O diretor do Departamento de Informação e Estudos Energéticos do Ministério de Minas e Energia (MME), André Osório, informou que o Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050) será posto em consulta pública em 10 de dezembro e será publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) ainda este ano. O documento deve prever a construção de novas usinas nucleares além de Angra 3.
O dirigente participou do 5º Seminário sobre Energia Nuclear: Aspectos Econômicos, Políticos e Ambientais, realizado esta semana na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O evento foi organizado conjuntamente pela Eletronuclear e o Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) do Instituto de Geografia da Uerj.
Segundo Osório, o PNE 2050 trará uma série de recomendações para o setor nuclear. Isso inclui ampliar a comunicação com a sociedade, especialmente com as áreas candidatas a novos projetos. Também promover uma modernização do marco regulatório do setor, o que passa pela flexibilização do monopólio da exploração da energia nuclear pela União, e retomar a prospecção de reservas de urânio em todo o território nacional.
O assistente da Diretoria Técnica da Eletronuclear, Roberto Travassos, ressaltou que a empresa vem se preparando para a construção de novas usinas. Desde o anúncio do PNE 2030, a companhia começou a fazer estudos para definir o que seriam as próximas usinas nucleares no Brasil, após Angra 3. “Algumas coisas já foram definidas, como a continuação do uso da tecnologia PWR e a construção de um reator da chamada Geração III, que incorpora sistemas de segurança passiva. Também foi feito um trabalho de seleção de sítios, que espera a definição do PNE 2050 para ter sequência”, comentou.
Ele também ressaltou a importância dos grupos de trabalho coordenados pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR) para revisar o programa nuclear brasileiro. Segundo Travassos, é um trabalho profundo, do qual se espera resultados bastante robustos que vão dar a segurança para o crescimento do setor nuclear no Brasil.
Cultura de segurança
O evento também contou com a participação de outros empregados da Eletronuclear. Em mesa sobre o acidente de Chernobyl, o coordenador de Segurança Nuclear e Relações com Organismos Internacionais, Richard Shouler, ressaltou que o desenvolvimento do conceito de cultura de segurança foi uma consequência direta daquele episódio e hoje está amplamente difundido no setor nuclear. “Segurança não é formada apenas por equipamentos e procedimentos. O fator humano é parte essencial desse processo. Todos os empregados são pessoalmente responsáveis pela segurança”, frisou.
Já o chefe da Assessoria de Combustível e Análise de Segurança (ACS.T), Edson Kuramoto, lembrou que as empresas do setor, incluindo a Eletronuclear, passam por auditorias bianuais por órgãos internacionais, como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que emitem relatórios para a empresa com pontos fortes e outros a serem aprimorados. “A companhia também é fiscalizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, que tem inspetores residentes que trabalham dentro das nossas usinas”, destacou.
Em mesa sobre recursos humanos no setor nuclear, a chefe do Departamento de Carreira, Remuneração e Desenvolvimento de Pessoal, Daniele Cordeiro, apresentou o programa de gestão do conhecimento da Eletronuclear. Um dos frutos desse trabalho foi a criação de uma matriz de criticidade que identifica empregados indispensáveis para a empresa por conta de conhecimentos que precisam ser retidos. Esse programa rendeu à companhia o Prêmio Ser Humano, concedido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ).