Em resposta às informações recentemente publicadas (de 06/02/2025 a 10/02/2025) no site Petronotícias, a Eletronuclear vem a público esclarecer alguns pontos relacionados às medidas tomadas recentemente pela companhia, notadamente aquelas que visam o equilíbrio econômico e financeiro da empresa.
A afirmação de que "a receita anual da Eletronuclear é de aproximadamente R$4.7 bilhões determinada pela ANEEL ao estabelecer a tarifa necessária para operação e manutenção de Angra 1 e 2" mostra e comprova o total desconhecimento por parte do site Petronotícias das normas mais basilares do setor elétrico. A receita bruta de R$4.7 bilhões é o somatório da Parcela "A" e da Parcela "B", sendo certo que, pelos normativos legais, apenas a Parcela "B" pertence à Eletronuclear e a Parcela "B" (bruta) é de apenas R$2.5 bilhões.
A afirmação de que “a Eletronuclear, por mais de 25 anos, foi eficiente e sobrevivia com a receita das duas usinas” mostra um total desconhecimento da realidade da empresa. Entre 2015 e 2021, a Eletrobras, como principal acionista, aportou na Eletronuclear mais de R$ 5.2 bilhões. Este montante foi capitalizado quando houve a troca de controle acionário para a ENBPar, em junho de 2022.
Esse desequilíbrio financeiro contínuo foi acentuado nos anos seguintes. Em 2022, o PMSO estabelecido pela ANEEL era de R$1.1 bilhão e a empresa gastou R$1.6 bilhão nessa rubrica. Ou seja, R$500 milhões saíram do caixa da companhia sem cobertura tarifária. Em 2023, a situação foi ainda pior. Diante de um mesmo valor de PMSO/ANEEL, a empresa gastou R$1.78 bilhão. Portanto, mais R$700 milhões saíram do caixa da companhia sem cobertura tarifária.
A relação entre o PMSO/ANEEL e o PMSO da Eletronuclear foi de "1,45 vezes" em 2022, e de "1,61 vezes" em 2023. Em 2024, com o início do plano de equilíbrio econômico-financeiro, esta relação foi reduzida para "1,38 vezes". Como se vê, mesmo com reduções importantes, a Eletronuclear ainda gasta 38% acima do PMSO autorizado pela ANEEL. A reversão da tendência de subida desta relação é muito importante e reforça a necessidade da continuidade do plano para evitar o risco da Eletronuclear se tornar uma empresa dependente de recursos da União e sujeita às limitações inerentes a esta condição.
Ressaltamos que restaurar o equilíbrio econômico-financeiro é requisito básico para a retomada das obras de Angra 3 e imperioso para a manutenção das atividades da companhia. Essas medidas atendem aos órgãos de controle superiores e às determinações dos acionistas da Eletronuclear e visam adequar seus custos ao PMSO regulatório estabelecido pela ANEEL.
Adicionalmente, prestamos os seguintes esclarecimentos:
1- A Eletronuclear afirma que não tem a menor intenção de sair da World Association of Nuclear Operators - WANO (Associação dos Operadores de Usinas Nucleares) da qual é membro desde a sua fundação, em 1989 - e que jamais recusou qualquer visita da associação. Pelo contrário, a empresa respeita e valoriza o trabalho de excelência desenvolvido pela instituição.
O site Petronotícias desconhece também que a WANO é uma associação internacional que reúne empresas operadoras de usinas nucleares com o objetivo de promover a segurança operacional por meio da troca de experiências. O trabalho de assistência técnica prestado pela entidade inclui a vinda de especialistas estrangeiros para avaliarem nossas práticas e formulação de recomendações de melhoria baseadas no que é feito de melhor em outras usinas ao redor do mundo. As visitas regulares de outros especialistas fazem parte da metodologia da WANO e tem como objetivo fazer um acompanhamento mais próximo do que a empresa está fazendo a partir destas recomendações.
2 - Nenhuma das decisões da diretoria afetou, afeta ou afetará a segurança da operação de Angra 1 e 2, dos seus trabalhadores e do meio ambiente. A Central Nuclear segue operando normalmente sob o acompanhamento irrestrito da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e do Ibama, nossos órgãos reguladores. A companhia mantém um rigoroso processo de acompanhamento da operação das usinas para garantir que a segurança nuclear seja sempre nossa prioridade máxima.
Importante ressaltar que a CNEN mantém inspetores residentes nas usinas acompanhando e realizando inspeções regulatórias ininterruptamente. Da mesma forma, a Eletronuclear possui um departamento de garantia da qualidade dedicado à operação, que avalia a implementação do Sistema de Garantia da Qualidade, por meio de auditorias e monitorações durante a operação e paradas das usinas. Nossos executivos e técnicos permanecem comprometidos com os melhores padrões internacionais de segurança e aprimoramento contínuo de suas atividades.
3- Não há qualquer desvio de recursos das receitas das usinas Angra 1 e 2 para o financiamento do CAPEX de Angra 3. Por lei, cada usina possui receitas e despesas segregadas, e os recursos destinados à operação das unidades em funcionamento não podem ser utilizados para a construção de novas instalações. O projeto de Angra 3 conta com um modelo de financiamento específico, seguindo todas as normas regulatórias e de governança aplicáveis.
Ainda em 2021, com a simples alegação de que as obras de Angra 3 seriam retomadas, foi realizado concurso público e mais 400 empregados foram contratados em 2022 para Angra 3. Estes profissionais são pagos mensalmente com os recursos do caixa da Eletronuclear.
Sobre a suposta prioridade dada à conclusão de Angra 3 em detrimento das usinas em operação, reiteramos que o Plano de Negócios e Gestão da Eletronuclear, divulgado externamente na última sexta-feira (07), sinaliza, na verdade, um enfoque extremamente acentuado na operação de Angra 1 e 2, como pode ser observado na visão da companhia em estar entre as melhores operadoras nucleares do mundo, o que reafirma nosso compromisso prioritário com a segurança e eficiência das usinas Angra 1 e 2.
4- A Eletronuclear aprovou, em janeiro de 2025, um novo organograma que entrará em vigor ainda neste primeiro semestre. Essa estrutura guarda boa semelhança com a que havia na companhia até junho de 2022. Ainda no ano de 2022, após a privatização da Eletrobrás, e sem tivesse havido qualquer aumento de atividade na Eletronuclear, houve a aprovação de organograma, aumentando os cargos de chefia de 78 para 116 posições. O novo organograma aprovado em janeiro de 2025 retorna os cargos de chefia à 73 posições e este trabalho levou em consideração um balanceamento de processos e pessoal que estavam distribuídos de maneira não uniforme, prejudicando a agilidade e eficiência nos processos da organização. Também foi realizado um estudo de organogramas de usinas nucleares na América Latina, Estados Unidos e Europa com a finalidade de otimizar a qualidade da nossa operação.
5- Quanto ao contrato da brigada de incêndio, a demora na assinatura se deveu a necessidade de aumentar a robustez do caderno de encargos da contratada e negociar um melhor custo para o serviço. Como consequência, a empresa conseguiu uma redução de mais de 20%, iniciativa alinhada ao plano de austeridade da companhia e em prol de maior eficiência na gestão dos recursos públicos.
6- Embora o regime de trabalho da parada de Angra 2 tenha sido diferente do empregado em anos anteriores, a empresa conseguiu cumprir todas as metas de segurança, qualidade, tempo e custos. O novo modelo permitiu uma diminuição significativa na quantidade de horas extras realizadas.
Na parada de Angra 2, em 2023, houve atraso de 18 dias, penalização por parte da ANEEL em R$180 milhões pelo atraso (ressarcimento) e foram prestadas 130.000 horas extras a um custo de R$21 milhões. Já na parada de Angra 2, em 2024, com o novo regime de trabalho, não houve penalização por parte da ANEEL e foram prestadas apenas 40.000 horas extras a um custo de R$6 milhões.
O novo regime de trabalho empregado na parada de Angra 2 respeitou os limites estabelecidos na lei e os previstos nos regimentos internos da Eletronuclear, inclusive garantindo o pagamento de um bônus de um salário extra ao término da parada. Nesta mesma parada, a Eletronuclear implementou um sistema on-line de acompanhamento de horas extras e isso foi importante para gerenciar adequadamente a alocação das equipes e garantir a rastreabilidade dos dados.
7- Também não é verdadeira a alegação de que acidentes de trabalho tenham relação com as medidas adotadas pela empresa. As taxas da Eletronuclear estão dentro do que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera como muito boas.
8- As alterações no permissionamento de acessos ao SAP, sistema de gestão da companhia, visam aumentar a segurança e a integridade das informações. Todos os documentos são de pleno acesso aos órgãos de controle e auditoria.
9- Não houve nenhum gasto extraordinário com empresas de marketing ou comunicação em comparação aos anos anteriores. O trabalho de comunicação da companhia tem sido mais intenso na divulgação das atividades da central nuclear, com o objetivo de desmistificar o tema para a população e combater a desinformação por parte de sites e blogs não especializados. A campanha pela retomada da obra de Angra 3, um projeto prioritário da Eletronuclear, também faz parte dessa estratégia. Diversas visitas com jornalistas foram realizadas na Central Nuclear.
Aliás, reitera-se aqui o convite para todos os veículos de comunicação e formadores de opinião para realizarem visita às nossas instalações da CNAAA. E, desde já, nos colocamos à disposição da equipe do Petronotícias para que possam conhecer in loco a qualidade de nossa operação e de seus profissionais.
A Eletronuclear permanece à disposição da sociedade e reforça seu compromisso com a segurança nuclear e a transparência.