maior participação
da empresa em eventos, feiras e exposições nas
áreas técnicas e de meio ambiente; acompanhamento
de imagem através de pesquisas de opinião pública
e avaliação de imagem na mídia.
•
Comunicação externa: revitalização
do site na Internet, produção de novos vídeos
institucionais, atualizar a folheteria, folhetos destinados
às escolas com enfoque em educação ambiental,
apoio à divulgação do Plano de Emergência
da Central Nuclear, edição de newsletter
dirigida à classe política.
•
Comunicação
interna: Jornal interno "O Átomo", clipping
da mídia impressa e noticiários de TV relacionados
ao setor elétrico em geral e à Eletronuclear
em especial, Intranet e apoio interno às demais unidades
organizações quanto à organização
de seminários, congressos, reuniões técnicas,
eventos comemorativos, convênios de inserção
regional mantidos pela Empresa e outros. Continuar desenvolvendo
a Ouvidoria, alinhando-a com as diretrizes da Eletrobrás
e do Governo Federal.
•
Comunicação em condições de crise:
Desenvolvimento de estratégia, para a criação
de um grupo de gestão de crises, considerando a experiência
das empresas de energia elétrica, e principalmente
do Grupo Eletrobrás.
•
Seleção
das principais publicações nacionais nas áreas
de tecnologia e meio ambiente para veiculação
de anúncios institucionais ao longo do ano.
•
Anúncios institucionais em datas especiais (como aniversário
da cidade de Angra dos Reis) nos jornais das áreas
de inserção regional da Empresa .
•
Campanhas de esclarecimento sobre rejeitos radioativos.
•
Campanhas de educação ambiental em parceria
com publicações de grande circulação
na área de inserção regional da empresa.
•
Confecção de material de cunho publicitário,
educativo e de utilidade pública apoiando as
ações de cunho social nas áreas de inserção
regional da empresa, como por exemplo, assistência médica
através da Fundação Eletronuclear de
Assistência Médica, material escolar para instituições
de ensino das comunidades carentes e apoio a eventos nas áreas
de meio ambiente e turismo
As
campanhas de esclarecimento do Plano de Emergência da
Central Nuclear de Angra são regidas pela legislação
do Sipron - Decreto-Lei nº. 1.809, de 07.10.80, Decreto
2.210, de 22.04.97 e Portaria SAE/PR nº. 150, de 11.12.97
(NG-05). E a realização de esclarecimentos prévios
das comunidades sobre o empreendimento a ser implantado (Angra
3), precedendo as respectivas Audiências Públicas
previstas no processo de licenciamento ambiental, segue as
diretrizes estabelecidas pelo Ibama.
11.12.6. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está relacionado
com todos os outros programas desenvolvidos pela Eletronuclear,
de forma que todas as ações realizadas sejam
fonte de informação para o programa em questão.
11.12.7. Etapas
de Execução
Este programa é permanente e
é desenvolvido de forma contínua e integrada
com os demais órgãos da Eletronuclear.
11.12.8. Responsáveis
Este programa é permanente e
está à cargo da Eletronuclear, através
da sua Coordenação de Comunicação
e Segurança.
11.13. Programa
de Educação Ambiental
11.13.1. Justificativa
A microrregião da Baía
da Ilha Grande constitui-se numa das mais ricas reservas da
biodiversidade no estado do Rio de Janeiro, mas não
está conseguindo resistir aos impactos causados pelas
milhares de pessoas que são atraídas pela beleza
das suas ilhas, praias, serras e baías. Além
disso, com o crescimento econômico da região,
mais pessoas são atraídas pelas oportunidades
que surgem e o debate sobre o custo da degradação
ambiental versus o crescimento econômico não
está sendo objeto de discussões e ações
que preservem e/ou conservem o meio ambiente para a geração
atual e futuras.
Despertar a consciência da população para
os aspectos ambientais e o que pode ser feito para preservar/conservar
o meio ambiente é de crucial importância para
a diminuição das degradações ambientais
nesta microrregião.
11.13.2. Objetivos
O Programa Eletronuclear de Educação
Ambiental - PEEA tem como foco os vários empreendimentos
da empresa, e é composto de diversos projetos, denominados
Projetos Eletronuclear de Educação Ambiental
- PrEEA.
Esses seis projetos objetivam contribuir para a consciência
ecológica dos trabalhadores da empresa e da população
localizada na microrregião da Baía da Ilha Grande
(municípios de Angra dos Reis e Parati), propiciando
o equilíbrio entre o homem e o meio em que vive, e
a compatibilização do desenvolvimento tecnológico
com a preservação e conservação
ambiental.
11.13.3. Metas
11.13.3.1. Projeto:
Agenda 21 Local
Definir uma estratégia de desenvolvimento
sustentável para os municípios da microrregião
da Baía da Ilha Grande, num processo de articulação,
colaboração e parceria entre os municípios
e a sociedade civil organizada. A seleção das
áreas temáticas pelas partes envolvidas deverão
refletir as problemáticas sócio-ambientais existentes
ou aquelas com potencial de ocorrerem, criando um espaço
para a construção e consolidação
da cidadania nesta microrregião. Adicionalmente, devem-se
considerar as palavras de José Sarney Filho, ex-Ministro
do Meio Ambiente, que enfocam a importância do estabelecimento
de uma Agenda 21 Local - "...A Agenda 21 significa
a construção política das bases do desenvolvimento
sustentável, cujo objetivo é conciliar justiça
social, equilíbrio ambiental e eficiência econômica...".
11.13.3.2. Projeto:
3Rs - Reduzir, Reutilizar e Reciclar
Repassar ao público-alvo o conhecimento
integrado do trinômio - reduzir (o consumo ao necessário),
reutilizar (o máximo possível) e reciclar (através
do estímulo), pois a acelerada produção
de bens de consumo para o ser humano, associada a escassez
de recursos não-renováveis e a poluição
do meio ambiente, leva à exaustão a capacidade
do planeta de suportar a vida humana.
11.13.3.3. Projeto:
A Importância do Viveiro de Mudas de Plantas Nativas
Incentivar as comunidades organizadas
a manterem viveiros de mudas de plantas nativas da Mata Atlântica,
tendo como parceiros numa primeira etapa a empresa e o município;
e, numa segunda etapa, o apoio do município e dos seus
técnicos.
11.13.3.4. Projeto:
O Defeso - A sua Importância Econômica e Biológica
Repassar para a comunidade pesqueira
da microrregião da Baía da Ilha Grande o conceito
e a necessidade do defeso das espécies de pescados
que estão em condições críticas
de reprodução/sobrevivência na região,
mantendo assim, além da perenidade da pesca, a manutenção
econômica das famílias que delas dependem e a
diversidade biológica local.
11.13.3.5. Projeto:
Estação Ecológica de Tamoios
Esclarecer o público-alvo dos
objetivos da ESEC-Tamoios: - "proteger, pesquisar e
monitorar" uma amostra representativa da Mata Atlântica,
especificamente do ecossistema insular marítimo e seu
entorno aquático marinho, abrangendo toda a vida cujo
nicho ecológico tenha interface com a estação
ecológica. Estando conscientes da importância
desta estação ecológica, é esperado
que ocorram mudanças comportamentais de forma a minimizar
possíveis impactos, ou até eliminá-los,
ajudando a proteção da mesma.
11.13.3.6. Projeto:
Controle do Uso do Solo
Repassar ao público-alvo o conhecimento
técnico básico sobre o meio ambiente, a degradação
de áreas e as formas de recuperá-las. É
esperado que com os conhecimentos adquiridos, e então
mais conscientizados, o público-alvo exerça
mais plenamente a sua cidadania participando efetivamente
das ações em prol da recuperação
das áreas circunvizinhas.
11.13.4. Indicadores
Os indicadores a serem utilizados serão
as listas de presença às aulas e debates; e,
o resultado das duas avaliações do nível
de conhecimento, uma anterior ao treinamento em si, e a outra
posterior ao mesmo, verificando se o conhecimento exposto
foi efetivamente agregado pelos participantes.
11.13.5. Público
Alvo
Trabalhadores da empresa e a população
localizada na microrregião da Baía da Ilha Grande
(municípios de Angra dos Reis e Parati).
11.13.6. Metodologia
e Descrição do Programa
Serão realizadas de aulas expositivas
em sala de aula e aulas práticas na microrregião
da Baía da Ilha Grande, complementada por uma atuação
da empresa junto as prefeituras desta região, para
que se reúnam com as comunidades treinadas por este
projeto, para:
•
discussão dos temas mais relevantes e construção
das Agendas 21 Locais;
•
Iniciar processo de conscientização da comunidade
para os conceitos de redução e reutilização;
•
Esclarecimento da população sobre a importância
dos Viveiros de Mudas Nativas da Mata Atlântica;
•
discussão dos períodos necessários para
o defeso dos pescados em situações críticas
e das alternativas econômicas, além da viabilização,
com o apoio das prefeituras municipais, de alternativas econômicas
durante o período de defeso para as comunidades pesqueiras;
•
realização de visitas guiadas à ESEC-Tamoios;
•
informação à população
sobre ambientes preservados/conservados e ambientes degradados,
como forma de divulgação sobre a importância
do controle do uso do solo.
As
propostas dos Projetos Eletronuclear de Educação
Ambiental - PrEEA serão discutidos com os parceiros
institucionais identificados, tanto dentro da empresa, como
fora dela.
Os parceiros institucionais internos são as diversas
unidades organizacionais da empresa, que conjugarão
as idéias e esforços dos empregados e colaboradores
que nelas trabalham, consolidando, coordenando e respondendo
perante a empresa, pelas atividades dos projetos que são
responsáveis.
Os parceiros institucionais externos identificados são
as entidades formais representativas das comunidades localizadas
na microrregião da Baía da Ilha Grande, à
saber:
•
Prefeitura
Municipal de Angra dos Reis - PMAR;
•
Prefeitura Municipal de Parati - PMP;
•
Organizações Não-Governamentais - ONGs;
•
Associações de Moradores;
•
Organismos e organizações estaduais e municipais;
•
Escolas estaduais, municipais e particulares;
•
Outras entidades de cunho similar.
11.13.7. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Estes projetos fazem parte do Programa
Eletronuclear de Educação Ambiental - PEEA e
têm inter-relação com os demais Projetos
Eletronuclear de Educação Ambiental - PrEEA,
complementando-os.
11.13.8. Etapas
de Execução
1.
Exposição pela Eletronuclear aos Parceiros Institucionais
do objetivo do projeto e do apoio financeiro da empresa para
a sua realização;
2.
Informação aos Parceiros Institucionais Identificados
da forma de apresentação de um Projeto Eletronuclear
de Educação Ambiental, permitindo uma análise
da empresa de forma equilibrada;
3.
Recebimento e análise técnico-financeira das
propostas recebidas;
4.
Escolha da melhor proposta sob os aspectos técnico-financeiro;
5.
Assinatura de Autorização de Serviço
ou Contrato, dependendo do valor do projeto;
6.
Acompanhamento físico-financeiro das etapas do projeto;
7.
Análise dos indicadores aplicáveis em relação
aos valores considerados regular, bom e excelente (1 mês);
8.
Aprovação do Relatório Final do Projeto
- RFP;
9.
Liberação da parcela final, após a aprovação
do RFP;
10.
Finalização do projeto.
11.13.9. Responsáveis
Este programa é permanente e
está à cargo da Eletronuclear, através
da Gerência de Meio Ambiente.
11.14. Programa
de Monitoramento Ambiental
Os programas realizados pela Eletronuclear
para monitoramento ambiental têm a finalidade de avaliar
os efeitos ambientais nos períodos pré-operacional
e operacional de Angra 3, bem como das unidades já
em operação.
Dessa maneira, são realizadas ações de
monitoramento de parâmetros radiológicos e não-radiológicos,
bem como suas freqüências de amostragem, conforme
é apresentado nos programas descritos neste capítulo.
O monitoramento da fase pré-operacional já é
realizado pela Eletronuclear, uma vez que as unidades 1 e
2 da CNAAA (Angra 1 e Angra 2) já se encontram em operação
e, para garantir a integridade do meio ambiente, são
realizados os programas de monitoramento ambiental da CNAAA.
Na fase operacional de Angra 3, os programas já em
execução para as outras unidades serão
realizados também para monitoramento ambiental das
atividades decorrentes da operação da Unidade
3 da CNAAA (Angra 3).
11.15. Programa
de Descomissionamento
11.15.1. Justificativa
O descomissionamento das usinas nucleares
ao final de sua vida econômica tem sido uma questão
permanente para as empresas proprietárias dessas usinas.
No caso das usinas nucleares brasileiras, desde a entrada
em operação de Angra 1, a questão tem
sido tratada com o cuidado necessário, acompanhando
o desenvolvimento do assunto ao redor do mundo.
Os primeiros trabalhos desenvolvidos com vistas ao tratamento
da questão remontam à época dos preparativos
para a entrada em operação de Angra 1, oportunidade
em que se obteve do órgão regulador do setor
de energia elétrica autorização para
arrecadar, pela via tarifária, uma quota mensal de
recursos destinados à formação de um
fundo para suportar o descomissionamento da usina, depois
de encerrada sua operação comercial.
Nestes quase 20 anos desde os primeiros estudos, seguiram-se
outros trabalhos e reavaliações periódicas.
Com a entrada em operação de Angra 2, implementou-se
um processo de arrecadação de recursos para
o descomissionamento de Angra 2 à semelhança
do adotado para a primeira usina nuclear brasileira e a Unidade
3 deverá passar pelo mesmo processo de arrecadação.
11.15.2. Objetivos
Garantir a proteção da
população residente na microrregião da
Baía da Ilha Grande e do seu meio ambiente, com relação
à radioatividade residual, bem como os recursos adequados
para que o descomissionamento ocorra de forma a atender as
necessidades ambientais e legais.
11.15.3. Metas
As metas a serem atingidas após
a decisão efetiva de descomissionar a usina são:
•
obter
licenciamento específico para o descomissionamento
nos órgãos licenciadores competentes;
•
realizar
o inventário de todos os equipamentos contaminados,
com determinação dos níveis de radiação
e tomadas de medidas nas tubulações e •
blindagens;
•
determinar
as seqüências e métodos que facilitem o
processo de descomissionamento, conforme as normas a serem
estabelecidas pela CNEN;
•
preparar
um informe sobre o impacto no meio ambiente e os benefícios
resultantes do fechamento da instalação;
•
analisar
a segurança do processo, com a sua descrição
e especificações técnicas, de modo a
não acarretar nenhum prejuízo à saúde
e à • segurança
da população e dos trabalhadores envolvidos;
•
determinar
as modificações a serem feitas nos edifícios,
bem como acréscimos provisórios, conforme a
alternativa de descomissionamento adotada.
11.15.4. Processos
de Descomissionamento
O processo de descomissionamento é
essencialmente baseado nas metodologias americanas, que consistem
de três alternativas de descomissionamento: DECON, SAFSTOR
e ENTOMB, ou a de três estágios, da AIEA.
DECON - consiste no desmantelamento total da usina logo após
sua retirada de operação;
SAFSTOR - o desmantelamento é precedido de confinamento
por um período de 10 a 30 anos;
ENTOMB - significa enclausurar definitivamente as partes contaminadas
da usina. (alternativa muito pouco utilizada, que não
tem aceitação ampla).
No caso das usinas nucleares da CNAAA, a alternativa considerada
para a efetivação do descomissionamento é
o SAFSTOR.
11.15.5. Público
Alvo
Público interno da CNAAA, população
residente na região de Angra dos Reis e Parati.
11.15.6. Metodologia
e Descrição do Programa
Dentre as condicionantes apresentadas
na Moção no 031 do Conama, referenciada no Parágrafo
II do Artigo 1o da resolução no 05 do CNPE,
incluem-se aquelas relacionadas com preocupação
de assegurar condições técnicas e financeiras
para o futuro descomissionamento das unidades da Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto.
O processo de descomissionamento das usinas nucleoelétricas
é regulado no âmbito do licenciamento nuclear.
A CNEN, no item 8.10 de sua norma NE-1.04 - "Licenciamento
de Instalações Nucleares", estabelece
que, para o encerramento das atividades de operação
de uma usina nucleoelétrica, a organização
operadora deverá iniciar um procedimento formal de
Cancelamento da Autorização de Operação
Permanente.
De acordo com a norma, a organização operadora
deverá encaminhar à CNEN um requerimento demonstrando
que a desmontagem da instalação e a disposição
de suas partes será realizada de forma segura, de acordo
com as normas específicas a serem estabelecidas pela
CNEN e que não acarretarão prejuízos
à saúde e à segurança da população
como um todo, do trabalhador e do meio ambiente.
No caso de Angra 1 e Angra 2, esta exigência é
referenciada como uma das condicionantes da Autorização
para Operação Permanente o que deverá
ocorrer também para a Autorização para
Operação Permanente de Angra 3.
Como preparação para a definição
de um Plano Técnico para o descomissionamento a se
realizar em um prazo não inferior a 30 anos a partir
do início da operação dessa usina, as
atividades da Eletronuclear, de agora até cerca de
10 anos antes da data de término da operação,
se limitarão, no campo técnico, ao acompanhamento
da evolução tecnológica e dos custos
para execução do descomissionamento.
No período de 10 anos que antecede o desligamento definitivo
da unidade, a Eletronuclear deverá elaborar um Plano
de Descomissionamento, que contemplará:
•
Tecnologia
de descomissionamento a ser adotada;
•
Estudos
para desmantelamento e armazenamento seguro dos componentes
da usina;
•
Estudos
de local e de condições de armazenagem;
•
Desenvolvimento
dos processos de licenciamento ambiental e nuclear;
•
Contratação
da execução dos serviços.
Os
recursos necessários para o descomissionamento das
Unidades Operacionais da CNAAA (Angra 1, Angra 2 e Angra 3),
foram calculados com base em estudos específicos desenvolvidos
para o descomissionamento de usinas norte americanas, européias,
canadenses e japonesas, atualmente em diferentes estágios
do processo de descomissionamento. Os resultados obtidos são
apresentados na Tabela 25 a seguir.
Tabela
25 - Custo de descomissionamento previsto para as unidades
operacionais da CNAAA.
Usina |
Custo
do Descomissionamento |
Angra
1 |
US$
198 milhões |
Angra
2 |
US$
240 milhões |
Angra
3 |
US$
240 milhões |
Os
recursos para o descomissionamento são oriundos da
tarifa de venda de energia gerada pelas três unidades.
11.15.7. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está relacionado
com o Programa de Comunicação Social e com os
demais programas desenvolvidos pela Eletronuclear, de forma
que todas as ações realizadas sejam fonte de
informação para o programa em questão.
11.15.8. Etapas
de Execução
Este programa entrará em execução
no período não inferior a dez anos para o descomissionamento
da Unidade 3 da CNAAA.
11.15.9. Responsáveis
Este programa é permanente e
está à cargo da Eletronuclear.
11.16. Programa
de Monitoramento Sismológico Regional
11.16.1. Justificativa
Aprimorar o conhecimento sismotectônico
da região da CNAAA através dos registros de
movimentos de baixa intensidade, sejam de origem tectônica
ou de desmoronamentos da plataforma continental.
Os registros permitirão aumentar o conhecimento sobre
as falhas geológicas da região, leis de atenuação
das ondas pelo solo e um maior conhecimento da freqüência
de sismos regionais que formam a base da Análise de
Risco Sísmico da CNAAA.
Desta forma, a segurança da população
e do meio ambiente é garantida através das funções
de segurança das usinas nucleares. Essas funções
de segurança são mantidas mesmo que ocorra um
terremoto igual ao maior terremoto já registrado num
raio de 320 km (critério determinístico) ou
ao maior terremoto que possa ocorrer num período de
10.000 anos (critério probabilístico). O monitoramento
sísmico da região visa manter uma base completa
e confiável de dados de sismos regionais.
11.16.2. Objetivos
Este programa tem por objetivo dar continuidade
ao monitoramento sísmico da região da Central
Nuclear Almirante Álvaro Alberto - CNAAA, onde se localiza
a área proposta para a instalação de
Angra 3.
Para tal, em outubro de 2001 foi assinado o Termo de Cooperação
entre a Eletronuclear e o Instituto de Astronomia e Geofísica
da USP - IAG/USP, através da Fusp (Fundação
de Apoio à Universidade de São Paulo). O IAG/USP
é uma instituição que tem vários
especialistas na área de sismologia.
11.16.3. Metas
Obtenção e registro de
dados sobre:
•
dados
de sismos locais, regionais e de telessismos,
•
determinação
de epicentros de pequena magnitude,
•
conhecimento
da estrutura crustal sob a região de Angra dos Reis.
11.16.4. Público
Alvo
A população localizada
na microrregião da Baía da Ilha Grande; e, em
particular, a Eletronuclear, pois os estudos sismológicas
regionais são fundamentais para a identificação
e caracterização das fontes sísmicas,
utilizados no projeto sísmico dos prédios e
equipamentos principais da CNAAA.
11.16.5. Metodologia
e Descrição do Programa
A construção do abrigo
para os equipamentos da Estação Sismográfica
de Angra dos Reis - Esar, localizada no Saco Piraquara de
Fora, foi concluída em 2002. A estação
conta com um sensor triaxial de banda larga e um registrador
digital.
Os boletins sísmicos são emitidos trimestralmente.
O primeiro boletim da Esar foi expedido em agosto de 2002,
com dados coletados desde o início de 2002.
Os dados são coletados na Esar pelos técnicos
do IAG/USP e analisados em São Paulo, pois a estação
ainda está operando off-line por dificuldades encontradas
no processo de transmissão de dados. Um novo modem
foi encomendado, objetivando transmitir os dados armazenados
no registrador para um computador que fica localizado na CNAAA.
Deste, os dados serão enviados para o IAG/USP em São
Paulo, via Internet.
Os dados são registrados continuamente e analisados
pelos sismólogos do IAG/USP, sendo emitido trimestralmente
um boletim sísmico para a Eletronuclear. Os resultados
permitem uma determinação de epicentros de pequena
magnitude, uma avaliação da espessura da crosta
terrestre e da velocidade de propagação das
ondas sísmicas na região. Alguns dos eventos
de pequena magnitude registrados são devidos, possivelmente,
a explosões em pedreiras nas proximidades. Terremotos
de grande magnitude, com epicentros localizados a grandes
distâncias, são também registrados na
Esar.
11.16.6. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está relacionado
com os demais programas relacionados à segurança
das instalações da CNAAA, como o Programa de
Monitoramento das Encostas Marginais.
11.16.7. Etapas
de Execução
As coletas de dados são realizadas
periodicamente na Esar e os boletins sísmicos são
emitidos trimestralmente.
11.16.8. Responsáveis
A responsabilidade pela execução
do programa é da Eletronuclear, por meio da Gerência
de Análise de Tensões, em de cooperação
com o Instituto de Astronomia e Geofísica da USP -
IAG/USP.
11.17. Programa
de Medida de Temperatura no Saco Piraquara de Fora e
Itaorna
11.17.1. Justificativa
A execução deste programa
visa manter a qualidade das águas salinas onde ocorre
o lançamento de efluentes da CNAAA no meio ambiente,
em atendimento às normas vigentes, com seus respectivos
limites.
11.17.2. Objetivos
O objetivo deste programa é monitorar
a temperatura das águas no Saco Piraquara de Fora e
Itaorna, para o acompanhamento da dispersão térmica
das Unidades da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
- CNAAA.
11.17.3. Metas
Manter a qualidade das águas
utilizadas na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
- CNAAA dentro dos limites estabelecidos pelas normas vigentes.
11.17.4. Público
Alvo
O público alvo do presente programa
é composto por toda a população residente
na área da Eletronuclear, bem como a população
residente nas regiões incluídas na área
de influência direta do empreendimento.
11.17.5. Metodologia
e Descrição do Programa
A operação da CNAAA utiliza
grande quantidade de água do mar, para condensar o
vapor gerado no circuito secundário.
Dessa forma, para a execução deste programa,
são realizadas quinzenalmente no Saco Piraquara de
Fora e em Itaorna, medidas das temperaturas, nas profundidades
de 0,5, 2 e 4 metros.
As medições são realizadas ao longo do
eixo da tomada d' água de Angra 1 (Enseada de
Itaorna) até o ponto final de 1.100 metros, com registros
de temperaturas nos pontos 0 m, 100 m, 200 m, 300 m, 400 m,
500 m, 600 m, 700 m, 800 m, 900 m, 1000 m e 1100 m, nas profundidades
de 0,5, 2 e 4 metros.
No Saco Piraquara de Fora as medições ocorrem
ao longo do eixo de lançamento até o ponto final
de 1.200 m, com medidas em 0m, 50 m, 100 m, 200 m, 300 m,
400 m, 500 m, 600 m, 700 m, 800 m, 900 m, 1000 m, 1100 m e
1200 m, sendo realizadas apenas para a profundidade de 0,5
m, uma vez que a profundidade na área próxima
ao ponto de lançamento dos efluentes não alcança
2,0 m.
11.17.6. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está relacionado
com o Programa de Monitoração e Controle da
Qualidade das Águas, com o Programa de Monitoramento
da Fauna e Flora Marinha na Fase Operacional e com o Programa
de Medida de Cloro Residual no Saco Piraquara de Fora
11.17.7. Etapas
de Execução
Este é um programa permanente,
com freqüências de medições quinzenais,
com emissão de relatórios mensais a Feema e
anuais ao Ibama.
11.17.8. Responsáveis
A supervisão deste programa é
da Divisão de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho,
e a sua execução está sob a responsabilidade
do Laboratório de Monitoração Ambiental
(LMA) da CNAAA. A elaboração e envio dos relatórios
mensais e anuais aos órgãos fiscalizadores são
de responsabilidade da Gerência de Meio Ambiente.
11.18. Programa
de Monitoração da Fauna e Flora Marinhas
11.18.1. Justificativa
Este programa ocorre em função
da preocupação da empresa com o ambiente marinho
e em atendimento à legislação ambiental
vigente, em especial à NT 319 da Feema, que trata dos
critérios de qualidade de água para preservação
de fauna e flora marinha, e a DZ 302 - Padrões de Qualidade
dos Corpos d' água segundo os Usos Benéficos.
11.18.2. Objetivos
Continuidade do Programa de Monitoração
da Fauna e Flora Marinha (PMFFM), em função
da operação da Central Nuclear Almirante Álvaro
Alberto - CNAAA, nas áreas de plâncton, benthos,
necton e parâmetros físico-químicos da
água do mar.
11.18.3. Metas
Manutenção da flora, fauna
e da qualidade das águas marinhas dentro dos limites
estabelecidos pelas normas vigentes, na área de lançamento
dos efluentes líquidos das Unidades 1 e 2 da Central
Nuclear Almirante Álvaro Alberto - CNAAA.
11.18.4. Público
Alvo
O público alvo do presente programa
é composto por toda a população residente
na área de influência direta da CNAAA, bem como
a população residente nas regiões afetadas
pela operação do empreendimento.
11.18.5. Metodologia
e Descrição do Programa
A metodologia, freqüências
de coleta e pontos de amostragem utilizados no programa, bem
como as espécies acompanhadas, foram determinadas a
partir dos estudos realizados pelo Instituto de Biologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro na fase pré-operacional
das usinas de Angra 1 e 2.
Os locais de amostragem são: Saco Piraquara de Fora
(área B-Impacto), Saco Piraquara de Dentro (área
A-Controle) e Itaorna (área C-Controle). As áreas
de controle são locais isentos de influências
dos efluentes da CNAAA, sendo utilizados, portanto, como fonte
de comparação para detecção de
alterações na biota marinha na área de
lançamento.
Além das amostragens de fauna e flora marinhas, são
realizadas as medidas de temperatura e cloro (programas específicos).
Assim é possível avaliar a influência
produzida pelo lançamento advindo da operação
da CNAAA.
Todos os procedimentos pertinentes a este programa estão
descritos nos seguintes procedimentos internos da Eletronuclear:
2PR-B 01 a 2PR-B 27 e 2PR-B 29.
Caso ocorram alterações ambientais que provoquem
mudanças populacionais nos organismos indicadores,
serão implementadas medidas para investigação
do ocorrido, bem como investigação em outras
áreas não influenciadas pelo lançamento,
para confirmação do possível impacto.
As informações são tratadas estatisticamente
e apresentadas nos relatórios anuais, que são
comparados com os dados levantados em anos anteriores e na
fase pré-operacional.
11.18.6. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está relacionado
com o Programa de Medida de Temperatura no Saco Piraquara
de Fora e Itaorna, com o Programa de Monitoração
e Controle da Qualidade das Águas e com o Programa
de Medida de Cloro Residual no Saco Piraquara de Fora.
11.18.7. Etapas
de Execução
Este é um programa permanente,
com freqüências de coletas variando entre mensais
bimestrais e sazonais e emissão de Relatório
Anual de Monitoramento.
11.18.8. Responsáveis
A supervisão deste programa é
da Divisão de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho,
e a sua execução está sob a responsabilidade
do Laboratório de Monitoração Ambiental
(LMA) da CNAAA.
11.19. Programa
de Medida de Cloro Residual no Saco Piraquara de Fora
11.19.1. Justificativa
A execução deste programa
visa manter a qualidade das águas salinas onde ocorre
o lançamento de efluentes da CNAAA no meio ambiente,
em atendimento às normas vigentes, com seus respectivos
limites.
11.19.2. Objetivos
O objetivo deste programa é monitorar
a concentração de cloro residual lançada
no Saco Piraquara de Fora pela água de circulação,
de forma a garantir que os limites estabelecidos pela Feema
não sejam ultrapassados.
11.19.3. Metas
Manter a qualidade das águas
utilizadas pela CNAAA dentro dos limites estabelecidos pelas
normas vigentes.
11.19.4. Público
Alvo
O público alvo do presente programa
é composto por toda a população residente
na área de influência direta da Eletronuclear,
bem como a população residente nas regiões
afetadas pela operação do empreendimento.
11.19.5. Metodologia
e Descrição do Programa
A operação da CNAAA utiliza
grande quantidade de água do mar, para condensar o
vapor gerado no circuito secundário.
Dessa forma, em cumprimento a este programa, são realizadas
semanalmente no Saco Piraquara de Fora, medições
das concentrações de cloro residual.
Os resultados das análises de cloro não podem
ultrapassar o limite de 0,01 mg/L no limite da zona de mistura,
que é de 750 metros, conforme foi estabelecidos nas
normas vigentes, em especial a NT 319 da Feema, que trata
dos critérios de qualidade de água para preservação
de fauna e flora marinha e a DZ 302 - Padrões de Qualidade
dos Corpos d' água segundo os Usos Benéficos.
Qualquer valor encontrado acima dos limites normativos deverá
ser imediatamente reportado à Divisão de Meio
Ambiente e Segurança do Trabalho, que, por meio da
Gerência de Monitoração, informa a Gerência
de Meio Ambiente, para que esta posteriormente notifique a
Feema. Além disso, a Gerência de Monitoração
emite um relatório mensal das amostragens e seus resultados,
que também é enviado à Gerência
de Meio Ambiente, que, por sua vez, encaminha o relatório
à Feema.
11.19.6. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está relacionado
com o Programa de Monitoração e Controle da
Qualidade das Águas, com o Programa de Monitoramento
da Fauna e Flora Marinha na Fase Operacional e com o Programa
de Medida de Temperatura no Saco Piraquara de Fora e Itaorna.
11.19.7. Etapas
de Execução
Este é um programa permanente,
com as freqüências de coleta sendo semanais e emissão
de relatórios mensais e anuais de acompanhamento.
11.19.8. Responsáveis
A execução deste programa
é de responsabilidade do Laboratório de Monitoração
Ambiental - LMA da CNAAA, sob a supervisão da Divisão
de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho. Cabe ao Laboratório
de Monitoração Ambiental - LMA a aquisição
de dados e a elaboração dos relatórios,
e à Gerência de Meio Ambiente o envio dos relatórios
mensais à Feema e dos relatórios anuais ao Ibama.
11.20. Programa
de Gerenciamento de Resíduos Industriais (não
radioativos)
11.20.1. Justificativa
Garantir o tratamento e disposição
dos resíduos não radioativos gerados na CNAAA
de forma a atender os padrões estabelecidos pela legislação
vigente, inclusive os resíduos produzidos durante a
implantação de Angra 3.
11.20.2. Objetivos
O objetivo deste programa é estabelecer
a metodologia de destinação de resíduos
sólidos, semi-sólidos e líquidos não
passíveis de tratamento convencional, provenientes
de quaisquer fontes poluidoras, buscando minimizar a sua geração
e priorizando a sua recuperação e reciclagem.
Este programa não é aplicável aos resíduos
radioativos que possuem programas específicos.
11.20.3. Metas
Garantir a segregação,
acondicionamento, identificação, armazenamento
temporário, transporte e disposição final
de todos os resíduos industriais gerados na CNAAA de
acordo com o estabelecido pela legislação vigente.
11.20.4. Classificações
e Definições Utilizadas
•
Resíduos - são restos provenientes de quaisquer
atividades ou processos de origens industrial, hospitalar,
comercial, agropecuária e outras, incluindo os lodos
e cinzas provenientes de sistema de controle de poluição
ou de tratamento de água, nos estados sólidos,
semi-sólidos e/ou líquidos, não passíveis
de tratamento convencional.
•
Sistema de Manifesto de Resíduos - sistema de controle
de resíduos industriais que, através do uso
de formulário próprio, denominado Manifesto
de Resíduos Industriais, permite conhecer e controlar
a forma de destinação dada pelo gerador, transportador
e receptor aos resíduos industriais.
•
Manifesto de Resíduos Industriais - formulário
numerado, a ser utilizado pelo Sistema de Manifesto de Resíduos
Industriais.
Os
resíduos são classificados de acordo com a NBR-10.004
da ABNT, a saber:
•
Resíduos Perigosos - classe I - são os resíduos
que apresentam características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
•
Resíduo não inerte - classe II - são
aqueles que não se enquadram nas classificações
de resíduos classe I - perigosos e classe III - inertes
nos termos da NBR 10.004. Os resíduos classe II - não
inertes podem ter algumas propriedades, tais como: combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade em água.
•
Resíduos inertes - classe III - quaisquer resíduos
que quando amostrados de forma representativa (NBR 10.007
- amostragem de resíduos) e submetidos a contato estático
ou dinâmico com água destilada ou deionizada,
à temperatura ambiente, conforme teste de solubilização
de resíduos, e não tiverem nenhum de seus constituintes
solubilizados à concentrações superiores
aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se
os padrões de aspecto de cor, turbidez e sabor.
11.20.5. Público
Alvo
O público alvo deste programa
é composto por todos os funcionários da CNAAA,
que direta ou indiretamente produzem resíduos durante
a operação das Unidades 1, 2 e 3 e demais edificações
existentes.
11.20.6. Metodologia
e Descrição do Programa
Na ocorrência de geração
de qualquer resíduo nas áreas da CNAAA a unidade
organizacional geradora deverá acondicionar os resíduos
de forma adequada, identificando-os de forma legível
conforme procedimentos utilizados pela Eletronuclear.
Em casos específicos a Divisão de Proteção
Radiológica deverá avaliar e atestar a ocorrência
ou não de riscos radiológicos do resíduo.
No caso da possibilidade de comercialização
o resíduo deverá ser disponibilizado em leilões
através da Gerência de Suprimentos, que providenciará
a inclusão do material nos lotes dos leilões.
Assim como nos casos de leilão, as empresas receptoras
para tratamento/destinação final deverão
obrigatoriamente estar licenciadas para atividade proposta
e estar em dia com o Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras.
Os produtos contemplados na lista D2 da Resolução
ANVS/RDC nº 228, de 11 de dezembro de 2001, sujeitos
ao controle da Polícia Federal deverão ser acompanhados
de documentação específica conforme exigido
na legislação.
Os produtos controlados pelo Ministério do Exército,
de acordo com Decreto 3.665, não poderão
ser disponibilizados em leilão, nem descartados via
contrato de serviço pela Eletronuclear . Quando existir
a necessidade de descartar qualquer destes materiais, o Ministério
do Exército deverá ser previamente contatado
para dar as orientações necessárias.
Na saída do resíduo a Divisão de Meio
Ambiente e Segurança do Trabalho preencherá
o manifesto de resíduos, arquivando a primeira via,
entregando as demais para o transportador, todas datadas e
assinadas. No caso de se tratar de produtos perigosos deverá
ser entregue também ao transportador o Plano de Emergência
de Transporte.
De dois em dois anos a Divisão de Meio Ambiente e Segurança
do Trabalho emitirá o Inventário de Resíduos
para atualização das informações
contidas neste e este deverá ser enviado a Feema num
prazo máximo de abril.
11.20.7. Inter-relação
com outros Planos e Programas
O programa está relacionado com
os Programas de Educação Ambiental, Comunicação
Social e, principalmente, com o Programa Ambiental de Construção,
a ser implementado na fase de implantação de
Angra 3.
11.20.8. Etapas
de Execução
O programa ocorre de forma permanente,
nas atividades descritas acima em todas as unidades organizacionais
da CNAAA.
11.20.9. Responsáveis
A responsabilidade pela execução
do programa é da Eletronuclear, por meio da Divisão
de Meio Ambiente e Segurança no Trabalho e está
relacionado a todas as unidades geradoras e demais gerências.
11.21. Programa
de Tratamento de Efluentes Líquidos Convencionais
11.21.1. Justificativa
Necessidade do atendimento absoluto
aos limites estipulados nas normas e padrões vigentes
para lançamento de efluentes líquidos convencionais
(rejeitos de processos) no meio ambiente.
11.21.2. Objetivos
Aplicar os tratamentos adequados aos
efluentes líquidos convencionais gerados no empreendimento,
de forma a garantir o lançamento destes no meio ambiente
dentro dos padrões estabelecidos nas normas e padrões
vigentes.
11.21.3. Metas
Efetuar o tratamento em todos os efluentes
gerados no empreendimento, de forma a atender as condições
de lançamento estabelecidas pelas normas ambientais
e satisfação da sociedade quanto ao controle
exercido pela empresa sobre seus efluentes.
11.21.4. Público
Alvo
O público em geral, inclusive
funcionários e contratados da própria empresa,
que possam ser afetados pelas condições específicas
e características gerais do empreendimento.
11.21.5. Metodologia
e Descrição do Programa
Serão implantadas bacias de tratamento
com capacidades individuais da ordem de 600 metros cúbicos
capazes de permitir aplicações de métodos
específicos de tratamento, em operações
alternadas e seqüenciais, para tratamento das várias
correntes de efluentes líquidos convencionais gerados
no empreendimento.
As especificidades das várias correntes de efluentes
líquidos convencionais (rejeitos de processos), as
quais normalmente demandam opções isoladas ou
combinadas de métodos de tratamento com vistas ao atendimento
dos objetivos propostos de redução dos níveis
de potenciais contaminantes a valores inferiores aos limites
máximos definidos nas normas e padrões vigentes,
serão tecnicamente avaliadas, para isso levando-se
em conta as experiências acumuladas e as tecnologias
disponíveis, traduzidas em métodos de tratamento
de eficiência suficientemente comprovada.
Basicamente, serão utilizados métodos de tratamento
baseados em aerações e reações
de oxi-redução, combinados de tal forma que
ajustes adicionais das condições do meio de
processo a valores e/ou faixas de potencial hidrogeniônico
(pH) tecnicamente adequadas e indispensáveis, tenham
êxito.
As cargas individuais de efluentes líquidos convencionais
antes, durante e após a aplicação dos
métodos de tratamento adequados em cada caso, serão
monitoradas quanto aos valores de concentrações
de contaminantes que contenham e aos níveis de pH,
não apenas como condição indispensável
para o controle dos próprios métodos de tratamento
aplicados, como também, e muito especialmente, para
a garantia dos objetivos maiores no estrito cumprimento às
normas e padrões vigentes acima citados.
Para o devido controle do inventário dos efluentes
líquidos convencionais lançados no meio ambiente,
após a conclusão da bem sucedida aplicação
dos métodos de tratamento aplicáveis em cada
caso, cada carga individual de efluentes líquidos convencionais,
no momento do seu lançamento no meio ambiente e após
a liberação formal obtida para este fim, será
devidamente totalizada para a contabilização
geral das quantidades dos efluentes líquidos convencionais
e dos respectivos conteúdos liberados.
11.21.6. Etapas
de Execução
O programa será levado a efeito
de maneira contínua e permanente, adaptável
as futuras condições de operação
e demais circunstâncias típicas da Unidade 3
da CNAAA, como por exemplo e dentre elas, as interrupções
de operação da usina para recarga de elementos
combustíveis.
11.21.7. Responsáveis
A responsabilidade pela elaboração
e implantação, bem como pela efetiva implementação
do programa é da Eletronuclear, através da Superintendência
de Angra 3.
11.22. Programa
de Monitoração Ambiental Radiológico
Operacional - PMARO
11.22.1. Justificativa
Este programa ocorre em função
da preocupação da empresa com o meio ambiente
e em atendimento à legislação ambiental
e radiológica vigentes.
11.22.2. Objetivos
Acompanhamento dos níveis de
radiação ambiental em várias matrizes
e meios durante todo o período de operação
da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto - CNAAA,
bem como a comparação com os valores obtidos
no período pré-operacional.
11.22.3. Metas
Monitoramento dos níveis de radiação,
verificando se os valores obtidos se encontram dentro das
normas vigentes, comparando esses valores com os encontrados
na fase pré-operacional do empreendimento.
11.22.4. Público
Alvo
O público alvo do presente programa
é composto por toda a população residente
na área da Eletronuclear, principalmente os funcionários
que trabalham diretamente nas áreas de operação.
11.22.5. Metodologia e Descrição do Programa
A metodologia, freqüências
de coleta e pontos de amostragem utilizados no programa obedecem
às normas ambientais e radiológicas vigentes.
O programa realiza as seguintes amostragens:
•
análise de amostras marinhas - peixes, algas, areia
de praia, sedimentos marinhos e água do mar;
•
análise
de amostras terrestres - leite de vaca, pastagens, água
doce de superfície e de rio, águas subterrâneas,
sedimentos de rio, produto agrícola (banana) e solos
adjacentes à cultura;
•
análise
de amostras de ar - material particulado, iodo e precipitação;
•
análise de amostras diversas para verificação
de nível de trítio;
•
análises diretas com dosímetros termoluminescentes.
As
amostragens ocorrem em diferentes períodos conforme
a análise requerida, variando os períodos entre
semanal, mensal e trimestral. Assim, é possível
controlar toda a área sob influência da operação
da CNAAA.
Todos os valores encontrados são comparados com os
registrados no período pré-operacional da CNAAA.
As análises são realizadas no Laboratório
de Monitoração Ambiental e os resultados encontrados
tem como parâmetros de referência os valores de
notificação dos radionuclídeos com as
respectivas matrizes (como sedimentos, leite, água
e etc) estabelecidas no NUREG 1301 (Offsite dose Calculation
Manual Guidance: Standard Radiological Effluent Controls for
Pressurized Water Reactors - 1991) e em valores estabelecidos
pela CNEN.
11.22.6. Inter-relação
com outros Planos e Programas
Este programa está relacionado
com o todos os demais programas de monitoramento da CNAAA.
11.22.7. Etapas
de Execução
Este é um programa permanente,
com freqüências de coleta variando entre semanais,
mensais e trimestrais, e emissão de relatório
anual de monitoramento.
11.22.8. Responsáveis
A supervisão deste programa é
da Divisão de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho
e sua execução está sob a responsabilidade
do Laboratório de Monitoração Ambiental
-LMA da CNAAA. |